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Língua Portuguesa: Sintaxe – da Frase ao Texto 2º Encontro Professora: Luana Ewald Tutora: Solange Silveira Rosa 1 A sintaxe não se organiza de forma linear, mas, sim, de forma hierárquica. Consiste nas relações estabelecidas entre as palavras que definem as estruturas possíveis na Sintaxe das línguas. Leia o exemplo: João vendeu um baú antigo ano passado. (frase estruturada). Vamos recapitular! A Sintaxe pode ser formada por uma só palavra ou por muitas. Oração: formada por um verbo ou locução verbal, pode ser uma frase ou um fragmento dela. Período: enunciado com uma oração (período simples) ou mais (período composto), Finalizado por um sinal de pontuação. As sentenças são formadas por combinações de sintagmas. Sintagma é o nome que se dá às partes de uma oração, denominadas unidades sintáticas. Estas unidades relacionam-se a outras conferindo sentidos aos enunciados verbais, falados ou escritos, produzidos pelos usuários de uma língua. Fonte: KRIECK; HOCHSPUNG, 2022, p. 53-4 Unidade 2 TÓPICO 1 – Argumentos e adjuntos; TÓPICO 2 – Funções sintáticas; TÓPICO 3 – Transitividade verbal; TÓPICO 4 – Seleção categorial e semântica. Argumentos e adjuntos O Pedro conserta. Você julgaria a sentença acima como gramatical ou agramatical? O Pedro conserta. A sentença é agramatical - estamos falando de alguma coisa nela, certo? Que coisa é esta da qual estamos faltando? Por que ela é agramatical? Consideramos agramatical algo que não é possível de ser produzido na língua por não haver até mesmo quem compreenda, por conseguinte, quem fale ou escreva de tal forma. Argumentos e adjuntos O Pedro conserta. Consertar é um verbo que seleciona dois argumentos. Temos um argumento (quem conserta – o sujeito “O Pedro”). No lado do verbo, está faltando o segundo argumento (o que o Pedro conserta?). O Pedro conserta carros. Argumentos e adjuntos O Pedro dormiu. Você julgaria a sentença acima como gramatical ou agramatical? O verbo dormir é um verbo que seleciona apenas um argumento. Temos um argumento (quem dorme – o sujeito). Não há uma obrigatoriedade sintática de acrescentar outro sintagma (pois ninguém dorme alguma coisa). Contudo, posso dizer: Pedro dormiu demais. Argumentos e adjuntos O Pedro dormiu demais. O sintagma [demais] não é argumento do verbo, mas um adjunto adverbial. Quais das sentenças a seguir são agramaticais? Por que? O Pedro dormiu demais [ontem] [na casa do amigo]. O Pedro conserta carros [há 10 anos] [em São Paulo]. O Pedro dormiu [ontem] [na casa do amigo]. O Pedro conserta [há 10 anos] [em São Paulo] Argumentos e adjuntos A sentença 4 é agramatical porque nenhum dos sintagmas do lado esquerdo do verbo preenchem a função de argumento (complemento do verbo). O Pedro dormiu demais [ontem] [na casa do amigo]. O Pedro conserta carros [há 10 anos] [em São Paulo]. O Pedro dormiu [ontem] [na casa do amigo]. O Pedro conserta [há 10 anos] [em São Paulo] Argumentos e adjuntos “O ponto a ser considerado, nesse caso, é que os sintagmas nunca são inseridos nas construções linguísticas por um mero acaso: nas línguas naturais, ou os constituintes são obrigatórios, ou são aceitáveis nas formações. Naturalmente, a violação dessa regra sempre causará algum tipo de má-formação sentencial. Esta é, basicamente, a diferenciação entre argumentos e adjuntos, noções estas importantíssimas para o estudo da Sintaxe, nas quais nos deteremos neste momento.” Fonte: KRIECK; HOCHSPUNG, 2022, p. 77 Argumentos e adjuntos Monoargumentais: os gerativistas propõem chamá-los de monoargumentais, pelo fato de esses verbos selecionarem um argumento (são predicados de um lugar). Há um aspecto importante a ser considerado: o fato de que há dois tipos de verbos monoargumentais. O primeiro tipo é formado por verbos que podem ter seu argumento apenas anteposto a ele; o segundo, por sua vez, é constituído por verbos que não possuem tanta rigidez quanto a essa posição Ex: [O cachorro] latiu. Ex: [A encomenda] chegou. São exemplos de verbos monoargumentais: “parar”, “voltar”, “cair”, “chorar”, “casar”, “sofrer” e “correr” Argumentos e adjuntos Biargumentais: são verbos que selecionam dois argumentos. Ex: [A Ana] comprou [um relógio] São exemplos de formas biargumentais: “rasgar”, “escrever”, “fazer”, “cair”, “apagar”, “pintar” e “mexer” Triargumentais: selecionam três argumentos. Ex: [O Marco] levou [uns doces] [pro trabalho]. São exemplos de verbos triargumentais: “entregar”, “enviar” e “dar” OS ADJUNTOS E A AMBIGUIDADE SINTÁTICA A Fernanda chamou o tio de Pedro Em que se fundamenta, afinal, a ambiguidade da frase em questão? No fato de que existem, pelo menos, dois sentidos possíveis para ela: que a Fernanda chamou – isto é, contatou, possivelmente, pelo nome – o tio do Pedro; e que a Fernanda denominou o tio (provavelmente, o tio dela) pelo nome “Pedro”. Como sabemos, essa ambiguidade deve ser entendida como sintática, uma vez que ela é provocada por duas configurações distintas de sintagmas da sequência “o tio de Pedro”. ARGUMENTOS E ADJUNTOS NA ESCOLA Como pudemos perceber ao longo do estudo deste tópico, a noção de adjunção e argumentação é extremamente corriqueira no uso da língua em nosso dia a dia. Além disso, aprendemos que nossa consciência linguística é capaz de reconhecer os complementos e adjuntos a partir de predicadores, embora dificilmente tenhamos consciência sobre este fato. Prova disso é que, para testar se determinado termo é uma expressão predicadora que exige argumentos ou somente aceita adjuntos, podemos utilizar tão somente nossa intuição linguística como instrumento, sem depender de nenhum outro recurso. Orientações referentes à Unidade 2 Lembrem a importância de realizar as autoatividades. Elas são relevantes porque destacam aspectos a serem fixados. Cada autoatividade do livro reforça um tema e apresenta a solução. Referência KRIECK, Letícia Emília; HOCHSPUNG, Vitor. Língua portuguesa: sintaxe – da frase ao texto. Indaial: UNIASSELVI, 2022.
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