4-AULA-EMBARGOS-DE-TERCEIRO

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EMBARGOS DE TERCEIRO
Prática Jurídica Simulada 2
Embargos de terceiro: visa possibilitar que um terceiro, não parte do processo em questão, possa defender seus bens que sejam indevidamente alvo de constrição dentro da demanda judicial (arresto, sequestro, penhora ou outras formas de ameaça ao bem do terceiro não envolvido na disputa).
Arts. 674 a 681, CPC.
Requisitos principais:
Bem que pertence a alguém que não é parte no processo;
Ameaça ou efetiva constrição;
Legitimidade ativa: art. 674, §1º e 2º:
§ 1º: Proprietário ou possuidor.
§ 2º: Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.”
Legitimidade passiva: parte que determinou a constrição ou quem se beneficia dela.
Art. 674. Regra: autor da ação. O réu só figurará se concorreu para o ato de constrição. 
Poderá ainda figurar no polo passivo o terceiro adquirente do bem (exemplo: adquiriu em hasta pública). 
O réu nos embargos de terceiro deverá ser citado pessoalmente se não tiver procurador constituído nos autos da ação principal. Caso haja procurador, este será intimado no lugar do réu.
Prazo para ingressar com o pedido: 
“Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.”
 
Competência para julgamento dos embargos de terceiro: é do próprio juiz que autorizou o arremate/sequestro/alienação do bem indevidamente (art. 676).
Carta precatória: os embargos serão oferecidos no juízo deprecado ou ao juízo responsável se a carta já houver sido devolvida.
Procedimento: Cabe ao terceiro embargante demonstrar, na petição inicial, que o bem constringido ou ameaçado de constrição é seu.
Após, as partes envolvidas no processo terão o prazo de 15 dias úteis para apresentar suas contrarrazões ao embargo apresentado pelo terceiro.
Quando o terceiro envolvido é um credor com garantia real sobre o bem constringido, o embargado somente poderá alegar (680, CPC)
 
I – o devedor comum é insolvente;
II – o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III – outra é a coisa dada em garantia.”
Caso o juiz responsável entenda como procedente os embargos de terceiro, o mesmo ordenará a suspensão da constrição sobre o bem alheio, reconhecendo a incompatibilidade do mesmo com o processo que segue.
“Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante.”
Estrutura básica da inicial de Embargos de Terceiro:
ENDEREÇAMENTO: Pela competência do Art. 676 do CPC. 
PREÂMBULO 
Partes: 
Embargante (terceiro: pode ser proprietário ou possuidor). 
Embargado (beneficiário da constrição e o seu adversário, se foi ele quem indicou o bem ou direito constrito). 
Necessidade de qualificação completa (art. 319, II, do CPC). 
Indicar que a parte está devidamente representada por advogado, com endereço na Rua ..., onde recebe intimações (procuração anexa). 
Nome da ação EMBARGOS DE TERCEIRO, fundamento legal Arts. 674 e s. do CPC 
I) DOS FATOS 
Relação: existência de relação entre bem do processo constrito e terceiro. 
Causa: constrição do bem de terceiro (embargante) 
Consequência: desconstituir o ato de constrição (penhora) 
II) DO DIREITO 
Retomar brevemente os fatos e mencionar fundamento legal (artigos de lei de direito material e processual, como arts. 674 a 681 do CPC), súmulas, decisões, doutrina. Transcrever os importantes.
III) DA LIMINAR 
Probabilidade do direito (documentação que prove posse/domínio) e perigo de dano (o porquê da urgência, que pode ser a carta de adjudicação, arrematação ou alienação que se aproximam).
IV) DOS PEDIDOS
a) A concessão da medida liminar suspendendo os atos constritivos, bem como a manutenção da posse do Embargante em relação ao bem constrito (especificar o bem), nos termos do art. 678 do Código de Processo Civil. 
b) A procedência do pedido dos embargos de terceiro para desconstituição da constrição judicial e consequente liberação do bem (descrever), nos termos do art. 681 do Código de Processo Civil, confirmando-se a liminar. 
c) A condenação do Embargado ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios. 
d) A citação do Embargado, na pessoa do seu advogado, para apresentar contestação no prazo de 15 dias, conforme art. 679 do Código de Processo Civil. 
e) A juntada da guia de custas devidamente recolhida ou pedido de gratuidade da justiça. 
f) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente testemunhal e pericial. 
Carolina prometeu vender a Julia imóvel de sua propriedade, por intermédio de compromisso particular celebrado em outubro de 2022. Julia recebeu a respectiva posse, mas não a propriedade, que lhe deveria ser transmitida após o pagamento de todas as parcelas do preço. Contudo, Julia deixou de solver as parcelas em janeiro de 2023, o que motivou Carolina a mover ação de rescisão contratual, precedida de notificação extrajudicial em que aquela foi constituída em mora. 
Recentemente, Carolina soube que o imóvel fora penhorado em execução movida por Teresa em relação a Julia, porque esta indicou o imóvel para penhora, e que irá à primeira praça na próxima semana.
Na qualidade de advogado de Carolina, promova a medida judicial para salvaguardar seus direitos sobre o imóvel. Considere que a ação de rescisão contratual tramita perante a 1ª Vara Cível da Comarca de Teresina, ao passo que a execução contra Julia, perante a 2ª Vara Cível da Comarca de Teresina.