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RESE - tulio - crime impossível

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA .... VARA DO JÚRI DA COMARCA DE PORTO ALEGRE - RS
Autos do Processo nº:..
TÚLIO, já qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move o Ministério Público, vem, tempestivamente, à presença de V. Exa., por sua procuradora infra assinada, não se conformando com decisão de fls..,, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO com base no artigo 581, IV, do CPP, bem como a juntada das RAZÕES anexas, nos termos do artigo 600 do CPP, requerendo seu recebimento, processamento e posterior encaminhamento ao Tribunal ad quem.
Requer, ainda, a reforma da decisão por este Juízo, nos termos das razões anexas, conforme artigo 589 do CPP. Caso V. Exa. mantenha a decisão em comento, desde já requer o processamento e encaminhamento ao Tribunal ad quem.
Por fim, requer os benefícios da Justiça Gratuita, pelo Recorrente ser pobre no sentido legal, sem condições de arcar com os ônus processuais sem o comprometimento de seu sustento e de sua família.
Nestes Termos, 
Pede deferimento.
Porto Alegre, 25 de junho de 2018.
ADVOGADO...
OAB...
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Recorrente: Túlio
Recorrido: Ministério Público 
Comarca de: Porto Alegre
Autos do Processo nº....
RAZÕES RECURSAIS.
Colenda Câmara 
Douta Procuradoria
Eméritos Julgadores
1. FATOS 
O Recorrente namora a vítima, que ao início do namoro relatou pensar estar grávida de um antigo relacionamento e pediu ajuda para abortar o feto. O Recorrente, movido pelo amor que sentia pela vítima, comprou um remédio abortivo e entregou para a vítima, que após o uso, expeliu algo pela vagina, sendo levada ao hospital pelos pais, onde foi informada que jamais esteve grávida, e o que foi expelido não era um feto.
Os pais da vítima foram à Delegacia e narraram os fatos, e, após a investigação o Recorrente foi denunciado nos termos do art. 126, caput, c/c. art. 14, II, ambos do Código Penal. a denúncia foi recebida 22 de janeiro de 2014, e durante a primeira fase do procedimento especial ouviu-se a vítima, as testemunhas e o Recorrente, todos confirmando o ocorrido. 
Apresentadas as alegações finais pelas partes, juntou-se o boletim médico da vítima, informando que ela não estava grávida à época dos fatos e que o remédio utilizado não lhe trouxe lesões, assim como a Folha de Antecedentes Criminais de Túlio, sem outras anotações.
2. PRELIMINARES 
2.1 Prescrição da Pretensão Punitiva
A denúncia foi recebida em 22 de janeiro de 2014 e a decisão foi proferida em 18 de junho de 2018, ultrapassando quatro anos entre estes eventos. O art. 109, IV do CP prevê que o prazo prescricional do caso em tela seria, portanto, de oito anos.
Destarte, o art. 115 do CP estabelece que a prescrição ocorre na metade dos prazos prescricionais quando o agente for menor de 21 anos no momento do crime, que era o caso do Recorrente à época dos fatos. Ademais, a prescrição é uma causa extintiva de punibilidade, conforme o art. 107, IV, do CP.
2.2 Nulidade da Decisão pela Ausência do oferecimento da Suspensão Condicional do Processo
O Recorrente é primário (Folha de Antecedentes Criminais em anexo), e a pena mínima do delito ao qual o foi denunciado é de um ano. Logo, se enquadra nos requisitos para ser beneficiado com a Suspensão Condicional do Processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95. Entretanto, o Recorrente não foi agraciado com tal proposta, ainda que possua direito para recebe-la, o que configura uma causa de nulidade.
2.3 Nulidade em Razão do Cerceamento de Defesa
O juízo a quo não abriu vistas às partes da juntada de documentos que comprovariam o crime impossível e a atipicidade da conduta do Recorrente, se antecipando e proferindo a decisão de pronúncia. Logo, nota-se que não foi oportunizado ao Recorrente se defender das novas provas produzidas, sendo uma clara violação ao seu direito à ampla defesa e ao contraditório, previstos no art. 5º, LV, da CF/88, configurando assim uma causa de nulidade.
3. DIREITO
O Recorrente está sendo acusado por ter ajudado a vítima a abortar, contudo, para que tal situação ocorresse, esta teria, primeiramente, que estar grávida. Segundo laudo médico, a vítima não estava grávida à época dos fatos, possuía um cisto, e o que foi expelido por ela jamais foi um feto. Ademais, o remédio que foi comprado pelo Recorrente não causou nenhum mal à vítima, conforme exame de corpo e delito em anexo. 
Desta forma, nota-se a absoluta impropriedade do objeto, tendo em vista que a vítima não estava grávida quando tomou o remédio abortivo, logo, seria impossível que a mesma realizasse um aborto.
Sendo assim, a conduta do Recorrente configurou crime impossível, previsto no art. 17 do CP, que afirma a impossibilidade de se punir a tentativa que jamais poderia se consumar em decorrência da ineficácia do meio ou absoluta impropriedade do objeto.
Portanto, faz-se imperativa a absolvição sumária do Recorrente, em razão da atipicidade de sua conduta, nos termos do art. 415, III do CPP.
4. PEDIDO
Isto posto, requer o CONHECIMENTO, eis que próprio e tempestivo, bem como seu PROVIMENTO, a fim de reformar a sentença para:
a) que o Recorrente seja beneficiado com a Justiça Gratuita, nos termos do art. 5º, LXXIV, da CF/88;
b) Extinguir o feito, em razão da prescrição da pretensão punitiva, que exclui a punibilidade do Recorrente, nos termos do art. 107, IV, CP;
c) Anular a decisão de pronúncia em virtude do não oferecimento da Suspensão Condicional do Processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95;
d) Anular o feito, em razão do cerceamento de defesa, com fulcro no art. 5º, LV, CF/88;
e) Subsidiariamente, absolver sumariamente o Recorrente, em virtude da atipicidade de sua conduta, nos termos do art. 415, III do CPP.
Como medida de JUSTIÇA!!
Porto Alegre, 25 de junho de 2018.
ADVOGADO...
OAB...

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