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IST’s Sífilis Definição Doença infecciosa causada pelo Treponema pallidum, de caráter sistêmico, caracterizada por episódios de doença ativa (sintomáticos), interrompidos por períodos de latência. Fisiopatologia O único hospedeiro natural conhecido para o T. pallidum é o ser humano.. O T. pallidum penetra rapidamente nas mucosas íntegras ou em escoriações microscópicas da pele e, em poucas horas, alcança os vasos linfáticos e sanguíneos, provocando infecção sistêmica e focos metastáticos muito antes da lesão primária. A lesão primária aparece no local de inoculação, persiste habitualmente por 4-6 semanas e cicatriza espontaneamente. O exame histopatológico revela infiltração perivascular, principalmente por linfócitos TCD4+ e CD8+, plasmócitos e macrófagos, com proliferação endotelial capilar e obliteração dos pequenos vasos sanguíneos. A infiltração celular exibe um perfil de citocinas do tipo Th1 compatível com a ativação dos macrófagos. As manifestações generalizadas da sífilis secundária surgem habitualmente cerca de 6-8 semanas após a cicatrização do cancro duro, no entanto, algumas lesões secundárias podem aparecer na presença de cancro persistente, podem surgir vários meses após a cicatrização ou podem não aparecer em nenhum momento, passando para o estágio latente sem a manifestação das lesões secundárias. As características das lesões cutâneas maculopapulosas secundárias consistem em hiperceratose da epiderme, proliferação capilar com tumefação endotelial do cório superficial, papilas dérmicas com transmigração de leucócitos polimorfonucleares e, no cório mais profundo, infiltração perivascular por linfócitos T CD8+ e CD4+, macrófagos e plasmócitos. Os treponemas são encontrados em muitos tecidos, como o humor aquoso dos olhos e o líquido cefalorraquidiano (LCR). Clínica Sífilis primária: manifestação clínica depende do número de treponemas inoculados e do estado imunológico do paciente; caracteriza-se pelo surgimento do cancro duro, após um intervalo de 10-90 dias da infecção (média 21 dias); corresponde a uma lesão ulcerada, geralmente única e indolor, medindo 1-2cm, com bordas bem delimitadas, endurecidas e elevadas; geralmente acompanhada de linfadenopatia inguinal, móvel, indolor, sem sinais flogísticos; esse estágios pode durar de 2-6 semanas e desaparecer de forma espontânea, independente do tratamento. O cancro representa uma infecção local inicial, mas a sífilis rapidamente se torna sistêmica com ampla disseminação das espiroquetas. Sífilis secundária: quadro clínico geralmente surge entre seis semanas e seis meses após a infecção e duram, em média, entre 4-12 semanas; podem ocorrer: - erupções cutâneas em forma de máculas (roséolas) e/ou pápulas, principalmente no tronco; - lesões eritemato-escamosas palmo-plantares (forte indicação de sífilis secundária) - placas eritematosas branco-acinzentadas nas mucosas; lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou lata); - alopecia em clareira; madarose - febre (disseminação hematogência), mal-estar, adinamia e mal-estar generalizado; nesse estágio, há presença significativa de resposta imune, com intensa produção de anticorpos contra o treponema. - Adenopatia: aumento de linfonodos palpáveis em região cervical posterior, axilar, inguinal e femoral, com consistência mini- mamente macia, firme e aspecto emborrachado. Lues maligna é uma forma grave de sífilis secundária que ocorre em pacientes gravemente imunocomprometidos, principalmente os infectados por HIV, e é caracterizada por lesões cutâneas ulcerativas não resolvidas. Fase de transmissão da doença: primária e secundária. • Sífilis latente: se caracteriza pela ausência de manifestações clínicas e pode durar de 3 a 20 anos; o diagnóstico só pode ser feito por testes sorológicos; é dividida em recente (evolução < 1ano) e tardia (evolução > 1ano). • Sífilis terciária: ocorre em, aproximadamente, em 30% das infecções não tratadas, após um longo período de latência, podendo surgir entre 2-40 anos depois do início da infecção; a sífilis nesse estágio se manifesta na forma de inflamação e destruição tecidual. As principais lesões são as seguintes: ➢ Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter destrutivo. ➢ Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares. ➢ Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e estenosa de coronárias. ➢ Neurológicas: meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do VII par, paralisia geral, tabes dorsalis (degeneração lenta dos neurônios sensitivos) e demência. - gomas sifilíticas: tumorações com tendência a liquefação. Diagnóstico • Pesquisa direta: pode ser feita através de microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74 a 86%), imunofluorescência direta, exame de material corado, biópsias. Neurossífilis: Invasão no SNC que pode ocorrer em qualquer fase da doença Começa com a invasão do líquido cefalorraquidiano (LCR) pelos organismos causadores em 25% dos pacientes com sífilis não tratada. A meningite persistente é resultado da falha de remoção do organismo no LCR, sendo que esses pacientes possuem “neurossífilis assintomática”, podendo evoluir para neurossífilis sintomática posteriormente. É dividida em precoce, podendo ser assintomática, por meningite sintomática, meningovascular, sífilis ocular e otossífilis ou tardia, podendo levar a paresia geral e tabes dorsalis. A neurossífilis precoce ocorre por acometimento do LCR, meninges e vasculatura. Seus tipos são: • Neurossífilis assintomática: Não apresentam sinais e sintomas do SNC, mas podem apresentar manifestações de sífilis primária ou secundária concomitantemente. Pode surgir de semanas a meses após infecção inicial, raramente ocorre posterior a 2 anos de infecção. O diagnóstico é feito desta forma: → Existem duas ressalvas para esse diagnóstico: 1. Pacientes com neurossífilis assintomática e COM infecção pelo HIV, que não é reativo ao LCR-VDRL, mas apresenta-se com pleiocitose leve e/ou proteína elevada no LCR, o diagnóstico torna-se difícil porque a presença desses critérios pode ocorrer devido ao próprio HIV. 2. Pacientes com neurossífilis assintomática, independentemente da reatividade do LCR-VDRL, devem ser tratados com neurossífilis para evitar a progressão para doença sintomática. • Meningite sintomática: Geralmente ocorre no primeiro ano após a infecção, mas pode ocorrer também anos depois. Os achados de sífilis precoce podem ocorrer também simultaneamente, principalmente as erupções cutâneas da doença secundária. Presença de cefaleia, confusão, náuseas, vômitos e rigidez de nuca. Os sinais que podem estar presentes são os de neuropatias cranianas, particularmente de nervo óptico (sífilis ocular), facial e auditivo (otossífilis). Pode causar ainda hidrocefalia e arterite de vasos pequenos. A inflamação da meninge pode levar a presença de gomas sifilíticas, se apresentando como lesões de massas contíguas às leptomeninges (aracnoide e pia-máter), característica da file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled.png file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%201.png sífilis secundária. Meningovascular: A meningite sifilítica pode causar uma arterite infecciosa que pode afetar qualquer vaso no espaço subaracnoide ao redor do cérebro ou da medula espinhal, levando a trombose, isquemia ou infarto. Apresentam queixas de cefaleia, tontura ou alterações de personalidade, por dias ou semanas antes do início da isquemia ou do AVC. Esses sintomas são provavelmente devido a meningite concomitante. A artéria cerebral média (ACM) A neurossífilis tardia afeta parênquima cerebral e medula espinhal. São as consideradas formas terciárias de sífilis.• A paresia geral: É uma demência progressiva, também chamada de paralisia geral dos loucos ou neurossífilis parética. Geralmente surge após 10 a 25 anos após infecção. Os achados anormais comuns são disartria, hipotonia facial e dos membros, tremores de intenção de face, língua e mãos e anormalidades reflexas. • Tabes dorsalis: Também chamado de ataxia locomotora. É uma doença das colunas posteriores da medula espinhal e raízes dorsais. Os sintomas frequentemente associados são ataxia sensorial, dores lancinantes (dores súbitas, breve e intensas, em pontada que podem afetar membros, costas ou face) e alterações pupilares (pupila de Argyll-Robertson). Disfunção da bexiga, como retenção urinária ou incontinência podem ocorrer no início do curso da doença. file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%202.png file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%203.png file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%204.png Tratamento Adquirida recente → Penicilina G benzatina 2,4 milhões de unidades, IM, dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo). → 2ª opção: Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/dia, por 14 dias (contraindicado na gravidez) - Ceftriaxona 1 a 2 g por dia, IM ou IV, por 10 a 14 dias - Ceftriaxona 2 g por dia, IM ou IV, por 10 a 14 dias - Tetraciclina 500 mg, VO, 4x/dia, por 14 dias - Amoxicilina 3 g + Probenecide 500 mg, VO, 2x/ dia, por 14 dias Monitoramento após tratamento: Exame clínico e teste soroló gico com um teste não treponêmico (por exemplo RPR) aos 6 e 12 meses. Os títulos devem ser verificados com mais frequência se o paciente estiver infectado pelo HIV, o acompanhamento for incerto ou se houver reinfecção. Adquirida tardia → Penicilina G benzatina 2,4 milhões de unidades, IM, 1x/ semana, por 3 semanas → 2ª opção: Doxiciclina 100 mg, VO, 2x/ dia, por 4 semanas Monitoramento após tratamento: Exame clínico e teste sorológico com um teste não treponêmico (por exemplo RPR) aos 6, 12 e 24 meses. Neurossífilis → Penicilina G cristalina 3 a 4 milhões de unidades, IV, 4/4h, por 10 a 14 dias OU Penicilina G procaína 2,4 milhões de unidades, IM, diariamente + Probene-cide 500 mg, VO, 4x/dia, por 10 a 14 dias → 2ª opção: Ceftriaxona 2 g por dia, IV, por 10 a 14 dias Monitoramento após tratamento: Exame clínico e teste sorológico com testes não treponêmico (por exemplo RPR). A frequência depende do estágio da doença (precoce ou tardio). O monitoramento do LCR pode ser garantido. file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%205.png file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%206.png Nas primeiras 24h após a primeira dose de penicilina, principalmente na sífilis secundária, a paciente pode apresentar a Reação de Jarisch-Herxheimer, caracterizada por febre, artralgia, mal-estar e exacerbação das lesões cutâneas. O tratamento é feito com analgésicos e antitérmico. Cancro mole (cancroide) Infecção pelo Haemophilus ducreyi “Cavalo” Regiões tropicais Período de incubação: 3-14 dias Mais em homens Clínica Lesões ulceradas, múltiplas e dolorosas Borda edematosa e talhadas a pique, fundo irregular e base mole, exsudato necrótico, odor fétido, sangramento fácil Homem: frênulo, sulco bálano-prepucial Mulher: fúrcula, pequenos e grandes lábios 40%: linfonodos, unilaterais, podem fistulizar Cancro Misto de Rollet Diagnóstico laboratorial Gram (úlcera ou linfonodo): bacilos Gram negativos intracelulares Cultura: ágar-chocolate e ágar-sangue Tratamento Azitromicina 1g VO dose única Ceftriaxona 250mg IM dose única Ciprofloxacina 500mg VO 12/12h 3 dias Eritromicina 500mg VO 6/6h 10 dias Tianfenicol 5g VO dose única Doxiciclina 100mg VO 12/12h 10 dias Tetraciclina 500mg VO 6/6h 10 dias Linogranuloma venéreo Infecção sistêmica pela Chlamydia trachomatis, sorotipos L1, L2, L3 - “Mula” Período de incubação: 3-30 dias Epidemiologia: Também chamada de linfogranuloma inguinal, doença de Nicolas-Favre ou “bubão”. É uma doença linfoproliferativa, que apresenta como fatores de risco: múltiplos parceiros sexuais, a soropositividade para o HIV e sexo anal. Clínica Manifestações gerais: Lesão de inoculação: pápula, pústula ou ulceração indolor que involui semsequela, pode não ser percebida Disseminação linfática: 1-6 semanas após a lesão inicial → Homem: Inguinal dolorosa, eritematosa, unilateral; Fusão, massa, necrose; Múltiplas fístulas → Mulher: Ilíacos profundos ou para-retais Fase de inoculação: O período de incubação é de 3 a 12 dias. Inicialmente, surgimento de pápulas ou pústulas na região vulvar, evoluindo com úlcera indolor ou reação inflamatória no local da inoculação. Regride espontaneamente em 3 a 5 dias. Fase de sequelas: Há drenagem do material purulento, com formação de cicatrizes e retrações. A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer manifestações intestinais e sistêmicas, como febre, mal-estar, emagrecimento, sudorese noturna, artralgia e meningismo. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal. Complicações: Ulceração, fístulas, esclerose, hipertrofia, estenose (vaginal, uretral, retal); Elefantíase Diagnóstico laboratorial: Anticorpos positivos 4 semanas após infecção aguda; Fixação do complemento (>1:64 ou aumento em 4 vezes); Microimunofluorescência (IgG, IgM); ELISA; PCR, LCR; Cultura Tratamento Doxiciclina 100mg VO 12/12h 21 dias Eritromicina 500mg VO 6/6h 21 dias Sulfametoxazol 800mg+Trimetrop. 160mg VO 12/12h 21 dias Tianfenicol 500mg VO 8/8h 14 dias file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%207.png Fase de disseminação linfática regional: Ocorre em 1 a 6 semanas após o aparecimento da primeira lesão e corresponde a infecção dos linfonodos regionais, com adenite inguinal, sendo 70% dos casos unilateral. Dovanose (granuloma iguinal) - Infecção pelo Calymmatobacterium granulomattis -Gram-Negativo - Saprófita intestinal - Evolução crônica, pouco contagiosa - Auto-inoculação - Zonas tropicais e subtropicais - Condições sócio-econômicas baixas - Promiscuidade - Período de incubação: 1- 6 meses Clínica - Pápula, nódulo ou pústula que ulcera e se torna ulcero- vegetante - Pele e mucosas genitais, perianais, inguinais - Lesões satélites confluem = grandes lesões indolores, com crescimento lento e progressivo - Bordas bem delimitadas, irregulares, duras - Fundo carnoso, secreção e sangue - Ausência de adenopatia satélite - Manifestações gerais são incomuns - Localizações extra-genitais: oro-faríngea - Donovanose sistêmica é rara: fígado, baço, ossos, articulações Complicações - Estiomeno: sinéquias, parafimose, estenose uretral/ vaginal/ anorretal, fístulas, linfedema (elefantíase) - Infecção fusoespiralar: destruições teciduais - Carcinoma Espinocelular - A gravidez agrava a donovanose - HIV requer tratamento mais prolongado Diagnóstico diferencial - DSTs, tuberculose, amebíase, neoplasias, leshmaniose, pioderma gangrenoso, micoses profundas, condiloma acuminado Diagnóstico laboratorial - Exame direto ou histopatologia com coloraçãode Wright, Giemsa, Leishman - Corpúsculos de Donovan Tratamento – até a cura - Ciprofloxacina 750mg VO 12/12h - Eritromicina 500mg VO 6/6h - Gentamicina 1mg/kg/dia 8/8h EV - Tetraciclina 500mg VO 6/6h - Doxiciclina 100mg VO 12/12h - Sulfametoxazol 800mg+Trimetropim 160mg VO 12/12h - Tianfenicol 1g dose única, após 500mg VO - Estreptomicina 1-2g/dia IM Herpes Genital Definição e Agente Etiológico O Herpes genital é uma doença sexualmente transmissível, de alta prevalência, causada pelo vírus do herpes simples (HSV), que provoca lesões na pele e nas mucosas dos órgãos genitais masculinos e femininos. Uma vez dentro de um organismo, dificilmente esse vírus será eliminado, passando por períodos de remissão (adormecimento do vírus, sem causar sintomas) e recidivas (manifestação da doença clinicamente). Além disso, como ele permanece dentro das raízes nervosas, o sistema imunológico não tem acesso a ele. Tipos de HSV O tipo 1, responsável pelo herpes facial, manifesta-se principalmente na região da boca, nariz e olhos; O tipo 2, que acomete principalmente a região genital, ânus e nádegas. É importante lembrar que a infecção cruzada dos vírus herpes tipo 1 e 2 pode acontecer se houver contato oral-genital. Isto é, pode-se pegar herpes genital na boca ou herpes oral na região genital. Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à família Herpesviridae, da qual fazem parte o citomegalovírus (CMV), o vírus da varicela zoster, o vírus Epstein-Barr e o vírus do herpes humano 8. Todos são DNA-vírus que variam quanto à composição química e podem ser diferenciados por técnicas imunológicas. Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais. Transmissão As principais vias de transmissão do herpes genital são: Relação sexual desprotegida, ou seja, sem camisinha; Contato direto com o líquido presente nas feridas do herpes ou úlceras presentes na região genital; Contato com secreção vaginal, peniana ou oral de uma pessoa infectada pelo vírus do herpes; Durante ou após o parto, caso a mulher apresente lesões de herpes que não foram devidamente tratadas. A transmissão por meio de vaso sanitário, banheira, piscinas e toalhas úmidas é considerada pouco provável. Classificação Os herpes vírus humano 1 e 2 (HHV-1 e HHV-2), também conhecidos como herpes vírus simples 1 e 2 (HSV-1 e HSV-2), foram os primeiros herpes vírus a serem descritos na literatura. O HHV-1 adapta-se melhor e atua, de forma mais eficiente, nas regiões oral, facial e ocular. O HHV-2 se adequa melhor às regiões genitais, envolvendo caracteristicamente a genitália e a pele abaixo da cintura, porém pode se observar padrão semelhante de manifestações em ambos. A infecção por Herpes pode ser classificada de acordo com sua infecção e manifestação de sintomas. Primária – refere-se à infecção em um paciente sem anticorpos preexistentes para HSV-1 ou HSV-2. Não primária – trata-se da aquisição de um tipo de Herpes vírus após a infecção prévia de outro tipo viral. Ex.: infecção por HSV-1 genital em um paciente com anticorpos pré-existentes para HSV-2 ou a aquisição de HSV-2 genital em um paciente com anticorpos preexistentes para HSV-1. Recorrente – A infecção recorrente relaciona-se à reativação do HSV do mesmo tipo que já existe anticorpos no soro. Cada classificação pode se manifestar com sintomas ou assintomáticos (também denominado subclínico). Neste último caso, sua identificação só ocorre se houver teste por cultura ou por PCR. Quadro clínico A maioria dos casos de herpes genital primário não causa sintomas visíveis; muitas pessoas infectadas por HSV-2 não sabem que têm herpes genital. As lesões genitais primárias se desenvolvem de 4 a 7 dias após o contato. Normalmente, as vesículas evoluem com ulcerações que podem coalescer. As lesões podem ocorre nos seguintes locais: No prepúcio, glande e cabeça do pênis em homens Nos lábios, clitóris, períneo, vagina e colo do útero em mulheres. Ao redor do ânus e no reto em homens ou mulheres que praticam sexo anal receptivo. Hesitação urinária, disúria, retenção urinária, constipação ou neuralgia sacral grave podem ocorrer - Depois da cura, podem ocorrer cicatrizes. - As lesões ocorrem em 80% dos pacientes com HSV-2 e em 50% daqueles com HSV-1. - Lesões genitais primárias geralmente são mais dolorosas, prolongadas e disseminadas, envolvem adenopatia regional e têm maior probabilidade de serem acompanhadas por sintomas constitucionais do que as lesões genitais recorrentes. - Lesões recorrentes tendem a ser mais leves e causar menos sintomas. SE LIGA! As lesões herpéticas são caracterizadas por vesículas agrupadas sobre uma base eritematosa, que evoluem para pequenas úlceras arredondadas, dolorosas, com bordas lisas. Posteriormente são recobertas por crostas sero-hemáticas até a cicatrização. A lesão tem regressão espontânea em 7-10 dias. Diagnóstico file:///C:/Users/Adm/AppData/Local/Temp/Temp1_2213b25b-744f-43a0-86a3-da0f0a3414ed_Export-3a4d8b14-b734-430b-9cc0-5a3063d3e365.zip/IST%E2%80%99s%202ed9659d95774a5aac9d017c7a0e5cbc/Untitled%208.png O diagnóstico do herpes genital é feito por uma avaliação física das lesões, realizada por médico e assim como o HSV-1, existem exames específicos que analisam a presença de anticorpos no sangue para os tipos do herpes. O diagnóstico do HSV é feito pelas características clínicas associadas às confirmações laboratoriais da infecção. A inspeção clínica, em geral, deve incluir toda a região genital, perigenital e perianal do paciente, observando-se lesões características que podem apresentar-se em diferentes fases evolutivas como máculas eritematosas e vesículas agrupadas, erosões, crosta e reparação Os métodos de detecção para o HSV em lesões clínicas geralmente são a técnica de reação em cadeia da polimerase, detecção de antígeno (Imunofluorescência e ensaio imunoenzimático), cultura viral e esfregaço de tzank. Imunofluorescência direta com anticorpos monoclonais marcados com fluoresceína às vezes está disponível; é específica, mas não é sensível. A sorologia pode detectar com precisão os anticorpos contra o HSV-1 e o HSV-2, que se desenvolvem durante as primeiras semanas após a infecção e então persistem. Assim, se considera-se que o herpes genital foi adquirido recentemente, talvez os exames precisem ser repetidos considerando o tempo necessário para a soroconversão Tratamento Não existe cura. É recomendado uso de medicamentos antivirais, como o Aciclovir (mais seguro para grávidas) ou Valaciclovir, que funcionam acelerando a cura de lesões, aliviando os sintomas, impede complicações e reduz o risco de transmissão. Nas recorrências, o tratamento pode ser feito por apenas 5 dias. Pessoas com história de herpes genital recorrente são frequentemente aconselhadas a manter um estoque de medicação antiviral em casa, de modo a iniciar o tratamento assim que surgirem os primeiros sinais de uma recorrência. Em primo-infecção, o tratamento pode ser feito com: • Aciclovir 400mg, via oral, de 8 em 8 horas, por 5-10 dias ou • Aciclovir 200 mg, via oral, de 4 em 4 horas, por 5-10 dias ou • Valaciclovir 500, via oral, de 12 em 12horas, por 5-10 dias ou • Famciclovir 250 mg, via oral, de 8em 8 horas, por 5-10 dias. Em recidivante, deve-se tratar ao aparecimento dos pródromos com: • Aciclovir 800 mg, via oral, de 8 em 8 horas, por 2 dias • Valaciclovir 500 mg, via oral, de 12 em 12 horas, por 3-5 dias. • Famciclovir: 1g, via oral, de 12 em 12 horas, por 1 dia ou Em pacientes imunossuprimidos: • Aciclovir endovenoso, 5-10 mg/ kg de peso, EV, de 8/8h, por 5 a 7 dias, ou até resolução clínica Nos pacientes que apresentam mais de 6 surtos por ano, pode estar indicada a terapia supressiva, que consiste no uso diário e contínuo de um antiviral em doses baixas para evitar as recorrências. E não é claro por quanto tempo essa terapia deverá ser mantida. Cuidados pessoais: Banho de assento com água fria pode diminuir temporariamente a dordas feridas. Sabões e banhos de espuma deve ser evitados. Uso de cremes não são indicados, mesmo sendo Aciclovir. Profilaxia O herpes genital é uma infecção sexualmente transmissível que pode ser facilmente adquirida, porém existem alguns cuidados que podem evitar pegar a doença, como: Usar sempre camisinha em todos os contatos íntimos; Evitar o contato com fluidos da vagina ou do pênis de pessoas portadoras do vírus; Evitar o contato sexual caso o parceiro tenha coceira, vermelhidão ou feridas com líquido nos genitais, coxas ou ânus; Evitar praticar sexo oral, principalmente quando o parceiro apresenta sintomas de herpes labial, como vermelhidão ou bolhas em redor da boca ou do nariz, pois embora o herpes labial e genital possam ser de diferentes tipos, podem passar de uma região para a outra; Evitar compartilhar produtos de higiene, como sabonete ou esponjas de banho, quando o parceiro estiver com vermelhidão ou feridas com líquido na região dos genitais, coxas ou ânus. Estas medidas ajudam a reduzir as chances de pegar o vírus da herpes e outros agentes infecciosos sexualmente transmissíveis. Doença Ulcerosa Características da Úlcera Linfadenopatia HERPES Uma ou mais vesículas dolorosas, que se rompem em úlceras de fundo raso e brilhante, recidivante; pode vim acomanhado de disúria e sintomas sistêmicos (mialgia e febre) Regional, dolorosa SÍFILIS Única, indolor e endurecida, bem delimitada Endurecido e indolor LINFOGRANULOMA Inicia com úlcera única, indolor, de fundo raso, que regride rapidamente Uni ou bilateral, dolorosa, flutuante e supurativa (bubão) CANCRO MOLE Pápulas isoladas ou confluentes que se rompem em úlceras dolorosas profundas e com fundo sujo e purulento, bordas elevadas e violáceas. 50% com adenopatia unilateral, dolorosa e pode ser supurativa DONOVANOSE Úlcera única ou múltipla, indolor Pseudobulbão ou ausente
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