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CRIAÇÃO ANIMAL E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE DA CARNE A produção animal é considerada uma das principais atividades econômicas do país; por exemplo, a pecuária de corte, conta com variedade de raças, sistemas de produção, índices de produtividade e condições sanitárias; a produção brasileira de carne bovina cresceu 66,75% nos últimos 20 anos, grande parte levando em consideração a qualidade do produto; Carne de qualidade: levam em consideração atributos como sensoriais (cor, textura, suculência, sabor, odor, maciez), nutricionais (gordura, proteínas, minerais e vitaminas), sanitários (livre de doenças como tuberculose, salmonela, Escherichia coli ), ausência de resíduos químicos (ATB, hormônios), éticos (bem-estar do homem do campo, dos animais) e preservação ambiental; a responsabilidade pela qualidade da carne/carcaça é do produtor e processador; Estes atributos podem ser controlados nas diversas etapas da produção e estão relacionados com 2 tipos de fatores: FATORES INTRÍNSECOS : Genética e melhoramento (raça): possibilidade de transmitir boas características produtivas; propriedades físico-químicas da carne são moderadamente herdáveis; Em bovinos, é visado um grau de acabamento da carcaça (espessura de gordura subcutânea) mínimo de 2,5 a 3 mm; isolamento térmico, menor velocidade de resfriamento, desidratação e escurecimento; A utilização de Angus é interessante no cruzamento, devido a sua boa distribuição de gorduras e rendimento de carcaça; A presença da enzima calpaína (relacionada à maciez durante maturação); estudos indicam que Bos taurus possuem carne mais macia que a do Bos indicus devido possuírem mais calpaína; Em suínos, o ideal é que carcaça não apresente uma espessura de gordura subcutânea muito grande (abaixo de 25mm); A presença do gene rianodina quando submetidos a estresse no pré-abate desenvolvem carne clara, mole e seca; Gênero : o desenvolvimento dos tecidos é diferente (macho, macho castrado e fêmeas); machos possuem maior taxa anabólica de tecido muscular (carne mais escura), já fêmeas possuem maior taxa de lipídios; castrados bovinos possuem taxa intermediária de tecido adiposo, e castrados suínos possuem taxas de tecido adiposo superiores que as das fêmeas; Idade e peso ao abate: a idade influencia a composição da carcaça (osso/carne/gordura); como o desenvolvimento segue a sequência de tecido nervoso, ósseo, muscular e adiposo, animais jovens ainda estão desenvolvendo ossos e musculatura, produzindo uma carne magra (de maior maciez e aceitação do mercado); com o avanço da idade há maior teor de gordura e menos água, proteínas, maciez (colágeno) e sabor; Maior parte do rebanho bovino de corte é de zebuínos, onde a idade de abate de 30 a 48 meses, com 300 a 450 kg; FATORES EXTRÍNSECOS: Nutrição: proteínas, lipídios, CHO, minerais, vitaminas e água estão relacionadas a atividades vitais e fatores de crescimento; menor quantidade de concentrados indicam uma proporção mais baixa de gordura na carcaça; presença de antioxidantes (vitamina E e selênio) incorporados na membrana celular diminuem a oxidação da carne e aumentam vida de prateleira; suplementação com Ca ativa enzimas responsáveis pela maciez; Ambiente : relacionados a umidade relativa do ar, vento, luz, temperatura; estes fatores alteram funções orgânicas, predispõem a doenças; altas temperaturas desviam nutrientes para a adaptação à TºC do ambiente, logo, o crescimento desses animais é afetado e a qualidade de sua carne comprometida (maior FC e FR, e menor ingestão de alimentos, produção, perda de água); “Mesmo utilizando as ferramentas do melhoramento genético, os fatores climáticos ainda são responsáveis por grande parte das variações na maciez da carne bovina;” Sanidade : vacinação, medicamentos veterinários, planos de vermifugação; Febre a�osa, brucelose, tuberculose, raiva, botulismo, leptospirose, salmonelose, mastite; “A carne de animais doentes, em estado de debilidade geral, fica úmida, flácida, mole e gelatinosa” Manejo : instalações, separação dos lotes, densidade, fase de reprodução; manejo de embarque (calma, animais em boas condições, compreensão do comportamento animal); Estresse pré-abate pode ser provocado por fatores como seleção dos animais,mistura de animais não familiares, embarque/desembarque (evitar rampas muito inclinadas e escorregadias, vãos, gritos, cães, bastão elétrico), transporte (conservação do veículo, densidade, T°C), tempo e distância de transporte, falta de banho de aspersão, jejum prolongado; O jejum é realizado para diminuir as probabilidades de contaminação da carcaça (principalmente na evisceração); jejum em ruminantes (24 horas), equinos e suínos (18 horas) e aves (12 horas); PRODUÇÃO ANIMAL TRADICIONAL X INDUSTRIAL: sistemas extensivos há a utilização de pouca tecnologia já sistemas intensivos há o uso intenso da tecnologia, melhoramento genético e superação da capacidade biológica, voltados para o aumento da produtividade; BEM-ESTAR ANIMAL: se refere ao estado de um indivíduo nas suas tentativas de adaptação ao ambiente; Senciência: capacidade de ter consciência de sensações, portanto, ter sentimentos subjetivos e sentir, sendo assim um pré-requisito para a discussão de bem-estar; Consciência do ambiente ao seu redor, do que está acontecendo com eles, capacidade de aprender por experiência, consciência de sensações corporais (dor, fome, calor, frio), consciência de suas relações com outros animais, capacidade de escolher entre diferentes animais, objetos e situações; Por que devemos ter em mente o bem-estar dos animais de produção? tem efeito sobre a saúde dos animais, eficiência produtiva, qualidade dos produtos, e é uma demanda da sociedade; HOMEOSTASE E ESTRESSE: Homeostase : manutenção do meio interno, ocorre por sistemas de controle, envolvendo mecanismos fisiológicos, bioquímicos e reações comportamentais; Estresse : soma dos mecanismos de defesa do organismo em resposta ao um estímulo provocado por um agente (estressor); embarque, transporte, densidade, atordoamento, formação de novos lotes, jejum, choque elétrico, T°C); há uma sobrecarga sobre o sistema de controle e redução do desempenho; Efeitos negativos do estresse e sofrimento: queda da imunidade, doenças, lesões de pele, locomotor, mastite, perda de peso, aumento da mortalidade, diminuição da produção/reprodução, perda de qualidade nos alimentos, comportamentos anômalos, banalização da vida (algo que teve a imagem desgastada, algo que se tornou menos importante pela exaustão da repetição); O bem-estar deve ser fornecido nas diferentes fases da cadeia produtiva, no ambiente, transporte, manejo pré-abate e abate; esse tema, atualmente, devido ao maior aprofundamento na biologia e ética, há mais conscientização; grandes frigoríficos já contratam técnicos especializados, programas de treinamento reduziram descarte de carcaças de 20,0 para 1,3%;Ensino e pesquisa de bem-estar animal no Brasil: houve o avanço na legislação da UE, que estimulou o fortalecimento de políticas públicas visando o bem-estar, e indicadores e desenvolvimento de sistemas produtivos; Criação de recomendações de Boas Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e de Interesse Econômico (REBEM); a Lei nº 11.794, de 2008, que estabelece procedimentos para o uso científico de animais (benefício humano x sofrimento animal);
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