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Professora Ana Cecília 19/11/2021 1 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *A tireoide é uma glândula única. *Se situa anteriormente à traqueia, entre a cartilagem cricóidea e a incisura supraesternal, entre a 5ª vértebra cervical e a 1ª torácica. *Pesa em torno de 15 a 20 g. *Possui dois lobos conectados por um istmo, e quatro glândulas paratireoides na região posterior, produtoras do paratormônio. *Os folículos são estruturas arredondadas, circundadas por uma densa rede de capilares e compostas por uma camada de epitélio folicular contendo coloide no seu interior. Tirócito. *Entre os folículos são encontradas algumas células parafoliculares ou células C, que são responsáveis pela síntese da calcitonina. Hormônio que regula a concentração de cálcio no sangue. *Os folículos tireoidianos e seu arsenal enzimático são os grandes responsáveis pela síntese dos hormônios. *No hipotálamo existem neurônios que são responsáveis pelo TRH, este atua sobre a hipófise anterior, estimulando a produção de TSH. Hormônio Liberador de Tireotrofina. Hormônio Estimulador da Tireoide. *O TSH exerce efeitos fundamentais na função da glândula tireoide, estimulando: - síntese da bomba de sódio-iodeto, da tireoperoxidase e da tireoglobulina; - captação de glicose e aminoácidos pelas células foliculares; - crescimento e proliferação das células foliculares, sendo o bócio é uma característica da hiperplasia da tireoide em função do estímulo; - formação de pseudópodes pela membrana apical das células foliculares, aumentando a captura de moléculas de tireoglobulina no coloide; - aumento do fluxo sanguíneo da tireoide. *A somatostatina é um hormônio hipotalâmico capaz de inibir a liberação de TSH e GH pela hipófise. *A maior influência negativa para a secreção de TSH são os níveis de T3 e T4 séricos, que atuam tanto na hipófise quanto no hipotálamo. *A concentração do iodo é fundamental para a síntese dos hormônios tireoidianos. *Efeito Wolff-Chaikoff: a exposição excessiva ao iodeto bloqueia algumas etapas da síntese hormonal, por mecanismo de defesa. *Fenômeno Jod-Basedow: em situações de carência de iodo, as células foliculares ficam hiper- responsivas ao TSH, levando a um efeito hipertrófico acentuado com aumento da tireoide e pode ocorrer o desenvolvimento de hipertireoidismo. Bócio endêmico. *O iodo é proveniente da alimentação e entra na circulação após absorção do intestino delgado. *A recomendação diária de ingestão é de 150 microgramas/dia. Professora Ana Cecília 19/11/2021 2 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *O iodo é transportado da membrana basal para a membrana apical pela proteína pendrina e depois para o coloide onde será oxidado pela TPO. Tireoperoxidase. *Após oxidação ficará acoplado a TG formando a MIT e DIT. Tireoglobulina. Monoiodotirosina. Diiodotirosina. *Sob ação da TPO forma-se os hormônios T4 ou tiroxina e a T3. Tetraiiodotironina. DIT + DIT. Triiodotironina, MIT + DIT. *Os hormônios tireoidianos ficam armazenados no coloide e quando necessário ocorre liberação de tireoglobulina para a circulação. *O paciente deverá estar sentado e a glândula é mais facilmente visualizada quando se estende a cabeça do paciente para trás e com a deglutição. *Como a glândula é fixa à fáscia pré-traqueal, ela se desloca para cima com a deglutição do paciente, por isso muitos bócios difusos ou nodulares são facilmente documentados durante a deglutição. *Nos aumentos difusos da glândula, as duas faces laterais e a anterior do pescoço ficam uniformemente abauladas. *Nos crescimentos nodulares da glândula ocorrem abaulamentos locais, surgindo assimetrias no pescoço. Bócios nodulares. *Deve-se observar, também, desvios da traqueia, uma vez que o desvio lateral poderá sugerir lobo tireoidiano aumentado, bócio subesternal ou outra anormalidade torácica. *O pescoço do paciente deverá ficar com a cabeça discretamente fletida para frente. *A glândula tireoide é palpável na maioria dos indivíduos normais, apresentando lobos com cerca de 3 a 5 cm no sentido vertical e o istmo com diâmetro aproximado de 0,5 cm. *O 1º passo na palpação é localizar a glândula. Para localizá-la deveremos verificar a posição das cartilagens tireóidea e cricoide, uma vez que o istmo da glândula tireoide se situa imediatamente abaixo da cartilagem cricoide. Abordagem posterior: *Paciente sentado e o examinador de pé atrás dele. *As mãos e os dedos rodeiam o pescoço, com os polegares fixos na nuca e as pontas dos indicadores e médios quase a se tocarem na linha mediana. O lobo direito é palpado pelos dedos da mão esquerda, enquanto os dedos da outra mão afastam o esternocleidomastóideo. Para o lobo esquerdo, as coisas se invertem. Abordagem anterior: *Paciente sentado ou de pé e o examinador sentado ou de pé, postado à sua frente. *São os polegares que palpam a glândula, enquanto os outros dedos apoiam-se nas regiões supraclaviculares. * Paciente e examinador nas mesmas posições da abordagem anterior, fazendo-se a palpação com uma das mãos, que percorre toda a área correspondente à tireoide. *A flexão do pescoço, ou a rotação discreta do pescoço para um lado ou para o outro, provoca Professora Ana Cecília 19/11/2021 3 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis relaxamento do músculo esternocleidomastóideo, facilitando a palpação da tireoide. *Por meio da palpação, determinam-se o volume ou as dimensões da glândula, seus limites, a consistência e as características da sua superfície (temperatura da pele, presença de frêmito e sopro). Além disso, é importante dar atenção especial à hipersensibilidade, à consistência e à presença de nódulos. *Em pessoas normais a tireoide pode ser palpável ou impalpável. *Quando palpável, é lisa, elástica com consistência de tecido muscular, móvel, indolor, sendo a temperatura da pele normal e ausência de frêmito. *Ausculta da glândula tireoide deverá ser realizada em todos os pacientes com tireotoxicose, pois o aumento do fluxo sanguíneo poderá determinar a ocorrência de sopros sobre a glândula, algumas vezes acompanhados de frêmito. *O paciente respira e prende a respiração, ausculta-se o primeiro lobo e pede-se para que volte a respirar, em seguida o paciente prende novamente e ausculta-se o segundo lobo. *É uma síndrome clínica resultante da produção ou ação deficiente dos hormônios tireoidianos, resultando em lentificação dos processos metabólicos. *Tem maior prevalência em mulheres. *95% dos casos são de origem tireoidiana, ou seja, hipotireoidismo primário. *Tireoidite de Hashimoto, que é a tireoidite crônica autoimune, sendo a causa mais comum. *Tratamento de hipertireoidismo com radioiodo. *Tireoidectomia. *Evolução de tireoidites, subaguda, de Riedel ou pós parto. *Deficiência grave de iodo. *Drogas, como amiodarona, antitireoidianos, iodo, lítio, contrastes iodados, interferon alfa, sunitinibe, sorafenibe, valproato de sódio. *Doenças infiltrativas, agenesia ou ectopia da tireoide. *Disormonogênese, que são defeitos genéticos na produção dos hormônios tireoidianos. *Origem na hipófise: - tumor; - trauma; - cirurgia;, - radioterapia hipofisária; - apoplexia/vascular, Síndrome de Sheehan; - doenças infiltrativas; - infecções; - hipofisite linfocítica crônica; Professora Ana Cecília19/11/2021 4 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis - lesões congênitas; - drogas, como glicocorticóides em altas doses, dopamina, dobutamina, análogos da somatostatina, bexaroteno, interrupção da terapia com L-tiroxina. *Origem no hipotálamo, hipotireoidismo central: - cirurgia; - tumor; - TCE. *Resistência ao TSH ou hormônio tireoidiano assim como mutações em genes envolvidos com TSH e TRH, por mutações em receptores ou hormonais. *Mulheres em idade fértil ou acima de 60 anos. *Mulheres grávidas. *Tratamento prévio com radiação da tireoide. *Tireoidectomia ou disfunção tireoidiana prévia. *DM1. *História pessoal de doença autoimune. *Síndrome de Down. *Síndrome de Turner. *História familiar de doença tireoidiana. *Presença de bócio e/ou positividade para ATPO. Antitireoperoxidase. *Sintomas clínicos de hipotireoidismo. *Uso de drogas, como amiodarona, lítio, interferon alfa, sunitinibe, sorafenibe. *Hiperprolactinemia. *Dislipidemia. *Anemia. *Insuficiência cardíaca. Clínico: *Sintomas gerais: - fadiga; - letargia; - déficits cognitivos; - sonolência; - depressão; - fraqueza muscular; - mialgias; - artralgias; - intolerância ao frio; - aumento de peso; - palidez cutânea; - apneia do sono; - coma mixedematoso. *Pele e fâneros: - pele seca e fria; - unhas quebradiças; - queda de cabelo; - edema palpebral. *Gastrointestinal: - constipação. Professora Ana Cecília 19/11/2021 5 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *Sistema reprodutivo: - distúrbios menstruais; - anovulação; - infertilidade; - disfunção erétil; - redução da libido. *Cardiopulmonar: - bradicardia; - hipertensão arterial diastólica. *Sistema nervoso: - parestesias; - hiporreflexia; - retardo no relaxamento do reflexo Aquileu; - síndrome do túnel do carpo. *Bocio pequeno a moderado sugere tireoidite de Hashimoto. Laboratorial: *TSH: é padrão-ouro, tem sensibilidade de 98% e especificidade de 92% para definição do diagnóstico. *T4 livre: não sofre interferências pelos fatores que afetam as proteínas ligadoras. *No hipotireoidismo primário tem elevação do TSH e redução de T4 livre. *No hipotireoidismo central tem TSH baixo ou normal e T4 livre baixo. *No hipotireoidismo subclínico tem elevação de TSH e T4 livre normal, o paciente é assintomático. *Outras alterações laboratoriais no hipotireoidismo primário: - anemia leve a moderada; - aumento do colesterol total e LDL; - hipoglicemia; - hiponatremia; - alterações enzimáticas, com aumento das transaminases e creatinofosfoquinase; - hiperprolactinemia. *O hipotireoidismo central pode estar associado à deficiência de outros hormônios hipofisários, sendo necessário solicitar uma ressonância magnética da hipófise para definição da etiologia. Imagem: *A ultrassonografia de tireoide é indicada para pacientes com anticorpos antitireoidianos negativos, e serve para identificar pacientes com tireoidite autoimune ou com palpação tireoidiana anormal. *ECG tem baixa voltagem, mostra distúrbios de condução e mudanças inespecíficas do ST-T. *Reposição de Levotiroxina com Euthyrox, Levoid, Puran T4 ou Synthroid. *Dose diária: de 1,6 a 1,8 micrograma/kg de peso/dia, inicialmente. *Tem que ser ingerido em jejum, com água. *Dose para pacientes idosos e cardiovasculares: 1 micrograma/kg/dia. *É feito quando: - TSH > 10; - gravidez; - cardiovasculares; - doença tireoidiana autoimune. Professora Ana Cecília 19/11/2021 6 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis *Consiste em alteração do nível de consciência, hipotermia e evento precipitante. Torpor, sonolência e coma. AVC, IAM, infecção e arritmias. *O tratamento consiste: - reposição de levotiroxina, com dose de ataque de 500 mcg/dia e dose de manutenção de 100 a 175 mcg/dia + - aquecimento global e passivo + - corticóide - hidrocortisona de 100 mg de 8 em 8 horas + - tratamento do fator precipitante. *É caracterizado pelo aumento da síntese e liberação dos hormônios tireoidianos pela glândula tireoide. *A tireotoxicose refere-se à síntese clínica recorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes, secundário à hiperfunção da glândula tireoide ou não. Dependentes de produção aumentada de hormônio tireoidiano Independentes de produção aumentada de hormônio tireoidiano *Estimulação anormal da tireoide por anticorpo antirreceptor do TSH: - Doença de Graves. *Liberação aumentada de T3 e T4: - Tireoidite subaguda granulomatosa; - Tireoidite subaguda linfocítica. *Estimulação anormal da tireoide pela gonadotrofina coriônica humana: - Mola hidatiforme; - Coriocarcinoma. *Fonte extratireoidiana de T3 e T4: - Tireotoxicose factícia; - Tireotoxicose por hambúrguer. *Produção excessiva de TSH: - Tumor hipofisário secretor de TSH, tirotropinoma; - Resistência hipofisária a T3 e T4. *Produção ectópica de T3 e T4: - Teratoma ovariano; - Metástase funcionante de carcinoma folicular. *Produção autônoma excessiva de T3 e T4 independente do TSH: - Adenoma tóxico; - Bócio multinodular tóxico; - Carcinoma folicular; - Efeito Jod-Basedow. Professora Ana Cecília 19/11/2021 7 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis Clínico: Laboratorial: *Hipertireoidismo primário: TSH suprimido com T4 e T3 aumentados. *Hipertireoidismo subclínico: supressão do TSH com os hormônios tireoidianos normais. *Doença de Graves: relação T3/T4 > 20:1. *Anticorpos antitireoidianos, que são o antiperoxidase e antitireoglobulina. *Anticorpo antirreceptor do TSH, TRAb. *VHS e PCR, elevadas na tireoidite subaguda granulomatosa no período da dor. Exames complementares: *Cintilografia da tireoide. *Captação de iodo elevada difusamente na DG. *Captação de iodo baixa ou ausente nas tireotoxicoses por tireoidites subagudas, nas tireotoxicoses factícias ou por amiodarona. *A ultrassonografia da tireoide não está indicada. *Dopplerfluxometria faz diagnóstico diferencial de tireotoxicose induzida por amiodarona. Tionamidas: *Bloqueiam a síntese hormonal. *Metimazol, tapazol. *Ataque, de 6 a 8 semanas, de 10 a 30 mg/dia, em dose única, e nos casos mais severos de 40 a 60 mg/dia, em dose única. *Dose de manutenção de 5 a 10 mg/dia. Propiltiouracil, PTU: *Ataque, de 4 a 8 semanas, de 200 a 400 mg/dia, em duas ou três tomadas. *Dose de manutenção de 50 a 100 mg/dia em 2 tomadas. Betabloqueadores: *Indicados em pacientes sintomáticos com suspeita ou diagnóstico de tireotoxicose, principalmente no início do tratamento. *Atenolol ou Propranolol. *Atenolol: de 50 a 100 mg/dia. *Propranolol: de 20 a 80 mg/dia. Glicocorticoides: *Nas formas graves de Doença de Graves, crise tireotóxica. *Hidrocortisona: 100 mg de 8 em 8 horas, IV. *Dexametasona: 2 mg de 6 em 6 horas, IV. Professora Ana Cecília 19/11/2021 8 Anna Laura Vilela de Oliveira Assis Cirurgia, tireotoxicose por tireoidite destrutiva pela amiodarona: *Por 2 a 3 meses. *Prednisona: 0,5 a 1,0 mg/kg/dia. *Dexametasona: 3 a 6 mg/kg/dia Iodo radioativo: *Indicado no hipertireoidismo da doença de Graves quando não há resposta ao tratamento medicamentoso, recidiva do hipertireoidismo ou nos casos de efeitoscolaterais com as tionamidas. *No bócio nodular tóxico, principalmente em idosos e em pacientes com contraindicação cirúrgica. Cirurgia: *A tireoidectomia total está indicada na doença de Graves nos casos de bócios volumosos, não resposta ou contraindicação ao tratamento medicamentoso, necessidade de melhora rápida do hipertireoidismo, pacientes que recusam terapia com radioiodo, suspeita de câncer tireoidiano. *Escleroterapia com etanol ou laser é uma alternativa terapêutica quando a tireoidectomia ou tratamento com radioiodo forem contra-indicadas.
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