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Comunicação bucosinusal e buconasal

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Comunicação bucosinusal 
Cirurgia Bucomaxilofacial – UFPE 
 
 
Larissa Albuquerque 
*Uma das complicações dentárias mais comuns 
durante cirurgias orais é o deslocamento de dentes, 
raízes ou fragmentos para dentro do seio maxilar, 
criando uma comunicação entre a cavidade oral e o 
seio maxilar em cirurgias na região posterior de 
maxila. 
*Em muitos casos, é possível aumentar a abertura 
ligeiramente e visualizar o dente ou objeto e recuperá-
lo com fórceps pequeno ou aspiração. Também é 
possível inundar o seio maxilar e aspirá-lo diversas 
vezes para recuperar ou posicionar o dente mais 
próximo da abertura para facilitar a recuperação. 
Caso não seja possível recuperar o dente, o seio 
precisa ser aberto por meio da abordagem de 
Caldwell-Luc. 
*As perfurações do seio maxilar por extração dentária 
ocorrem mais frequentemente com molar maxilar om 
raízes muito divergentes que esteja próximo a 
espaços edêntulos. Isso provavelmente ocorre devido 
à pneumatização do seio maxilar dentro do processo 
alveolar edêntulo ao redor do dente, enfraquecendo 
os alvéolos e conduzindo os ápices dos dentes para 
uma conexão mais próxima com a cavidade do seio 
maxilar. 
*As perfurações também podem ocorrer por raízes 
longas de forma anormal, destruição de parte do 
assoalho do seio maxilar por lesões periapicais, 
perfuração do assoalho e da membrana do seio 
maxilar por uso indevido de instrumentais, forçamento 
de uma raiz ou dente para dentro do seio durante a 
tentativa de remoção e remoção de lesões císticas 
amplas que invadam a cavidade do seio maxilar. 
Tratamento imediato 
*Sempre que possível é indicada a terapia menos 
invasiva. Se a perfuração foi pequena e não houver 
presença de doenças, é recomendado a formação de 
um coágulo sanguíneo na região e preservá-lo nesse 
local. Não é preciso elevar retalho adicional de tecido 
mole. É feita a sutura para reposição dos tecidos 
moles e é colocado um pacote de gaze sobre o sítio 
cirúrgico por uma a duas horas. 
*O paciente deve tomar alguns cuidados por 10 a 14 
dias, como: abrir a boca enquanto espirra, não sugar 
canudos ou cigarros para evitar alterações entre a 
passagem nasal e cavidade oral. Deve-se prescrever 
antibiótico, anti-histamínico e descongestionante 
sistêmico durante 7 a 10 dias para evitar infecção, 
contrair as membranas mucosas e diminuir as 
secreções nasais e do seio maxilar. 
*O paciente deve ser observado no pós-operatório em 
intervalos de 48 a 72 horas e deve retornar caso uma 
comunicação bucosinusal esteja evidente (percepção 
de saída de ar dentro da boca, fluido dentro do nariz 
ou sintomas de sinusite maxilar). 
*Caso a perfuração tenha sido maior, pode-se cobrir 
o local com um retalho de avanço para ocorrer o 
fechamento primário como tentativa para fechar a 
abertura do seio maxilar. Geralmente, é realizado a 
elevação de um retalho bucal, liberando o periósteo e 
avançando-o para cobrir o sítio de extração. O retalho 
de avanço deve ter base ampla com largura 
adequada para cobrir a comunicação com as 
margens posicionadas sobre o osso. O periósteo 
deve ser incisado na altura da dissecção no vestíbulo, 
liberando a fixação para que o retalho esteja livre de 
tensões. 
 
Tratamento tardio 
*O tratamento da comunicação bucosinusal pode 
necessitar de atenção médica e cirúrgica amais 
abrangente, pois antes do fechamento de uma fistula 
é preciso eliminar qualquer infecção crônica ou aguda 
dentro do seio maxilar. Para isso, pode ser preciso 
irrigação frequente da fistula e do seio juntamente 
com uso de antibióticos e descongestionantes. A 
fistula pode ser recoberta temporariamente para 
evitar a entrada de alimentos e outros contaminantes 
orais. Caso a doença persista, pode ser preciso 
remover os tecidos doentes do seio maxilar por meio 
do procedimento de Caldwell-Luc. 
*Caso a fistula esteja desenvolvida próxima da raiz de 
um dente adjacente, pode ser necessária a sua 
remoção para poder fechar a região. 
*Os métodos de fechamento de fistulas incluem: 
• Avanço de retalho bucal: consiste na 
elevação do retalho bucal, excisão do epitélio 
que reveste a fístula, liberação do periósteo na 
altura vestibular da dissecção e fechamento 
Cirurgia Bucomaxilofacial Larissa Albuquerque 
do retalho libre de tensão através do defeito, 
com as margens apoiadas sobre o osso. 
 
 
 
• Avanço de retalho palatino: consiste na 
excisão do tecido mole que circunda a 
abertura da comunicação, elevação de retalho 
palatino de espessura completa da parte 
anterior para a posterior. O retalho deve ter 
espessura completa do periósteo, base 
posterior ampla e incluir a artéria palatina. A 
largura do retalho deve ser suficiente para 
cobrir o defeito completo e o comprimento 
suficiente para permitir a rotação do retalho e 
posicionamento sem tensão excessiva. 
 
• Retalhos de avanço facial e palatino sobre 
uma membrana de material aloplástico: 
consiste na realização de retalho 
mucoperiósteo do palato e facial, com 
extensão ao longo do sulco gengival de um a 
dois dentes anterior e posterior, permitindo o 
alongamento do retalho. A fístula deve ser 
excisada e as margens ósseas devem ser 
expostas em 360º ao redor do defeito ósseo 
para permitir a colocação da membrana 
abaixo dos retalhos mucoperiósteos. O retalho 
deve ser apoiado em todos os lados pelo osso 
subjacente.

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