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Contexto histórico (introdução) Entre nossos sentidos, a visão é o que mais colabora para o conhecimento do mundo à nossa volta; provavelmente por isso, o campo de estudo da Óptica desperta o interesse dos pensadores desde a Antiguidade. Filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, já se preocupavam em responder a perguntas do tipo: Por que vemos um objeto? O que é a luz? Platão, por exemplo, supunha que nossos olhos emitiam pequenas partículas que, ao atingir um objeto, tornavam-no visível. Aristóteles considerava a luz um fluido imaterial que se propagava entre o olho e o objeto visto. Não sendo possível, com essas hipóteses, explicar um grande número de fenômenos luminosos que ocorrem na natureza, já nos séculos XVIII e XIX, vários físicos notáveis, como Newton, Huygens, Young e Maxwell, procuraram modificá-las, lançando novas ideias sobre a natureza da luz Propagação retilínea da luz Um dos fatos que podemos observar facilmente sobre o comportamento da luz é que, quando ela se propaga em um meio homogêneo, sua propagação é retilínea. Isso pode ser constatado quando a luz do Sol passa através das árvores em uma floresta. Sabendo que a luz se propaga em linha reta, podemos determinar o tamanho e a posição da sombra de um objeto sobre um anteparo. Raios e feixes de luz Consideremos uma fonte que emite luz em todas as direções. As direções em que a luz se propaga podem ser indicadas por meio de linhas retas. O feixe de luz emitido por um ponto luminoso é sempre divergente, mas, em um farol, por exemplo, o feixe que sai da lâmpada sofre modificações, transformando-se em um feixe de raios praticamente paralelos. O feixe que nos atinge, proveniente de uma fonte de luz muito afastada, é, também, constituído de raios praticamente paralelos (por exemplo, a luz do Sol que chega à Terra Após dois feixes se cruzarem, eles seguem as mesmas trajetórias que iriam seguir se não tivessem se interceptado, isto é, um feixe não perturba a propagação do outro. Velocidade da luz Durante muito tempo pensou-se que a luz se transmitia instantaneamente de um ponto a outro. Entretanto, experiências cuidadosas, realizadas durante os séculos 18 e 19, vieram mostrar que, na realidade, a velocidade de propagação da luz é muito grande, mas não infinita. De acordo com medidas atuais, o valor da velocidade da luz no vácuo (que é usualmente representado por c) pode ser considerado como: c = 3,00 × 108 m/s isto é, c = 300 000 km/s. Para se ter uma ideia do significado desse valor, podemos ressaltar que, se um objeto possuísse tal velocidade, poderia dar cerca de 7,5 voltas ao redor da Terra em apenas 1 segundo. Aliás, devemos observar que, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein, esse valor representa um limite superior para a velocidade dos objetos, isto é, nenhum objeto material pode alcançar uma velocidade igual ou superior à velocidade da luz no vácuo (ver seção 8.8 do volume 1). A velocidade da luz foi medida, também, em vários meios materiais, encontrando-se sempre um valor inferior a c. Por exemplo, na água, a luz se propaga com uma velocidade v = 220 000 km/s; no diamante, com v = 120 000 km/s. Reflexão da luz Consideremos um feixe luminoso que se propaga no ar e incide na superfície lisa de um bloco de vidro. É um fato conhecido que, em virtude de o vidro ser transparente, parte dessa luz penetra no bloco, mas outra parte volta a se propagar no ar. Dizemos que a porção do feixe que voltou a se propagar no ar sofreu reflexão, ou seja, parte da luz se refletiu ao encontrar a superfície lisa do vidro. 1a ) o raio incidente, a normal à superfície refletora no ponto de incidência e o raio refletido estão situados em um mesmo plano. 2a ) o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão Difusão da luz Suponha que um feixe de luz incida em uma superfície irregular. Nesse caso, cada pequena porção da superfície reflete a luz numa determinada direção e, consequentemente, o feixe refletido não é bem definido, observando-se o espalhamento da luz em todas as direções. A maioria dos objetos reflete difusamente a luz que incide sobre eles. Assim, essa folha de papel, uma parede, um móvel de uma sala, etc. são objetos que difundem a luz que recebem, espalhando-a em todas as direções. Quando essa luz penetra em nossos olhos, enxergamos o objeto. Se ele não difundisse a luz, não seria possível vê-lo. Como, na difusão, a luz se espalha em todas as direções, várias pessoas podem enxergar um objeto, mesmo se situadas em posições diferentes em torno dele. Refração da luz Verifica-se experimentalmente que esse feixe se propaga em uma direção diferente daquela do feixe incidente, isto é, a direção de propagação da luz é alterada quando ela passa do ar para o vidro. Quando isso acontece, dizemos que a luz sofreu uma refração, ou seja, a luz se refrata ao passar do ar para o vidro. De modo geral, a refração ocorre quando a luz passa de um meio para outro, nos quais ela se propaga com velocidades diferentes. Assim a luz se refrata ao passar da água para o vidro porque sua velocidade de propagação na água é diferente de sua velocidade de propagação no vidro. As leis da refração Durante muitos séculos, tentou-se descobrir uma relação entre esses ângulos. Finalmente, em 1620, o matemático holandês Snell, analisando um grande número de medidas de ângulos de incidência e de refração, chegou à conclusão de que havia uma relação constante entre os senos desses ângulos. Índice de refração Alguns fenômenos relacionados com a refração A refração da luz é responsável por muitos fenômenos que podem ser observados em nossa vivência diária. A figura mostra um pequeno objeto O, colocado a certa profundidade, dentro da água. Os raios luminosos que são emitidos pelo objeto, ao passarem da água para o ar, sofrem refração, afastando-se da normal. Como se pode ver pela figura, os raios refratados constituem um feixe divergente e atingem o olho de um observador como se tivessem sido emitidos do ponto I. Por isso, o observador não verá o objeto. Na realidade, o que ele enxerga é uma imagem do objeto, na posição I, situada acima da posição ocupada pelo objeto. Essa imagem I é virtual, porque está localizada no ponto de encontro dos prolongamentos dos raios refratados. Dispersão da luz Dispersão da luz branca Consideremos, agora, um estreito feixe de luz branca, como a luz solar, incidindo em um bloco de vidro. Observa-se que essa luz branca, ao penetrar no vidro, refrata-se dando origem a um feixe colorido, no qual é possível perceber as seguintes cores: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. A cor vermelha é a que sofre menor desvio, e a violeta é a mais desviada de todas. Quando se faz um feixe de luz branca incidir em um prisma de vidro, como mostra a figura. O feixe refrata-se ao penetrar no prisma e, novamente, ao emergir dele, o que provoca maior separação das cores. Esse conjunto de cores, denominado espectro da luz branca, pode ser mais facilmente observado se for recebido em um anteparo. O arco-íris Uma das consequências interessantes da dispersão da luz é a formação do arco-íris. Como você sabe, o arco-íris se forma quando a luz do Sol incide em gotículas de água em suspensão na atmosfera, durante ou após a chuva. Quando um raio de luz solar (luz branca) penetra em uma gota, ele se refrata, sofrendo dispersão. O feixe colorido é refletido na superfície interna da gota, como mostra a figura, e, ao emergir, refrata-se novamente, o que causa maior separação das cores. Evidentemente, essa dispersão ocorre em todas as gotas que estiverem recebendo a luz do Sol. Entretanto, um observador situado na superfície da Terra não recebe todas as cores provenientes de uma só gota, pois essas cores, ao atingir o solo, estão muito separadas umas das outras. Como se pode ver pela figura, a luz vermelha que chega aoobservador é proveniente de gotas mais altas, e a luz violeta, de gotas mais baixas. As outras cores do espectro, naturalmente, provêm de gotas situadas entre esses extremos. A cor de um objeto De um modo geral, ao nos referirmos à cor de um objeto, estamos supondo que ele esteja sendo iluminado com luz branca (luz solar ou luz de uma lâmpada comum). Lembrando que a luz branca é constituída pela superposição das cores do espectro, podemos concluir que um objeto se apresenta verde, por exemplo, porque reflete preferencialmente a luz verde, absorvendo quase totalmente as demais cores, ou seja, ele envia para nossos olhos apenas luz verde. Do mesmo modo, um objeto vermelho é aquele que reflete a luz vermelha e absorve todas as outras cores, podendo-se dizer o mesmo de um objeto azul, amarelo, etc. Um objeto é branco (quando iluminado com luz branca) porque reflete todas as cores que recebe, não absorvendo praticamente nenhuma luz; assim, envia a luz branca para nossos olhos [figura 6.23.b]. Por outro lado, um objeto preto absorve toda a luz (de todas as cores) que incide sobre ele, não enviando nenhuma luz para nossos olhos [figura 6.23.c].
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