Prévia do material em texto
- -1 CONCILIAÇÃO, MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM MEDIAÇÃO JUDICIAL - -2 Olá! Nesta Unidade, você está convidado(a) a discutir a mediação e o poder judiciário. Em seguida, analisar a estrutura da mediação judicial e o papel do advogado na mediação judicial. 1. A MEDIAÇÃO E O PODER JUDICIÁRIO O Judiciário brasileiro é considerado pela própria sociedade como um órgão lento e muitas vezes parcial, visto que processos considerados por muitos simples perduram no mínimo cerca de dois anos, devido ao número excessivo de litígios, como também à carência dos próprios servidores para dar um prosseguimento célere aos processos. No entanto, nos últimos anos, com o Poder Judiciário brasileiro se deparando com o número alarmante de processos impetrados, ocasionando uma morosidade judicial cada vez mais preocupante, passou a ser mais flexível e compreensível em procurar novos meios de resolver os conflitos, tentando, assim, estagnar a gradativa demanda processual. A primeira alternativa criada pelo Poder judiciário foi a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, que disciplinou sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais – JECs, tema que estudaremos em capítulo próprio. Mas foi em 2015 que a mediação passou a introduzida pelo ordenamento jurídico, conforme já estudamos no tópico anterior, por meio da Lei nº 13.140/2015. Todavia, ainda observamos que o sistema Judiciário brasileiro é resistente em introduzir a mediação, de modo que ainda não foi implantada como deveria ser, pois muitos magistrados, operadores do direito e a sociedade não acreditam que o método da mediação possa diminuir o número de dissensos impetrados no órgão jurisdicional. Contudo, a regulamentação da Lei de Mediação já foi um grande avanço para o Poder Judiciário, pois a cada ano que passa os operadores do direito vem obtendo conhecimento mais específico e real sobre o funcionamento deste método, obtendo, assim, uma vocação e uma maior facilidade para adaptar esse procedimento ao Poder judiciário. O que ocorre, ainda, contudo, é o receio e a falta de conhecimento sobre o método da mediação pela sociedade, fazendo com que ainda não busquem a mediação como uma forma alternativa de solução de conflitos de início, fazendo com que ela só se opere no decorrer de um processo judicial. - -3 Assim, é de suma importância que o Poder Judiciário introduza a mediação nos litígios, fazendo com que a população passe a entender e acreditar nesse procedimento, que, sem dúvida, é muito eficaz para inúmeros tipos de conflitos. Portanto, o Poder Judiciário exerce papel preponderante para que a sociedade aceite a mediação como uma de forma de resolução consensual de conflitos, não se limitando para resolver o dissenso, a busca por sentenças. Dessa maneira, observamos que a mediação pode ter resultados plenamente satisfatórios para a resolução de conflitos, desde que siga todos os procedimentos da mediação, pois é fundamental que se inicie uma divulgação de conscientização e informação para a sociedade, explanando o objeto, as características e as finalidades da mediação. Até aqui podemos concluir, então, que a mediação tem uma importância cada vez mais expressiva na sociedade e o Judiciário é o introdutor desse conhecimento, pois somente por meio dela é que se pode findar a ideia de que o Judiciário seja a única e confiável maneira de extinguir o conflito. Aqui vale a gente recordar que a mediação é exercida por um terceiro imparcial, chamado de mediador, com o objetivo de facilitar o diálogo entre as partes conflitantes, analisando os pontos divergentes e convergentes de cada um. Temos a certeza, como futuros operadores do direito, de que a mediação é uma das soluções mais eficazes de resolver o problema do Judiciário brasileiro, pela forma que ela se opera. Portanto, cabe ao Poder Judiciário ser mais flexível e transparente, no sentido de mostrar para a sociedade os diferentes métodos consensuais de solução de conflitos, extinguindo de vez a ideia de que a sentença seja a única forma de se buscar a resolução de um conflito, não é mesmo? 2. ESTRUTURA DA MEDIAÇÃO JUDICIAL A mediação judicial, como o próprio nome sugere, é aquela que ocorre dentro do curso de uma ação judicial. Ela é atualmente tratada nos artigos 24 a 29 da Lei 13.140/2015. O CPC/15 também reservou alguns dispositivos para tratar do tema, especialmente os artigos 165 e 334. Vamos entender o que cada um desses dispositivos trata: - -4 Agora que você já sabe quais são os dispositivos mais importantes a respeito da legislação a respeito do tema, vamos entender os aspectos mais importantes da mediação JUDICIAL. E para facilitar o seu estudo, vamos responder às perguntas mais intrigantes: - A mediação é hoje uma fase obrigatória do processo judicial. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 dias de antecedência (art. 334 do CPC 2015 / art. 27 da Lei). A audiência de mediação/conciliação não será realizada: I – Se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II – Quando o direito versado na causa não admitir a autocomposição. - Em regra, as partes deverão ser assistidas por advogados ou Defensores Públicos no procedimento de mediação judicial. Isso porque se trata de um processo judicial em que é indispensável a capacidade postulatória. - -5 Não será necessário advogado nem Defensor Público se o processo estiver tramitando no rito dos juizados especiais (Leis n.º 9.099/95 e Lei n.°10.259/2001), matéria que estudaremos em capítulo específico. - O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até 60 dias, contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem sua prorrogação. - Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes (§ 2º do art. 334 do CPC 2015). - A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico. Concluindo, você aprendeu sobre os dispositivos legais que tratam da mediação judicial, bem como os aspectos mais importantes desta mediação. 3. O PAPEL DO ADVOGADO NA MEDIAÇÃO JUDICIAL Na mediação judicial, o advogado possui um papel obrigatório. O tema é tratado expressamente no art. 26 da Lei 13.140/2015 e, também, no § 9o do art. 334 do CPC/15. Estes dispositivos estabelecem que as partes deverão ser assistidas por advogados ou defensores públicos. Mas este mesmo artigo estabelece duas exceções. São elas: LEI 9.009/95 (LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS) – Estabelece o art. 9º que as partes poderão comparecer pessoalmente, sem a necessidade de assistência de advogado, nas causas de valor de até vinte salários mínimos. LEI 10.259/01 (LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL) – Estabelece o art. 10 que as partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não. Mas porque a presença do advogado é obrigatória na mediação judicial? A resposta é bem simples. Apenas os advogados e as advogadas possuem a chamada capacidade postulatória, a qual é conferida de acordo com as regras constantes da Lei 8.906/94 e complementado pelos arts. 103 a 107 do CPC/15. Este diploma estabelece com exclusividade a esses profissionais a prática técnico-formal dos atos processuais em juízo. Assim, as partes em litígio somente terão acesso ao Judiciário e, consequentemente, à mediação judicial com a atuação e o suporte técnico dos advogados regularmente habilitados. A participação do advogado na mediação judicial reflete a ideia do um novo Poder Judiciário que pretende promover uma cultura mais colaborativa e, portanto, menos beligerante. Por fim, resta uma questão importante. O que acontece quando a parte não tem condiçõesde arcar com os serviços profissionais de um advogado? Qual é o reflexo prático dessa situação? A própria Lei 13.140/2015 responde a esta questão no parágrafo único do Art. 26. O dispositivo estabelece que aos que comprovarem insuficiência de recursos será assegurada assistência pela Defensoria Pública. Então, leia o artigo que foi mencionado acima e estude sobre o tema para adquirir - -6 mais conhecimento.