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1 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 7°P MEDICINA Terapias Imunológicas 4M2 – TERAPIAS IMUNOLÓGICAS Objetivos: 1) Conhecer os princípios da resposta imune inata e adaptativa 2) Identificar para quais tipos de resposta os imunossupressores se direcionam 3) Citar as principais complicações relacionadas a estes tratamentos Fontes: Manual de Farmacologia: capítulo 42 Cecil (Tratado de Clínica Médica): capítulo de hematopoiese FUNDAMENTOS DA IMUNOLOGIA: Resposta Inata: - Junto com barreiras físicas (pele) - Lisozimas produzidas nas mucosas (saliva) - pH vaginal e estomacal - Sistema Complemento Na medula óssea existem as células pluripotentes que dão origem as células do nosso hemograma. Resposta imune inata – responde de maneira igual aos diversos patógenos, por isso é uma resposta que não é específica. Mecanismo de inflamação: Sistema complemento – proteínas que ficam circulando pelo sangue sempre na sua forma inativa, quando se encontram quando um componente específico uma dessas proteínas do complemento começam a se ativar e vão gerando uma reação em cadeia que vão ativando uma a outra e elas vão se encaixando na região suspeita como se fosse uma peça de lego até formar uma grande estrutura/poro – chamada de complexo de ataque à membrana. O sistema complemento: Complexo de ataque à membrana Ativação de fagócitos Esse poro começa a vazar todas as substancias que tem dentro do citoplasma da bactéria – matando assim a bactéria. O sistema complemento tem um diálogo muito grande com o restante do sistema imune, por exemplo: se existe um anticorpo colado na bactéria, o sistema complemento se ativa com facilidade. Se o anticorpo está colado na bactéria e algumas proteínas do complemento também estão coladas lá, o macrófago consegue acabar com aquela bactéria com mais facilidade. Ativação do macrófago Macrófago é uma célula grande, tem a função de ser “lixeiro”. Todos os detritos que produzimos são limpados pelos macrófagos – se a célula morre, se uma ferida está suja etc. Quando o macrófago encontra algo errado, ele faz a apresentação de antígeno para o linfócito T. Resposta imune adaptativa: Existem 2 células apresentadoras de antígeno: células dendríticas e macrófagos. Eles são praticamente iguais. Eles apresentam os antígenos para o linfócito 2 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 7°P MEDICINA TCD4 ou auxiliador, para o linfócito TCD8 (killer) e o linfócito B que produz anticorpos. Auxiliador ao receber a ligação vai se comunicando com o restante das células repassando a informação – direciona todo o plano de ação para combater o antígeno. Ativação da Célula T O macrófago é ativado e mostra a substancia suspeita. Existe um complexo B7-CD28 que verifica a veracidade do que está sendo trazido pelo macrófago. Se não tiver isso, a resposta imune não ocorre pq se ela ocorrer sem isso, pode gerar uma doença autoimune. Isso é a co-estimulação da célula T no momento da apresentação de antígeno. Uma vacina muitas vezes não é o patógeno vivo, muitas vezes é um pedaço/proteína do vírus por exemplo, mas quer uma resposta imune baseada naquilo – para ter uma apresentação de antígeno mais potente, acrescenta-se um adjuvante de vacina (alumínio é um deles). Se o linfócito T se ativou, ele pode se transformar em: • uma molécula que muda toda a resposta imune para combater vírus e bactérias intracelulares (vivem dentro do hospedeiro), • podem se organizar para combater um parasita, um verme ou uma bactéria do trato gastrointestinal • e pode se organizar para combater bactérias que vivem fora da célula e fungos Para cada tipo de resposta, chama: Th1, Th2 e Th17. Tipos de resposta imune adaptativa: Do lado de fora da célula existe um receptor do tipo Toll (TLRs) – é um receptor de coisas suspeitas que desencadeia a resposta e processo de apresentação de antígeno. Th17 pq produz interleucina 17. Diferente da resposta inata, essas respostas são individualizadas para cada patógeno específico. O problema é que se der errado, por exemplo, quiser uma resposta para o TGI quando na verdade é para o pulmão, ele não contem a infecção e se torna então uma doença. Ativação do Linfócito B Linfócito B é ativado, ele possui receptores que se parecem com anticorpos e ele começa a produzir receptores que colam na bactéria, aí ele se diferencia e se torna um plasmócito. O anticorpo então tem a parte que varia conforme o microrganismo e uma parte que é constante e cola nos receptores normais do corpo – macrófagos e etc para servir de comunicação. 3 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 7°P MEDICINA HANSENÍASE E OS TIPOS DE RESPOSTA IMUNE Forma Wirchoviana Existem essas formas pq depende da resposta imune. A doença tende a ficar circunscrita na forma tuberculoide e espalhada na wirchoviana, mas pq? Isso tem relação direta com o tipo de resposta imune produzida. Juntou neutrófilo, macrófago e conseguiram conter a infecção – forma tuberculoide (o macrófago foi efetivo) A forma wirchoviana é resultado de uma resposta inapropriada. (macrófago não foi efetivo) Forma Tuberculoide Imunoestimulantes • Vacina BCG: induz reação granulomatose (estimula resposta celular) • IL-2 recombinante: aumenta a produção de linfócitos O nome científico da bactéria da hanseníase é mycobacterium leprae, mas a vacina é feita com mycobacterium bovis – como protege se a resposta é individualizada para a bactéria? Na verdade, essa vacina não serve para proteger da hanseníase ou da tuberculose – ela serve para titular a resposta de padrão Th1 ou Th17. Quando você dá a vacina, você fornece uma bactéria parecida e que é naturalmente enfraquecida e facilita a resposta efetiva. A resposta esperada da vacina BCG é no local da aplicação - começa a ter inflamação, recruta neutrófilo, começa a ter pus, depois morre tudo o que tinha e fica só a casca. A ideia não é fazer ter uma resposta imune contra a bactéria do boi, a intenção é tornar o macrófago mais fagocítico, mais eficiente. E aí quando esse macrófago encontra o mycobacterium leprae, ele consegue fazer a fagocitose com mais facilidade e diminui a gravidade da doença. Então por isso é indicado aplicar a BCG na hanseníase, no câncer de bexiga. AUTOIMUNIDADE Lúpus Eritematoso Sistêmico O LES e a Sarcoidose parecem a hanseníase. Mas é uma doença autoimune – elas fazem respostas de um padrão predominante. No caso do lúpus, ele produz uma resposta que ele reconheceu o próprio corpo como se fosse um vírus ou bactéria – onde pega sou, dá uma inflamada, começa a ter atividade lúpica. Lúpus pode afetar qualquer órgão. Sarcoidose Cutânea 4 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 7°P MEDICINA Reconheceu esse pedaço como antígeno e gerou uma resposta de padrão Th17 ou de padrão granulomatoso. E aí pegou a sobrancelha e juntou um monte de neutrófilo e outras células e tentou conter de maneira circunscrita e impedir que ele se espalhe pelo corpo. O tratamento para essas duas doenças é suprimir o sistema imune. Mas se deprimir todo o sistema imune da pessoa, ela morre por infecção – nosso corpo tem que existir. Mas se suprimir o padrão celular, a forma Th1, Th2 ou Th17 vai ter um prejuízo no sistema imune, mas vai ter as outras formas para impedir que morra por infecção. Então tenta suprimir a parte do sistema imune que está defeituosa. IMUNOSSUPRESSORES: Cada um dos imunossupressores serve para inibir uma parte da nossa resposta – a parte que está defeituosa. CORTICOIDES Doses pequenas: ação predominantemente anti- inflamatória (inibição da COX) Altas doses: ação imunossupressora Mecanismos: - Curto prazo: efeito sobre as enzimas citoplasmáticas celulares → reduzem atividade fagocítica, diapedese e produção de anticorpos. - Longo prazo: inibem fatores de transcrição e ativação de genes relacionados à resposta imune. A prednisonafunciona praticamente na hora. Então em doses pequenas diminui a resposta inata, a inflamação. Em doses altas ela age no citoplasma. Todas nossas células tem receptores de corticoide, e aí os receptores começam a fazer sinalizações intracelulares e os ribossomos param de produzir proteínas e outras coisas. Em longo prazo que tem o controle efetivo da doença. Impede a proliferação de novos linfócitos, macrófagos, impede a apresentação de antígenos etc. O pct fica cada vez mais imunodeprimido. Efeitos adversos: - Retenção de sódio (efeito mineralocorticoide) - Hipertensão arterial - Descontrole glicêmico - Ganho de peso (intefere na saciedade) - Estrias, acne e atrofia da pele - Vulnerabilidade a infecções Corticoide tem múltiplos efeitos no corpo. No rim ele tem efeito mineralocorticoide – parece com a aldosterona: retem sódio, fica hipertenso. No metabolismo: aumenta os níveis glicêmicos, começa a ter a resistência a insulina (acantose nigricans). Pele deixa de proliferar tão bem – os locais de maior desgaste não vão ter reposição adequada de células da pele e começa a ter estrias. Se inibe o sistema imune como um todo, pct fica vulnerável a infecções. Cuidado: se tirar o corticoide de uma vez o pct morre. Quem produz o corticoide é nossa adrenal, no momento que dá doses altas e a longo prazo, suprime a adrenal – então é necessário dar um tempo para ela se acostumar e ir voltando a produzir. O desmame tem que ser lento! Se entrar em falência renal o pct deixa de reter sódio, fica hipotenso, choca e morre. INIBIDORES DE CALCINEURINA Calcineurina é uma das enzimas que formam a cascata que culminam na produção de IL-2. Tacrolimus e ciclosporina Mecanismo de Ação: Impedem os 2º mensageiros que culminam na produção de IL-2. Impede então a resposta de padrão Th1. Problemas: Nefrotoxidade, neurotoxidade e intolerância à glicose 5 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 7°P MEDICINA Metabolizados pelo fígado ANTIMETABÓLICOS E ANTIPROLIFERATIVOS • Sirolimus: inibe mTOR, enzima chave na progressão do ciclo celular (G1→S). Presente em stents farmacológicos. Impede o ciclo celular. • Ciclofosfamida: lesa o DNA e impede a proliferação celular. Não produz nem neutrófilo, macrófago, nem hemácia, nem plaqueta. • Azatioprina: interfere na síntese de purinas e na formação do DNA. Mielotóxica. Atrapalha a formação do DNA, mas não lesa o DNA. Em doses baixas diminui a resposta imune, mas ainda permite a produção de algumas coisas. • Micofenolato: restringe a proliferação de células T e B. Permite as outras partes da resposta para o pct se proteger. • Leflunomida: reduz a população de células B mais do que T A vantagem é que se o pct tem uma doença que o principal personagem é produzir autoanticorpo, vale mais a pena inibir mais célula B que célula T. • Metotrexato: aumenta a concentração de adenosina, que estimula a apoptose de linfócitos T, adesão neutrofílica e a fagocitose. Diminui a quantidade de linfócito T. AGENTES BIOLÓGICOS: Anticorpos monoclonais. • Abatacepte e belatacepte: são antagonistas do B7 – impede a coestimulação, atrapalha a resposta imune. • Inibidores do TNF-alfa: inibe a resposta Th1. Rituximabe. Se nada disso foi suficiente, pode induzir um HIV no pct – existe a globulina anti timócito que destrói todas as células T do paciente. Se ainda não funcionar, tem o muromonab que destrói células T auxiliadoras, células T citotóxicas – pct fica todo detonado. Natalizumabe: usado na esclerose múltipla. Impede a expressão da integrina – proteína que o vaso expressa para vir o neutrófilo e fazer a diapedese. Então natalizumabe impede que o neutrófilo chegue no local suspeito. Ecolizumabe: mais usado para asma. Inibe a proteína do complemento. Rituximabe é um anticorpo monoclonal contra linfócito B. Então por exemplo, no lúpus que a resposta é predominantemente por produção de autoanticorpo, rituximabe funciona. Obs: se der vacina para o pct e ele tiver em uso disso, as chances da vacina fazer efeito são baixas – quanto mais imunossupresso, menor a chance da vacina funcionar. Mas é melhor ter alguma resposta imune do que nenhuma – então dá vacina. IMUNOGLOBULINA Filtrado de plasma humano: mais de 10 mil litros! 6 Laís Flauzino | FARMACOLOGIA | 7°P MEDICINA Pega plasma de outras pessoas, mas o processo é muito cuidadoso. Só os anticorpos que vão sair desse plasma. Se tiver com uma doença autoimune, por exemplo, o problema não é o anticorpo, o problema é o macrófago reconhecer algo ligado ao anticorpo e tentar fagocitar isso. Quando se dá muito anticorpos de outros, fica tudo cheio de anticorpo que não são autoimunes, o que acontece é: • Alguns anticorpos se ligam contra os autoanticorpos produzidos anteriormente • Outros enchem os macrófagos de muitas coisas e aí tem menos espaço para os autoanticorpos se ligarem aos macrófagos. • Enchem o linfócito T de anticorpo e outras células tb Então os receptores que fariam os autoanticorpos agir, ficam todos ocupados – funciona como uma competição. O lado bom é que o pct não fica totalmente desprovido de sistema imune, mas a autoimunidade consegue ser segurada enquanto tiver esses anticorpos circulando. Isso serve principalmente para as crises. Eventos adversos: - Hiperviscosidade – pode predispor o pct a eventos trombóticos - Nefropatia – quando se liga um anticorpo no outro, quem manda anticorpo embora são os rins, se joga muitos anticorpos lá de uma vez pode fazer nefropatia por imunocomplexos. - Reações alérgicas - Cefaleia e náuseas Se ele é totalmente imunossupresso, é uma criança que nasceu e não produz IGG, por exemplo. Pode dar uma imunoglubina para ela para jogar anticorpos iniciais ali no meio e fazer com que ela melhore. PLASMAFÉRESE Cuidado com a sepse Pega o sangue do pct, tira ele todo e troca por plasma dos outros. A chance de isso dar ruim é muito grande. Esse plasma é super filtrado também. Mas tira todo o sangue do pct para tirar todos os autoanticorpos, sobra hemácia, leucócito, linfócitos e plaquetas e aí pega plasma dos outros, dilui um pouco e devolve par ao pct. O sangue que chega no corpo dele agora é sem autoanticorpos. Tem vários efeitos colaterais. O principal é que se ele tiver infectado, as bactérias ficam concentradas no sangue e o organismo está em anticorpo -