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Trabalho Prof.ª Ketley Costa Rocha Arruda InTrodução à Segurança no Indaial – 2022 2a Edição Impresso por: A779i Arruda, Ketley Costa Rocha Introdução à segurança no trabalho. / Ketley Costa Rocha Arruda – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 207 p.; il. ISBN 978-65-5663-822-5 ISBN Digital 978-65-5663-816-4 1. Saúde e segurança do trabalhador. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 613 Elaboração: Prof.ª Ketley Costa Rocha Arruda Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Caro acadêmico, estamos aqui convidando você a conhecer o Livro Didático de Introdução à Segurança no Trabalho. Este livro trará uma introdução aos temas básicos referentes à saúde e segurança do trabalhador em seu ambiente de trabalho. O livro está dividido em três unidades, de modo a se ter uma divisão didática dos conteúdos a serem estudados ao longo do curso. Em cada uma das unidades, você encontrará materiais tendo como base as principais literaturas da área. Além disso, o livro didático traz diversas recomendações de leituras complementares a fim de ampliar e aprofundar os conceitos vistos ao longo dos tópicos, permitindo, assim, uma autonomia de aprendizado o que favorece o explorar do conhecimento para além do ambiente da academia. Na Unidade 1, abordaremos como a humanidade, ao longo de seu desenvolvimento, buscou melhorias no seu modo de trabalho. Também veremos como o Brasil se adaptou às normas de segurança do trabalho e quais as principais leis sobre o tema no país. Ainda serão abordados os principais termos da segurança do trabalho e a sua relação com a proteção do meio ambiente. Na Unidade 2, nós abordaremos os agentes ambientais e os riscos relacionados a eles que podem causar danos à saúde dos trabalhadores. Além disso, conheceremos a relação da segurança no trabalho com os serviços de saúde, transporte e manuseio de materiais, psicologia, alimentação, atividades da construção civil, mecânica, elétrica e de produção. Na Unidade 3, abordaremos os riscos ergonômicos no ambiente de trabalho e os danos que estes são capazes de causar à saúde dos trabalhadores. Nesta unidade, também aprenderemos os principais procedimentos de primeiros socorros e como eles são fundamentais para salvar a vida de uma vítima de acidente. Ainda veremos as doenças causadas aos trabalhadores devido ao contato com substâncias tóxicas. Por fim, abordaremos o gerenciamento de riscos no ambiente de trabalho, com destaque para os equipamentos de proteção coletiva (EPC) e individual (EPI), a comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) e os mapas de riscos. Com esta proposta de material, pretende-se entregar a você, discente, uma vaste e rica experiência de ensino e aprendizado na área de Segurança no Trabalho. A equipe UNIASSELVI deseja excelentes estudos! Prof.a Ketley Costa Rocha Arruda APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO ............................................... 1 TÓPICO 1 — DEFINIÇÕES BÁSICAS .......................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO MUNDO ..............................3 2.1 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL .........................................7 3 PRINCIPAIS CONCEITOS .................................................................................................10 RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 13 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................14 TÓPICO 2 — LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS .............................................................. 17 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17 2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................................ 17 3 DECRETO-LEI Nº 5.452 - CLT ...........................................................................................18 4 PORTARIA 3.214 .............................................................................................................. 19 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 29 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................30 TÓPICO 3 — ACIDENTES DE TRABALHO, PLANEJAMENTO E CONTROLE ...................... 33 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 33 2 ACIDENTE DE TRABALHO ............................................................................................... 33 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO .....................................................................35 2.2 CONDIÇÕES QUE LEVAM AO ACIDENTE DE TRABALHO .........................................................35 3 PROCEDIMENTOS PARA CASOS DE ACIDENTE DE TRABALHO ................................... 38 4 BENEFÍCIOS CONCEDIDOS AOS TRABALHADORES APÓS UM ACIDENTE DE TRABALHO ....................................................................................................................... 39 5 PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ACIDENTES DE TRABALHO .................................... 41 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 44 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 45 TÓPICO 4 — PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SANEAMENTO E PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE) ......................................................................................................47 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................47 2 SANEAMENTO BÁSICO .....................................................................................................47 3 PREVENÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................... 48 3.1 NORMA ABNT NBR ISSO 14.001 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ....................................50 4 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (PGRS) .................................... 53 5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – POLÍTICA DOS 5 Rs .............................................................. 55 6 ALGUMAS LESGISLAÇÕES BRASILEIRAS SOBRE AS QUESTÕES AMBIENTAIS ......... 55 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................57 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................................ 64 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 65 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................67 UNIDADE 2 — RISCOS AMBIENTAIS E PCRMEI .................................................................. 71 TÓPICO 1 — HIGIENE DO TRABALHO ..................................................................................73 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................73 2 AGENTES FÍSICOS ............................................................................................................73 2.1 RUÍDOS ................................................................................................................................................... 73 2.2 VIBRAÇÕES .......................................................................................................................................... 76 2.3 PRESSÕES ANORMAIS ...................................................................................................................... 77 2.3.1 Hiperbarismo ..............................................................................................................................78 2.3.2 Hipobarismo .............................................................................................................................. 79 2.4 TEMPERATURAS EXTREMAS ........................................................................................................... 79 2.4.1 Trabalhos em temperaturas elevadas ................................................................................. 80 2.4.2 Trabalhos em temperaturas baixas ..................................................................................... 80 2.5 RADIAÇÕES IONIZANTES E NÃO IONIZANTES ............................................................................ 81 2.5.1 Radiação não ionizada ............................................................................................................ 81 2.5.2 Radiação ionizada ...................................................................................................................82 2.6 INFRASSOM E ULTRASSOM ............................................................................................................83 2.6.1 Infrassom .....................................................................................................................................83 2.6.2 Ultrassom ...................................................................................................................................83 2.7 UMIDADE ............................................................................................................................................. 84 3 AGENTES QUÍMICOS ........................................................................................................ 85 3.1 CONTAMINANTES ATMOSFÉRICOS .................................................................................................87 3.1.1 Irritantes ......................................................................................................................................87 3.1.2 Asfixiantes ...................................................................................................................................87 3.1.3 Narcóticos .................................................................................................................................. 88 3.1.4 intoxicantes sistêmicos .......................................................................................................... 88 3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS ..................................................... 88 4 AGENTES BIOLÓGICOS .................................................................................................... 91 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 93 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 94 TÓPICO 2 — HIGIENE DO TRABALHO II ...............................................................................97 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................97 2 SERVIÇOS DE SAÚDE .......................................................................................................97 2.1 RISCOS BIOLÓGICOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ....................................................................... 97 2.2 RISCOS QUÍMICOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................................................100 2.3 RISCO RADIAÇÃO IONIZANTE ........................................................................................................100 2.4 RESÍDUOS ..........................................................................................................................................101 3 TRANSPORTE .................................................................................................................. 101 4 PSICOLOGIA ....................................................................................................................103 5 ALIMENTAÇÃO ................................................................................................................106 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................108AUTOATIVIDADE ................................................................................................................109 TÓPICO 3 — PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCO EM MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES (PCRMEI) ............................................................................111 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111 2 CIVIL .................................................................................................................................111 3 MECÂNICA ....................................................................................................................... 114 4 ELÉTRICA ........................................................................................................................ 118 5 PRODUÇÃO ......................................................................................................................122 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................130 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 131 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................133 UNIDADE 3 — DOENÇAS DO TRABALHO E GESTÃO DE RISCO .......................................139 TÓPICO 1 — ERGONOMIA ................................................................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 141 2 INTRODUÇÃO À ERGONOMIA ........................................................................................ 141 2.1 DISTÚRBIOS OCUPACIONAIS .......................................................................................................... 145 2.2 ERGONOMIA E A TECNOLOGIA ......................................................................................................146 2.3 PROBLEMAS NA COLUNA ..............................................................................................................148 2.4 CONFORTO TÉRMICO E LUMINOSIDADE .....................................................................................148 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 151 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................152 TÓPICO 2 — AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO ..................................................155 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................155 2 PRIMEIROS SOCORROS .................................................................................................155 2.1 ETAPAS DO ATENDIMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS ......................................................... 156 2.2 PRIMEIROS SOCORROS PARA VÍTIMAS DE TRAUMAS ............................................................158 2.2.1 Hemorragia................................................................................................................................158 2.2.2 Fraturas, luxações e entorses ............................................................................................ 159 2.2.3 Lesões na coluna vertebral ..................................................................................................160 2.2.4 Queimaduras ............................................................................................................................161 3 TOXICOLOGIAS ............................................................................................................... 161 3.1 SUBSTÂNCIAS TÓXICAS................................................................................................................... 162 3.1.1 Efeitos das substâncias tóxicas ........................................................................................... 162 3.1.2 Vias de absorção das substâncias tóxicas ....................................................................... 163 3.2 INTOXICAÇÃO .................................................................................................................................... 163 3.3 FASES DA INTOXICAÇÃO ...............................................................................................................164 3.4 INTERAÇÕES TOXICOLÓGICAS ..................................................................................................... 165 3.5 PRINCIPAIS SINTOMAS .................................................................................................................. 166 3.6 DOENÇAS OCUPACIONAIS .............................................................................................................167 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................169 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................170 TÓPICO 3 — GERENCIAMENTO DE RISCO .........................................................................171 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................171 2 EPCs E EPIs ......................................................................................................................171 2.1 TIPOS DE EPCs E SUAS APLICAÇÕES ......................................................................................... 172 2.1.1 Dispositivos de sinalização ................................................................................................... 172 2.1.2 Extintores de incêndio ......................................................................................................... 172 2.1.3 Exaustores de ar ...................................................................................................................... 173 2.1.4 EPC para proteção de serviços com eletricidade ........................................................... 173 2.2 PRINCIPAIS EPIs E SUAS APLICAÇÕES ..................................................................................... 174 2.2.1 EPI para proteção da cabeça .............................................................................................. 174 2.2.2 EPI para proteção dos olhos e face ................................................................................... 175 2.2.3 EPI para proteção auditiva ...................................................................................................177 2.2.4 EPI para proteção respiratória .............................................................................................177 2.2.5 EPI para proteção do tronco ................................................................................................ 179 2.2.6 EPI para proteção dos membros superiores ..................................................................180 2.2.7 EPI para proteção dos membros inferiores .......................................................................181 2.2.8 EPI para proteção do corpo inteiro ...................................................................................182 2.2.9 EPI para proteção contra quedas com diferença de nível ..........................................182 3 IMPLEMENTAÇÃO DA CIPA ............................................................................................183 3.1 ATRIBUIÇÕES ......................................................................................................................................184 3.2 FUNCIONAMENTO ............................................................................................................................1853.3 TREINAMENTO ...................................................................................................................................185 3.4 PROCESSO ELEITORAL ...................................................................................................................186 3.5 ROTEIRO PARA IMPLEMENTAÇÃO DA CIPA ............................................................................... 187 3.5.1 Calendário ................................................................................................................................ 187 3.5.2 Edital de convocação ............................................................................................................ 187 3.5.3 Formação da comissão eleitoral e edital de eleição ......................................................188 3.5.4 Eleição e divulgação do resultado .....................................................................................188 3.5.5 Ata de instalação e posse da CIPA .....................................................................................190 4 MAPA DE RISCO ............................................................................................................. 191 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................195 RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 200 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................201 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 203 1 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À SEGURANÇA DO TRABALHO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • apresentar o histórico da segurança e higiene do trabalho no mundo e no Brasil; • conhecer as legislações brasileiras que falam de segurança do trabalho; • conceituar os diversos termos da segurança do trabalho; • entender a relação segurança do trabalho e proteção do meio ambiente. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – DEFINIÇÕES BÁSICAS TÓPICO 2 – LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS TÓPICO 3 – ACIDENTES DE TRABALHO, PLANEJAMENTO E CONTROLE TÓPICO 4 – PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SANEAMENTO E PREVENÇÃO DO MEIO AMBIENTE) Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 DEFINIÇÕES BÁSICAS TÓPICO 1 - UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste primeiro tópico, você entenderá como surgiu a preocupação com a saúde e segurança do trabalho através de um breve histórico e conhecerá os principais conceitos e definições dessa área de estudo. A preocupação com a saúde e segurança no ambiente de trabalho é observada há muitos séculos. Compreender o passado pode ajudar os profissionais de segurança e saúde a examinar o presente e o futuro com um senso de perspectiva e continuidade. Além disso é de fundamental importância aprender os principais conceitos da área de maneira a compreender as lições seguintes e realizar como competência as funções relativas à segurança do trabalho. 2 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO MUNDO Os primeiros registros a favor dos trabalhadores foram observados há aproximadamente 2360 a.C., no Egito antigo, como os Papiro Seler II, que faziam relação entre o ambiente de trabalho e seus riscos. No Papiro Anastasi V, conhecido como “Sátira dos Ofícios”, datado de 1800 a.C. também se observaram inscrições sobre insalubridade, periculosidade e penosidade das profissões (MATOS; MÁSCULO, 2011). Durante os dias dos antigos babilônicos, por volta de 2000 a.C., na Mesopotâmia, o rei Hamurabi desenvolveu um conjunto de leis, conhecido como “Código de Hamurabi”, que continha cláusulas que tratavam de lesões e danos monetários avaliados contra aqueles que feriram outras pessoas. Estas cláusulas do código, conforme pode ser observado na Figura 1, ilustravam a preocupação do rei Hamurabi com as condições de trabalho. O rei egípcio Ramsés II, por volta de 1500 a.C., visando garantir a força de trabalho suficiente para a construção de um enorme templo que levava o seu nome, ofereceu serviço médico e obrigava os trabalhadores a tomarem banho diariamente. Além disso, isolava os trabalhadores doentes de forma a não espalhar a doença. 4 FIGURA 1 – CÓDIGO DE HAMURABI FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/_4sinyEDofFE/TFQNpWx-0DI/AAAAAAAAABo/0JbJkbCbQlc/s1600/ hammurabi.jpg>. Acesso em: 9 maio 2021. Na antiga Grécia, por volta de 384 ‑322 a.C., o filósofo Aristóteles realizou estudos sobre as enfermidades apresentadas por mineradores, tentando evitá-las. Nesse mesmo período, o médico e filósofo Hipócrates, considerado o “pai da medicina”, fez menção à toxicidade causada pelo manuseio de chumbo em mineiros e metalúrgicos (RAMÍREZ, 2008). Os romanos também se mostraram preocupados com a questão da saúde e segurança demonstrados em seus sistemas de esgoto, banheiros públicos e casas bem ventiladas, porém não havia regras específicas sobre saúde e segurança para os trabalhadores. No início da era cristã, em meados do século I (d.C.), em Roma, Plínio I e Galeno também relataram casos de envenenamento causados por chumbo em trabalhadores de minas (RAMÍREZ, 2008). Além disso, foi Plínio I, conhecido como “O Velho”, que recomendou, pela primeira vez, a utilização de equipamentos de proteção respiratórios (máscaras) para os trabalhadores de minas. As máscaras eram produzidas a partir da pele da bexiga de animais (ARIAS, 2012). Após um longo período da ausência de avanços em relação à saúde e trabalho, no ano de 1700, o médico Italiano Bernadino Ramazzini, também conhecido como o “Pai da Medicina do Trabalho”, publicou o tratado “De Morbis Artificum Diatriba”, que descrevia a relação das doenças dos trabalhadores e suas ocupações, conforme ilustrado na Figura 2. Ramazzini (2016) relacionou as doenças do trabalho com o manuseio de materiais nocivos e movimentos irregulares ou não naturais do corpo, o que até hoje é considerado relevante nesse campo de estudo. 5 FIGURA 2 – CAPA DO LIVRO DE RAMAZZINI FONTE: <http://www.firenzelibri.net/public/img/45645.jpg>. Acesso em: 9 maio 2021. Foi somente durante a Revolução Industrial que os avanços em relação à saúde e trabalho começaram realmente a acontecer. Nesse período, observou-se um aumento no número de doenças, acidentes, mutilações e até morte de trabalhadores, principalmente relacionados com as quantidades excessivas de horas trabalhadas, que, às vezes, chegavam a 16 horas/dias, e as péssimas condições de trabalho. E com isso, diversos estudos foram realizados visando minimizar esses impactos na saúde dos trabalhadores. Percival Pott, um médico inglês, por exemplo, em 1775, descreveu o desenvolvimento do câncer nos limpadores de chaminés devido à inalação de poeira tóxica e indicou que o câncer poderia ser causado pela presença de compostos carcinógenos no ambiente. Já no ano de 1801, o também médico Thomas Beddoe realizou estudos e demostrou como as condições de trabalho afetavam a saúde dos trabalhadores (BROWN; THORNTON, 1957). FIGURA 3 – FOTO DE UMA FÁBRICA DURANTE A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FONTE: <https://www.historycrunch.com/working-conditions-in-the-industrial-revolution.html#/>. Acesso em: 9 maio 2021. 6 A primeira lei de proteção aos trabalhadores surgiu na Inglaterra no ano de 1802 e ficou conhecida como “Lei de saúde e moral de aprendizes”. Por essa lei foi definido que o limite diário de trabalho seria de 12 horas/dia, proibia o trabalho noturno e obrigava a ventilação nos ambientes fabris. Entretanto,não houve diminuição dos acidentes do trabalho após a divulgação dessa lei. Assim, a primeira lei que efetivamente buscava o melhoramento das condições de trabalho somente foi aprovada pelo parlamento da Inglaterra em 1833 e ficou conhecida como “factory act” ou “lei das fábricas”. Essa lei estabelecia que o dia de trabalho deveria ocorrer das 5:30 às 20:30 horas, sendo permitido o trabalho de jovens entre 13 e 18 anos como limite de duração de 12 horas, e para crianças entre 9 e 13 anos o limite de 8 horas. Para crianças menores de 9 anos ficava proibido o trabalho. Além disso a lei previa a presença de um médico na fábrica para atestar a idade mínima dos trabalhadores e realizar exames de maneira a prevenir as doenças do trabalho (BITENCOURT; QUELHAS, 1998). Após isso, vários países começaram a estabelecer leis e regulamentos de melhoria das condições de trabalho. Em 1862, a França aprovou o regulamento da segurança e higiene do trabalho. Em 1865, a Alemanha publicou a Lei de indenização obrigatória dos trabalhadores e em 1886, a Revolução de Chicago, nos Estados Unidos, iniciou o movimento das organizações trabalhistas, que futuramente veio a se tornar sindicatos. No início do século XX, o cenário mundial era de insegurança e instabilidade devido à Primeira Guerra Mundial. Com o fim da Primeira Guerra em novembro de 1918, realizou-se a Conferência da Paz (1919) em que foi assinado o Tratado de Versalhes, que aprovava a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que atualmente tem sede na Suíça e possui 39 países membros, incluindo o Brasil. A OIT apresenta como missão “promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade” (OIT, 2021). Além disso, de acordo com a sua Constituição e Declaração da Filadélfia: Considerando que existem condições de trabalho que implicam, para grande número de indivíduos, miséria e privações, e que o descontentamento que daí decorre põe em perigo a paz e a harmonia universais, e considerando que é urgente melhorar essas condições no que se refere, por exemplo, à regulamentação das horas de trabalho, à fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, à garantia de um salário que assegure condições de existência convenientes, à proteção dos trabalhadores contra as moléstias 3 graves ou profissionais e os acidentes do trabalho, à proteção das crianças, dos adolescentes e das mulheres, às pensões de velhice e de invalidez, à defesa dos interesses dos trabalhadores empregados no estrangeiro, à afirmação do princípio ‘para igual trabalho, mesmo salário’, à afirmação do princípio de liberdade sindical, à organização do ensino profissional e técnico, e outras medidas análogas (OIT, 2016, p. 3). 7 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi fundada em 1919 com o objetivo de que todos os trabalhadores tivessem acesso a um trabalho com condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. NOTA 2.1 HISTÓRICO DA SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL Em relação ao Brasil, a primeira lei que se aplicava à proteção dos trabalhadores foi o Decreto nº 1.313, publicado em 17 de janeiro de 1891. O decreto estabelecia “providências para regularizar o trabalho dos menores empregados nas fábricas da Capital Federal”, que até então era a cidade do Rio de Janeiro. Além disso, em seu Art. 1º ficou “instituída a fiscalização permanente de todos os estabelecimentos fabris em que trabalharem menores, que ficará a cargo de um inspector geral, imediatamente subordinado ao Ministro do Interior”. Embora seja considerada um marco na legislação trabalhista do Brasil, essa lei não foi cumprida efetivamente. Assim, diversas manifestações e greves gerais dos trabalhadores ocorreram entre os anos de 1907 e 1920, reivindicando melhores condições de trabalho. Com isso, em 15 de janeiro de 1919 foi aprovada a primeira lei brasileira (Lei nº 3.724) contra acidentes do trabalho. Foi no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945), que aconteceu a transição do modelo oligárquico (caracterizado pelo poder econômico nas mãos de grandes proprietários rurais) para o industrialismo. Com isto, em 26 de novembro de 1930, pelo Decreto nº 19.433 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Além disso, no dia 4 de fevereiro de 1932, foi criado o Departamento Nacional do Trabalho, que, entre as suas atribuições, consta a organização, higiene e segurança do trabalho. Por meio do Decreto nº 24.637 ocorreu a reforma da legislação de acidentes de trabalho que pela primeira vez equiparava as doenças profissionais aos acidentes de trabalho, assim como, de forma inaugural, a indenização dos acidentes de trabalho passou a ser custeada pelo Estado, empregado e empregador (BITENCOURT; QUELHAS, 1998). Ainda em 1934, foram nomeados pelo Ministro do Trabalho os primeiros inspetores- médicos do trabalho, para procederem à inspeção higiênica nos locais de trabalho e estudos sobre acidentes e doenças profissionais. 8 O crescimento da indústria, com o consequente aumento no número de trabalhadores urbanos, trouxe novas preocupações para o governo brasileiro. Dessa forma, visando a preservar a saúde do trabalhador foi fundada, em 1941, a Associação Brasileira para a Prevenção de Acidentes, e, em 1º de maio de 1943, ocorreu a criação da consolidação das leis do trabalho (CLT) por meio do Decreto-Lei nº 5.452. A CLT foi um compilado das leis que a antecedem sobre os direitos à saúde e segurança dos trabalhadores. Desde sua aprovação, a CLT já possuía o Capítulo V, com o título “Higiene e Segurança do Trabalho”, alterado em 1977 pela Lei nº 6.514 para “Da Segurança e da Medicina do Trabalho”. Em 10 de novembro de 1944, o Decreto-Lei nº 7.036 veio como um desdobramento da CLT, revogando a Lei nº 3.724. Em 1953 foi criada a Portaria nº 155/53, que regulamentava as atividades das comissões internas de prevenção de acidentes (CIPAs), e, em 1960, a Portaria nº 319/60, que falava sobre os equipamentos de proteção individual (EPIs). Neste mesmo ano (1960) foi promulgada a Lei Orgânica da Previdência Social, decretando aposentadoria especial para os trabalhadores que exercem atividades penosas, insalubres ou perigosas. A intenção dessa lei era aposentar o trabalhador antes que ele sofresse dano total ou irreversível à sua saúde (TIMBÓ; EUFRÁSIO, 2009). No ano de 1966 surgiu, no Brasil, por meio da Lei nº 5.261, o Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, atualmente a Fundacentro. Em 1972, o Ministério do Trabalho aprovou a Portaria nº 3.237, que instituía os serviços de segurança higiene e medicina do trabalho nas empresas. E em 1974 foram criados os primeiros cursos especializados em segurança e medicina do trabalho. Desde a primeira redação do Decreto-Lei nº 5.452, que cria consolidação das leis trabalhista (CLT), possui o Capítulo V com o título “Higiene e Segurança do Trabalho”. ATENÇÃO A mudança nas leis trabalhistas de corretiva para preventiva somente ocorreu no Brasil com a aprovação da Portaria nº 3.214. A Portaria “aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho”, que incialmente continha vinte e oito NRs. Durante os anos, algumas NRs foram alteradas e outras oito novas foram introduzidas de maneira a atender às necessidades de cada serviço. 9 A oficialização dos cursos de especialização para engenheiros e arquitetos em engenharia de segurança do trabalho e a criação do cargo de técnico em segurança do trabalho ocorreram em 27 de novembro de 1985 com a aprovação da Lei nº 7.410. No ano de 1988 foi promulgada nova Constituição Federal, significando um novo marco principal na introdução da saúde do trabalhador no sistema jurídico nacional. Com a promulgação dessa Constituição,as ações de saúde do trabalhador passaram a ser competência do Sistema Único de Saúde – SUS –, consagrando também proteção ao meio ambiente, incluindo o meio ambiente de trabalho. Esta Carta Magna previu a possibilidade de penalidades para as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Quanto a estas sanções, é oportuno o comentário de Melo (2013, p. 140): Do comando constitucional do art. 225, § 3º e dos demais dispositivos constitucionais e legais que protegem o meio ambiente e a saúde do trabalhador (subitens 4.1, 4.2 e 4.3 do Capítulo I), infere-se que as responsabilidades decorrentes do trabalho em condições inadequadas e em ambientes insalubres, perigosos e penosos, ou em razão de acidentes de trabalho, podem ser caracterizadas como de natureza: a) administrativa; b) previdenciária; c) trabalhista; d) penal; e) civil. Adiante, falaremos mais especificamente das leis que abordam os direitos trabalhistas. ESTUDOS FUTUROS Em 1990, no dia 19 de setembro, foi sancionada a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080), que trata da atuação do SUS na área da saúde do trabalhador. No dia 22 de maio de 1991, por meio do Decreto nº 127, o Brasil ratificou a Convenção nº 161/85, da OIT, relativa aos serviços de saúde do trabalho. No dia 12 de fevereiro de 2007 foi assinado o Decreto nº 6.042/07, que oficializou a implantação, pela Previdência, de dois instrumentos legais, que provocaram uma mudança de paradigma na área de saúde e segurança do trabalho: o Nexo Técnico Epidemiológico (NTE) e o Fator Acidentário Previdenciário (FAP), que, com o Perfil Psicográfico Previdenciário, representam uma nova percepção da Previdência em relação aos acidentes de trabalho. Após essa linha do tempo em relação à evolução da saúde e segurança no trabalho veremos a seguir os seus principais conceitos e definições. 10 3 PRINCIPAIS CONCEITOS A Segurança do Trabalho pode ser definida como um conjunto de normas que visam minimizar as doenças e os acidentes decorrentes do ambiente de trabalho. Além disso, ela visa proteger a integridade física e mental dos trabalhadores por meio da prevenção dos riscos a que é exposto em seu ambiente de trabalho. De acordo Saliba e Lanza (2018), a Segurança do Trabalho pode ser definida como “a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de risco operacionais”. Assim, a Segurança do Trabalho por meio da identificação do risco, da avaliação, do controle e do monitoramento realiza a prevenção de acidentes. Esse processo pode ocorrer por meio de diversas medidas, sejam elas técnicas, administrativas, na educação dos colaboradores, na eliminando as condições inseguras, no tratamento médico e psicológico, entre outras. Ainda Segundo Saliba e Lanza (2018), “A prevenção se faz pela identificação e pela avaliação dos fatores de riscos e cargas de trabalho com origem no processo de trabalho e na forma de organização adotados, e da implantação de medidas para eliminação ou minimização desses fatores de riscos e cargas”. A palavra risco foi citada algumas vezes nos parágrafos anteriores, mas você saberia a diferença entre risco e perigo? De acordo com o anexo 1 da NR 1, redação dada pela Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 de março de 2020, perigo é definido como “fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde. Elemento que isoladamente ou em combinação com outros tem o potencial intrínseco de dar origem a lesões ou agravos à saúde”. Ainda segundo a mesma norma, risco ocupacional é definido como a “Combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”. Assim, o perigo é alguma coisa que pode potencialmente causar dano, ou seja, a fonte geradora. Já o risco está associado a exposição ao perigo. Na Figura 4 é possível observar a diferença entre esses conceitos. 11 FIGURA 4 – DIFERENÇA ENTRE PERIGO E RISCO FONTE: <https://op.europa.eu/webpub/eca/special-reports/food-safety-2-2019/img/Pt_box2.svg>. Acesso em: 10 maio 2020. Para mais informações e exemplos sobre a diferença entre risco e perigo, veja o vídeo disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=2bfqbbXB5_s. DICA Vale mencionar, que de acordo com a NR 9, o risco pode ser classificado em: risco físico, risco químico, risco biológico, risco ergonômico, risco social e risco ambiental. Esses conceitos serão melhores apresentados posteriormente. Os conceitos de insalubridade e periculosidade também são importantes para os nossos estudos em segurança do trabalho. De acordo com o Art. 189 da CLT, as atividades insalubres são “aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”, implicando danos à saúde dos trabalhadores ao longo de sua vida. Por outro lado, a periculosidade é definida no Art. 193 da CLT como: Perigo Um perigo é algo que tem o potencial para nos prejudicar Risco Um risco é a probabilidade de um perigo nos prejudicar vs. TUBARÃO Um tubarão no mar é um perigo Nadar com um tubarão é um risco 12 [...] atividades ou operações perigosas que por sua natureza ou métodos de trabalho impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: I‑ inflamáveis, explosivos ou energia elétrica. II- roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. Assim, a periculosidade é determinada pelo risco iminente de morte durante o trabalho enquanto a insalubridade é a exposição direta aos agentes nocivos que podem gerar danos à saúde a longo prazo. Tanto a insalubridade quanto a periculosidade são passíveis de acréscimo salário, descritos em maior detalhe nas normas regulamentadoras NR-15 e NR-16. Seguindo, a definição de acidente do trabalho, segundo o Art. 19 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 (Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social), é: [...] o que ocorre no exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VI do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda, redução permanente ou temporária de sua capacidade para o trabalho. Nessa definição, o acidente ganha um sentido amplo, abrangendo também as doenças ocupacionais ou moléstias profissionais, para fins de reparação de dano sofrido pelo trabalhador. Do ponto de vista técnico, porém, esta definição não é satisfatória, pois retrata somente as consequências sobre o homem. Uma definição mais completa de acidente do trabalho seria que toda a ocorrência, não programada e não planejada, que interferir no andamento normal do trabalho e da qual resulte lesão no trabalhador e/ou perda de tempo e/ou danos materiais ou as três situações simultaneamente. Outro conceito importante que merece definição é Inspeção de Segurança. O termo se refere a vistorias realizadas nas áreas de trabalho de maneira a verificar situações em que o trabalhador pode estar sendo exposto a algum risco. O objetivo da Inspeção de Segurança é fornecer informações sobre as condições de trabalho, que tipo de trabalho realizado, quais procedimentos de segurança são aplicados ou não, se existe riscos que possam provocar danos ao trabalhador, e assim, auxiliar na tomada de decisão que defini as medidas de prevenção a serem tomadas. 13 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • A segurança do trabalho está evoluindo, desde os primórdios até os dias de hoje. • A Revolução Industrial foi um marco histórico para mudanças nas legislações sobre saúde e segurança do trabalhador. • A OIT é uma organização que está trabalhando pela internacionalização do Direito do Trabalho, do qual o Brasil faz partede seu escopo. • A aplicação de medidas de proteção aos trabalhadores no Brasil iniciou em meados do ano de 1981, mas foi com a criação da CLT, em 1943, que regras sobre higiene e segurança no trabalho passam a ser cobradas efetivamente. • A Segurança do Trabalho é um conjunto de normas que visam minimizar as doenças e os acidentes decorrentes do ambiente de trabalho. • O acidente do trabalho é toda ocorrência, não programada e não planejada, que interferir no andamento normal do trabalho e da qual resulte lesão no trabalhador e/ ou perda de tempo e/ou danos materiais ou as três situações simultaneamente. • Perigo é algo com potencialmente de causar dano e risco está associado a exposição ao perigo. RESUMO DO TÓPICO 1 14 1 Desde a antiguidade são observados registros que levavam em consideração a saúde e segurança dos trabalhadores. Entretanto, somente com a Revolução Industrial aconteceram avanços significativos neste sentido. Por que a preocupação com a saúde e segurança dos trabalhadores aumentaram com a Revolução Industrial? 2 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi criada durante a Conferência da Paz (1919) com a assinatura do Tratado de Versalhes, do qual fazem parte 39 países, incluindo o Brasil. Em sua constituição e na Declaração da Filadélfia, a OIT considera que é urgente melhorar as condições de trabalho no que se refere à(a): a) ( ) Regulamentação das horas de trabalho, a não fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, outros. b) ( ) Regulamentação das horas de trabalho, a fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao não recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, outros. c) ( ) A não regulamentação das horas de trabalho, a fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego, outros. d) ( ) Regulamentação das horas de trabalho, a fixação de uma duração máxima do dia e da semana de trabalho, ao recrutamento da mão de obra, à luta contra o desemprego e outros. 3 A primeira lei trabalhista do Brasil foi o Decreto n° 1313, publicado em 17 de janeiro de 1891. Qual item a seguir foi estabelecido neste decreto? a) ( ) Providências para regulamentar o trabalho de mulheres empregadas nas fabricas da capital federal. b) ( ) Providências para regulamentar o trabalho dos menores empregados nas fabricas da capital federal. c) ( ) Fiscalização permanente de todos os estabelecimentos fabris em que trabalharem mulheres, a qual ficará a cargo de um inspector geral, imediatamente subordinado ao Ministro do Interior. d) ( ) Fiscalização permanente de todos os estabelecimentos fabris, a qual ficará a cargo de um inspector geral, imediatamente subordinado ao Ministro do Interior. AUTOATIVIDADE 15 4 A Norma Regulamentadora NR‑1 define risco ocupacional como a “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”. Uma classificação dos tipos de risco é apresentada na NR‑9. Assinale a alternativa que NÃO contenha um tipo de risco classificado na NR-9. a) ( ) Risco físico. b) ( ) Risco químico. c) ( ) Risco psicológico. d) ( ) Risco ergonômico. 5 A definição de acidente do trabalho de acordo com a Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social é considerada insatisfatória do ponto de vista técnico. Qual seria a melhor definição para esse termo? 16 17 LEGISLAÇÃO E NORMAS TÉCNICAS UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, vamos realizar um estudo mais aprofundado das principais legislações brasileiras que concerne ao direito trabalhista. Dentre elas estão a Constituição da República Federativa do Brasil (05/10/1988), o Decreto-Lei nº 5.452 (Consolidação das Leis Trabalhista – CLT) e a Portaria nº 3.214, que aprova as Normas Regulamentadores – NR. A Constituição da República Federativa do Brasil é a lei máxima do Brasil, que traça os parâmetros do sistema jurídico e define os princípios e diretrizes que regem a nossa sociedade. Sobre essa lei, falaremos especificamente dos Artigos 6º e 7º do Capítulo II, que dá diretrizes sobre a questão trabalhista no Brasil. Também serão apresentados os principais pontos da CLT, norma que consolida as leis trabalhistas no Brasil, inclusive substanciando a elaboração das Normas Regulamentadoras. Em relação a Portaria nº 3.214, mostraremos as 37 normas que a compõe e suas principais disposições. 2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL A Constituição da República Federativa do Brasil, publicada em 5 de outubro de 1988, consta em seu Capítulo II dos direitos sociais Art. 6º: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção maternidade e a infância, a assistência os desamparados, na forma desta Constituição”. Portanto, o direito ao trabalho é uma parte essencial em que a nação se compromete a garantir. Mais especificamente, em seu Art. 7º são descritas as principais normas que beneficiam os trabalhadores rurais e urbanos, dentre elas o direito ao: • Seguro-desemprego: remuneração ao trabalhador após demissão sem justa causa; • 13º salário: remuneração ao trabalhador no final do ano com valor igual ao recebido mensalmente; • Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): garantia de reserva em dinheiro, valor depositado mensalmente pela empresa, que poderá ser usado em casos de demissão, doenças ou outras eventualidades; • Garantia de salário nunca inferior ao mínimo; 18 • Adicional noturno: 20% a mais sobre o valor do salário bruto para os trabalhadores que possuem horário de trabalho entre as 22h e as 5h da manhã; • Repouso semanal remunerado: valor embutido no salário referente ao descanso semanal; • Aviso prévio: consentimento de no mínimo 30 dias antes de rescisão de contrato; • Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; • Adicional de remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas; • Aposentadoria; • Seguro contra acidente de trabalho: remuneração paga pela empresa para trabalhadores que sofrem algum tipo de acidente do trabalho; • Outros. A Constituição da República Federativa do Brasil com todas as suas alterações pode ser encontrada no site do Planalto Central por meio do link: https://bit.ly/3FntBf2. DICA 3 DECRETO-LEI Nº 5.452 - CLT O Decreto-Lei nº 5.452, publicado em 1° de maio de 1943, foi o decreto brasileiro que consolidava as Leis do Trabalho, comumente conhecido com CLT. De acordo com seu Art. 1°, “Esta consolidação estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho nela previstas”. O surgimento desse decreto foi de extrema importância, pois implicou normas de trabalho que impedem condições de trabalho abusivas. No Capítulo V da CLT são traçadas as normas relativas à segurança e à medicina do trabalho, consubstanciadas nas normas regulamentadoras. Esse capítulo está dividido em diversas seções, que tratam dos seguintes temas: • Disposições gerais. Essa seção dispõe sobre as incumbências governamentais, empresariais e dos empregados nos quesitos referentes à segurança e medicina do trabalho. • Inspeção prévia e do embargo ou interdição. • Órgãos de segurança e de medicina do trabalho nas empresas; • Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). 19 • Medidas preventivas de medicina do trabalho. • Das edificações. • Do conforto térmico. • Das instalações elétricas. • Da movimentação, armazenagem e manuseio dos materiais. • Das máquinas e equipamentos. • Das caldeiras, fornos e recipientes sob pressão. • Das atividades insalubres ou perigosas. • Da prevenção da fadiga. • Das outras medidas especiais de proteção. • Das penalidades. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e todasas suas alterações pode ser encontrada no site do Planalto Central por meio do link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. DICA 4 PORTARIA 3.214 A Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978, é a principal legislação brasileira que normatiza a segurança no trabalho preventiva. De acordo com seu Art. 1° “aprovar as Normas Regulamentadores – NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho”. Atualmente existem 37 NRs definidas como: • NR-1 – Disposições gerais e gerenciamento de riscos ocupacionais. A NR-1 estabelece a obrigatoriedade de empresas públicas e privadas, que possuam empregados contratados sob o regime da CLT, a aplicação das normas regulamentadoras (NR) relativas à segurança e saúde no trabalho. Ela também estabelece os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Além disso, determina os direitos e deveres dos empregados e empregadores. • NR-2 – Inspeção prévia – REVOGADA 20 • NR-3 – Embargo e interdição A NR-3 estabelece as diretrizes para caracterização de risco grave e iminente e os requisitos técnicos de embargo e interdição. São medidas a serem tomadas caso o trabalhador esteja em risco eminente, comprovados por laudo técnico. A interdição ou embargo pode ser parcial ou total de todas as atividades do estabelecimento ou obra, sem desconto de salário durante a paralização. • NR-4 – Serviço especializado em segurança e medicina do trabalho – SSMT A NR-4 estabelece a implantação do Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT), com o objetivo de promover a saúde e proteger a integridade física e mental do empregado no local de trabalho. O SESMT deve ser formado por técnico em segurança do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho e médico do trabalho. Quais profissionais devem fazer parte do SESMT e a quantidade de horas trabalhada por cada um é definida de acordo com a graduação do risco da atividade principal da empresa (CNAE) e o número de funcionários. • NR-5 – Comissão interna de prevenção de acidentes – CIPA A NR-5 estabelece as regras de implantação e funcionamento da comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) como as suas atribuições, organização, treinamentos e processo eleitoral. A CIPA tem por finalidade auxiliar o SESMT junto à prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. A CIPA deve ser implementada em todos as empresas, que possuam trabalhadores sob o regimente da CLT, com no mínimo de 20 funcionários. Para aquelas abaixo de 20 funcionários, deverá haver uma pessoa responsável pelo cumprimento da NR-5 denominado Designado de CIPA. A CIPA deve ser formada por representantes dos empregados, escolhidos por meio de votação secreta, e do empregador, escolhidos por ele mesmo sem votação, sendo a mesma quantidade de participantes de cada lado. • NR-6 – Equipamento de proteção individual – EPI A NR-6 dispõe sobre a obrigatoriedade das empresas em fornecer gratuitamente os equipamentos de proteção individual (EPIs) para os empregados, e destes em utilizar de maneira correta, guardar e conservar. A NR-6 também estabelece as normas de fabricação, importação e comercialização dos EPIS, que devem conter o Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho. Além disso, há uma lista de classificação dos tipos de EPIs para cada parte do corpo, como proteção da cabeça, olhos, face, tronco, membros superiores e inferiores, proteção auditiva, respiratória e outros. 21 Vale ressaltar que há uma diferença entre os equipamentos de proteção individual (EPIs) e de proteção coletiva (EPCs). De acordo com a própria NR-6, “considera-se Equipamento de Proteção Individual todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”, ou seja, deve ser utilizado apenas por um único trabalhador. Já os EPC podem ser equipamentos que forneça proteção coletiva ou equipamentos de proteção individual, que podem ser utilizados por diversos trabalhadores, por exemplo, os cintos paraquedistas. • NR-7 – Exames médicos A NR-7 estabelece a elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) que tem por objetivo analisar a saúde dos colaboradores por meio da realização de exames médicos. Os exames exigidos pela NR-7 são: admissional, periódicos, demissional, mudança de função, retorno ao trabalho e exames complementares definido de acordo com o risco ao qual o trabalhador está exposto. • NR‑8 – Edificações A NR‑8 dispõe sobre os parâmetros técnicos mínimos para edificações como proteção contra intempéries (chuva, sol, vento e outros), condicionamento acústico, dimensionamento de escadas, rampas e corredores, visando garantir a segurança e o conforto dos trabalhadores. Vale ressaltar que é necessário observar também as legislações federais, estaduais e municipais que contém normas sobre o assunto. • NR-9 – Avaliação e controle das exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos A NR-9 estabelece os requisitos para a avaliação, monitoramento e controle das exposições ocupacionais referentes aos agentes físicos, químicos e biológicos. Na sua última atualização, Portaria nº 6.735/2020, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) descrito na norma foi extinto e passou a fornece diretrizes para a elaboração do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) exigido na NR-1. Entretanto, a norma ainda se encontra incompleta, pois não foi divulgado todos os anexos necessários para sua execução. • NR10 – Segurança em instalações e serviços de eletricidade A NR-10 contém as exigências técnicas mínimas para elaboração de projetos, execução, operação, manutenção e outros serviços que trabalham com eletricidade de maneira a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. Essa norma é abrangente tanto para funcionários efetivos quanto para trabalhadores terceirizados. 22 A prevenção dos riscos relacionados as atividades que fazem uso de eletricidade é a primeira medida estabelecida nessa norma. Caso não seja possível a prevenção, são adotadas as medidas protetivas como a utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva. Além disso, as áreas que são executados os serviços de instalações elétricas devem ser identificadas e sinalizadas corretamente. A norma também estabelece a realização de capacitação dos trabalhadores, sendo que cada empresa é responsável por essa capacitação. Os treinamentos de reciclagem devem ser realizados a cada dois anos ou em trocas de função ou retorno por afastamento por mais de três meses. A NR-10 contém diversos detalhes sobre o trabalho com instalações elétricas que serão apresentados nas próximas unidades. ESTUDOS FUTUROS • NR11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais A NR-11 estabelece as diretrizes de operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras de maneira mecânica e manual, visando manter a integridade física dos trabalhadores. De maneira geral, essa norma regulamenta a utilização dos maquinários citados anteriormente sem especificar o tipo de empreendimento em que ele está instalado. Além disso, exige a capacitação dos trabalhadores que fazem uso desses equipamentos custeada integralmente pelo empregador. • NR12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos A NR-12 é a norma mais extensa dentro todas e conta com uma série de diretrizes que vão desde a fabricação de maquinários até sua utilização, sendo ela nova ou usada. A norma regulamenta, dentre diversas coisas, os arranjos físicos e instalações, instalações e dispositivos elétricos, dispositivos de partida, acionamento e parada, dispositivos de parada de emergências, transportes de matérias, riscos adicionais,sinalização e capacitação. Além disso, em seus anexos diversos equipamentos são detalhados como forma de padronização dos procedimentos a serem adotados e assim manter a integridade física dos trabalhadores. 23 • NR13 – Caldeiras, vasos de pressão, tubulações e tanques metálicos de armazenamento A NR-13 estabelece os parâmetros técnicos sobre a instalação, inspeção, operação e manutenção de caldeiras, vasos de pressão, tubulações de interligação e tanques metálicos de maneira a manter a saúde e segurança dos trabalhadores. Essa norma exige treinamentos específicos para seus trabalhadores, pois a correta aplicação dessa norma é de extrema importância, uma vez que os riscos relacionados são considerados graves. • NR14 – Fornos A NR-14 dispõe sobre os parâmetros técnicos para implantação de fornos como o material a ser usado, o local adequado para instalação e tipos de escadas e plataformas de acesso. Também contém a necessidade de instalação de sistemas de proteção contra gases, chamas além da instalação de chaminé suficientemente dimensionada para a saída dos gases queimados. • NR15 – Atividades e operações insalubres A NR-15 estabelece as atividades e operações consideradas insalubres de acordo com os limites de tolerância, definidos em seus anexos. Definido a insalubridade da atividade, o trabalhador passa a receber um adicional incidente sobre o salário mínimo. O adicional pode ser de 40% para insalubridade de grau máximo, 20% de grau médio e 10% de grau baixo. Em ambientes com mais de um agente insalubre, o adicional é aplicado sobre o de maior grau, sem acúmulos. A eliminação ou neutralização da insalubridade retira o direito ao pagamento do adicional respectivo. • NR-16 – Atividades e operações perigosas A NR-16 estabelece o adicional de 30% sobre o salário (sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa) aos trabalhadores que exercem atividades em condições de periculosidade, conforme estabelecido pelos anexos desta mesma norma. Ainda segundo a NR-16 é de responsabilidade do empregador definir se o ambiente de trabalho é considerado perigoso, por meio de laudos técnicos. • NR-17 – Ergonomia A NR-17 estabelece os parâmetros que permite a adaptação das condições de trabalho as características psicofisiológicas do trabalhador, ou seja, adaptação do ambiente de trabalho para as características físicas e psicológicas do trabalhador de 24 maneira a oferecer conforto, segurança e consequentemente aumento de produtividade. A determinação das condições ergométricas deve ser realizada por meio da Análise Ergométrica do Trabalho. • NR-18 – Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção A NR-18 contém as diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que tem por objetivo a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. • NR-19 – Explosivos A NR-19 normatiza as medidas de proteção para o processo de fabricação, utilização, importação, exportação, armazenamento e transporte de explosivos, embasados na legislação estabelecida no Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército Brasileiro. • NR‑20 – Combustíveis e líquidos inflamáveis A NR-20 dispõe sobre os requisitos mínimos em relação às atividades de extração, produção armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis de maneira a garantir a segurança e saúde do trabalhador. A norma abrange os projetos de instalação, prontuário de instalação, análises de risco, manutenção e inspeção das instalações, capacitação dos trabalhadores, controle das fontes de ignição, prevenção e controle de vazamentos, derramamentos, incêndios, explosões e emissões fugitivas, e plano de resposta a emergência da instalação. • NR-21 – Trabalho a céu aberto A NR-21 estabelece a medidas de proteção para os colaboradores que exercem atividades a céu aberto exigindo abrigos mesmo que de maneira improvisada. Além disso, devem ser realizadas medidas especiais de proteção contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. • NR-22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração A NR-22 regulamenta as medidas de segurança e conforto a serem observados na organização e no ambiente de trabalho que desenvolva atividade de mineração. Essa norma contém a obrigatoriedade de realização do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), conforme descrito na NR‑1, e sobre alguns aspectos específicos para implementação da CIPA na mineração, que recebe o nome de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração – CIPAMIN. 25 A NR-22 abrange a responsabilidade da empresa e dos empregados, a organização dos locais de trabalho, circulação e transporte de pessoas e matérias, equipamentos, máquinas, ferramentas e instalações, proteção contra poeira mineral, sinalização de áreas de trabalho e de circulação, instalações elétricas, operações com explosivos e acessórios, deposição de estéril, rejeitos e produtos, iluminação, operação de emergência, informação, qualificação e treinamentos, e outros. • NR-23 – Proteção contra incêndios A NR-23 estabelece as medidas de proteção contra incêndios que devem ser implementadas em todos os empreendimentos. Essas medidas devem estar em conformidades com as legislações estaduais do corpo de bombeiro e normas técnicas aplicáveis. Os trabalhadores devem ser treinados quanto há utilização dos equipamentos de combate a incêndio, evacuação dos locais de trabalho com segurança e acionamento dos dispositivos de alarmes. • NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho A NR-24 estabelece as condições mínimas de higiene e de conforto que os ambientes de trabalho devem fornecer aos seus trabalhadores. De maneira geral, a norma direciona as especificações das instalações sanitárias (bacias sanitárias, mictórios, lavatórios, chuveiros), vestiário, refeitório, cozinha e alojamento. • NR-25 – Resíduos industriais A NR-25 estabelece a necessidade de redução e destinação adequada dos resíduos gerados nos empreendimentos, sejam eles sólido, líquido ou gasoso de maneira a prevenir tanto a saúde e segurança dos trabalhadores quanto a preservação do meio ambiente. • NR-26 – Sinalização de segurança A NR-26 dispõe sobre a padronização das cores na segurança do trabalho e na classificação, rotulagem preventiva e ficha com dados de segurança de produto químico de maneira a evitar acidente e garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. • NR‑27 – Registro de profissionais – REVOGADA • NR-28 – Fiscalização e penalidades A NR‑28 dispõe sobre os procedimentos de fiscalização trabalhista em relação a Segurança e Medicina do Trabalho que devem ser efetuadas obedecendo ao disposto nos Decretos nº 55.841, de 15/03/65, e nº 97.995, de 26/07/89, no Título VII da CLT e no § 3º do art. 6º da Lei nº 7.855, de 24/10/89 e nessa NR. 26 A norma conta com os procedimentos de atuação, por exemplo, o critério de dupla visita (na primeira visita é feita uma advertência e na segunda visita, caso a infração persista, são aplicadas as sanções cabíveis), os prazos estabelecidos para as empresas se adequarem em relação à irregularidade técnica e os valores das multas. • NR-29 – Segurança e saúde no trabalho portuário A NR-29 destina-se a proteção obrigatória dos trabalhadores portuários, tanto a bordo quanto em terra, contra acidentes e doenças profissionais, além de facilitar os primeiros socorros a acidentados. A norma estabelece o Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Portuário (SESSTP), renomeação para o SESMT, e a Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portuário (CPATT)referentes a CIPA. • NR-30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário A NR-30 regulamenta as condições de saúde e segurança para os trabalhadores das embarcações comerciais, de bandeira nacional, bem como às de bandeiras estrangeiras, utilizadas no transporte de mercadorias ou de passageiros, inclusive naquelas embarcações utilizadas na prestação de serviços. Essa norma é baseada no disposto na Convenção da OIT nº 147 – Normas Mínimas para Marinha Mercante. Vale destacar que a aplicação dessa norma não retirar a obrigatoriedade do cumprimento de outras disposições legais relacionadas ao assunto mesmo daquelas oriundas de convenções, acordos e contratos coletivos de trabalho. • NR-31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura A NR-31 regulamenta as atividades rurais (agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura) e as atividades de exploração industrial em estabelecimentos agrários de maneira a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. Também dispõe sobre o uso de agrotóxicos, descarte dos resíduos, transporte com animais, ferramentas manuais adequadas, fatores climáticos, edificações rurais e outros. Nessa norma SESMT e CIPA são redefinidos e recebem os nomes de Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural (SESTR) e Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural (CIPATR). • NR-32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde A NR-32 estabelece os requisitos mínimos de saúde e segurança para trabalhos da área da saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Dentre os diversos riscos a que os trabalhadores desta área estão expostos, o risco biológico é o de maior preocupação. Assim, essa NR caracteriza e define as medidas de controle e proteção, que devem estar previstas no PGR da empresa. 27 • NR‑33 – Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados A NR‑33 estabelece os requisitos mínimos para identificação de espaços confinados, além de realizar a avaliação, monitoramento e controle dos riscos existentes de maneira a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores que interagem direta ou indiretamente nestes espaços. Os trabalhadores destinados a serviços em espaços confinados devem realizar exames médicos e capacitações específicas. • NR-34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção, reparação e desmonte naval A NR-34 tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos e as medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas atividades da indústria de construção, reparação e desmonte naval, do qual fazem parte navios, barcos, lanchas, plataformas fixas ou flutuantes, dentre outras. Essa norma regulamenta o trabalho a quente (atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou outras que possam gerar fontes de ignição tais como aquecimento, centelha ou chama), ou seja, trabalho em ambientes sob risco de incêndio ou explosão na industrial naval. Além disso, define as medidas de proteção aos trabalhos em altura, exposição à radiação ionizante, jateamento e hidrojateamento, atividades de pintura, movimentação de carga e montagem e desmontagem de andaimes na indústria naval. • NR-35 – Segurança e saúde no trabalho em altura A NR-35 estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura (atividade realizada a dois metros acima do nível inferior, com risco de queda), envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade. Os trabalhadores que realizam serviços em alturas devem realizar exames médicos específicos e receber treinamentos teórico e prático, com uma carga horária mínima de oitos horas. Esses treinamentos devem ser refeitos no mínimo a cada dois anos. • NR-36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados A NR-36 estabelece os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir a saúde e segurança dos trabalhadores. 28 • NR-37 – Segurança e saúde em plataformas de petróleo A última NR foi publicada pela Portaria MTb nº 1.186, em 20 de dezembro de 2018 e passou por uma alteração em 2019. Ela estabelece os requisitos mínimos de saúde, segurança e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras – AJB. Vale ressaltar que a aplicação dessa norma não retira a necessidade do cumprimento de outras legislações referente ao tema ou daquelas oriundas de contratos de trabalho, acordos de trabalho e convenções coletivas de trabalho. O acesso completo das NRs e de todas as suas atualizações podem ser encontrados no site do Ministério do Trabalho e da Previdência por meio do link: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguranca-e-saude- no-trabalho/normas-regulamentadoras. DICA 29 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • No Brasil, temos, além da Constituição Federal, a CLT (Consolidação das Leis trabalhistas) e as NRs (Normas Regulamentadoras), que são dispositivos jurídicos para a implantação da Segurança no Trabalho. • A CLT consolida as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho. • No Capítulo V da CLT são definidas as normas à segurança e à medicina do trabalho, consubstanciadas nas normas regulamentadoras. • A Portaria 3.214 é considerada a principal legislação brasileira que normatiza a segurança do trabalho preventiva e conta com trinta e sete Normas Regulamentadoras (NRs). • Na NR‑1 fica estabelecida a obrigatoriedade das empresas que possuem funcionários sobre o regime da CLT, sejam elas públicas ou privadas, a aplicação das NRs relacionados ao estabelecimento. • As NRs 4 e 5 estabelecem a implantação do Serviços Especializados de Engenharia de Segurança e de Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), respectivamente. • O SESMT tem por objetivo promover a saúde e proteger a integridade física e mental do empregado no local de trabalho. A CIPA, por sua vez, tem a finalidade auxiliar na prevenção de acidentes no ambiente de trabalho. 30 1 Com base no Art. 7º da Constituição da República Federativa do Brasil em que são descritas as principais normas que beneficiam os trabalhadores rurais e urbanos, analise as sentenças a seguir. I- Seguro-desemprego: remuneração ao trabalhador após demissão sem justa causa. II‑ 13º salário: remuneração ao trabalhador no final do ano com valor igual ao recebido mensalmente. III- Fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS): garantia de reserva em dinheiro, valor depositado mensalmente pela empresa, que poderá ser usado em casos de demissão, doenças ou outras eventualidades. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Nenhuma das sentenças estão corretas. 2 Desde o final do século XIX, o Brasil tem demonstrado preocupações com as questões de saúde e segurança, mesmo que em pequena escala. Porém, somente na década de 1940 começaram a surgir legislações mais específicas sobre as questões trabalhistas. Dentro deste contexto, qual é a principal legislação brasileira que normatiza a segurança do trabalho preventiva atualmente? Neste tópico, vamos realizar um estudo mais aprofundado das principais legislações brasileiras que concerne ao direito trabalhista. Dentre elas estão a Constituição da República Federativa do Brasil (05/10/1988), o Decreto-Lei nº 5.452 (Consolidação das Leis Trabalhista – CLT) e a Portaria nº 3.214, que aprova as Normas
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