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SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA EM ENFERMAGEM SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NOS CUIDADOS COM A PELE Profª. Ms. Daiana Silva Lima FERIDA: Interrupção da continuidade dos tecidos devida a causa externa (traumatismo, intervenção cirúrgica), com ou sem perda de substância. • AGUDAS: podem ser traumáticas ou cirúrgicas e “geralmente” cicatrizam por 1ª intenção. • CRÔNICAS: demoram mais tempo do que o esperado e geralmente estão associadas a problemas como diabetes e/ou insuficiência venosa, etc. (cicatrizam por 2ª intenção). • São exemplos de feridas crônicas as leões por pressão, da perna, feridas do pé diabético, feridas neoplásicas, feridas infectadas, queimaduras 4º grau, entre outros. TEMPO DE REPARAÇÃO TISSULAR • Primeira intenção: incisão limpa em que as bordas estão aproximadas; Existe pouca perda de tecido; Pouco ou nenhum exsudato. • Segunda intenção: Pouco ou nenhum exsudato; É aquela que permanece aberta; Onde existe uma perda significante de tecido e onde as fases de cicatrização são bastante marcadas; Resposta inflamatória bastante evidente, com necessidade maior de tecido de granulação, com epitelização visível; TIPO DE CICATRIZAÇÃO TIPO DE CICATRIZAÇÃO • Terceira intenção: Ferida que fica aberta por um tempo determinado; Ela ficará aberta só enquanto estiver com uma infecção real e depois fechará. TESTE: Três formas diferentes: De acordo com a maneira como foram produzidas (mecanismo de lesão). De acordo com o grau de contaminação. De acordo com o comprometimento tecidual. CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO • A cicatrização envolve fatores catabólicos e anabólicos, ocorre em três fases distintas, a saber: (IN PROL DA MATURAÇÃO) 1. Fase Inflamatória ou exsudativa: • Duração: 1-4 dias • Ativação do sistema de coagulação • Vasodilatação • Promoção do desbridamento • Defesa contra microorganismos • Sinais clínicos: hiperemia, calor edema e dor • Subdividida em três fases (trombocítica, granulocítica e macrofágica) 2. Fase proliferativa: o Duração 5-20 dias o Principal característica: formação de proteoglicans, colágeno e um tecido novo, de aspecto granuloso devido aos brotos capilares numerosos. FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO Ocorrem os processos de granulação, epitelização e contração. ❑ Granulação – tecido de granulação (capilares, colágeno e proteoglicans), os fibroblastos produzem colágeno e os macrófagos secretam fatores angiogênicos, citoquinas (ativam linfócitos que liberam interleucina e interferon), fatores de crescimento( estimula fibroblastos e proteoglicans) e oxido nítrico (efeito antimicrobiano e estimulante da cicatrização); ❑ Epitelização – redução da capilarização e aumento do colágeno, ocorre migração e divisão mitótica das células basais iniciando nas bordas da ferida; ❑ Contração – redução do tamanho da lesão, ação dos fibroblastos. FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO 3. Fase de maturação ou reparação ou remodeladora • Duração de 21 dias à meses ou anos; • A cicatriz torna-se pálida (pouca irrigação), plana e macia • Remodelação do colágeno e redução da capilarização; • Ação dos miofibroblastos – contração da ferida, pode ocorrer defeitos cicatriciais, queloides, cicatrizes hipertróficas ou muito friáveis, hipercromia, etc. FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO INCISAS OU CIRÚRGICAS: São aquelas produzidas por um instrumento cortante. As feridas limpas geralmente são fechadas por suturas. CONTUSAS: São produzidas por objeto rombo e são caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia e edema. LACERADAS: São aquelas com margens irregulares como as produzidas por vidro ou arame farpado. PERFURANTES: São caracterizadas por pequenas aberturas na pele. Um exemplo são as feridas feitas por bala ou ponta de faca. MECANISMO DE LESÃO INCISAS CONTUSAS LACERADAS PERFURANTES LESÃO POR PRESSÃO Surge dependendo da: 1 - intensidade da pressão; 2 - duração da pressão Lesão por pressão (LP) Lesão localizada em uma área de dano da pele e do tecido mole subjacente geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada com um dispositivo médico ou outro. pressão contínua maior que 32mmHg ❑ Lesão por pressão é um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. ❑ Historicamente, as lesões por pressão eram consideradas exclusivamente como conseqüência da falta de cuidado da enfermagem. Atualmente considera-se não somente os fatores extrínsecos, mas também, os intrínsecos como relevantes na gênese das lesões por pressão. FATORES EXTRÍNSECOS São fatores que influenciam a tolerância tissular pelo impedimento da circulação sobre a superfície da pele, e que refletem o grau em que a pele é exposta. São eles: • Pressão (o tecido mole é comprimido entre uma saliência óssea e uma superfície dura); • Cisalhamento (Ocorre quando o individuo desliza na cama – o esqueleto e os tecidos mais próximos se movimentam, mas a pele permanece imóvel); • Fricção (Ocorre quando duas superfícies são esfregadas uma contra a outra); • Maceração (processo provocado pela umidade da pele resultante da urina, líquido fecal ou sudorese intensa); • Sabonetes e adesivos ( ressecamento da pele; processos alérgicos); • Umidade (pode piorar os efeitos, do cisalhamento, da fricção e da pressão); FATORES INTRINSECOS IDADE: Pele mais fina e com menor quantidade de fibras elásticas, devido diminuição do colágeno que atua como “amortecedor”; CONDIÇÕES NUTRICIONAIS: Avaliar o aporte calórico, a ingesta de proteínas, sais minerais e vitaminas, pois a deficiência nutricional elasticidade da pele; PESO CORPORAL: Paciente emagrecido tem menos tecido subcutâneo e massa muscular, além de apresentar menos proteção contra a pressão nas saliências ósseas. Paciente obeso apresenta dificuldade na mobilização e favorece a sudorese, mantendo a pele úmida e macerada; NÍVEL DE CONSCIÊNCIA : O nível de consciência diminuído, reduz a atividade e a mobilidade do paciente, impedindo-o de perceber a dor e/ou desconforto. DOENÇAS E MEDICAMENTOS: As doenças agudas e crônicas podem levar a deterioração do estado geral que associada ao uso de drogas (ansiolíticos, analgésicos e sedativos), pode levar a imobilidade. As alterações metabólicas, endócrinas, circulatórias e vasculares reduzem o fluxo sanguíneo total, prejudicando a microcirculação e o fornecimento de oxigênio aos tecidos. DEFINIÇÕES ADICIONAIS ❑Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico: resulta do uso de dispositivos criados e aplicados para fins diagnósticos e terapêuticos. A lesão por pressão resultante geralmente apresenta o padrão ou forma do dispositivo. Deve ser categorizada usando o sistema de classificação de lesões por pressão. ❑ Lesão por Pressão em Membranas Mucosas: é encontrada quando há histórico de uso de dispositivos médicos no local do dano. Devido à anatomia do tecido, essas lesões não podem ser categorizadas. Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico Lesão por Pressão em Membranas Mucosas 1 - pressão de uma proeminência óssea contra uma superfície (cadeira ou colchão). 2 - contato firme e contínuo na pele de um dispositivo como tubos e drenos Tipos de Lesão por pressão Lesão Por Pressão Estágio 1: Pele íntegra com eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Classificação das Lesões por Pressão – LP estágios 1, 2, 3 e 4 National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP) Lesão Por Pressão Estágio 2: Perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme. O leito da ferida tem coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (exsudato seroso) ou rompida. Lesão Por Pressão Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total, na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação.Necrose de liquefação (esfacelo) e/ou necrose de coagulação podem estar visíveis. Não há exposição de ossos, tendões ou músculos. Lesão por pressão Estágio 4 Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição de músculos, tendões e/ou ossos. Lesão por pressão Não estadiável/ classificável Perda da pele em sua espessura total e perda tissular, na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pela necrose de liquefação (esfacelo) e/ou necrose de coagualção. Lesão de tecido profundo ou Lesão Tissular Profunda Persistente coloração vermelho escuro não branqueável, marrom ou descoloração roxa na pele intacta ou não-intacta, manchas roxas ou separação epidérmica revelando um leito da ferida escuro ou flictenas hemáticas (bolhas de sangue). PREVENÇÃO DAS LESÕES POR PRESSÃO ❑ Avaliar o risco do paciente desenvolver lesão é o primeiro elemento e, portanto, o ponto chave da prevenção. ❑ Observar a pele em busca de danos provocados por posições de dispositivos (cateter, tubo, sonda...). O profissional deve avaliar qualquer sinal de calor local, edema e endurecimento. ❑ Solicitar ao paciente que mostre a área em que esteja sentindo algum incomodo. ❑ Está contraindicado o uso de qualquer produto que contenha álcool (colônias), pois resseca a pele. ❑ Proteger a pele da exposição da umidade com a aplicação de um produto que forme uma barreira. As pomadas a base de zinco são eficazes, porém não permitem visualização da pele. ❑ Utilizar técnicas de reposicionamento do paciente (Devem ser realizadas naqueles pacientes que não conseguem mudar de posição por si mesmos; As mudanças de decúbito devem ser realizadas para reduzir a pressão; Evitar colocar o paciente sobre dispositivos. Outros tipos de lesões Não confundir com lesão por pressão!! “Skin tears”– rasgo da pele Separação da epiderme e derme. Comum nos braços, mãos e pernas. ÚLCERAS Úlcera Neurotrófica: Causada por neuropatia periférica, em decorrência de algumas patologias de base: tais como: Hanseníase, DM, alcoolismo. As pessoas portadoras dessas patologias, que acometemos nervos periféricos, tem maior risco de desenvolver lesões das fibras autonômicas, sensitivas e motoras. Lesões primárias como mão em garra, é caído e anquilose (articulações endurecidas); Lesões secundárias como as paralisias musculares, fissuras, úlceras plantares e lesões traumáticas. Úlcera Neurotrófica • Pele seca , inelástica, podendo ocasionar fissuras; • Perda de sensibilidade protetora (térmica, dolorosa e tátil)ou anestesia nas mãos e pés influenciam o surgimento de lesões cutâneas; • “Rachaduras” ou fissuras nos membros superiores e inferiores são muito comuns e, frequentemente atuam como porta de entrada para processo infeccioso; • As fibras autonômicas quando acometidas, acarretam a diminuição da produção de suas secreções. Úlcera Venosa x Úlcera arterial ÚLCERA VENOSA Úlcera Hipertensiva Aumento da parede arteriolar, proliferação da camada interna, degeneração da camada média e , ocasionalmente, trombose, levando á produção de áreas de isquemia e necrose no terço inferior da perna, na sua maioria bilateral sendo observada nas faces anterior, lateral e posterior da perna, pouco profunda, base descorada e fundo necrótico, exsudato escasso e a dor é intensa. VOCÊ SABE COM AVALIAR UMA FERIDA? COMO FAZER UMA AVALIAÇÃO DE UMA LESÃO? AVALIAÇÃO DA LESÃO LEITO EXSUDATO ODORBORDA PELE PERIFERIDA LEITO •Granulação •Necrose • Esfacelos • Epitelização Aspectos das lesões: leito ▪ Granulação ➢ É um dos tecidos mais importantes do processo de cicatrização. Caracteriza-se pela presença de tecido vermelho vivo, ricamente vascularizado, com presença de fibroblastos e novos vasos e outras células responsáveis pela resposta de reparação tecidual. Apresenta sangramento, com facilidade, durante a manipulação. (Geovanini, 2014) TECIDO DE GRANULAÇÃO Sadio - Vermelho vivo - Brilhante - Não sangra facilmente ou muito pouco Não sadio - Vermelho escuro - Sangrante Aspectos das lesões: leito Hipergranulação: granulação em excesso, mais elevada que a borda da lesão. O tecido fica esponjoso, ultrapassa a linha da pele impedindo que as células epiteliais se espalhem pela lesão. Fonte: Balan, 2006 Aspectos das lesões: leito ▪ Ferida com tecido necrótico ➢ Presença de tecido desvitalizado acometendo total ou parcialmente o leito da ferida. Pode se apresentar em forma de crosta necrótica de cor preta, marrom ou acinzentada. Refere-se a desnaturação de proteínas citoplasmaticas e perda d’agua. Desse modo, a célula necrótica passa do estado liquido para o sólido, dando origem a um tecido morto. Deve ser totalmente removido para que a ferida volte a cicatrizar. Fonte: Balan, 2006 Aspectos das lesões: leito ▪ Ferida com esfacelos ou necrose liquefativa ➢ São compostos membrana fibrosa por bactérias, leucócitos como uma e de células mortas acumuladas no exsudato, que se adere ao leito da ferida. pode estar aderido ou frouxamente aderido no leito da lesão. Aspectos das lesões: leito ▪ Ferida com tecido de epitelização ➢ Presença de fino tecido epitelial, que recobre o tecido de granulação, de coloração rósea ou brilhante que se desenvolve a partir das bordas ou como ilhas na superfície da lesão. É o processo de reepitelização. Fonte: Balan, 2006 Aspectos das lesões: bordas Aspectos das lesões: bordas ▪ Maceração ➢Tecido esbranquiçado que surge nos bordos da lesão, das pregas cutâneas, quando há excesso de umidade por aumento da exsudação ou escolha inadequada de cobertura (Geovanini, 2014) • Hiperqueratose: que é o espessamento da camada córnea da pele, pode se formar ao redor da borda da ferida, • e . specialmente em úlceras de pé diabético, e impedir acicatrização Aspectos das lesões: bordas Parâmetros que devem ser avaliados: •Cor da pele ao redor da ferida Indicar reação inflamatória Indicar possível infecção • Textura (macerada, endurecida, desidratada, úmida) • Temperatura (quente ou fria); • Integridade ao redor da pele como maceração, escoriações; Aspectos das lesões: pele periferida • Rubor - sinal indicativo de reação inflamatória normalmente encontrado. • Úlceras arteriais: fria, seca e fina; • Úlceras venosas: descamativa e quente; • Feridas exsudativas: sinais de dermatite. Aspectos das lesões: pele periferida Mensuração de feridas Comprimento Largura Profundidade Percentualdo tecido presente ▪ Muitas feridascontem uma combinação de diferentes tipos detecido; ▪ Importante descrever o percentual de tecido presenteao avaliar umalesão; ▪ Dividir a lesãoem quatro(25%). Registro de enfermagem I) Avaliação geral entrevista clínica, exame físico, avaliação dos exames laboratoriais; II) Avaliação da lesão: história da ferida ➢ Classificação (grau de contaminação, evolução, tipo de cicatrização, profundidade) ➢ Local ➢ Odor - inodoro, fétido, discreto, intenso ➢ Causa ➢ Bordas (maceração, epitelização) Registro de enfermagem ➢ Área perilesional: hiperemia, hematoma, edema ➢ Mensuração: Comprimento, largura, profundidade ➢ Características do tecido: aspectos dos exsudatos; exposição de estruturas anatômicas (pele, tecido adiposo, músculo, tendão, vasos sanguíneos, ossos, órgãos) ➢ Presença ou não de Dor: deve ser avaliada e descrita pelo paciente ➢ Relatar necessidade de desbridamento ➢ Coberturas utilizadas ➢ Tipo de curativo secundário (oclusivo, compressivo.) (Geovanini, 2014; COFEN, 2015) PRONTOS PARA A PRÁTICA?! 1- Domansky RC; Borges EL. Manual para prevenção de lesões de pele. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2012. 2- Blank M; Giannini T. Úlceras e feridas: As feridas tem alma. São Paulo: Editora Dilivros, 2014 3- Silva RCL, Figueiredo NMA, Meireles IB. Feridas: fundamentos e atualizações de enfermagem. Editora Yendis, 2007 4- Malagutti W, Kakihara CT. Curativos, estomias e dermatologia: uma abordagem multiprofissional. Rio deJaneiro: Editora Martinari, 2010. REFERENCIAS
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