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LAPA RO TO M IA – 20-10-21 LAPAROTOMIA (laparon = flanco + tome = cor- te = ia) - significa então "secção/corte do flanco" CELIOTOMIA (celiocelio = abdome + tome = corte + ia) – este seria o termo mais correto. Pode-se considerar sinônimos laparotomia e celiotomia. Etapas da laparotomia 1) Laparotomia - abertura cirúrgica da cavidade abdominal (existe técnica / incisões / formas e estruturas a serem seccionadas, respeitando as linhas de forças, camadas e acesso). 2) Exploração da cavidade abdominal para avaliar a extensão da patologia e para identificar outras possíveis patologias não diagnosticadas previamente (paciente chega no PS com dor abdominal em epigástrio / região periumbilical que irradia para FID, associado a anorexia, febre e vômito, descompressão brusca positiva, logo, pensa-se em um quadro clínico de apendicite. O tratamento seria cirúrgico com uma laparotomia em FID, entretanto no intraoperatório você encontra uma gravidez ectópica rota - é um diagnóstico diferencial de apendicite. Apresenta os mesmos sintomas e característica). 3) Realização da cirurgia propriamente dita. 4) Inventário ou revisão da cavidade verificar se não foram esquecidos corpos estranhos na cavidade (compressas, gazes ou agulhas). 5) Fechamento da cavidade. Classificação • Quanto a finalidade • Com relação a cicatriz umbilical • Com relação a linha média do abdome • Com relação aos músculos retos • Quanto a direção QUANTO A FINALIDADE • Eletivas: quando têm um objetivo definido e conhecido (ex colelitíase - precisa fazer uma colecistectomia e marca um horário para fazer a cirurgia). • Exploradoras: quando o objetivo é definir diagnóstico (ex paciente sofre um trauma abdominal e precisa abrir a barriga - laparotomia - do doente e verificar o local que está sangrando). • Via de drenagem de coleções líquidas (ex abscesso, ascite). Anatomia: Acima da cicatriz umbilical / supraumbilical / acima da linha aqueada de Douglas - tem as camadas na linha mediana: pele, subcutâneo, aponeurose e peritônio. Já na linha paramediana tem as 2 camadas da aponeurose – superficial do reto abdominal e profunda (há mais camadas para transfixar). Abaixo da linha arqueada de Douglas não tem a fáscia posterior da aponeurose do músculo reto abdominal. Por isso tem que saber os locais e as camadas, pois dependendo do local vai ter menos ou mais camadas para ser transfixadas. COM RELAÇÃO A CICATRIZ UMBILICAL A laparotomia é classificada quanto a sua cicatriz, e possui o umbigo como ponto de referência. • Cicatriz supra-umbilical - acima do umbigo • Cicatriz peri-umbilical - ao redor do umbigo • Cicatriz infra-umbilical - abaixo do umbigo COM RELAÇÃO A LINHA MÉDIA DO ABDOME Classifica também conforme a linha mediana • Medianas: sobre a linha média • Supra-umbilical • Infra-umbilical • Xifo-púbica (do púbis ao apêndice tifóide - é a laparotomia total) • Paramedianas: D ou E (paramediana do lado externo do reto abdominal) COM RELAÇÃO AOS MÚSCULOS RETOS Pararretais • Interna: (Lennander) – são as laparatominas com abertura na face interna do músculo reto abdominal – chamada de pararretais internas. Ou seja, qualquer incisão que se faça na linha paramediana pararretal interna é chamada de incisão de Lennander. • Supra-umbilical • Para-umbilical • Infra-umbilical • Xifo-púbica • Externa: • Supra-umbilical • Infra-umbilical (Jalaguier) – Se fizer uma incisão infra- umbilical paramediana pararretal externa é chamada de incisão de Jalaguier. Conforme a cicatriz umbilical é supra- umbilical, infra-umbilical ou peri-umbilical. Linha paramediana pararretal interna é chamada de incisão de Lennander. incisão infra-umbilical paramediana pararretal externa é chamada de incisão de Jalaguier. QUANTO A DIREÇÃO • Longitudinais • Transversais • Supra-umbilical: parcial (Sprengel) e total • Infra-umbilical: parcial (Pfannestiel, usado em parto cesariano) e total (Gurd, incisão completa, obeso que faz abdominoplastia). • Oblíquas • Subcostal: KOCHER (incisão abaixo do rebordo costal do lado direito - abordagem de fígado e vesícula biliar, colecistectomia) e CHEVRON (incisão completa subcostal direita e esquerda - abordagem de tumor de pâncreas e tratamento gástrico). • Diagonal • Epigástrica • Estrelada infra-umbilical - Mc Burney (região de FID - para tratar apendicite) • Elliot-Babcock • Combinadas - são incisões mais complexas, pouco usadas. Começam seguindo uma direção e depois muda para outra • Rio Branco • Kehr (em baioneta) • Mayo-Robson • Alfredo Monteiro • Gibson - é uma incisão paramediana pararretal externa completada com uma incisão de Mc Burney, usada para transplante renal. Complicações Toda vez que se faz uma incisão na cavidade abdominal, pode-se ter essas 3 complicações principais A. Deiscência: é quando tem a abertura dos pontos da sutura da parede abdominal, mas sem exposição do conteúdo abdominal para o meio externo. B. Evisceração: tem saída do conteúdo abdominal para o meio externo, são quadros de urgência que devem ir para o centro cirúrgico para correção. C. Hérnia incisional: é uma complicação tardia no qual tem a abertura dos pontos internos da parede abdominal, mas fica contido pela pele e um saco herniário. Causas - Desnutrição; - Infecção; - Má-técnica. Prevenção das complicações - Preservar vascularização; - Técnica cirúrgica adequada e asséptica; - Melhorar estado geral do paciente quando possível; - Correção das deiscências; - Sutura com pontos de reforço. LAPAROSCOPIA Hoje em dia já se sabe que quando menos invasivo as cirurgias, melhor o tratamento para o paciente. Não se faz mais grandes incisões, foi substituído por pequenas incisões para o tratamento de diversas patologias do abdome. A laparoscopia é padrão ouro para retirada da vesícula. Princípios e fundamentos básicos da laparoscopia - A laparoscopia (ou laparoscopia) é uma técnica de exploração Visual que permite para observar o interior da cavidade abdominal-pélvica com um instrumento – câmera. - Consiste na criação de um espaço de trabalho com a confecção do pneumoperitônio. - Geralmente realizado por punção com agulha de Veress (usualmente no umbigo ou no ponto de Palmer em hipocôndrio esquerdo) e a insuflação de gás não inflamável – CO2 (estufa a barriga, cria um espaço virtual para conseguir visualizar as estruturas dentro). - Pressão intraabdominal 12 a 15 mmhg – não ultrapasar 20mmhHg (pois a cavidade abdominal é um sistema contido, altas pressões causam efeito deletério). INDICAÇÕES - Qualquer técnica pode ser realizada por via minimamente invasiva (qualquer técnica que pode ser realizada por laparotomia, pode ser feita via laparoscopia também). - Exceto contraindicações para cada área e para patologias especificas (ex: cirurgia de retirada de tumor do intestino ou rim que mede 15cm, não pode ser por laparoscopia). CONTRA INDICAÇÕES ABSOLUTAS Contraindicação absolutas para a cirurgia laparoscópica são as condições que são contra- indicações da cirurgia por qualquer abordagem: - Coagulopatia não corrigida (pois possuem risco de sangramentos muito grande). - Doença cardiopulmonar grave não compensada. - Algumas pessoas acham que é contraindicado em grávidas, por insuflar um gás na barriga, mas pelo contrário, é até melhor. CONTRA INDICAÇÕES RELATIVAS OU CIRCUNSTÂNCIAS ESPECIAIS 1. DPOC: risco de desenvolver hipercapnia pela absorção do CO2 (lembrar que para realizar a laparoscopia deve-se injetar CO2 para criar o pneumoperitonio). O DPOC já é um retentor de CO2, se joga isso dentro da cavidade, ele vai absorver ainda mais CO2, então a gasometria deve ser verificada a cada 1h para ver o nível de CO2; alternativa é o uso de gás Hélio, porém possui um custo muito elevado 2. GRAVIDEZ: hoje em dia não é mais uma contraindicação (antigamente era considerado contraindicação absoluta).Atualmente prefere-se fazer a laparoscopia do que a laparotomia em gravidas. Cuidado com a punção da agulha de Veress para não acertar o útero; manter pressões até 15 a 20mmHg. 3. ADERÊNCIAS ABDOMINAIS: dar preferência para fazer o pneumoperitoneo com via aberta; liberar todas aderências antes. Efeitos do pneumoperitônio CARDIOVASCULARES Para realizar o pneumoperitônio precisa injetar o CO2 na barriga para criar o espaço de visualização, esse gás aumenta a pressão na cavidade abdominal, que comprime a veia cava no reto peritônio, diminui o retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco, e com isso faz vasoconstricção periférica, gerando aumento da FC compensatória, e esses efeitos podem gerar arritmias durante o intraoperatório. Além disso, tem o aumento da absorção de CO2 (devido ao pneumoperitonio), que leva a uma hipercarbia/hipercapnia (aumento da pressão de CO2) e acidose metabólica e tem aumento das catecolaminas, podendo gerar também as arritimias no intraoperatório. Se mantiver as pressões estáveis em 12 a 15mmHg, isso ocorre de forma fisiológica, mas não de forma deletéria. Se aumentar mais do que 20mmHg, terá maior chance de arritmias e complicações PULMONARES Aumento da pressão abdominal (devido ao pneumoperitônio) faz com que tenha uma restrição do movimento ventilatório do diafragma, que aumenta as pressões das vias aéreas inferiores, dificultando as trocas gasosas. Essa dificuldade de trocas gasosas somadas com aumento de absorção do CO2 favorece a hipercarbia, acidose e hipóxia. RENAIS Aumento da pressão abdominal comprime a veia cava, além de comprimir também a veia e a artéria renal, isso diminui a perfusão renal, diminuindo a TFG e gerando uma oligúria funcional (é muito comum). O débito cardíaco reduzido pela diminuição do retorno venoso também vai provocar a oligúria. Por isso que todo paciente que vai fazer uma laparoscopia precisa ser sondado. Precisa de uma hidratação rigorosa e controle do débito urinário para não haver prejuízo da função renal. Materiais necessários - Monitor - Tubo de gás (para insuflar o CO2) - Insuflador - Câmera de vídeo - Vídeo - Óptica - Fonte de luz Equipe e posicionamento Atenção: Ao invés do auxiliar ficar de frente para o cirurgião, geralmente ele fica ao lado, pois quem segura a câmera é o auxiliar, e é essa câmera que vai guiar o cirurgião. Confecção do penumoperitôneo - técnica de punção pela agulha de Veress A agulha de Veress é introduzida na cicatriz umbigal e irá transfixar a aponeurose e o peritônio. Uma vez dentro da cavidade abdominal, através dessa agulha, é insuflado o CO2 de forma que expanda a barriga e consiga introduzir a câmera para a visualização da cavidade interna do abdome. Posicionamento dos portais - Sempre por visão direta. - Quantidade de portais e locação dos mesmos vai depender do tipo de cirurgia realizada. - Trocater (3mm, 5mm, 10mm, 11mm, 12mm) A- Trocater – ele transfixa a pele, aponeurose e peritônio do paciente para fazer o acesso à cavidade abdominal. B- Através da punção é introduzida a câmera e consegue-se visualizar a cavidade interna. Observar que existem outros portais para a introdução das pinças dentro da cavidade abdominal. Pinças laparoscópica Ex: pinça Kelly, porta agulha, aspirador, bisturi elétrico. Vários matérias necessários para realizar a cirurgia minimamente invasiva.