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Lúpus eritematoso sistêmico ➢ Doença crônica ➢ Autoimune ➢ Múltiplas apresentações clínicas ➢ Mulheres jovens ➢ Causa multifatorial ➢ Gravidade variável ➢ Vários diagnósticos diferenciais Epidemiologia ✓ Início 16-50 anos ✓ 9 mulheres: 1 homem ✓ >50 anos – 4 mulheres: 1 homem ✓ Prevalência 40-50: 100.000 nos EUA ✓ Afro-americanos e hispânico-americanos ✓ Homens: maior mortalidade ✓ Morte precoce: manifestações graves (renal e neurológico) ✓ Morte tardia: aterosclerose e toxicidade do tratamento Fisiopatologia ➢ Genética ➢ Epigenética (ex. hipometilação do DNA secundário a drogas) ➢ Meio ambiente ➢ Fatores hormonais e ➢ Alteração da função do sistema imune Genética ✓ Mais de 100 genes ✓ Gêmeos monozigóticos, a concordância até 57% ✓ Gêmeos dizigóticos (3-5%) ✓ 10% de qualquer paciente com LES ter outro membro da família com a mesma doença Hormonal ➢ Receptor de estrogênio-1 ➢ A adm. de prolactina e estrógeno em modelos experimentais acelerou a doença e aumentou a mortalidade ➢ Em estudos prospectivos, a reposição hormonal aumentou os “flares” ➢ Gestação: pode piorar a doença (pode melhorar, manter ou piorar – doença controlada antes de engravidar) Medicações ✓ Minociclina, procainamida, hidralazina e penicilina ✓ Lúpus induzido por drogas em indivíduos susceptíveis ✓ A síndrome melhora com a suspensão da medicação ✓ Quadro mais leve ✓ Anticorpos anti-histona Fatores ambientais ➢ Raios UV exacerbam tanto manifestações cutâneas como sistêmicas *uso do protetor solar ➢ Tabagismo ➢ Os vírus também estão relacionados com a patogênese (“trigger”): epistein baar vírus, herpes vírus e citomegalovírus Autoimunidade ✓ Protótipo de doença autoimune ✓ Autoanticorpos: diagnóstico e seguimento ✓ Células B: produção anormal de anticorpos ✓ Disfunção da célula T ✓ Deficiência do clearance de apoptose → muitos antígenos ✓ Quebra da tolerância (azul) ✓ Aumento de células B autoreativas ✓ Autoantígenos, ligantes TRL, BAFF/APRIL, citocinas da célula T → formação de autoanticorpos ✓ Defeitos na resposta inata → aumento autoantígenos (roxo) ✓ Inflamação e dano tecidual (verde) → ativação de complemento e deposição de imunocomplexos Manifestações clínicas • Gerais -Sintomas constitucionais: ➢ Febre ➢ Fadiga ➢ Linfoadenomegalia ➢ Anorexia ➢ Perda de peso -Gastrointestinais -Oftalmológicos Manifestações cutâneas ✓ Vasculites ✓ Paniculite – inflamação do tecido adiposo ✓ Alopecia – queda de cabelo ✓ Fenômeno de Raynaud – má circulação no corpo todo, mas visível apenas nas extremidades; pode ser primário ou secundário; trifásico (mão fica roxa, depois branco, depois treme) ✓ Livedo reticular Manifestações cutâneas -Lúpus eritematoso cutâneo agudo -Lúpus eritematoso cutâneo subagudo -Lúpus eritematoso cutâneo crônico *Fácies de lua cheia (cushingoide) – uso crônico de corticoides Rash Malar – Lúpus agudo Vasculite Úlcera oral (indolor) Musculoesqueléticas ➢ 90% poliartralgia e poliartrite ➢ Artrite não erosiva ➢ Artropatia de Jaccoud – frouxidão ligamentar ➢ Miosite é raro ➢ 30% possui fibromialgia ➢ Osteonecrose avascular ➢ Osteoporose *Reposição de cálcio e vitamina D no uso crônico de corticoides. Artropatia de Jaccoud Cardiovasculares ✓ Pericardite/derrame pericárdico ✓ Miocardite ✓ Endocardite de Libman-Sacks ✓ Aterosclerose* (tanto pela doença quanto pelos medicamentos) Pulmonares ➢ Pleurite ➢ Derrame pleural ➢ Pneumonite ➢ Hemorragia alveolar ➢ Hipertensão pulmonar Neurológicas -Sistema nervoso central -Sistema nervoso periférico Hematológicas ✓ Anemia (diagnóstico diferencial) *hemolítica – aumento de bilirrubina; reticulócitos aumentados, cumbis direto positivo, VHS aumenta etc. ✓ Leucopenia ✓ Linfopenia ✓ Plaquetopenia Renais ➢ Mínimo a grave ➢ Risco de insuficiência renal ➢ Exige tratamento rápido ➢ Monitorar urina, função renal, PA e presença de edema ➢ Espuma na urina ➢ Biópsia renal *O exame de urina geralmente demonstra cilindros hemáticos quando há nefrite ativa. Classificação da nefrite lúpica ✓ NL mesangial mínima ✓ NL mesangial proliferativa ✓ NL focal ✓ NL difusa ✓ NL membranosa ✓ Esclerose avançada Rim -Imunofluorescência – depósito de imunocomplexos na cápsula de Bawman e mesângio -Microscopia eletrônica – depósitos extensos e granulares de densos elétrons no mesângio Laboratoriais • Célula LE ➢ 1948 Dr. Hargraves ➢ É um neutrófilo ou macrófago na medula óssea que possui uma morfologia distinta corada pela Hematoxilina, resultado da fagocitose de debris nucleares ➢ Positivo: encontro de duas células LE ➢ Lúpus ou outra doença do tecido conjuntivo ➢ Autoimunidade: soro de lúpico + medula óssea → reproduzia o achado ➔ FAN • FAN (Pesquisa de anticorpos anti-célula Hep-2) ***Triagem, não é específico – não é porque é positivo que vai ter a doença; entretanto, quem tem lúpus tem FAN positivo. -1975 – células Hep-2 foram introduzidas → aumentando a sensibilidade -Cultura de células de carcinoma de células escamosas de laringe -Significativo: a partir de 1:160 (1:80 = negativo) FAN Depois • Anticorpos ➢ Anti-DNA (60%) – nefrite *anticorpo específico do lúpus ➢ Anti-Sm (3-30%) ➢ Anti-P (10%) – psicose ➢ *Alta especificidade ➢ Anti-RNP ➢ Anti-Ro/SS-A – lúpus neonatal, Sjogren (secura das glândulas), subagudo, bloqueio cardíaco congênito ➢ Anti-La/SS-B ➢ Anti-histona – LES medicamentoso ➢ Anticoagulante lúpico ➢ Anti-cardiolipina Reatividade dos anticorpos anti-dsDNA por imunofluorescência em C. luciliae com marcação do cinetoplasto. Complemento ✓ Consumo de complemento (C3, C4, CH50, CH100) ✓ Diminuem durante atividade de doença ✓ Não é específico do lúpus ✓ Utilizado para seguimento junto com anti-DNA Diagnóstico →Critérios revisados ACR para classificação do LES- 1997 →2015 ACR/SLICC revised criteria for diagnosis of SLE -4 points: definite diagnosis of SLE -3 points: highly suggestive SLE -2 points: probable SLE -1 point: possible SLE Tratamento • Prevenção ✓ Protetor solar várias vezes ao dia – FPS 50 ✓ Parar tabagismo ✓ Atividade física ✓ Controle HAS, DM, DLP – dislipidemia *Evitam aterosclerose acelerada ✓ Osteoporose (doença, corticoide) ✓ Triagem de câncer ✓ Anticoncepção (evitar estrógeno) ✓ Vacinação (gripe, COVID-19, pneumocócica) *não pode tomar vacina de vírus vivo, se uso de imunossupressor ✓ Inibidores da enzima conversora da angiotensina em nefrite lúpica • Farmacológico ➢ Antimaláricos (hidroxicloroquina e difosfato de cloroquina) ➢ Todos os pacientes, que não tiverem contraindicação ➢ Dose 5mg/kg ➢ Trata atividade cutânea e articular leve ➢ Diminui os “flares” ➢ Melhora perfil lipídico ➢ Gestação (anti-Ro+) ➢ Controle de fundo de olho, após 5 anos de uso passa a ser anual (OCT) ***por causa da Cloroquina, que tem afinidade pelos melanócitos -Corticosteroides ✓ Cutâneo leve – tópico ✓ Atividade sistêmica moderada – via oral – dose até 0,5 mg/kg ✓ LES grave – pulsos de metilprednisolona – 10-30 mg/kg/dia por 3 dias *Vermífugo antes do pulso -Imunossupressores ✓ Metotrexato, azatioprina, micofenolato de mofetil, ciclosporina, dapsona, talidomida ✓ Serão introduzidos quando não conseguir desmame do corticoide ou atividade moderada -Ciclofosfamida – pulso mensal na indução (6-8) ou quinzenal por 3 meses ✓ Lúpus grave ✓ Manutenção: AZA ou MMF por 3-5 anos ✓ Nefrite lúpica: MMF pode ser usado também na indução -Biológicos -Rituximab (anti-CD20) – séries de caso ✓ Utilizado em plaquetopenias refratárias ao tratamento ✓ Nefrite lúpica -Belimumabe (2011 FDA): ✓ Inibe estimulador de linfócito B (se liga a receptor solúvel estimuladorde célula B – BAFF) ✓ Utilizado em lúpus moderado que não responde ao imunossupressores, não consegue desmamar o corticoide ✓ Contraindicado para SNC ✓ Recentemente aprovado para nefrite lúpica Resumo 2019 update of the EULAR recommendations for the management of systemic lupus erythematosus Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAF) • Trombofilia adquirida autoimune que acarreta eventos tromboembólicos arteriais e/ou venosos recorrentes, e/ou perdas fetais recorrentes; na presença de lúpus anticoagulante (LAC) detectado no plasma ou de anticardiolipina (aCL) no soro em pelo menos duas ocasiões, em título moderado ou alto. • Trombocitopenia, anemia hemolítica autoimune (AHAI), alterações cardíacas, neurológicas e cutâneas. Classificação ➢ Primária ➢ Secundária ➢ Predomina no sexo feminino Patogênese ✓ Multifatorial e complexo ✓ Componente genético (ligação a alguns HLA de classe II) ✓ Ac. Antifosfolípides: 1) Se ligam a proteínas plasmáticas e células endoteliais envolvidas na coagulação 2) Interferem no complexo da proteína C ativada 3) Se ligam às plaquetas 4) Interferem na ativação do complemento Espectro clínico da SAF Critério de classificação de SYDNEY (2006) 1. Trombose ➢ 1 ou + episódios de trombose arterial, venosa ou de pequeno vaso (confirmada por imagem/ Doppler/ histologia) ➢ Exclusão de trombose venosa superficial 2. Gestação ➢ 1 ou + óbito de feto morfologia normal (> 10 semanas de gestação). ➢ 1 ou + prematuro de morfologia normal (< 34 semanas de gestação) ➢ por pré-eclâmpsia grave, eclampsia ou insuficiência placentária. ➢ 3 ou + abortos consecutivos < 10 semanas de gestação, sendo excluídas causas anatômicas e hormonais maternas e alterações cromossomiais materno-paternas. • Laboratorial ✓ Anticardiolipina -IgM e/ou IgG (ELISA padronizado) – 2 ocasiões 12 semanas de intervalo - médio (> 40 GPL ou MPL) ou alto título (> 80 GPL ou MPL). ✓ Anticoagulante lúpico -2 ocasiões 12 semanas de intervalo de acordo com os criterios da International Society for Thrombosis and Hemostasy. Preferencialmente, dois métodos, sendo um deles o dRVVT. ✓ Antibeta-2-glicoproteína I -IgM e/ou IgG (ELISA padronizado) – 2 ocasiões (12 semanas de intervalo) > percentil 99 (X + 3 desvios- padrão) Novos anticorpos? ➢ Anti-fosfatidilserina-protrombina (aPS/PT) subtipos IgG e IgM – único disponível ➢ Anticardiolipina (aCL) e anti-ß2 -glicoproteína I (aß2GPI) subtipo IgA ➢ Antifosfatidiletanolamina (aPE) ➢ Antianexina V ➢ Anticardiolipina-vimentina (aCL/Vim) ➢ Antiácido fosfatídico (aPA), antifosfatidilserina (aPS) e antifosfatidilinositol (aPI) Clínica Livedo SAF Catastrófica ✓ <1% ✓ Trombose de três sítios distintos num período de até uma semana, na presença de anticorpos antifosfolípides ✓ Biópsia: trombo intravascular ✓ Território microvascular ✓ Insuficiência renal, SARA, AVC, necrose cutânea ✓ Mortalidade 50% ✓ Tratamento: pulsoterapia e plasmaférese ou imunoglobulina intravenosa. →Diagnósticos diferenciais de SAF segundo a manifestação: trombose venosa, trombose arterial, plaquetopenia, perda gestacional GAPSS (Global AntiPhospholipid Syndrome Score) -Este escore inclui: ➢ Hipertensão (1 ponto) ➢ Dislipidemia (3 pontos) ➢ Positividade LA (4 pontos) ➢ aCL (5 pontos) ➢ aB2GPI (4 pontos) e ➢ Anti-fosfatidilserina-protrombina (aPS/PT – 3 pontos) * > 12 pontos ou trombose arterial ou triplo + ➔ ALTO RISCO → warfarin. Tratamento ✓ Episódio agudo de trombose → anticoagulação plena com heparina ou heparina de baixo peso molecular ✓ A longo prazo → varfarina – INR2-3 e episódios arteriais ou retrombose INR3-4 ✓ Gestação sem trombose prévia: AAS e heparina dose profilática; com trombose prévia: AAS e heparina dose plena ✓ Primeira gestação, sem clínica prévia (SAF não definida) → AAS *Anticoagulação profilática: ENOXAPARINA 40mg 1x/dia *Anticoagulação plena: 1mg/kg 12/12h
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