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Petição Inicial de Estudo de Caso - Fornecimento de Medicamentos

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PETIÇÃO INICIAL
Art. 319 do CPC
AO JUÍZO DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE IJUÍ
JOSÉ DA SILVA, brasileiro, viúvo, aposentado, CPF e RG não identificados, residente e domiciliado no endereço Rua Jorge Leopoldo Weber, Nº 300, Bairro Assis Brasil, não possui e-mail, telefone número (55) 99687-5412; por suas procuradoras signatárias, com endereço profissional na Rua do Comércio, número 520, na cidade de Ijuí, fone número (55) 99116-1915, onde recebe intimações; vem, respeitosamente, ajuizar
AÇÃO DE FORNECIMENTO DE MECIDAMENTOS cumulada com TUTELA DE URGÊNCIA, em face de
MUNICÍPIO DE IJUÍ e do ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, pessoas jurídicas de direito público interno, na pessoa de seus representantes legais, com sede na Procuradoria-Geral do Município, situada na Rua 15 de Novembro, Bairro Centro, CEP 98.700-000; pelos fatos e fundamentos jurídicos e legais a seguir expostos 
I.	DOS FATOS.
	O Autor é portador de patologia valvar com cirurgia de implante de prótese aórtica biológica e valvuloplastia mitral em 2021 (segunda cirurgia), possui fibrilação atrial com implante de marcapasso definitivo em 2020, ataque isquêmico transitório em fevereiro de 2017 e hiperplasia prostática.
	Apresentou laudos e atestados médicos, segundo os quais, os CIDs das doenças são as seguintes: CID 10 – I08.9 Doença não especificada de múltiplas valvas; CID 10 – I49 Outras arritmias cardíacas; CID 10 – G45 Acidentes vasculares cerebrais isquêmicos transitórios e síndromes correlatas.
	Apresentou-lhe também receitas médicas, afirmando-se que para tratamento de sua enfermidade, faz uso dos seguintes fármacos de uso contínuo, sem previsão de suspensão: Apixabana/Elquis, Posologia: 5mg, 2 vezes ao dia; Combodart/Dutasterida + Cloridrato de Tansulosina, Posologia: 1 comprimido ao dia. Porém estes medicamentos supramencionados não fazem parte do elenco de medicamentos que são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
	Ocorre que o valor desses medicamentos é muito elevado para o Autor, resultando em um gasto mensal de R$1.000,00, sendo que o mesmo recebe atualmente um salário-mínimo nacional mensal a título de aposentado e ainda tem as suas despesas próprias de sustento.
	O Autor por não ter condições de adquiri-los por meio próprio, requereu o fornecimento dos medicamentos na farmácia Municipal e na farmácia Estadual de sua cidade, a quais ambas informaram que os referidos medicamentos não constam em sua lista de medicamentos disponibilizados, conforme certidão apresentada.
II.	DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E LEGAIS.
Primeiramente deve-se falar que a Constituição Federal, em seu art. 5º “caput” garante a inviolabilidade do direito à vida:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]
Por isso, o direito à vida é garantia constitucional, e à saúde é direito de todos e dever do Estado. Assim, considerando-se que a saúde no Brasil, rege-se pelos princípios da universalidade da cobertura e do atendimento; da igualdade de acesso às ações e serviços que a promove, protege e recupera; da descentralização da gestão administrativa, cujo trabalho é democrático, de vez que alcança na participação da comunidade (art. 194 da CF) e da solidariedade financeira, posto que financiada pela sociedade como um todo, direta e indiretamente (art. 195 da CF), o Autor faz jus ao recebimento gratuito dos medicamentos supra mencionados, em razão da doença que lhe acomete.
No mais, em seu art. 196, a Constituição Federal, alude que a responsabilidade em prestar ao atendimento necessário na área da saúde a responsabilidade é dividida em todos os entes, pois o Estado é a União, Estados e Municípios. Vejamos:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
	Ainda, a Lei nº 8.080/1990, em seu art. 2º também descreve que o Estado deve garantir à saúde dos cidadãos, pois esta é um direito fundamental do ser humano. Portanto, é obrigação do Estado dar assistência à saúde e fornecer os meios indispensáveis para o tratamento médico, conforme afirma Canotilho:
O Estado, os poderes públicos o legislador, estão vinculados a proteger o direito à vida, no domínio das prestações existenciais mínimas, escolhendo um meio (ou diversos meios) que tornem efetivo este direito, e, no caso de só existir um meio de dar efetividade prática, devem escolher precisamente esse meio. (CANOTILHO, Tomemos, Os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, apud Ingo Sarlet, A Eficácia dos Direitos Fundamentais, cit., p. 299).
	Nada obstante, tais fármacos não estarem previstos na lista do Sistema Único de Saúde – SUS, os Tribunais Superiores, por meio de seus entendimentos jurisprudenciais, já se pronunciaram favoráveis a conceder medicamentos sem a previsão no órgão administrativo para a garantia do direito à saúde, como demonstram os seguintes julgados:
DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. EXISTÊNCIA DE ALTERNATIVAS TERAPÊUTICAS. INADEQUAÇÃO DEMONSTRADA. SOLIDARIEDADE. FIXAÇÃO DE CONTRACAUTELAS. 1. A Constituição Federal de 1988, após arrolar a saúde como direito social em seu artigo 6º, estabelece, no art. 196, que a saúde é "direito de todos e dever do Estado", além de instituir o "acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação". 2. Observando as premissas elencadas no julgado Suspensão de Tutela Antecipada n. 175 (decisão da Corte Especial no Agravo Regimental respectivo proferida em 17 de março de 2010, Relator o Ministro Gilmar Mendes), quando da avaliação de caso concreto, devem ser considerados, entre outros, os seguintes fatores: (a) a inexistência de tratamento/procedimento ou medicamento similar/genérico oferecido gratuitamente pelo SUS para a doença ou, no caso de existência, sua utilização sem êxito pelo postulante ou sua inadequação devido a peculiaridades do paciente; (b) a adequação e a necessidade do tratamento ou do medicamento pleiteado para a doença que acomete o paciente; (c) a aprovação do medicamento pela ANVISA (só podendo ser relevado em situações muito excepcionais, segundo disposto nas Leis n.º 6.360/76 e 9.782/99) e (d) a não configuração de tratamento experimental. 3. Faz jus ao fornecimento do medicamento pelo Poder Público a parte que demonstra a respectiva imprescindibilidade, que consiste na conjugação da necessidade e adequação do fármaco e na ausência de alternativa terapêutica para o seu caso concreto. Hipótese verificada. 4. Os réus são solidariamente responsáveis pelo fornecimento e pelo ônus financeiro do serviço de saúde pleiteado e concedido. Precedentes do STF. 5. Não cabe ao Judiciário declarar as atribuições ou direito de determinado réu em ressarcir-se dos demais quanto às despesas relativas ao cumprimento da obrigação, ainda que reconhecida a solidariedade, devendo eventual acerto de contas que se fizer necessário, ser realizado administrativamente, em virtude da repartição de competências dentro dos programas de saúde pública e repasses de numerário ou restituições, sem prejuízo do cumprimento da decisão judicial. 6. Adequada a fixação de contracautelas em ações nas quais determinado o fornecimento contínuo ou periódico de medicamentos. (TRF4, AG XXXXX-84.2019.4.04.0000, SEXTA TURMA, Relatora TAÍS SCHILLING FERRAZ, juntado aos autos em 29/07/2019). (grifou-se)
	Já sobre as negativas necessárias para o ajuizamento da ação, estas se encontram anexadas ao presente processo, sendo que a justificativa dos mesmos é a não padronização pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, salienta-se novamente que, os medicamentos requeridos não são fornecidos pelo SUS e não há genéricos, sendo os únicos para se tratar a doença do Autor, que é gravíssima e precisa-se dos medicamentoscom urgência.
	Depreende-se do exposto até aqui que, a lei, a jurisprudência, bem como a doutrina são uníssonas quanto ao direito de pleitear medicamentos pela via judicial, desde que não contemplados pelo Sistema Único de Saúde – SUS, sendo dever constitucional do ente público custear o tratamento pelo tempo que se fizer necessário, até a regressão ou cura total da enfermidade. Porquanto, o Autor faz jus ao recebimento dos fármacos prescritos para lhe dar sobrevida e combater a doença que o acomete.
	Ademais, não resta dúvida que o Autor possui uma patologia grave e que o não uso dos medicamentos requeridos poderão lhe ceifar a própria vida. Excelência, o direito á vida é inegociável e garantido pela Constituição Federal, devendo os medicamentos serem deferidos no presente feito.
III.	DA TUTELA DE URGÊNCIA
	A antecipação dos efeitos práticos da tutela encontra supedâneo no art. 300 do Código de Processo Civil. Vejamos:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
	Primeiramente, pode-se falar que os dois requisitos da antecipação de tutela estão previstos no presente caso. Conforme documentos anexos, percebe-se que existem os elementos que evidenciam a probabilidade do direito, pois esses documentos comprovam a doença do Autor e a negativa do Município em fornecer os medicamentos necessários para o tratamento.
No mais, é possível afirmar que a demora em realizar esse tratamento acarretará o risco do resultado útil do processo, pois as chances de o Autor falecer é latente, sendo que não possui condições de arcar com os custos do tratamento.
Não se pode esperar o julgamento do feito para conceder o referido medicamento, pois estamos falando da vida de um ser humano, não há como reverter a morte. Assim, o processo ter que ser julgado no estado em que se encontra, com o fornecimento do medicamento, de forma rápida e urgente!
Com isso, esta medida é um verdadeiro pedido de socorro do requerente, diante do iminente perigo de vir a óbito, ante o agravamento de sua doença! Desta feita, a tutela de urgência torna-se fundamental para fazer com que os Réus forneçam o medicamento para que o tratamento ocorra imediatamente.
IV.	DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
	A parte autora é economicamente hipossuficiente, não podendo arcar com as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios e periciais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. Assim, faz jus ao benefício da gratuidade de justiça, forte no art. 98 do CPC, o que desde já requer.
	Junta aos autos comprovantes de renda, bem como Declaração de Hipossuficiência assinada.
V.	DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.
	 A parte autora manifesta desinteresse na realização da audiência preliminar de conciliação.	
VI.	DOS PEDIDOS.
Ante ao exposto, Pede:
a) A concessão da Tutela de Urgência, a fim de que seja determinado ao Município de Ijuí e ao Estado do Rio Grande do Sul, pelos representantes de suas respectivas Secretarias de Saúde, providenciem a imediata disponibilização dos medicamentos Apixabana/Elquis, Combodart/Dutasterida + Cloridrato de Tansulosina, de uso contínuo, até a progressão da doença;
b) Seja fixada multa diária em valor não inferior a um salário-mínimo ou outro valor que Vossa Excelência entender por direito, para a hipótese de descumprimento dos pedidos deferidos em sede liminar; bem como, em caso de descumprimento, seja realizado o bloqueio de verbas públicas para o custeio do tratamento; 
c) Em caso de não fornecimento dos medicamentos, que seja penhorado o valor mensal do tratamento dos medicamentos, para possibilitar ao Autor em comprá-lo e conseguir manter íntegra a sua saúde;
d) Sejam julgadas procedentes as pretensões deduzidas e confirmados, em definitivo todos os pedidos requeridos em se de tutela antecipada, condenando-se o Município de Ijuí e o Estado do Rio Grande do Sul na obrigação de fazer objeto desta ação, para que seja concedido com urgência os remédios do Autor, por intermédio do Sistema Único de Saúde ou de entidade particular, com todas as despesas custeadas pelos Réus, sob pena de aplicação das sanções processuais cabíveis e fixação de multa diária por descumprimento;
VII.	DOS REQUERIMENTOS.
Diante do exposto, Requer:
a) A citação dos Réus para, querendo, contestar no prazo legal, sob pena de revelia;
b) A intimação do Ministério Público;
c) A não designação de Audiência de tentativa de conciliação, nos termos do art. 319, VII do CPC, visto que os autos tratam de matéria unicamente de direito. Porquanto, sem possibilidade de autocomposição, pois o objeto da lide é tão somente o fornecimento da medicação pleiteada;
d) O deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por ser o Autor pobre na acepção jurídica da palavra, não podendo arcar com as despesas processuais sem privar-se do seu próprio sustento, nos termos do art. 98 do CPC
VIII.	DO VALOR DA CAUSA.
	Dá-se à causa o valor de alçada.
Ijuí, 14 de março de 2023.		
Advogado(a) – OAB

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