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Antonio propôs ação de conhecimento em face de João

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Antonio propôs ação de conhecimento em face de João.
Na narrativa dos fatos constitutivos do direito afirmado por Antonio, alegou que emprestara R$ 100.000,00 (cem mil reais) a João no dia 1° de março de 2020 e que este deveria devolver a quantia no dia 31 de março de 2022, acrescida de juros de 1% ao mês e correção monetária.
Procurado por Antonio, João disse que não teria recursos para pagar a quantia devida.
Para comprovar a obrigação líquida, certa e exigível, Antonio apresentou um documento particular representativo da obrigação, assinado por João e duas testemunhas devidamente qualificadas.
Ao despachar a inicial, o juiz determinou a citação de João.
João foi regularmente citado.
Juntado o AR da citação, transcorreram os 15 dias para a apresentação de resposta, sem que João houvesse contestado e nem reconvindo.
O juiz extinguiu o processo sem julgamento do pedido, com fundamento na falta de interesse de agir.
Segue o trecho da fundamentação da sentença:
 
“O autor carece de interesse de agir (CPC/2015, art. 485, inc. VI), pois apresentou como documento comprobatório da obrigação de pagar quantia um título executivo extrajudicial. Fica evidente a falta de interesse de agir pela via processual que escolheu, pois aquele que detém um título executivo extrajudicial, não tem interesse de agir para obter um outro título executivo, agora judicial.
Substancialmente, tanto um quanto o outro são aptos para instruir ação de execução, não havendo nenhum fato a ser provado no âmbito da ação de conhecimento.
O documento apresentado demonstra que a obrigação já pode ser exigida e que, além de líquida, é certa.”
 
Pergunta-se (cada questão vele 2,0 pontos):
 
1. Supondo que o valor atualizado da dívida seja de R$200.000,00. Excluindo-se o valor das custas, qual valor João teria que dispor caso pretendesse se valer da possibilidade prevista no art. 916 do CPC/2015? Justifique a resposta, demonstrando o cálculo.
R: O art. 916 permite que a dívida seja parcelada em até 6 vezes, no caso de João querer se dispor dessa possibilidade ele precisa pagar R$ 60.000,00 o que corresponde a 30% do valor total e R$ 20.000,00 que corresponde aos 10% dos honorários do advogado, totalizando assim R$ 80.000,00. 
2. Se o credor tivesse optado pelo ajuizamento de ação de execução, João poderia opor embargos à execução, caso viesse a lhe ser penhorado um único bem penhorável que fosse avaliado em R$ 350.000,00? Justifique sua resposta, indicando os dispositivos legais aplicáveis.
 R: João não pode opor embargos à execução, observado que o exequente não postulou um valor superior ao título executivo extrajudicial. Existe uma clara diferença entre um excesso de execução tipificado no Art. 917, § 2º do CPC 2015 e o excesso de penhora, que também se encaixa no caso em questão, o fato do bem a ser penhorado possuir valor superior ao montante da dívida, por si só, não configura o alegado excesso de penhora, considerando o fato de que não há nos autos informação de qualquer outro bem do devedor que seja passível de penhora. Nesse caso o valor a ser penhorado é superior ao valor da dívida, sendo assim João pode pedir a redução do valor, para se obter quantia que seja suficiente para apenas saldar o valor do débito. Quando o bem for penhorado, o exequente deve depositar a diferença ao devedor, não podendo ocorrer um enriquecimento ilícito. 
3. Se Antônio interpusesse recurso de apelação e o tribunal fosse substituir a decisão de primeiro grau acima transcrita, qual fundamento legal usaria?
 R: O Tribunal usaria como argumento o teor do Art. 785 do Código de Processo Civil, uma vez que a existência de um título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, com o intuito de obter o título executivo judicial. 
4. Se João fosse executado em outra ação (movida por Pedro), sobre o único bem penhorável acima mencionado poderia recair mais de uma penhora? Justifique a resposta.
 Sim, observando o texto do artigo 917 do CPC, que fala sobre a pluralidade de penhoras sobre um único bem, sendo o seu valor suficiente para saldar todos os débitos, resguardando a preferência de cada um, sendo possível recair mais de uma penhora sobre o mesmo bem. 
5. Caso Antônio não venha a apelar da sentença e antes da prescrição de seu direito, poderia, agora, ajuizar ação de execução? Justifique sua resposta.
R: Sim, Antônio possui um título executivo extrajudicial (com base no artigo 784, inciso III) sendo apto a embasar um processo executivo, uma vez que se trata de obrigação certa, líquida e exigível, nos termos do Art. 783 do CPC.

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