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APG 17 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA Definição: a Insuficiência Renal Aguda (IRA) é caracterizada por uma redução abrupta da função renal que se mantém por períodos variáveis, resultando na inabilidade dos rins em exercer suas funções básicas de excreção e manutenção da homeostase hidroeletrolítica do organismo - Dessa forma, com essa redução abrupta da filtração glomerular, ocorre o aumento de escórias nitrogenadas (ureia e creatinina), distúrbios do equilíbrio acidobásico e alterações hidroeletrolíticas - Devido a dificuldade de definição, criou-se uma tabela de classificação chamada de RIFLE RIF (classificação de gravidade, R1, I2, F3) LE (evolução – relação direta com morbimoratalidade) R= risco - risck I= injúria - injury F= falência - failure L= perda - loss E= insuficiência renal terminal – end-stage kidney - TRÍADE DA IRA: ▪ ISQUÊMIA ▪ NEFROTOXIDADE ▪ SEPSE EPIDEMIOLOGIA - IRA quando associada a mudanças demográficas, aumento da faixa etária e comorbidades associadas – 90% de mortalidade - 5% dos pacientes em UTI - Aumento na incidência de IRA nos últimos anos - Parte dos pacientes não recuperam a função renal, tornando-se dialíticos – evolução da IRA para IRC ETIOLOGIA - A função renal é mediada por etapas que precisam funcionar bem: Sangue das artérias renais e suas subdivisões que chegam aos glomérulos Os glomérulos produzem o ultrafiltrado, normalmente sem proteínas e sem elementos do sangue Os túbulos manipulam o ultrafiltrado por meio da reabsorção e da secreção de solutos e/ou água O fluido tubular final, que é a urina, deixa os rins por meio da pelve renal, do ureter, da bexiga e da uretra - Nesse percurso existem diversas porções anatômicas que influenciam no funcionamento dos rins - As causas da IRA são classificas de acordo com a porção anatômica mais afetada - As causas de insuficiência renal aguda são classificadas em três categorias, podem ser de origem renal, pré-renal ou pós-renal IRA pré renal - Redução da perfusão renal, o fluxo sanguíneo renal circulante reduz por uma série de fatores Por exemplo por desidratação (vômito, diarreia, febre), uso de diuréticos e insuficiência cardíaca - Ocorre em situações de: ▪ diminuição da pressão de perfusão renal e ou de ▪ aumento da resistência vascular renal levando a uma diminuição do ritmo de filtração glomerular com consequente acúmulo de escórias nitrogenadas - É uma condição rapidamente reversível se corrigida a causa CAUSAS: de qualquer IRA é a sepse 1. HIPOVOLEMIA (que pode ocorrer por): ▪ Hemorragia ▪ Perdas gastrintestinais ▪ Terceiro espaço: queimaduras, peritonite, tecido traumatizado 2. IC – síndrome cariorrenal ▪ ICC ▪ IAM ▪ Tamponamento cardíaco ▪ Embolia pulmonar 3. VASODILATAÇÃO PERIFÉRICA ▪ Bactermia (sepse) ▪ Medicações anti-hipertensivas 4. RESISTÊNCIA VASCULAR RENAL AUMENTADA: ▪ Anestesia ▪ Cirurgias ▪ Síndrome hepatorrenal 5. OBSTRUÇÃO RENAL BILATERAL ▪ Embolia ▪ Trombose IRA renal - Existe dano estrutural, e esse dano estrutural é causado por fatores extrínsecos ao rim (NTA – necrose tubular aguda – é usado quando a IRA mão resulta primariamente de alterações vasculares, intersticiais ou glomerulares) - Será classificada de acordo com o principal local afetado: ▪ Túbulos ▪ Interstício ▪ Vasos ▪ Glomérulo - A causa mais comum de dano tubular é de origem isquêmica ou tóxica, ou a associação das duas (isquemia e nefrotoxinas) - Pode ter origem pré-renal como consequência da redução do fluxo sanguíneo, desencadeando uma necrose tubular isquêmica (o dano foi suficiente para provocar a morte das células tubulares) - Essa necrose cortical irreversível pode ocorrer também em isquemia grave, quando o processo fisiopatológico inclui coagulação microvascular Coagulação microvascular pode ocorrer por: ▪ Picada de cobra ▪ Complicações obstétricas ▪ Síndrome hemolítico-urêmica - Além da isquemia, as nefrotoxinas representam a causa mais frequente de IRA Drogas que podem causar dano tubular: ▪ Antibióticos aminoglicosídicos ▪ Contrastes radiológicos ▪ Contrastes quimioterápicos (ex, cisplatina) ▪ Imunossuprosores (ciclosporina e FK- 506) ▪ IECA ▪ AINES - As causas menos frequentes são por doenças auto-imunes (lúpus eritematoso) e agentes infecciosos IRA pós-renal - Ocorre quando há um processo de obstrução do trato urinário Decorrentes de eventos subsequentes à formação da urina e que levam a obstrução do fluxo urinário - A obstrução das vias urinárias pode ser consequência de: ▪ Hipertrofia prostática ▪ Câncer de próstata ou cervical ▪ Distúrbios retroperitoneais ▪ Bexiga neurogênica ▪ Fatores intraluminais (cálculo renal bilateral, necrose papilar, carcinoma de bexiga) ▪ Fatores extraluminais (fibrose retroperitoneal, tumor colorretal) - A dilatação (hidronefrose) ocorre proximal ao sítio da obstrução. A nefropatia obstrutiva pode se manifestar clinicamente por uma queda abrupta ou gradual da função renal, reversível com a correção da obstrução - A obstrução intratubular também é causa de IRA e pode ser consequência da precipitação de cristais como ácido úrico, oxalato de cálcio, aciclovir e sulfonamida, dentre outros - A reversibilidade da IRA pós-renal se relaciona ao tempo de duração da obstrução FISIOPATOLOGIA - A homeostasia do corpo depende de forma crucial da função renal Os rins estão sujeitos aos efeitos tóxicos de medicamento e de outras substâncias, porque muitos desses compostos são reabsorvidos pelos túbulos e aumenta suas concentrações nos rins Quando a injúria está relacionada a redução de oxigênio ou nefrotoxicidade, os rins respondem de diversas formas Inicialmente, essa lesão irá gerar uma perda da integridade do citoesqueleto e da polaridade celular Integridade do citoesqueleto comprometida devido a perda da borda em escova, apoptose e necrose das células epiteliais A perda de polaridade gera o deslocamento das moléculas de adesão e de proteínas de membrana, como NA+K+ATPase e betaintegrinas A descamação que ocorre durante o processo faz com que em algumas regiões a membrana basal se torna a única barreira entre o filtrado e o interstício peritubular Desencadeando um vazamento desse filtrado Todo esse processo gera mediadores inflamatórios e vasoativos, ocasionando piora da vasoconstrição e inflamação E a inflamação é o ponto fundamental na fiopatologia da IRA Como o rim se recupera de insultos isquêmicos ou tóxicos: Ac células remanescentes passam por um processo de reparo. E as células progenitoras se diferenciação e se disseminam, migrando para cobrir as regiões expostas da membrana basal PORÉM, esses processos de recuperação geram efeitos deletérios em longo prazo, mesmo com períodos curtos de isquemia INFLAMAÇÃO - Na IRA isquêmica, o fluxo sanguíneo local anormal gera as alterações Porque a vasoconstrição pré-glomerular persistente pode contribuir no processo de lesão Em miúdos, a inflamação reduz o fluxo sanguíneo local para regiões do córtex e da medula externa O que compromete a função e a viabilidade tubular - A fisiopatologia da IRA isquêmica ou tóxica envolve alterações estruturais e bioquímicas que são geradas por: ▪ Comprometimento vascular ▪ Comprometimento celular ▪ Levando a vasoconstrição ▪ Alteração de função ▪ Morte celular ▪ Descamação do epitélio tubular ▪ Obstrução intraluminal ▪ Vazamento transtubular do filtrado glomerular ▪ Inflamação RESPOSTA IMUNOLÓGICA A resposta imunológica, inata e adaptativa, podem contribuir na fisiopatologia da lesão isquêmica Esse componenteinato é responsável pela resposta precoce a infecção ou lesão e não depende de estímulo externo Ela vai ativar os receptores toll-like (TLR) TLR detectam produtos microbianos exógenos e desenvolvem imunidade antígeno- dependente Eles possuem efeito anti-inflamatório na ausência de TLR2, o que protege a função renal mediante níveis d ureia e creatinina elevados As células epiteliais tubulares expressam TLR capazes de reconhecer mediadores inflamatórios que podem ser filtrados em quantidades significativas na sepse INTERAÇÕES LEUCÓCITO-ENDOTÉLIO - O processo isquêmico promove maior expressão endoletial de integrinas, imunoglobulinas e moléculas de adesão intercelular (ICAM) e molécula de adesão vascular (VCAM) – eles afetam a interação leucócito-endotélio Além disso, os vasodilatadores, como o óxido nítrico (NO), apresentam efeitos anti- inflamatórios. NO inibe a adesão de neutrófilos a células endoteliais Como as células endoteliais estão lesadas e edemaciadas, elas começam a expressão aumentada de moléculas de adesão, e os leucócitos se ativam O pulo do gato é, essa maior interação de leucócito-endotélio resulta na adesão célula- célula E essa adesão causa obstrução física ao fluxo sanguíneo Além disso, essas interações, contribuem para a geração local de vasoconstritores que comprometem o fluxo sanguíneo real, o que altera o metabolismo celular tubular (por conta da anatomia dos vasos e túbulos, o impacto é maior na medula externa do que no córtex) Os leucócitos T também liberam ROS (espécies reativas de oxigênio), que aumentam a resposta inflamatória causando mais lesão celular CONTRIBUIÇÃO TUBULAR A LESÃO A célula tubular proximal pode intensificar a lesão e a disfunção renal Após a lesão, as células tubulares proximais ativam várias cascatas de mediadores que elevam a produção local de quimiocinas, citocinas e componentes da matriz Esses agentes amplificam a lesão direta ou indiretamente pelo aumento do influxo de células pró-inflamatórias (macrófagos, PMN, células T) Desencadeando a lesão intersticial irreversível e perda da função renal Além disso, as células epiteliais tubulares estão envolvidas na cascata inflamatória, produzindo citocinas pro-inflamatórias (TNF-alfa, IL-6, IL-1 betam TGR beta) e quimiocinas MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Variedade de apresentação clínica - Alguns podem apresentar sintomatologia diretamente relacionadas aos rins (ex, hematúria) - Outros podem apresentar sintomatologia extrarrenal (edema, hipertensão, uremia) - Mas muitos pacientes são assintomáticos ➔ Alterações hidroeletrolíticas: SÓDIO E ÁGUA: hiponatremia - redução da concentração plasmática de sódio por excesso de água em relação ao soluto POTÁSSIO: hipercalemia (excesso de potássio). Gera onde T pontiaguda e simétrica, alargamento do complexo QRS, achatamento ou desaparecimento da onda P, arritmias ventriculares e fibrilação ventricular ➔ Equilíbrio acidobásico: ocorre acidose metabólica, como resultado do acúmulo de fosfatos, sulfatos e ácidos orgânicos e também da incapacidade do rim em regenerar bicarbonato e excretar ácidos ➔ Uremia: síndrome causada pelo acúmulo de ureia, e outros íons, no sangue, que são substâncias tóxicas produzidas no fígado após a digestão de proteínas, e que são, normalmente, filtradas pelos rins DIAGNÓSTICO E EXAMES COMPLE. Avaliação clínica: começa pela obtenção de dados da história do paciente Avaliação laboratorial: Creatinina e taxa de filtração glomerular: quando a taxa de filtração glomerular cai os níveis de creatinina aumentam - Por isso, a creatinina sérica não constitui parâmetro fidedigno nas disfunções renais precoces - Aumentos muito rápidos de creatinina sérica podem ser decorrentes de rabdomiólise ➔ Ureia: a diminuição do fluxo sanguíneo renal, gera mais reabsorção tubular de ureia (ureia é um produto do catabolismo proteico, pode estar relacionado também ao uso de corticoides, aumento da ingesta de proteínas e sangramentos gastrintestinal) ➔ Eletrólitos plasmáticos: Sódio – hipo Fósforo: hiperfosfatemia Potássio: hipercalemia Cálcio: hipocalcemia Magnésio: hipermagnesemia ➔ Sedimento urinário: pH: aumenta nos quadros pré-renais densidade: aumenta porque na IRA, ocorre perda da capacidade de diluição e concentração glicosúria: dando tubular sangue: lesão proteinúria Avaliação por imagem: Ultrassonografia: tamanho renal, características do parênquima e da presença de hidronefrose *Exames contrastados devem ser evitados na IRA, pode causar fibrose sistêmica nefrogênica, geralmente fatal e sem tratamento Biópsia renal: indicada quando a causa da IRA permanece desconhecida - Suspeita de doenças sistêmicas quando associada a sintomatologia extra-renais Biomarcadores da injúria renal aguda: ausência de marcadores precoces da lesão renal, o que leva um atraso no início do tratamento - Na prática clínica, usa a dosagem de creatinina (mesmo não sendo um indicador adequado da função renal) porque sua concentração só muda quando tem um comprometido de cerca de 50% da função renal ➔ NGAL (neutrophil gelatinase- associated lipocalin): presente em outros tecidos - Mas é utilizado como marcador precoce após injúria renal isquêmica ou nefrotóxica ➔ Cistatina C: sintetizada e liberada para o sangue, são filtradas pelos glomérulos e completamente reabsorvida pelo túbulo proximal, sem ser secretada - Melhor marcador de filtração glomerular do que a creatinina porque ele não sofre influência da idade, sexo, raça ou massa muscular ➔ KIM-1 (kidney injury molecule-1): proteína transportada após isquemia ou nedrotoxicidade - Marcador mais específico para lesões isquêmicas e nefrotóxicas, sofre pouca influência de ITU e DRC ➔ IL-18 (Interleucina 18): citocina pró- inflamatória que é induzida e clivada no túbulo proximal - Detectada na urina após isquemia - Sensibilidade e especificidade > 90% no diagnóstico de IRA ACIDENTES OFIDICOS - Acidente decorrente da mordedura de serpentes - Podem causar envenenamento causado pela inoculação de toxinas, através das presas de serpentes (aparelho inoculador), podendo determinar alterações locais (na região da picada) e sistêmicas - No Brasil, quatro tipos de acidente são considerados de interesse em saúde: ▪ Botrópico ▪ Crotálico ▪ Laquético ▪ Elapídico Caraterísticas serp. Peço. Fosseta loreal presente: fosseta loreal, órgão sensorial termorreceptor, é um orifício situado entre o olho e a narina, daí a denominação popular de “serpente de quatro ventas” - Indica com segurança que a serpente é peçonhenta e é encontrada nos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis - Todas as serpentes destes gêneros são providas de dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção anterior do maxilar - A identificação entre os gêneros referidos também pode ser feita pelo tipo de cauda Fosseta loreal ausente: as serpentes do gênero Micrurus não apresentam fosseta loreal e possuem dentes inoculadores pouco desenvolvidos e fixos na região anterior da boca - Acidentes por serpentes não peçonhentas são relativamente frequentes, porém não determinam acidentes graves, na maioria dos casos, e, por isso, são considerados de menor importância médica Botrópico - Jararaca, jararacuçu, ururu, caiçaca - Grupo mais importante de serpentes peçonhentas, mais de 60 espécies encontradas em todo territóriobrasileiro Principais espécies: ➔ Bothrops atrox: é o ofídio mais encontrado na Amazônia, principalmente, em beiras de rios e igarapés; ➔ Bothrops erythromelas: abundante nas áreas litorâneas e úmidas da região Nordeste; ➔ Bothrops jararaca: tem grande capacidade adaptativa, ocupa e coloniza áreas silvestres, agrícolas e periurbanas, sendo a espécie mais comum da região Sudeste; ➔ Bothrops jararacussu: é a espécie que pode alcançar maior comprimento (até 1,8m) e a que produz maior quantidade de veneno dentre as serpentes do gênero, predominante no Sul e Sudeste; ➔ Bothrops moojeni: principal espécie dos cerrados, capaz de se adaptar aos ambientes modificados, com comportamento agressivo e porte avantajado; ➔ Bothrops alternatus: vive em campos e outras áreas abertas, desde a região Centro-oeste até a Sul Crotálico - Cascavel - Identificadas pela presença de guizo ou chocalho na extremidade caudal - São representadas no Brasil por uma única espécie (Crotalus durissus), com ampla distribuição geográfica, desde os cerrados do Brasil central, regiões áridas e semiáridas do Nordeste, campos e áreas abertas do Sul, Sudeste e Norte Laquético - Surucucu, pico-de-jaca - As espécies que se encontram no Brasil são Lachesis muta (bacia Amazônica) e Lachesis rhombeata (mata Atlântica, do norte do Rio de Janeiroaté a Paraíba), podendo alcançar até 4,0m de comprimento Surucucu / pico-de-jaca Elapídico - O gênero Micrurus (coral verdadeira) é o principal representante de importância médica da família Elapidae no Brasil - Com cerca de 22 espécies, seis são principais para saúde pública no Brasil: ➔ Micrurus corallinus (anéis pretos simples, regiões Sudeste e Sul e litoral da Bahia); ➔ Micrurusfrontalis (sete espécies de anéis em tríades, regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste); ➔ Micrurus ibiboboca (focinho branco, interior da região Nordeste); ➔ Micrurus lemniscatus (pode alcançar 1,5m de comprimento, presente na bacia Amazônica, cerrado central, litoral do Nordeste até o Rio de Janeiro); ➔ Micrurus spixii (bacia Amazônica) ➔ Micrurus surinamensis (hábitos aquáticos, habita a bacia Amazônica). - Os hábitos fossorais (vivem enterradas, habitando, preferencialmente, buracos), os reduzidos tamanhos das presas inoculadoras de veneno e a pequena abertura bucal podem explicar o reduzido número de acidentes registrados por esse gênero - Diversos gêneros de serpentes consideradas não-peçonhentas ou de menor importância médica são encontrados em todo o país, sendo também causa comum de acidentes: ➔ Phylodrias (cobra-verde, cobra-cipó) ➔ Oxyrhopus (falsa-coral) ➔ Waglerophis (boipeva) ➔ Helicops (cobra d’água) ➔ Eunectes (sucuri) ➔ Boa (jibóia), dentre outras Mecanismo de ação - Na maioria dos casos, o reconhecimento das manifestações clínicas e a história epidemiológica do acidente permitem o diagnóstico do tipo de envenenamento - O diagnóstico por meio da identificação do animal é pouco frequente Acidente botrópico ➔ Manifestações locais: se evidenciam nas primeiras horas após a picada com a presença de edema, dor e equimose na região da picada, que progride ao longo do membro acometido - As marcas de picada nem sempre são visíveis, assim como o sangramento nos pontos de inoculação das presas - Bolhas com conteúdo seroso ou serohemorrágico podem surgir na evolução e dar origem à necrose cutâneas - As principais complicações locais são decorrentes da necrose e da infecção secundária que podem levar à amputação e/ou déficit funcional do membro ➔ Manifestações sistêmicas: sangramentos em pele e mucosas são comuns (gengivorragia, equimoses à distância do local da picada); hematúria, hematêmese e hemorragia em outras cavidades podem determinar risco ao paciente. - Hipotensão pode ser decorrente de sequestro de líquido no membro picado ou hipovolemia consequente a sangramentos, que podem contribuir para a instalação de insuficiência renal aguda. Acidente laquético - As manifestações, tanto locais como sistêmicas, são indistinguíveis do quadro desencadeado pelo veneno botrópico - A diferenciação clínica se faz quando, nos acidentes laquéticos, estão presentes alterações vagais, como náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, hipotensão e choque Acidente crotálico ➔ Manifestações locais: não se evidenciam alterações significativas. A dor e o edema são usualmente discretos e restritos ao redor da picada; eritema e parestesia são comuns ➔ Manifestações sistêmicas: o aparecimento das manifestações neuroparalíticas tem progressão craniocaudal, iniciando-se por ptose palpebral, turvação visual e oftalmoplegia - Distúrbios de olfato e paladar, além de ptose mandibular e sialorreia podem ocorrer com o passar das horas. - Raramente a musculatura da caixa torácica é acometida, o que ocasiona insuficiência respiratória aguda. Essas manifestações neurotóxicas regridem lentamente, porém são totalmente reversíveis. - Pode haver gengivorragia e outros sangramentos discretos - Progressivamente, surgem mialgia generalizada e escurecimento da cor da urina (cor de “coca cola” ou “chá preto”). - A insuficiência renal aguda é a principal complicação e causa de óbito Acidente elapídico ➔ Manifestações locais: dor e parestesia na região da picada são discretos, não havendo lesões evidentes ➔ Manifestações sistêmicas: – fácies miastênica ou neurotóxica (comum ao acidente crotálico) constitui a expressão clínica mais comum do envenenamento por coral verdadeira - As possíveis complicações são decorrentes da progressão da paralisia da face para músculos respiratórios. Diagnóstico diferencial - A história clínica e epidemiológica permite a diferenciação dos tipos de envenenamento, mesmo que a serpente não seja identificada - Apenas nas áreas onde há superposição na distribuição geográfica de serpentes do gênero Bothrops e Lachesis - O diagnóstico diferencial de acidente botrópico e laquético somente é possível com a identificação do animal ou pela presença de manifestações vagais Diagnóstico laboratorial - Não existe exame laboratorial para determinar o tipo de envenenamento ofídico, sendo o diagnóstico eminentemente clínico- epidemiológico - Nos acidentes botrópicos, laquéticos e crotálicos, exames de coagulação devem ser realizados para confirmação diagnóstica e avaliação da eficácia da soroterapia. - O tempo de coagulação, simples e de fácil execução, pode ser feito nos locais que não dispõem de laboratório Tratamento - O tratamento é feito com a aplicação do soro (antiveneno) específico para cada tipo de acidente e de acordo com a gravidade do envenenamento
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