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1 Albano António Assunte Suate Bases fisiológicas de comportamento Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia com Habilidade em gestões laboratoriais Universidade Rovuma Extensão de cabo delgado 2021 2 Albano António Assunte Suate Bases fisiológicas de comportamento O seguinte trabalho é de carácter avaliativo, a será entregue na cadeira de Biologia de comportamento, 4º, 2º semestre. Leccionado pelo docente: dr. Idiamine Mussa Sabe Universidade Rovuma Extensão de cabo delgado 2021 3 Índice Introdução ......................................................................................................................... 4 1.Bases Fisiológicas do Comportamento ......................................................................... 5 Neuroetologia (Sistema Nervoso & Comportamento) ..................................................... 5 1.1.1.Os mecanismos de direcção e regulação de processos no organismo animal ......... 5 1.1.2.Divisão do comportamento quanto aos níveis de vectores ...................................... 6 1.1.2.1.Função do vector de entrada ................................................................................. 6 1.1.2.1.1.Divisão dos vectores de entrada quanto a sua capacidade e o seu .................... 7 1.1.2.2.Função do vector do estado interno ...................................................................... 8 1.1.2.2.1.Outros factores constitucionais, que determinam o vector do estado................ 8 1.1.2.3.Função o vector de saída .................................................................................... 10 1.2.Relações Gerais entre Comportamento e Ambiente ................................................. 11 1.2.1.Diferenças do ambiente ......................................................................................... 11 1.2.2.A relação organismo-ambiente .............................................................................. 12 1.2.3.Diferenças do ambiente tendo em conta o comportamento ................................... 12 1.3.Vectores do comportamento ..................................................................................... 12 1.3.1.Os níveis de vector de comportamento.................................................................. 13 1.3.1.1.Comportamento de entrada (Inglês, behavioural imput) .................................... 13 1.3.1.2.Comportamento de estado interno ...................................................................... 13 1.3.1.3.Comportamento de saída (Inglês, behavioural output) ...................................... 13 1.3.2.Os principais aspectos de vector de comportamento ............................................. 14 1.3.2.1.Vector de entrada ................................................................................................ 14 1.3.2.2.Vector do estado interno ..................................................................................... 15 1.3.2.2.1.As propriedades e capacidades do vector do estado interno ........................... 15 1.3.2.2.2.As três sob formas básicas diferenciadas entre si ............................................ 16 1.3.2.3.Comportamento de estado interno induzido ....................................................... 16 1.3.2.4.Comportamento de estado interno integrado ...................................................... 16 1.3.2.5.Comportamento de estado interno livre.............................................................. 16 Conclusão ....................................................................................................................... 16 Referência bibliográfica ................................................................................................. 18 4 Introdução A Neuroetologia é um ramo interdisciplinar que pretende perceber como o sistema nervoso central traduz estímulos biologicamente relevantes em comportamento natural. A Neurohipófise dos vertebrados produz também muitas hormonas, cuja secreção é regulada pelo Hipotálamo. Podemos alistar neste grupo a Oxitocina, cuja secreção durante o parto libera o comportamento de ligação mãe-filho dos mamíferos e actua na actividade de secreção da glândula mamária. Estas duas instâncias demonstram muitas semelhanças na sua acção coordenadora entre o organismo e o ambiente. Assim, hormonas actuam de modo relativamente muito lento, demonstram, contudo, um efeito duradoiro comparativamente aos nervos. A prontidão para a execução de um comportamento influência sistematicamente o vector de entrada e, com ele, a recepção e filtração de informações. a principal actividade que é ao mesmo tempo capacidade deste vector de entrada consiste na recepção e pré-processamento de informações provenientes do meio ambiente. Esta actividade ou capacidade é assegurada pela relação funcional vectorial. Sendo assim, o trabalho tem os seguintes objectivos. Objectivo geral: Conhecer Bases Fisiológicas do Comportamento Objectivos específicos: Explicar os processos funcionais das bases fisiológicas do comportamento dos animais; Mencionar as relações existentes entre o organismo-ambiente; Identificar os níveis de vectores de comportamento. Quanto a metodologia usada na elaboração do trabalho baseou-se aos materiais bibliográficos e a consulta da internet para auxilio na elaboração do mesmo. O trabalho apresenta a seguinte estrutura: Introdução, desenvolvimento, conclusão, referência bibliográfica. 5 1.Bases Fisiológicas do Comportamento Trata-se de um aspecto de organização hierárquica complexa que implica o funcionamento coordenado dos três vectores descritos acima. Isto pressupõe que alguma parte no organismo, existam mecanismos de integração que ordenam e coordenam os diferentes elementos comportamentais de modo a dar-lhes sentido. Pode – se questionar sobre o funcionamento dos órgãos dos sentidos, do sistema nervoso central, do sistema nervoso vegetativo, do sistema motor e do sistema hormonal, entre outros. Neuroetologia (Sistema Nervoso & Comportamento) Para EWERT (1980) A Neuroetologia “é uma disciplina científica que faz uma aproximação evolutiva e comparativa ao estudo do comportamento animal e do seu controle pelo sistema nervoso”. A Neuroetologia é um ramo interdisciplinar que pretende perceber como o sistema nervoso central traduz estímulos biologicamente relevantes em comportamento natural. Em poucas palavras diz-se é um campo multidisciplinar composto pela neurobiologia e pela etologia. 1.1.1.Os mecanismos de direcção e regulação de processos no organismo animal Na óptica Pires, (2000: p.337) “supõe que existem dois mecanismos de direcção e regulação de processos no organismo animal que são: o sistema nervoso e o sistema hormonal, dispondo o organismo numa situação funcional e o meio que o rodeia devem adequados”. Estas duas instâncias demonstram muitas semelhanças na sua acção coordenadora entre o organismo e o ambiente. Assim, hormonas actuam de modo relativamente muito lento, demonstram, contudo, um efeito duradoiro comparativamente aos nervos. A capacidade dos órgãos sensoriais em animais e no Homem são vistos e analisados com uso dos mesmos métodos usados no estudo de outros sistemas, tem como o circulatório. Disponível https://www.dicyt.com/noticia/estudo-do-comportamento-animal-ajuda-a- entender-funcoes-do-sistema-nervoso Na óptica de Birbaumer & Schmidt, (1990), São chamadas Fisiologia sensoriais objectiva todas capacidades e estruturas a elas subordinadas. As actividades dos órgãos sensoriais libertam em nós também sensações e percepções. https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurobiologiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Etologia https://www.dicyt.com/noticia/estudo-do-comportamento-animal-ajuda-a-entender-funcoes-do-sistema-nervoso https://www.dicyt.com/noticia/estudo-do-comportamento-animal-ajuda-a-entender-funcoes-do-sistema-nervoso 6 Estas são igualmente objecto de uma análise científica, nomeadamente da Psicologia da Percepção (na Psicologia) ou da Fisiologia sensorial subjectiva (da Fisiologia), onde os dois termos possuem mesmo significado. Exemplo: o funcionamento do sistema óptico. Os conceitos básicos de ambas as formas de estudos psico-fisiológicos são a impressão, a sensação e a percepção. A impressão define-se como sendo a unidade básica, a forma mais simples da Fisiologia sensorial subjectiva, elemento da experiência sensorial. A sensação forma-se um significado, uma relação com o passado ou com a experiência e aprendizagem, do que resulta a percepção. (Birbaumer & Schmidt, 1990). 1.1.2.Divisão do comportamento quanto aos níveis de vectores O comportamento divide - se em três vectores, acordo com a sua classificação: O comportamento ao nível do vector de entrada; O Como ocorre o comportamento ao nível do vector de estado interno; e O comportamento ao nível do vector de saída. 1.1.2.1.Função do vector de entrada Segundo Pires (2000, p:345), O vector de entrada “é responsável pela recepção e pré- processamento de informações. O pré-processamento pode ser entendido como sendo pré- filtração, já que é aqui onde ocorre a primeira decisão sobre o que deve continuar para o SNC”. Tantas vezes, já ouvimos falar sobre os aspectos essenciais em relação organismo - meio ambiente. Um desses conceitos trata-se da posição que o comportamento ocupa na sua relação com o fisiológico e o ambiente. Na Física, os animais constituem sistemas abertos que são caracterizados pela contínua e ininterrupta troca de substâncias e de energia com o ambiente. Com esses processos de troca, todos os seres vivos ligam-se ao seu meio e são dependentes dele. Como consequência disso, cada animal (sobretudo animais livres) devem receber informações sobre o meio que os rodeia para obter o alimento, encontrar um parceiro sexual, defender-se de perigos. A obtenção de informações sobre todo um conjunto de factores físicos-químicos externos (temperatura, luz, humidade, etc.) ocorre em tempo útil. Nós os humanos não conseguimos perceber a luz ultravioleta e não recebemos os sons ultra-sonoros do morcego. Só através deles é que determinados comportamentos específicos são possíveis: atracção do parceiro sexual, o reconhecimento mútuo de indivíduos biossociais (perceiro sexual, filhotes, 7 etc.). A função deste mecanismo de filtração é limitada à organismos e círculos funcionais, cuja necessidade de informação é unilateral e muito especializada. Uma filtração baseada apenas nas capacidades dos órgãos sensoriais é insuficiente por dois motivos: 1. De um lado, as informações biologicamente relevantes são muito complexas. 2. Do outro lado, estímulos complexos, sobretudo na sua combinação multimodal, exigem mecanismos de filtração igualmente complexos. 1.1.2.1.1.Divisão dos vectores de entrada quanto a sua capacidade e o seu funcionamento Para as capacidades do vector de entrada funcionam os exteroceptores, que se dividem basicamente em dois grandes grupos, que são: 1. Receptores de contacto: Receptores do gosto; Receptores térmicos; e Receptores de tacto ou tango-receptores, que respondem ao tacto. 2. Tele-receptores: Receptores do infra-vermelho; Mecano-receptores; Cromo- receptores; Electro-receptores; e Foto-receptores. Segundo Paulus (1986), citado por Pires (2000, p:349), O sentido vibratório “é uma forma especial do sentido de tacto, o seu estímulo adequado é a energia mecânica oscilatória que é transmitida ao receptor no toque directo com um objecto com oscilação rítmica, ou através de um meio oscilatório, no campo proximal. Nos vertebrados os receptores vibráteis são idênticos aos mecanoceptores”. Muitos insectos (Orthoptera, Blattoidea, etc.) possuem nas tíbias órgãos sensitivos especiais para a percepção de vibrações. Trabalhos de PIRES apontam para uma magnitude de formas de pêlos sensitivos do sentido vibrátil dos Myrmeleonini. Ele advoga que são esses os pêlos que possibilitam a detenção de presa a aproximadamente 15 cm da armadilha como tem vindo a ser divulgado por outros autores A sensibilidade destes órgãos é geralmente extremamente muito elevada, baixo limiar de excitação. Ilustra algumas dessas estruturas sensoriais. Segundo W. DRAXLER BASEADO EM TOPOFF, 1977, em: GEPP & HÖLZEL, (1996) citados por Pires (2000, p:352) “As informações que a formiga-leão obtém do seu meio externo referentes à presa possibilitam a comportamentos típicos conducentes à captura”. 8 No vector de entrada existem ao nível dos receptores diferentes adaptações relacionadas com a percepção de padrões de figuras. Tembrock, (1992) demonstra de modo particularmente interessante, como é que Bufo bufo consegue reconhecer e diferenciar entre presa e predador, apesar de ambos possuírem, basicamente, o mesmo padrão de construção do corpo. As adaptações ocorridas ao nível do vector de entrada visam assegurar duas funções importantes deste vector, nomeadamente a identificação e a localização do objecto funcional: estar orientado significa neste sentido a conjugação de ambas as capacidades. No caso do gato, identificar e localizar o rato (objecto funcional). 1.1.2.2.Função do vector do estado interno As bases fisiológicas para o funcionamento do vector do estado interno são determinadas, por um lado, pelas trocas energéticas e materiais e, por outro lado, pela constituição corpórea (massa e dimensões) que, por sua vez, deduz-se destas trocas energéticas e materiais. Segundo Rosenzweig e Leiman, (1982) “A determinação do vector do estado interno pelas dimensões do corpo, por exemplo, pode ser entendida se observarmos a relação que existe entre a dimensão do corpo e a frequência cardíaca, frequência respiratória ou ainda a emissão de sons”. 1.1.2.2.1.Outros factores constitucionais, que determinam o vector do estado interno O vector do estado interno pode ser determinado por outros diferentes factores, que são: As funções das células nervosas (neurónios) e a condução de impulsos; O Sistema Nervoso Vegetativo (autónomo); O Sistema Nervoso Central; Os mecanismos de regulação endócrina. Analisando estas funções do vector do estado interno, do ponto de vista de processamento de informações, ressaltam os seguintes aspectos biologicamente importantes: Processamento de informações da região do sistema nervoso vegetativo; Processamento de informações do sistema nervoso central: (informações actuais do ambiente; informações dos conteúdos da memória e processamento integrado de informações (actuais e memorizadas); 9 Processamento de informações que se relacionam com o status endócrino do organismo. Estes três campos de funções do vector do estado interno estão coordenados entre si por forma a permitirem um equilíbrio homeostatico do organismo. Para Powers, (1973) “A nossa necessidade de domínio sobre este vector em relação ao comportamento tem duas razões básicas”: Ele é que controla o vector de entrada: o comportamento é o controlo do input do organismo Igualmente, o vector do estado interno regula e comanda o vector de saía, todo o motor, e liga-o às exigências biológicas do corpo. Numa linguagem mais simplificada e resumida, dir-se-ia que o vector do estado interno constitui a ligação entre o vector de entrada e o de saída. Nos mamíferos o córtex do Telencéfalo desenvolveu-se para Neocortex. O Sistema límbico, parte do Telencéfalo, está ligado de modo especial ao Hipotálamo. Na óptica de Jerison, (1973) No Homem as motivações ganharam neste contexto novo ímpeto ao tornarem-se,digamos, independentes e ligados a padrões motores aprendizados. O mesmo processo evolutivo levou ao surgimento de processos comportamentais meramente baseados no pensamento. As aminas biogénicas (Monoaminas) tais como Dopamina, Noradrenalina e Serotonina, têm neste contexto um significado especial. As aminas biogénicas indicadas, aqui, estão relacionadas entre si. Encontram-se mais concentradas em determinadas terminações nervosas e, já foram isoladas de vesículas simpáticas de determinados tecidos nervosos. Pensa-se tratar- se de “neurotransmiters”, neurotransmissores. A Neurohipófise dos vertebrados produz também muitas hormonas, cuja secreção é regulada pelo Hipotálamo. Podemos alistar neste grupo a Oxitocina, cuja secreção durante o parto libera o comportamento de ligação mãe-filho dos mamíferos e actua na actividade de secreção da glândula mamária. As glândulas endócrinas funcionam pelo princípio de feedback. 10 1.1.2.3.Função o vector de saída O vector de saída (output) não deve ser reduzido ao observável, ao mensurável, muito embora, do ponto de vista da Etologia clássica, ele se situa no centro das atenções dos investigadores. O seu nível mais elementar é, por conseguinte, o motor que está relacionado com o funcionamento de proteínas contrácteis, as quais, com excepção de algumas particularidades dos protozoários, são encontradas em todos os animais: é a actina e a miosina. No que concerne às funções do motor, pode-se diferenciar entre a função motora de postura e função motora de movimento. Enquanto isto, existem para o movimento as seguintes bases: Movimento originado pela função de organelos de forma constante, como o que encontramos nos flagelados e ciliados: ondulópodes; Movimento causado por organelos de forma variável: pseudópodes; Movimento através de organelos celulares contrácteis: mionématos; Movimento causado por células musculares dos metazoários. Animais com estas células desenvolveram um esqueleto que pode ser diferente dentro dos metazoários, esqueleto ósseo-muscular. Segundo Birbaumer & Schmidt, (1990) “Os processos fisiológicos relativos/responsáveis ao funcionamento do motor e, com este, do vector de saída referem-se aos seguintes níveis”: Processos biológicos celulares de produção cíclica de energia, maioritariamente sob forma de Adenosina trifosfato (ATP); Processos neurais ligados à oscilações espontâneas que se deixam medir sob forma de potenciais eléctricos das membranas; Processos de transmissão aos motoneuróneos, os quais através de sinapses provocam contracções musculares; Processos neuronais (o.m.q. neurais) complexos, que colocam programas motores (inatos e adquiridos) à disposição de todo um conjunto de actividades comportamentais do organismo. 11 Para Voss & Herrlinger, (1981) “Animais mamíferos possuem, além do que foi dito, outros dois mecanismos motores”: Os chamados Movimentos de correcção, como ajuste às forças perturbadoras do ambiente e do próprio corpo do indivíduo; Os movimentos de coordenação (coordenação com processos de excitação no sistema nervoso vegetativo, execução de movimentos voluntários, cujos impulsos provêm de regiões motores do córtex cerebral). No Homem estes sistemas ganharam nova qualidade com o desenvolvimento da consciência. 1.2.Relações Gerais entre Comportamento e Ambiente Ambiente são todas influências energéticas e materiais que recaem sobre o ser vivo. Dentro dela, apenas o ambiente eficiente é que vai influenciar o organismo. Nós podemos substituir o termo eficiente por eficaz já que se trata da parte do ambiente que é capaz de produzir efeito no organismo, também podemos designá-lo com ambiente directo). O ambiente total é objectivo, existe independente dos sujeitos concretos (organismos). Enquanto isto, o ambiente directo influencia-se reciprocamente com o organismo e os factores actuantes são mais ou menos conhecidos: trata-se do ambiente do indivíduo. Tembrock (1993) “A uma outra classificação do ambiente do organismo toca os chamados ambiente actual e ambiente latente, uma classificação baseada na modalidade de tempo”. 1.2.1.Diferenças do ambiente Schwerdtfeger e Tembrock, (1996), diferenciam entre: Ambiente mínimo: no sentido de nicho ecológico de ELTON (1927), factores ambientais indispensáveis à vida; Ambiente psicológico (ambiente perceptível): aquela parte do ambiente que é perceptível aos órgãos dos sentidos, também chamado de ambiente próprio; Ambiente fisiológico: constituído por todos factores que agem sobre processos fisiológicos; Ambiente ecológico: complexo de todas influências ambientais directas ou indirectamente mensuráveis, geralmente caracterizado pelo biótopo e sua biocenose; 12 Ambiente cósmico: relaciona-se com as influências cósmicas sobre o organismo. 1.2.2.A relação organismo-ambiente Para que a relação organismo-ambiente exista, é preciso que o organismo tenha capacidade de ligar-se com ele. Nesta base, nós partimos do pressuposto de que existem basicamente duas formas de relacionamento do organismo com o seu ambiente: Relação material-energética, que também pode chamar-se ligação não informativa, já que ela segue suas regras e princípios que são independentes dos exterorreceptores, mas com um controle por eles. É a ligação com o ambiente que estabelece a troca de materiais do organismo. O outro termo usual é conexão; Relação informativa, uma ligação que se desenrola sobre os exterorreceptores e é parte integrante do processo de troca de informações. Por outras palavras pode sumarizar-se pelo conceito informação. Em curtas palavras, conexão refere-se à trocas materiais e energéticas e informação está para o fluxo recíproco de informações entre o organismo e o ambiente. Deste modo, descrevemos já a troca energético-material e informativa entre o organismo e o ambiente. 1.2.3.Diferenças do ambiente tendo em conta o comportamento Em Biologia do Comportamento é importante estabelecer diferenciação dos ambientes que, do ponto de vista do comportamento, que são a seguir: Ambiente não informativo: influências ambientais materiais (conectivas) como pressuposto para a troca energético-material do organismo; Ambiente informativo: influências ambientais informativas como pressuposto para a troca de informações e para a estrutura interactiva organismo-ambiente a ela relacionada. Ainda diferencia-se em três outros sistemas referenciais: Ambiente próprio, Ambiente estranho ou externo (Ecossistema e Sistema populacional). 1.3.Vectores do comportamento No comportamento como um processo de troca de informações nós distinguimos, conforme já se fez referência, três momentos diferentes: 13 A entrada ou recepção de estímulos; O processamento de estímulos; e A resposta ou reacção do organismo aos estímulos que recai sobre o ambiente, este ambiente pode ser o próprio corpo do organismo. Numa descrição de modelo diríamos imput para a recepção e output para a saída de informações que vão recair sobre o ambiente. Também são empregues designações tais como: vector de entrada ou comportamento de entrada e vector de saída ou comportamento de saída. O nível de processamento de informações constitui o que se chama de vector do estado interno ou comportamento de estado interno do organismo. 1.3.1.Os níveis de vector de comportamento 1.3.1.1.Comportamento de entrada (Inglês, behavioural imput) Resulta da recepção e pré-processamento de informações através dos extero-receptores (ou melhor exteroceptores), i.e., pelos órgãos dos sentidos, que respondem a estímulos ambientais e que no seu conjunto são denominados na Fisiologia de sistema aferente. O processo referido aqui pode ser sumarizado pelo conceito “messagem”. Isto significa que quando a informação é recebida e pré-processada forma-se uma mensagem. 1.3.1.2.Comportamentode estado interno Uma vez recebidas as informações e pré-processadas, elas podem ser levadas a uma instância superior que as processará centralmente, comparando-as com outras anteriormente armazenadas. Aqui, falamos do comportamento de estado interno (Inglês, internal state behaviour). Resulta da interacção de formas de estado interno (status) com funções corpóreas vegetativas e autónomas. Fazem parte deste vector as motivações, as emoções, o nível de activação, cuja dinâmica é determinada pelo sistema nervoso e pelo sistema hormonal. 1.3.1.3.Comportamento de saída (Inglês, behavioural output) O seguinte vector é o que se encontra no centro das atenções da Etologia clássica, muitas vezes traduzido pelo motor, secreções glandulares, mudança de cores, descargas eléctricas, emissão de sons, etc. Trata-se do vector de saída ou comportamento de saída, também conhecido. Em jeito de definição, diríamos: é o vector que resulta de processos organísmicos 14 que recaem sobre o ambiente. Estes processos são regulados e dirigidos a partir do vector do estado interno, pelo SNC e por instâncias humorais. Segundo Baerend et al., (1955), apud Frank, (1984) citados por Pires (2000) “Para os funcionamentos de cada vector do comportamento existem pressupostos fisiológicos, os quais sempre funcionam como um todo”. 1.3.2.Os principais aspectos de vector de comportamento 1.3.2.1.Vector de entrada Esta última instância influência também a recepção de informação, mais ou menos no sentido: o que, como deve ser visto, ouvido, cheirado, etc. Tal influência refere-se a: Disponibilidade de cada tipo de receptor; Propriedade de actividade de cada tipo de receptor envolvido; Propriedade da actividade do sistema nervoso; Status interno (tipo de comportamento de estado interno); Na Fisiologia, o resultado deste processo é descrito pelo conceito “percepção”. Estímulo (Inglês, stimulus) define-se, de modo geral, como sendo o estado energético ou mudança de estado no ambiente ou no organismo que conduz ou leva à excitação ao nível do receptor, ou então ele vai modular uma excitação já existente. De acordo com a forma de energia, os estímulos podem ser classificados em estímulos mecânicos, térmicos, químicos, ópticos, acústicos, eléctricos e magnéticos. Para que a excitação seja produzida, será necessário que o estímulo esteja dotado de energia mínima, o que traduz o “princípio de tudo ou nada” da Fisiologia, sendo este limiar energético menor para estímulos adequados e maior para os inadequados. À estímulos inadequados os receptores não reagem, ou então fazem-no quando demonstram elevada intensidade. Estímulo-chave representa uma combinação de diferentes estímulos ambientais, que de modo inato, i.e., sem intervenção da experiência individual, libera e direcciona uma acção instintiva (mecanismo libertador inato). Muitas vezes participam na liberação de acções instintivas e de comportamentos complexos não apenas estímulos isolados, mas sim uma combinação destes, que na linguagem etológica chama-se constelação de estímulos. 15 Um mecanismo libertador inacto corresponde a um sistema de filtração e armazenamento fixo no genoma e que responde à determinado estímulo-chave de modo específico sem intervenção da experiência. Por outras palavras, o estímulo é relacionado à uma determinada reacção independentemente da experiência do indivíduo (neste sentido, experiência é o mesmo que aprendizagem). Se os estímulos libertadores devem ser aprendidos, então está-se perante um mecanismo libertador adquirido (MLA). Quanto ao funcionamento dos mecanismos libertadores sabe-se muito pouco. 1.3.2.2.Vector do estado interno O vector do estado interno processa e armazena informações. Ele dispõe ainda de um reservatório de informações baseadas nas condições genéticas de cada espécie, é a chamada memória filogenética que no fundo condiciona as chamadas reacções instintivas. Biologicamente, ele comporta as seguintes componentes importantes: Sistema nervoso, por vezes dividido em central e vegetativo, Sistemas neuro-secretor e humoral com vasos sanguíneos a intermediarem como meio, Unidades autónomas de regulação do funcionamento de aparelhos e órgãos internos vitais (actividade respiratória, actividade cardíaca, etc.). 1.3.2.2.1.As propriedades e capacidades do vector do estado interno Sob o ponto de vista biocomportamental, os conceitos mais relevantes relacionados com as propriedades e capacidades deste vector são: Motivações (impulsos, predisposições para comportamento), Emoções, Vigilância ou nível de activação (Inglês, arousal), Estado motor que pode ser activo ou dinâmico e inactivo ou estático. 16 Em seguida vão alguns detalhes importantes sobre o funcionamento do vector do estado interno em relação aos outros dois (de entrada e de saída). 1.3.2.2.2.As três sob formas básicas diferenciadas entre si O vector do estado interno pode apresentar-se sob três formas básicas entre si diferentes, mas que espelham uma linha evolutiva. 1.3.2.3.Comportamento de estado interno induzido As informações que chegam provenientes do vector de entrada induzem a um determinado estado interno que, depois, é traduzido em comportamentos de saída. Numa formulação mais simples: o comportamento externo é ditado tão somente pelo vector de entrada. A presença de um predador libera fuga em qualquer presa. Este é, por assim dizer, um exemplo muito clássico. Mas a apetência para predação pode associar-se a vários outros factores, o que nos leva a não incluir este comportamento dentro desta categoria de comportamento de estado interno. A apetência entra na segunda categoria. 1.3.2.4.Comportamento de estado interno integrado Para Tembrock (1986) “Na determinação do comportamento de saída participam de igual modo o vector de entrada e o status interno do organismo”. 1.3.2.5.Comportamento de estado interno livre Sozinho o status interno do organismo determina o comportamento de saída. Fazem parte desta categoria todos comportamentos espontâneos, de motivação interna, como a agressão. 17 Conclusão Neurologia é um campo multidisciplinar composto pela neurobiologia e pela etologia. É preciso lembrar que o vector do estado interno influência, na sua actividade, tanto o vector de entrada, quanto o de saída. O gato, neste exemplo, recebe mais ruídos ambientais enquanto estiver a procura do rato. Assim que ele tiver já avistado o rato, a maior parte dos ruídos passam-lhe despercebidos. Neste exemplo está claro que a instância seguinte à da fase de procura bloqueia a primeira. Isto assegura que ao nível do vector de entrada o gato não se ocupe mais de estímulos irrelevantes. Assim, uma mosca e um sapo possuem ambientes diferentes, mesmo que habitem o mesmo biótipo. Dizendo isto por outras palavras, pode-se afirmar que os diferentes ambientes resultam das diferenças na percepção dos organismos relativamente aos factores que actuam sobre os mesmos. Uma cobra, por exemplo, consegue detectar gradientes de temperatura extremamente baixos do que o sapo, o que lhe permite capturar o sapo como presa. Uma vez que o sapo está desprovido desta capacidade sensorial, ele não possui o mesmo ambiente da cobra. Em outras palavras, os dois organismos ocupam nichos ecológicos diferentes. Do mesmo modo, o girino subordina-se à outras condições ambientais do que a rã adulta. Ora, isto justifica igualmente a evolução ontogenética do comportamento, em que muitas vezes chega-se a pressão total dos comportamentos observados na fase juvenil. Tratando-se, de facto, de comportamentos inatos, o organismo demonstra-os certamente na fase juvenil, mas executa-os de modo incerto e incipiente. https://pt.wikipedia.org/wiki/Neurobiologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Etologia 18 Referência bibliográficaBIRBAUMER, Niels e SCHMIDT, Robert F. Biologische psychologie, edição 2, editora: Springer, 1990. EWERT, P. Neuroethology. Springer-Verlag. New York. 1980 JERISON, Harry J. Evolution of the Brain and Intelligence. Academic Press, New York, 1973. PIRES, Cristiano: Biologia de Comportamento. Editora Escolar, Maputo, 2000. POWERS, William T. Behavior: The Control of Perceptions. Chicago: Aldine Publishing Co., 1973. ROSENZWEIG, Mark R. & LEIMAN, Arnold L. Physiological Psychology ed. Ilustrada. Editora: D.C. Heath, 1982. TEMBROCK, Günter. Biologia de comportamento. Berlin,1992. VOSS, Hermam & Herrlinger, Robert. Taschenbuch der Anatomie. Jena, 1981. https://www.dicyt.com/noticia/estudo-do-comportamento-animal-ajuda-a-entender-funcoes- do-sistema-nervoso. https://www.dicyt.com/noticia/estudo-do-comportamento-animal-ajuda-a-entender-funcoes-do-sistema-nervoso https://www.dicyt.com/noticia/estudo-do-comportamento-animal-ajuda-a-entender-funcoes-do-sistema-nervoso 1.Bases Fisiológicas do Comportamento Neuroetologia (Sistema Nervoso & Comportamento) 1.1.1.Os mecanismos de direcção e regulação de processos no organismo animal 1.1.2.Divisão do comportamento quanto aos níveis de vectores 1.1.2.1.Função do vector de entrada 1.1.2.2.Função do vector do estado interno 1.1.2.3.Função o vector de saída 1.2.Relações Gerais entre Comportamento e Ambiente 1.2.1.Diferenças do ambiente 1.2.2.A relação organismo-ambiente 1.2.3.Diferenças do ambiente tendo em conta o comportamento 1.3.Vectores do comportamento 1.3.1.Os níveis de vector de comportamento 1.3.1.1.Comportamento de entrada (Inglês, behavioural imput) 1.3.1.2.Comportamento de estado interno 1.3.1.3.Comportamento de saída (Inglês, behavioural output) 1.3.2.Os principais aspectos de vector de comportamento 1.3.2.1.Vector de entrada 1.3.2.2.Vector do estado interno 1.3.2.2.1.As propriedades e capacidades do vector do estado interno 1.3.2.2.2.As três sob formas básicas diferenciadas entre si 1.3.2.3.Comportamento de estado interno induzido 1.3.2.4.Comportamento de estado interno integrado 1.3.2.5.Comportamento de estado interno livre Referência bibliográfica JERISON, Harry J. Evolution of the Brain and Intelligence. Academic Press, New York, 1973.