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TRABALHO-CRIMES CONTRA A ORGANIZACAO DO TRABALHO

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
Disciplina: Crimes (Da Organização do Trabalho à Administração Pública)
	Docente: Marcelo Trindade Veloso
Discente: Leonardo Soares da Costa
Matrícula: 1210200307
CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
RESUMO
O presente trabalho busca analisar a luz do Direito Penal os crimes relativos a organização do trabalho, estes crimes estão previstos nos artigos 197 a 207, do Título IV do Código Penal, trata-se de pesquisa bibliográfica e documental, de cunho exploratório e qualitativo, a investigação aborda de forma abreviada o tema, tendo em vista a limitação a poucas laudas, contudo, de forma eficiente e eficaz na interpretação da forma em que os crimes dos arts. 197 a 207, do CP são interpretados e como se dá sua aplicação no ordenamento jurídico, no sentido de expor com fundamentação, as disposições previstas em acerca de cada um desses artigo, bem como as sanções aplicada aos agentes que cometem as condutas tipificadas.
1. Introdução
Os crimes contra a organização do trabalho visam proteger os direitos individuais e coletivos de trabalho, e vai além disso, de forma a também contribuir a organização do trabalho em si, a ser de forma suscinta uma organização das organizações trabalhistas para a coletividade como um todo. 
— V. arts. 47 a 49 do Dec.-lei n. 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais).
— V. art. 4a da Lei n. 7.716/89 (crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor).
— V. art. 82, III, da Lei n. 7.853/89 (apoio às pessoas portadoras de deficiências).
Infere-se, portanto, que se estes crimes atingem direitos coletivos, a competência para julgá-los é da Justiça Federal, no entanto, em caso de crime cometido seja atingido interesse individual de um trabalhador, a competência é estadual. O referido crime é um crime comum, diante disso, não possui sujeito específico para praticá-lo. 
Tais crimes estão previstos entre os arts. 197 a 207 do CP, em seu Título IV, para o jurista penalista, Rogério Grecco, Ex-Procurador de Justiça do Estado de Minas Gerais. Para o doutrinador, a competência de julgar os crimes contra a organização do trabalho é Federal, visto que a proteção do trabalhador tem base constitucional, fundamentando-se no Capítulo II (Dos Direitos Sociais), que está contido no Título II (que trata dos direitos e garantias fundamentais), completando que a previsão contida na Constituição Federal de 1988 em seu art.109, VI, que a competência para o julgamento de crimes contra a organização do trabalho é Federal. 
“A proteção aos trabalhadores também encontra amparo constitucional, conforme se verifica no Capítulo II (Dos Direitos Sociais), contido no Título II, que diz respeito aos direitos e garantias fundamentais. De acordo com o art. 109, VI, de nossa Lei Maior, a competência para o julgamento dos crimes contra a organização do trabalho seria da Justiça Federal”.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Vol. 3 e 4. Rio de Janeiro: Impetus, 2009.
Logo, verifica-se que o crime é comum, contudo, podendo este ser julgado tanto na Justiça Federal quanto na Estadual, conforme explicado acima e posicionamento doutrinário que demonstra o amparo constitucional da proteção aos trabalhadores. Em conformidade, Cleber Masson, em seu livro “ Código Penal Comentado” exemplifica a atração da competência Federal no crime de redução análoga a escravidão previsto no Art. 149 do CP, citando o entendimento do STF e STJ como se pode verificar. 
	“a	Constituição	lhes	confere	proteção máxima,	são	enquadráveis	na	categoria	dos	crimes	contra	a	organização	do	trabalho,	se	praticadas no	contexto	das	relações	de	trabalho.	Nesses	casos,	a	prática	do	crime	prevista	no	art.	149	do Código	Penal	(redução	à	condição	análoga	a	de	escravo)	se	caracteriza	como	crime	contra	a organização	do	trabalho,	de	modo	a	atrair	a	competência	da	Justiça	Federal	(art.	109,	VI	da Constituição)	para	processá-lo	e	julgá-lo.	Recurso	extraordinário	conhecido	e	provido”	(STF:	RE 398.041/PA,	Rel.	Min.	Joaquim	Barbosa,	Pleno,	j.	30.11.2006).	No	mesmo	sentido:	STF:	ADI- MC	3.684/DF,	Rel.	Min.	Cezar	Peluso,	Pleno,	j.	1º.02.2007;	STF:	RE	541.627/PA,	Rel.	Min.	Ellen Gracie,	2ª	Turma,	j.	14.10.2008;	RE	588.332/SP,	Rel.	Min.	Ellen	Gracie,	2ª	Turma,	j.	31.03.2009”.
Masson, Cleber, Código Penal Comentado,p 788, 2º Ed. Editora Método, São Paulo, 2014.
No mesmo sentido o entendimento do STJ no HC	26.832/TO :
“STJ:	HC	26.832/TO,	Rel.	Min.	José	Arnaldo	da	Fonseca,	5ª	Turma,	j.	16.12.2004;	CC	95.707/	TO, Rel.	Min.	Maria	Thereza	de	Assis	Moura,	3ª	Seção,	j.	11.02.2009;	HC	103.568/PA,	Rel.	Min. Laurita	Vaz,	5ª	Turma,	j.	18.09.2008;	e	AgRg	no	CC	64.067/MG,	Rel.	Min.	Og	Fernandes,	3ª Seção,	j.	27.08.2008.”
Masson, Cleber, Código Penal Comentado,p 788, 2º Ed. Editora Método, São Paulo, 2014.
2. ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE TRABALHO – Art. 197, I e II do CP
O art. 197, caput, tipifica o atentado contra a liberdade de forma a compreender que o mesmo tem sua consumação quando a vítima constrangida, exerce ou deixa de exercer arte, ofício, profissão ou indústria. Trabalhar, ou não, durante certo período ou em determinados dias efetivamente, abre ou fecha o seu estabelecimento de trabalho, participa de parede ou paralisação de atividade econômica. Com as respectivas penas Art.197, I, do CP (Pena-detenção de 01 (um) mês a 1 (um) ano e multa, além da correspondente à violência; Art.197, II, do CP - Pena de 03(três) meses a 1 (um) ano e multa, além da correspondente à violência).
— V. arts. 722 a 725 da CLT (lockout).
— V. Lei n. 7.783/89 (direito de greve).
· Objeto jurídico: trata-se da liberdade de trabalho garantida pela CRFB/88 a qualquer pessoa.
· Objeto material: a pessoa que suporta a conduta criminosa praticada.
Núcleo do tipo: neste crime é “constranger", que obriga a vítima a realizar ou ser privada de realizar determinada coisa contra sua vontade, retirando sua liberdade de autodeterminação. Figurando também como crime de constrangimento ilegal em especial quando lesivo da liberdade de trabalho.Os meios de execução são a “violência” que se desenvolve através do emprego de força física para vencer uma resistência, de modo a aplicar sobre a pessoa (vítima) para cercea-lhe a faculdade de portar de acordo com sua vontade. A“ameaça”,é tratada como a violência moral, praticada por meio da intimidação da pessoa (palavras, escritos gestos ou meios semelhantes) dando a intenção de lhe causar no momento em que ocorre, ou em momento oportuno, um mal relevante. Há também a grave ameaça, que se reconhece como uma provocação de dano grave, com possível realização. Prescinde da injustiça do mal prometido. Vale ressaltar que a mesma ainda se divide em direta e indireta, sendo a primeira de forma clara e objetiva, quanto a segunda o mal tem como destinatário terceiros, em relação ao qual aquele que é coagido ligado por laços de afeto como parentesco, amizade, entre outros que podem ocorrer. 
A violência imprópria não caracteriza delito. Com o emprego da violência ou grave ameaça, objetiva o agente constranger o ofendido a uma das quatro situações previstas no art. 197. I, primeira parte, segunda parte e II, primeira e segunda parte. 
· Art.197, I do CP (primeira parte): exercer ou não arte, ofício, profissão ou indústria. Verifica-se que o verbo “exercer" está ligado ao fato de desempenhar ou praticar com habitualidade em relação a arte, ofício, profissão ou indústria, logo, abrangendo todas as formas de atividade econômica. Contudo, CP disciplina apenas as atividades que são exercidas por particulares, o que implica dizer, que nas hipóteses de ofensas as funções públicas há regras específicas. 
· Art. 197, I do CP (segunda parte): Trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias. Trata-se de ofensa a habitualidade do exercício do trabalho dee forma habitual. 
· Art. 197, II do CP (primeira parte): Abrir ou fechar seu estabelecimento de trabalho. O estabelecimento de trabalho industrial, comercial ou agrícola. É qualquer local, fechado ou aberto, onde alguém desempenha atividade econômica, nãoimportando o constrangimento for para abrir ou fechar o estabelecimento comercial. Onde na primeira hipótese, o mesmo pode ter sido fechado pelo próprio dono por qualquer causa. Na segunda hipótese, este é obrigado a interromper sua atividade em virtude do constrangimento. 
· Art. 197, II do CP (segunda parte): Participar de parede ou paralisação de atividade econômica. A expressão “parede" refere-se ao abandono de forma coletiva do trabalho por parte de algum estabelecimento ou empresa industrial, comercial ou agrícola. Sendo o termo uma substituição da palavra “greve", visto que a finalidade imediata da coação é forçar o sujeito passivo à “participação da parede”. A greve tem sua previsão legal na Lei n⁰ 7.783/1989. A paralisação, por sua vez, deve ser pacífica, de maneira a está vedada o uso de qualquer forma de constrangimento promovido pelos grevistas de modo a convencer a outrem a participação do movimento contra a sua vontade. Destarte, não deve ser confundido o delito com a participação voluntária em parede sucedida de violência (CP, art. 200). Paralisação de atividade econômica é a compreendida por ser a cessação de forma temporária ou definitiva. Pressupõe-se, portanto, que é atividade econômica desenvolvida por uma pluralidade de pessoas. 
1. Sujeito ativo: qualquer pessoa;
2. Sujeito passivo: qualquer pessoa na condição de trabalhador, podendo ser patrão ou empregado. 
3. Elemento subjetivo: é o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não é admitido a modalidade culposa do delito. 
4. Consumação: Consuma-se com a efetivação do resultado tipificado pela lei, ou seja, no momento em que a pessoa de forma clara efetiva o constrangimento a vítima, com emprego de violência ou grave ameaça. Nos outros casos, exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria; trabalhar ou não certo período ou em determinados dias; abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho; ou participar de parede ou paralisação de atividade econômica. É um crime permanente. 
5. Tentativa: admite-se a tentativa, pois é possível que ocorra que o agente execute apenas os meios executórios.
6. Ação penal: Pública incondicionada, em todas as espécies do crime. 
7. Juizados Especiais Criminais, Lei n⁰ 9.099/95: Sendo infração de menor potencial ofensivo, é compatível com a transação penal, com a suspensão condicional do processo e com o rito sumaríssimo, na forma prevista da referida lei. 
8. Concurso material obrigatório: Tanto no inciso I quanto no II do supracitado artigo, suporta a pena cominada ao atentado contra a liberdade de trabalho, sem prejuízo da pena correspondente ao crime provocado pela violência. 
2.1 ATENTADO CONTRA A LIBERDADE DE CONTRATRO DE TRABALHO E BOICOTAGEM VIOLENTA – Art. 198 do CP
Em seu art. 198, o Código Penal demonstra que há dois crimes distintos: o atentado contra a liberdade de trabalho e a boicotagem. Em qualquer uma das hipóteses, a pena é de detenção de 1 (um) mês a 1 (um) ano, além da pena correspondente a violência. 
· Objeto jurídico: é a liberdade de trabalho.
· Objeto material: o sujeito passivo a qual recai a conduta criminosa.
· Núcleo do tipo: é “constranger”, podendo ser também com violência ou grave ameaça, sendo relevante o que foi dito no que se refere ao crime de atentado contra a liberdade de trabalho (art.197, do CP). Depois do constrangimento, surgem os dois crimes distintos: o atentado contra a liberdade de trabalho, previsto na primeira parte e a boicotagem violenta na segunda parte.
A) Atentado contra a liberdade de contrato trabalho
Observando-se a norma, é possível verificar que se trata de normal penal em branco, ao passo que na interpretação da lei a ausência ou omissão da palavra “ou não” depois do verbo “celebrar”. De maneira em que pese de igual gravidade o constrangimento da vítima seja para celebrar ou não celebrar contrato de trabalho. Infere-se, portanto, como não é possível a admissão da analogia in malam partem no Direito Penal, o constrangimento para não celebrar contrato de trabalho só poderá ser enquadrado no art. 197, I, no art. 203 (frustração de direito assegurado por lei trabalhista), ou no art. 146 (constrangimento ilegal), todos do Código Penal.
 B) Boicotagem violenta
A boicotagem violenta trata-se de isolamento econômico da vítima, de modo violento, no sentido de obrigar a vítima a não fornecer, ou não adquirir de alguém matéria-prima, produto industrial ou agrícola, ainda podendo ser praticada contra uma empresa ou produto específico. Neste caso, o ostracismo econômico, a pessoa atingida pela boicotagem se ver sem saída a não ser cessar sua atividade, ao passo que ninguém a fornece os produtos indispensáveis ao funcionamento de sua atividade, e, nem lhe adquirem produtos. O fato é compreendido como lesivo a normalidade econômica, entretanto, a lei penal somente o incrimina quando praticado mediante violência, física ou moral, seja contra os fornecedores, adquirentes ou o próprio boicotado. Aqueles que são forçados à boicotagem a outrem, são entendidos como sendo meramente instrumentos passivos e vítimas do crime, não podem ser confundidos como agentes.
· Sujeito ativo: qualquer pessoa.
· Sujeito passivo: qualquer pessoa. O constrangimento, quando praticado mesmo que contra mais de uma pessoa é interpretado como único, salvo quanto aos resultados decorrentes da violência, que constituem tantos crimes quantos são os ofendidos.
· Elemento subjetivo: é o dolo, sem qualquer finalidade específica. É indiferente a razão que leva o sujeito a agir. Não se admite a modalidade culposa.
· Consumação: a) no atentado contra a liberdade do trabalho se dá com a efetiva celebração do contrato de trabalho, materializado a conduta do agente. O delíto é instatâneo; b) na boicotagem violenta consuma-se quando há a abstenção ao fornecimento ou aquisição de matéria-prima, produto industrial ou agrícola (crime material). Cuida-se de crime permanente. 
· Tentativa: é admitida, qualquer que seja o crime. 
· Ação Penal: ação penal pública incondicionada, tanto na boicotagem quanto no atentado contra a liberdade de contrato de trabalho.
· Juizados Especiais Criminais (Lei n° 9.099/1995): como sendo as infrações penais de menor potencial ofensivo, adequando-se ao procedimento do rito sumaríssimo para a propositura da ação penal, ao passo que se tornam compatíveis com a transação penal, com a suspensão condicional do processo.
· Concurso material obrigatório: Em qualquer das hipóteses o agente responde pelo crime do art.198 do CP, além da pena correspondente à violência.
2.2 ATENATADO CONTRA A LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO – Art. 202 do CP
Previsto no art. 199, do CP e tem como principal núcleo da execução o constrangimento, pautada de violência ou mesmo com a grave ameaça com o escopo de força a participação da vítima a determinado sindicato ou associação profissional. A CF/88 em seu art.5°, VII E 8°,v, assegura a liberdade de associação a todas as pessoas, no que se refere a liberdade sindical e de associação, representam pressuposto de um Estado Democrático de Direito. O art. 199 do CP, visa a proteção da liberdade associativa. Tendo como objeto material a pessoa que incide sobre a conduta tipificada, admitindo a possibilidade da tentativa e a ação cabível é pública incondicionada. 
2.3 PARALISAÇÃO DE TRABALHO, SEGUIDA DE VIOLÊNCIA OU PERTUBAÇÃO DA ORDEM – Art. 200 do CP
Trata-se de greve promovida pelo próprio dono de negócio ou “lockout” como é conhecida, sendo praticado o abandono de trabalho pelos empregadores. Exige-se uma pluralidade de pessoas, conforme prevê o parágrafo único do artigo em comento. A consumação é completa com a prática pelo empregador, pelo empregado, durante o lockout ou greve promovida de forma ilícita pelos empregados, ou ato violento contra pessoa ou coisa. Admite tentativa, a ação é pública incondicionada. 
2.4 PARALISAÇÃO DE TRABALHO DE INTERESSE COLETIVO – Art. 201 do CP
O art. 201 do CP, é direcionado aos crimes que ocorrem durante a greve promovida por empregados. O art. 9, § 1°da CF/88 que foi regulamentadopelo Lei nº 7.783/89 (Lei de Greve), o direito de greve é assegurado para atividades tanto essenciais como não essenciais, definidas no art. 10 da referida lei. No curso da greve, os crimes cometidos, serão apurados, serão apurados conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal. E deverá o Ministério Público, de ofício, requisitar a instauração de inquérito e oferecer a denúncia quando houver indício de prática de delito (art. 15, parágrafo único da Lei 7,783/89). O bem jurídico tutelado na situação fática é o “interesse social na manutenção das obras públicas ou serviços de interesse coletivo” e o objeto material em si é o trabalho paralisado em decorrência de suspensão ou abandono coletivo. Admite-se a possibilidade da tentativa e ação penal é pública incondicionada.
2.5 INVASÃO DE ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL, COMERCIAL OU AGRÍCOLA - SABOTAGEM. Art. 202 do CP
O artigo em comento trata a prática de dois crimes, sendo o primeiro a invasão do estabelecimento, podendo ser comercial, agrícola ou industrial e a sabotagem, podendo ter como se trata de crime comum podendo ter qualquer pessoa como sujeito ativo, o lesado no caso é o proprietário do estabelecimento, não se admite a modalidade culposa, importante ressaltar que se exige um desígnio especial no agir do agente que é representado com a expressão “no intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho”. Possibilidade de modalidade tentada é admitida e ação cabível pública incondicionada.
2.6. FRUSTRAÇÃO DE DIREITO ASSEGURADO POR LEI TRABALHISTA- Art. 203 do CP
Neste artigo o Código Penal, tratou de criar uma “normal penal em branco homogênea”, é imprescindível analisar a legislação trabalhista de modo que seja notável a relação de todos os direitos assegurados aos trabalhadores de uma forma geral. Ademais, na CF/88 ainda há uma gama de direitos trabalhistas que devem ser levados em consideração, em especial em seu artigo 7°, os quais muitos já foram ou devem ser regulamentados pela legislação ordinária. Ação penal cabível é pública incondicionada, admitindo-se a tentativa. 
2.7 FRUSTRAÇÃO DE LEI SOBRE A NACIONALIZAÇÃO DO TRABALHO – Art. 204 do CP
O crime tem sua base legal originária do art.153. da Constituição Federal de 1973, onde a previsão do referido artigo estava no capítulo referente Ordem Econômica, a fixação de porcentagens de empregados brasileiros nos serviços públicos dados em concessão e nos estabelecimentos de determinados ramos tanto comercial como industrial. Nesse sentido, verifica-se que a norma penal tutela o interesse da nacionalização do trabalho, de forma que assegura aos brasileiros maiores condições no mercado de trabalho na competição relativa aos estrangeiros. Todavia, nos arts.352 a 371 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, estabelece as regras em relação a nacionalização do trabalho, logo, a norma penal sendo interpretada como norma penal em branco homogênea. O objeto material é a celebração de contratos laborais em desconformidade com as regras de nacionalização do trabalho. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, por outro lado, o sujeito passivo é próprio Estado, não há o que se falar em modalidade culposa neste crime, visto que não é exigível finalidade específica, o mesmo se consuma no momento que é possível notar a frustração em que o empregador abriga um número superior de estrangeiros do que o legalmente permitido. Ação penal deste crime é pública incondicionada.
2.8 EXERCER ATIVIDADE QUE ESTÁ IMPEDIDO POR DECISÃO ADMINISTRATIVA- Art. 205 do CP
Trata-se de crime cujo o objeto jurídico é o interesse estatal no cumprimento de suas decisões referentes ao exercício de atividades trabalhistas. O art. 5°, XIII da CF/88, dispõe sobre a decisão administrativa a ser respeitada. Por outro lado, o objeto material em si é atividade exercida que por decisão administrativa por quem se encontra impedido de exercer. Diante da especificação, é notável que é um crime próprio, visto que só pode ser praticado por quem está impedido administrativamente de exercer determinada atividade. Não cabe a tentativa, pois tratando de crime permanente de como que sua consumação ocorre reiteradamente enquanto o agente executa a atividade ao qual é impedido de exercer, esgotando-se com a suspensão da atividade, sem previsão de resultado naturalístico. Ação penal pública incondicionada, vale ressaltar a competência que é da Justiça Estadual, visto que não trata de crime de interesse coletivo do trabalho. Compete a Justiça Federal julgar o crime em comento nos seguintes casos: quando for praticado em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, nos termos do art.109, IV da CF/88.
2.9 ALICIAMENTO PARA O FIM DE EMIGRAÇÃO – Art. 206 do CP
No crime de aliciamento para o fim de emigração, observa-se que o objeto jurídico tutelado é o interesse do Estado em manter seus trabalhadores, sua mão de obra nacional em seu território. Diante disso, torna-se a pessoa recrutada mediante fraude o objeto material do tipo penal, sendo um crime comum, qualquer pessoa pode cometê-lo, tendo como sujeito passivo o Estado, e, mediante, os trabalhadores serem recrutados por meio de fraude. Não se admite a forma culposa, imprescindível o fim de agir do agente. Consumação, tratando-se de crimes formal, isto é, que possui seu resultado cortado ou de consumação antecipa, consumando-se com o recrutamento mediante fraude, sendo dispensável a efetiva saída do obreiro do território nacional. Possível a admissão de tentativa e sua ação é pública incondicionada. 
3.0 ALICIAMENTO DE TRABALHADORES DE UM LOCAL PARA OUTRO DO TERRITÓRIO NACIONAL – Art. 207 e §§ do CP.
Embora o título seja meramente reprodução do art. 206 do Código Penal, este tipo difere-se de modo que seus atos são praticados mediante a simples atividade de “aliciar”, mesmo que seja com promessas verdadeiras de melhores salários e condições mais benéficas de vida. Percebe-se que a finalidade é a preservação do trabalhador em seu local de origem. No tocante a pessoa ao objeto material, é em suma, a pessoa aliciada pela conduta criminosa. Com a previsão de admissão da modalidade culposa, o crime quando cometido com dolo, deve ser adicionado com a expressão especial “com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional”. Consuma-se com o simples aliciamento juntamente com a real transferência de localidade do trabalhador, sendo admitida a forma tentada, o crime é de ação penal pública incondicionada. Compete ainda, nos termos do art. 109, VI da CF/88 o julgamento do crime em estudo. Nos parágrafos primeiro (FIGURA EQUIPARADA) e segundo (CAUSAS DE AUMENTO DE PENA), ambos trazendo formas de reprimir o crime quando cometido de forma mais cruel, o § 1° do art. 207, incluído pela Lei n° 9.777/1998, é referente quando além da promessa do empregador, este se omite em assegura condições de retorno do trabalhador ao seu local de origem. No § 2° do art. 207 do CP, trata-se do aumento de pena quando o crime é praticado contra menores de dezoito anos, gestantes, indígenas ou pessoas com deficiência física ou mental (o empregador toma proveito da condição vulnerável da vítima, com pouca ou de forma reduzida a capacidade de discernimento ou resistência da vítima), o que justifica o aumento da pena.
 
Portanto, no estudo dos crimes contra a organização do trabalho é notaria a preocupação estatal com o trabalhador brasileiro diante das inúmeras situações que pode este se deparar frente ao empregado. Infere-se que, não bastando apenas as regras contidas na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT para assegura a segurança jurídica a população trabalhadora do país, de modo que o Código Penal nos Artigos em comento traz as sanções mais justas possíveis para aqueles que optam por descumprir com as regras protetoras do trabalhador e do trabalho como um todo. 
Referências
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Vol. 3 e 4. Rio de Janeiro: Impetus, 2009.
Masson, Cleber, Código Penal Comentado, 2º Ed. Editora Método,São Paulo, 2014.

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