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DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto DEFINIR: PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA, SAZONALIDADE, SURTO, EPIDEMIA, ENDEMIA, PANDEMIA. Prevalência Termo descritivo da força com que subsistem as doenças nas coletividades, um indicador de morbidade, portanto. A medida mais simples de prevalência é a frequência absoluta dos casos de doenças. A taxa de prevalência constitui uma medida que permite estimar e comparar, no tempo e no espaço, a ocorrência de uma dada doença em relação a variáveis referentes à população: idade ou grupo etário, sexo, ocupação, etnia, entre outras. Operacionalmente, a taxa de prevalência pode ser definida como a relação entre o número de casos conhecidos de uma dada doença e a população, multiplicando-se o resultado pela base referencial da população, expressa usualmente como potência de 10 (ou 10"), ou seja: 1.000 (%0), 10.000 (%00) ou 100.000 (%000). A expressão "nº de casos conhecidos de uma dada doença compreende os casos que subsistem, bem como inclui a soma de todos os "casos novos" diagnosticados desde a data da computação anterior. expressa o numero de casos existentes de uma doença, em um dado momento. Incidência A incidência de doenças em uma população P significa a ocorrência de casos novos relacionados à unidade de intervalo de tempo, dia, semana, mês ou ano. Assim, as expressões "três casos novos por dia ou "300 por ano" são relações que expressam incidência, ou seja, a intensidade com que estão surgindo novos doentes, seja por dia, seja por ano, em uma determinada comunidade. Operacionalmente, a taxa de incidência é definida como a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em um intervalo de tempo determinado, numa população delimitada exposta ao risco de adquirir a referida doença no mesmo período. Assim como para a prevalência, multiplica-se o resultado por uma potência de 10, tomada como base referencial da população. A incidência de doenças é medida, pela contagem de casos emergentes e pela frequência absoluta de casos novos relacionados à unidade de intervalo de tempo – dia, semana, mês ou ano. Segunda medida da frequência da doença que corresponde a quantidade de casos novos ocorridos em uma determinada população e durante um certo período. Sazonalidade Denomina-se sazonalidade (stricto sensu) a propriedade segundo a qual o fenômeno considerado é periódico e repete-se sempre na mesma estação do ano. O fenômeno de algumas doenças ou agravos se repetirem sempre, ou com maior frequência nas mesmas estações do ano, meses do ano, dias da semana ou em horas do dia, é caracterizado como variação sazonal ou, ainda, estacional. Propriedade segundo a qual o fenômeno considerado é periódico e se repete sempre na mesma estação (sazão) do ano. Ex: diarreias em períodos quentes e doenças respiratórias em períodos frios. VARIAÇÃO CICLICA: flutuações na incidencia de uma doença ocorridas em um periodo maior que um ano. Ocorre devido flutuação no momento de susceptiveis devido a nascimentos, vacinação, epidemia previa. O conhecimento da sua repetiçao periodica é importante para a predição da ocorrencia da doença e portanto contribiu para a adoçao de medidas efetivas de controle; Surto Uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifício de apartamentos, bairro etc. epidemia de proporções reduzidas, atingindo uma pequena comunidade humana. Muitos restringem o uso do termo para o caso de instituições fechadas, outros o usam como sinônimo de “epidemia”. Epidemia Elevação progressivamente crescente, inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando e reiterando valores acima do limiar epidêmico preestabelecido. Ocorre devido as alterações nos fatores relacionados ao agente, ao hospedeiro e ao ambiente que constitui a estrutura epidemiológica desta respectiva população no tempo e espaço determinados. O aparecimento de um único caso autóctone em uma região onde nunca tenha ocorrido ou que esteja há DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto muitos anos livre de uma determinada doença representa uma epidemia, pois demonstra uma alteração substantiva na estrutura epidemiológica relacionada a doença. Endemia 1- qualquer doença espacialmente localizada, temporalmente ilimitada, habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se situe sistematicamente nos limites de uma faixa endêmica que foi previamente convencionada para uma população e época determinadas. 2- presença constante de uma doença ou de um agente infeccioso em determinada área geográfica que pode significar também a prevalência usual de determinada doença nessa área. Hiperendemia significa transmissão intensa persistente e holoendemia um alto nível de infecção que começa no início da vida e afeta a maior parte da população; aplica-se, por exemplo, à malária em alguns lugares. 3- variação da incidência de uma doença numa comunidade humana dentro de limites considerados “normais” para essa comunidade, isto é, dentro de uma faixa limitada por dois desvios padrão acima e abaixo da incidência média da doença, tomando como base certo número de anos anteriores. Pandemia A existência de grandes populações de susceptíveis aliada as condições extremamente facilitadas na propagação de um agente no ambiente, determinada por movimentos migratórios, facilidade de transporte, concentração de indivíduos etc. Pode determinar um processo epidêmico caracterizado por uma ampla distribuição espacial da doença, atingindo diversas nações ou continentes. Nome dado à ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações. Mortalidade Os indicadores de mortalidade podem ser definidos como razão entre frequências absolutas de óbitos e número de sujeitos expostos ao risco de morrer. Morbidade Morbidade sempre se refere a uma população predefinida P. Ao se identificar a população P, devem ficar claros os seguintes elementos: localização espacial, intervalo de tempo e abrangência do estudo. CARACTERIZAR AS DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES NO BRASIL E NA BAHIA. Doenças infecciosas emergentes e reemergentes são aquelas cuja incidência em humanos vem aumentando nas últimas duas décadas ou ameaça aumentar num futuro próximo. Ao tentar especificar mais esta noção, verificam- se dois principais focos de atenção: o surgimento ou identificação de novos problemas de saúde e novos agentes infecciosos; e a mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, incluindo a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. São potencializadores dessas doenças: • fatores demográficos; • fatores sociais e políticos; • fatores econômicos; • fatores ambientais; • fatores relacionados ao desempenho do setor saúde; • fatores relacionados às mudanças e adaptação dos microrganismos e • manipulação de microrganismos com vistas ao desenvolvimento de armas biológicas. Modelos de desenvolvimento econômico determinando alterações ambientais, migrações, processos de urbanização sem adequada infraestrutura urbana, grande obras como hidrelétricas e rodovias; Fatores ambientais como desmatamento, mudanças climáticas, secas e inundações; Aumento do intercâmbio internacional, que assume o papel de "vetor cultural" na disseminação das doenças infecciosas; Ineficácia das estratégias de monitoramento e controle de doenças; Aprimoramento das técnicas de diagnóstico, possibilitando diagnósticos etiológicos mais precisos; Processo de evolução de microrganismos: mutações virais, emergência de bactérias resistentes. DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto Doenças Emergentes surgimento ou identificação de um novo problema de saúde ou um novo agente infeccioso. Doenças que antes eram de animais e passam a ser de humanos começam a ser inclusas.Doenças Reemergentes Indicam mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, que haviam sido controladas, mas que voltaram a representar ameaça à saúde humana. Inclui- se ai a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Ex: Febre amarela, dengue e leishmaniose. DESCREVER O PERFIL DE MORBIDADE E A SAZONALIDADE DAS PRINCIPAIS DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES NO BRASIL A PARTIR DA LITERATURA ESTUDADA. Grande parcela das mortes por doenças infecciosas no Brasil é causada por infecções respiratórias, e as mortes por tais infecções se tornaram mais comuns em adultos que em crianças. Houve algumas reduções pronunciadas na mortalidade proporcional por doenças específicas – ex., diarreias, doenças preveníveis por vacina e pneumonia em crianças. As mortes por HIV/AIDS cresceram a partir de meados da década de 1980, a dengue apareceu como uma causa importante de morte, o número de mortes por tuberculose e doença de Chagas permaneceu estável e a proporção de mortes de adultos devido a infecções respiratórias está crescendo. Iniciativas de saúde pública, que incluem acesso universal e gratuito à vacinação, acesso ao tratamento e cuidados primários de saúde, que tiveram sucesso total ou parcial no controle das doenças preveníveis por vacinação, na diarreia, nas infecções respiratórias, no HIV/AIDS e na tuberculose – políticas equitativas–, devem ser apoiadas e reforçadas em face de desafios existentes e renovados, tais como a menor do que ideal adesão aos tratamentos e a emergência e a transmissão de patógenos resistentes aos medicamentos. Como descrito por Barreto e colaboradores (2011), a redução na mortalidade de algumas doenças infecciosas nem sempre são acompanhadas por um declínio similar na incidência. Tuberculose e HIV/AIDS, por exemplo, ainda são um problema de saúde pública em muitas regiões do país, apesar das quedas substanciais nas taxas de mortalidade desde meados dos anos 1990. Uma emergência viral, em geral, é definida como o surgimento de um novo patógeno para um hospedeiro, como o do vírus da imunodeficiência humana no século XX. Uma reemergência viral frequentemente se refere à reaparição de um patógeno depois de um longo período de ausência, como nas epidemias periódicas de influenza humana e nas pandemias Três etapas são necessárias para que ocorram a emergência e a reemergência de uma doença viral: 1. Introdução de um patógeno viral numa nova espécie de hospedeiro. 2. Adaptação do patógeno ao novo hospedeiro. 3. Disseminação do patógeno para uma grande quantidade de indivíduos da nova espécie para desencadear surtos, epidemias ou pandemias. CONTROLE COM TOTAL SUCESSO: - DOENÇAS PREVENÍVEIS POR VACINAÇÃO: No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) tem sido muito exitoso, alcançando uma das mais altas taxas de cobertura de imunização do mundo, sem o uso de estratégias coercitivas. Dentre os programas rotineiros de vacinação universal incluem-se: BCG; poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola (SCR); difteria, coqueluche e tétano (DPT) e mais a Haemophilus influenzae tipo b (Hib); hepatite B; febre amarela, rotavírus; pneumocócica 10 valente, HPV... -DIARREIA E CÓLERA: A mortalidade causada por diarreia teve uma queda significativa na década de 1980, com o uso da terapia de reidratação oral. A incidência de diarreia também diminuiu durante esse período, como resultado do aumento da oferta de água tratada e encanada e, em menor grau, do esgoto sanitário. Tais melhorias no saneamento levaram a uma mudança nos casos predominantes de diarreia, da bactéria disseminada por transmissão fecal-oral (ex., Salmonella spp e Shigella spp) para os vírus disseminados por transmissão pessoa a pessoa (particularmente os rotavirus, mas também adenovírus e norovírus). Em 2006, após estudos que demonstraram sua eficácia, a vacinação contra o rotavírus foi introduzida no calendário de rotina. - DOENÇA DE CHAGAS: A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, cujo principal inseto vetor no Brasil era o Triatoma infestans, mosquito hematófago que, quase sempre, habita o interior das residências. A forma crônica da doença de Chagas (ou tripanossomíase americana) se manifesta como miocardiopatia, megaesôfago ou megacólon. O programa nacional de controle da doença de Chagas é um dos maiores sucessos do sistema de saúde pública do Brasil. No entanto, em razão do longo período de latência da doença, 3,5 milhões de indivíduos ainda têm a infecção crônica da doença, o que significa que o diagnóstico e o tratamento dos indivíduos que desenvolvem as manifestações graves da doença se constituem uma carga permanente sobre os serviços de saúde. Mesmo assim a taxa da forma crônica da doença está caindo, e a maioria das mortes acontece em pessoas com mais de 60 anos. DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto CONTROLE COM SUCESSO PARCIAL: - HIV/AIDS: Apesar de a incidência das doenças associadas à AIDS ter diminuído substancialmente nas grandes áreas urbanas, a transmissão em baixo nível ainda ocorre em municípios de pequeno e médio portes, o que sugere que os recursos alocados para o diagnóstico e tratamento nesses locais não são suficientes e precisam ser aumentados. Um desafio permanente é o de reduzir ou, pelo menos, evitar o crescimento da transmissão em populações vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens, usuários de drogas injetáveis ou não injetáveis e profissionais do sexo. O acesso gratuito e universal ao tratamento antirretroviral representa um feito formidável do sistema de saúde no Brasil. No entanto, os inegáveis ganhos têm sido colocados à prova pelo aumento lento, mas progressivo, da resistência e dos efeitos colaterais associados à maioria das drogas, especialmente aqueles associados às consequências de longo-prazo do uso continuado de uma droga, como os efeitos metabólicos (ex., resistência à insulina e dislipidemias) e problemas cardiovasculares. As iniciativas de controle do HIV no Brasil incluem a prevenção da transmissão mãe-bebê (com a realização de testes e profilaxia durante o pré-natal) e o tratamento de crianças e adolescentes com HIV/AIDS. Assim tendo queda da infecção por essa via, as mães que não fazem os testes antes, pode se realizar o diagnostico com testes rápidos no periparto, assim aumentando a sobrevida e qualidade de vida das crianças. - HEPATITES A E B: Nas duas últimas décadas, evidenciou- se uma redução na transmissão das hepatites A e B, apesar dessa queda ainda não ser aparente nos dados de vigilância. - HANSENÍASE : É detectada em todos os estados do Brasil, mas sua incidência é mais relatada na região amazônica e em alguns centros urbanos da região Nordeste; Como o período de incubação da hanseníase é longo, o padrão geográfico de ocorrência está relacionado aos níveis de transmissão históricos e a outros determinantes epidemiológicos (ex., padrões de migração), que são pouco conhecidos. Após a introdução da terapia multidrogas, que é ofertada gratuitamente a pacientes com hanseníase pelo SUS, a prevalência da hanseníase no Brasil caiu. É necessária a identificação de novas formas de controle da hanseníase (em outras palavras, de interrupção da transmissão), da mesma forma que é fundamental mantê-la como uma prioridade mundial para a saúde pública e em termos de pesquisas, a fim de evitar a queda do interesse e do apoio financeiro para pesquisa, prevenção e cuidados. -TUBERCULOSE: associado à infecção pelo HIV, parcialmente revertido pela difusão da terapia antirretroviral, o número de ocorrências da tuberculose caiu lenta, mas firmemente, nas duas últimas décadas. Por mais que sejam oferecidas orientações claras com relação ao diagnóstico e tratamento da tuberculose, o tempo decorrente entre o início dos sintomas e o diagnóstico/tratamento ainda varia entre e dentro das regiões, e a reorganização do sistema de saúde ainda nãoresultou em diagnósticos uniformemente precoces para a tuberculose. A realização do tratamento completo é essencial para o controle da tuberculose e é cuidadosamente monitorado e registrado nas bases de dado do SINAN; O Brasil tem um Programa de Saúde da Família muito exitoso e existem planos para incluir o monitoramento da tuberculose nas suas atividades e, desse modo, ampliar a cobertura do tratamento supervisionado.O Ministério da Saúde agora recomenda o uso do teste rápido de diagnóstico do HIV para todos os pacientes com tuberculose nas duas primeiras semanas do tratamento. - ESQUISTOSSOMOSE: A única espécie de esquistossomo existente no Brasil é o Schistosoma mansoni. A transmissão envolve caramujos de água doce como hospedeiros intermediários e acontece especialmente na região Nordeste, em áreas rurais ou em áreas urbanas periféricas. No Brasil, o programa de controle da esquistossomose teve início em 1975, sendo um programa vertical e baseado no tratamento em massa. Grande parte da redução na prevalência da esquistossomose é atribuída às melhorias no acesso à água tratada e ao saneamento, o que quer dizer que as pessoas agora têm menos contato com cursos de água, potenciais criadouros de caramujos hospedeiros; o tratamento em massa, provavelmente, contribuiu para a diminuição da gravidade da doença e pode ter cooperado para a queda na transmissão. - MALÁRIA: é um problema de saúde pública no Brasil, com aproximadamente 300.000 novos casos registrados a cada ano. O Plasmodium vivax responde por mais de 80% dos casos e o Plasmodium falciparum representa menos de 20%, diferentemente do período entre 1960-88, quando as prevalências de ambas as espécies eram bastante parecidas. A taxa de letalidade para malária – que é de menos de 1% desde 1960 – diminuiu expresivamente nos últimos dez anos, talvez devido à melhora no acesso ao diagnóstico e ao tratamento, que são ofertados de graça. Os protocolos de tratamento padronizados mantiveram baixos os níveis de resistência aos medicamentos e muito trabalho tem sido empregado para o desenvolvimento de novas drogas; Quase a totalidade (99%; 315.809 casos) de casos de malária é DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto registrada na área da Amazônia legal, onde fatores geográficos, econômicos e sociais facilitam a transmissão e limitam a aplicação de medidas de controle-padrão. CONTROLE FRACASSADO: - DENGUE: a incidência dessa doença tem aumentado, com uma sucessão de epidemias e uma crescente proporção dos pacientes acometidos apresenta a forma grave da doença, a febre hemorrágica da dengue. O cenário para o controle dessa doença não é estimulante. A redução da densidade do A aegypti, elo principal da cadeia de transmissão, ainda permanece como um desafio; Durante as epidemias, as iniciativas de saúde pública do Brasil visam ao aumento da conscientização acerca dos sinais e sintomas da doença, com o propósito de facilitar a chegada mais cedo aos serviços de saúde para permitir diagnóstico e tratamento precoces das formas severas. - LEISHMANIOSE VISCERAL: No Brasil, a incidência de leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é alta, com uma média de dois casos por 100.000 habitantes por ano. A doença tem manifestações graves e, às vezes, é letal em crianças. A taxa de letalidade da leishmaniose visceral no Brasil tem variado de 3,2% a 6,9% nos últimos dez anos. A leishmaniose visceral é uma doença causada pelo protozoário parasita L chagasi e é transmitida por flebotomínios. Cidades pequenas, médias e grandes já foram afetadas, inclusive algumas capitais de estado como Teresina (na região Nordeste), Belo Horizonte (na região Sudeste) e Campo Grande (na região Centro- Oeste). O controle da leishmaniose visceral no Brasil tem enfatizado controle do vetor e a eliminação de animais que são um reservatório para a doença, mas as estratégias e tecnologias disponíveis até o presente obtiveram pouco efeito. O tratamento para a doença é demorado e deve ser realizado sob supervisão médica por ser altamente tóxico, limitando o acesso especialmente em áreas rurais isoladas. CARACTERIZAR ZOONOSES E AS RESPECTIVAS ESTRATÉGIAS DE VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE. ZOONOSE: infecção ou doença infecciosa transmissível, sob condições naturais, de homens a animais e vice- versa. ZOONOSE DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA: zoonose de risco iminente de transmissão para a população humana, que apresente impacto na saúde coletiva quanto a sua magnitude, transcendência, potencial de disseminação, gravidade, severidade e vulnerabilidade, referentes ao processo epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção, considerando a população exposta, a espécie animal envolvida, a área afetada (alvo), em tempo determinado. AS ZOONOSES MONITORADAS POR PROGRAMAS NACIONAIS DE VIGILÂNCIA E CONTROLE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SÃO: peste, leptospirose, febre maculosa brasileira, hantavirose, doença de Chagas, febre amarela, febre de chikungunya e febre do Nilo Ocidental. Dengue e malária. AS ZOONOSES DE RELEVÂNCIA REGIONAL OU LOCAL: apresentam incidência e prevalência numa determinada área do território brasileiro, mas de magnitude, transcendência, severidade, gravidade, vulnerabilidade e potencial de disseminação também somente em nível regional ou local, são: toxoplasmose, esporotricose, ancilostomíase, toxocaríase (larva migrans cutânea e visceral), histoplasmose, criptococose, complexo equinococose – hidatidose, entre outras. AS ZOONOSES EMERGENTES OU REEMERGENTES: doenças novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após período de declínio significativo ou com risco de aumento no futuro próximo, promovendo significativo impacto sobre o ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte. Tais doenças podem ser incidentes ou prevalentes em outros países, e de alguma forma, envolvem uma ou mais espécies de animais no seu ciclo de transmissão, sendo introduzidas no Brasil por meio da entrada de pessoa(s), animal(is) ou de fômite(s) infectados. Toda ação, atividade e estratégia de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, desenvolvidas e executadas pela área de vigilância de zoonoses, devem ser precedidas por levantamento do contexto de impacto na saúde pública, por meio de avaliação da magnitude, da transcendência, do potencial de disseminação, da gravidade, da severidade e da vulnerabilidade referentes ao processo epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção de zoonoses, considerando a população exposta, a espécie animal envolvida, a área afetada (alvo), em tempo determinado. VIGILÂNCIA a área de vigilância de zoonoses deve desenvolver e executar ações, atividades e estratégias de vigilância de zoonoses e, dependendo do contexto epidemiológico, também de prevenção, em seu território de atuação. Essas atividades são organizadas e executadas da seguinte forma: VIGILÂNCIA ATIVA ZOONOSES MONITORADAS POR PROGRAMAS NACIONAIS DE VIGILÂNCIA E CONTROLE DO MINISTÉRIO DA SAÚDE: as ações caracterizam-se por serem DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto executadas de forma permanente a fim de subsidiar os programas de controle existentes. ZOONOSES DE RELEVÂNCIA REGIONAL OU LOCAL; ZOONOSES EMERGENTES E REEMERGENTES: caracteriza- se pelo desenvolvimento e pela execução sistemática de medidas que visem identificar, oportuna e precocemente, o risco real (iminente) de introdução ou a introdução/ reintrodução de uma zoonose, ou, ainda, a manutenção do ciclo de transmissão de uma zoonose prevalente na área em questão, a fim de que a área de vigilância de zoonoses local possa intervir com ações de controle. As ações desenvolvidas nesta etapa, que também se aplicam às ações de vigilância ativa relacionadas às zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde, consistem em: Articulação sistemática, com a área devigilância epidemiológica local, para atualização quanto à ocorrência de casos humanos, sejam prevalentes ou incidentes, sejam no território de atuação ou em áreas circunvizinhas, bem como de outras informações pertinentes. Monitoramento constante e sistemático das populações de animais do território de atuação. Estruturação da rotina de identificação de informações geradas pela mídia sobre a incidência e a prevalência de zoonose na área alvo. Articulação sistemática com serviços e instituições públicas e privadas que, de alguma forma, trabalham com animais ou amostras biológicas de animais, tais como: consultórios, clínicas e hospitais veterinários, pet shops, órgãos ambientais, órgãos da agricultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades, entre outros, de modo que se identifique oportuna e precocemente a introdução de uma zoonose em uma determinada área ou seu risco iminente. Desenvolvimento de inquéritos epidemiológicos que envolvam determinadas populações de animais. VIGILÂNCIA PASSIVA Caracteriza-se por viabilizar meios para a identificação oportuna e precoce de uma situação de risco real (iminente) relacionada a zoonoses ou de ocorrência de zoonoses na área em questão, possibilitando que a área de vigilância de zoonoses local possa intervir com ações de controle. • Disponibilidade de avaliação e recepção de um animal de relevância para a saúde pública, • Canal de comunicação com a população para informações sobre animais de relevância para a saúde pública; • Integração e articulação com serviços e instituições públicos e privados; PREVENÇÃO As ações de prevenção de zoonoses caracterizam-se por serem executadas de forma temporária ou permanente, dependendo do contexto epidemiológico, por meio de ações, atividades e estratégias de educação em saúde, manejo ambiental e vacinação animal: • Educação em saúde: devem-se desenvolver atividades de educação em saúde na comunidade como um todo, visando à prevenção de zoonoses. É necessário priorizar as localidades mais vulneráveis, atuando em escolas e outros locais em que se possa atingir o público-alvo, de forma intensa e mais abrangente possível, utilizando-se também de meios de comunicação, como rádio, TV, correspondência e internet. (consultar tópico “Educação em saúde” deste Manual). • Manejo ambiental: realizado somente quando possível (diferenciando-se das ações de correção do ambiente, sendo esta uma atribuição legal dos órgãos de Meio Ambiente), para controlar ou, quando viável, eliminar vetores e roedores. Deve-se incentivar, orientar e educar a população na realização do manejo ambiental, realizando-as, quando necessário. • Vacinação animal: deve-se realizar a vacinação antirrábica de cães e gatos, de acordo com o preconizado para cada região, conforme o contexto epidemiológico da raiva na área local e com o preconizado no Programa Nacional de Vigilância e Controle da Raiva do Ministério da Saúde. Observação: deve-se considerar o contexto epidemiológico das zoonoses na área em questão, para definir as ações de prevenção que serão estratégicas e prioritárias. CONTROLE Uma vez constatada a situação real de risco de transmissão de zoonose (risco iminente) ou a introdução de zoonose(s) de relevância para a saúde pública no território local, a área de vigilância de zoonoses deve iniciar a etapa de desenvolvimento e execução do controle da doença, por meio de medidas cabíveis e viáveis a serem aplicadas direta e indiretamente sobre a população animal alvo, a fim de interromper o ciclo de transmissão da(s) zoonose(s) alvo. As ações, as atividades e as estratégias de controle de zoonoses subdividem-se em três tipos: CONTROLE DO RISCO IMINENTE DE TRANSMISSÃO DE ZOONOSE: Constatada a situação real de risco (risco DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto iminente) de transmissão de zoonose (de relevância para a saúde pública) em uma determinada área, relacionado a uma população animal alvo, deve- -se proceder às medidas de controle cabíveis, além da manutenção das medidas de vigilância e intensificação das medidas de prevenção, ambas adequadas à nova realidade epidemiológica. Esse controle se caracteriza pelo desenvolvimento de ações, atividades e estratégias que visem ao alcance da redução ou da eliminação, quando possível, do risco iminente de transmissão da zoonose para a população humana. CONTROLE DA ZOONOSE INCIDENTE: Uma vez instalado o ciclo de transmissão de determinada zoonose em certa área, em que uma população animal esteja relacionada, deve-se proceder às medidas de controle para a redução ou a eliminação, quando possível, do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão. CONTROLE DA ZOONOSE PREVALENTE: Diante de uma zoonose prevalente na área-alvo, em que uma população animal esteja relacionada à transmissão dela, devem-se manter, sistematicamente, as medidas de vigilância, ativa e passiva, e de prevenção, procedendo às medidas de controle para a redução ou eliminação, quando possível, do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão. Se a zoonose reincidir com frequência na área-alvo, é necessário rever as medidas adotadas, na tentativa de alcançar sua eliminação. IMPORTANTE 1. Para o desenvolvimento e a execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos) de relevância para a saúde pública, deve-se proceder à articulação, à interlocução e à parceria sistemática com a área de vigilância epidemiológica local, visando à consonância e à efetividade delas. 2. Deve-se atentar para as mudanças e atualizações quanto às ações, às atividades e às estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos) de relevância para a saúde pública, normatizadas pelo Ministério da Saúde. ELENCAR A IMPORTÂNCIA E AS ESTRATÉGIAS DA VIGILÂNCIA NA SAÚDE PÚBLICA. VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA OU VIGILÂNCIA EM SAÚDE PUBLICA Vigilância epidemiológica, é definida como a "contínua e sistemática coleta, análise e interpretação de dados essenciais de saúde para planejar, implementar e avaliar práticas de saúde pública, intimamente integrada com a periodicidade de disseminação desses dados para aqueles que necessitam conhecê-los. O primeiro registro histórico de uma medida sanitária relacionada à vigilância, deu-se no século XIV, durante a epidemia da peste bubônica. William Farr (1807-1883), precursor do conceito moderno de vigilância, por ter desenvolvido um sistema de coleta, análise e divulgação de estatísticas vitais, criando um instrumento voltado à melhoria das condições de saúde da comunidade. A notificação compulsória das doenças, instituída no final do século XIX, até hoje utilizada como estratégia para melhor conhecimento do comportamento de doenças na comunidade. EVOLUÇÃO CONCEITUAL DE VIGILÂNCIA Conceito Clássico: O termo vigilância, tem 2 significados; um deles pode ser entendido como a “observação dos comunicantes durante o período máximo de incubação da doença, a partir da data do ultimo contato com um caso clinico ou portador, ou da data em que o comunicante abandonou o local em que se encontrava a fonte primaria de infecção”. Seu proposito é detectar os primeiros sintomas da doença para a rápida instituição do isolamento, substituindo por meio de conduta mais sofisticada a pratica restritiva de quarentena. Vincula-se portanto, aos conceitos de isolamento e quarentena, que determinam, respectivamente, a separação de indivíduos doentes (isolamento) ou potencialmente infectados (quarentena) de seus contatos habituais. CONCEITO MODERNO: No início dos anos 1950, surge um novo conceito de vigilância, desta vez, preocupado como acompanhamento sistemático de doenças na comunidade, com o propósito de oferecer bases científicas para o aprimoramento de estratégias para seu controle. A inteligência Epidemiológica, novo instrumento de saúde pública foi aplicado pela primeira vez, em 1955, quando várias regiões dos EUA enfrentaram uma epidemia de poliomielite, acometendo indivíduos imunizados com vacina de poliovírus inativado. A investigação desse episódio, que recebeu a denominação de "Acidente de Cutter", permitiu a identificação de lotes dessa vacina, que por problemas técnicos apresentavam vírus parcialmente inativados, sendo está a causa da epidemia; LANGMUIR, EM 1963: Defini o novo conceito de vigilância. Defende a tese de que a vigilância é uma das aplicações da epidemiologia em serviços de saúde. THACKER & BERKELMAN (1988): Apontam que a vigilância não abrange a pesquisa nem as ações de controle, DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto afirmando, porém, que estas três práticas de saúde pública são relacionadas, mas independentes. Afirmam que as atividades desenvolvidas pela vigilância situam-se num momento anterior ao das pesquisas e ao da elaboração de programas de controle de doenças. Em função dessa discussão, esses autores propõem a adoção da denominação de vigilância em saúde pública como forma de evitar confusões a respeito da precisa delimitação dessa prática. CHERKASSKII (1988): Define vigilância epidemiológica como "o estudo complexo e multilocalizado da dinâmica das doenças, abrangendo a investigação tanto no subsistema biológico (biologia e ecologia dos agentes causais e de seus hospedeiros e vetores) quanto no subsistema social (do ambiente social determinante do caráter e da escala de disseminação da doença em determinado território)". Nessas condições, feitas as devidas adequações, a vigilância epidemiológica estudaria agravos específicos à saúde de causa infecciosa ou não, pela observação contínua de cada um dos seguintes níveis do sistema: a) subcelular (molecular); b) celular; c) orgânico (clínico); d) ecossistèmico (biogeocenose); e) socioecossistêmico. SEGUNDO WALDMAN (1991): A vigilância de um específico evento adverso à saúde é composta, ao menos, por dois subsistemas: Subsistema de informações para a agilização das ações de controle que atua nos níveis locais dos sistemas de saúde e tem por objetivo agilizar o processo de identificação e controle de eventos adversos à saúde. Subsistema de inteligência epidemiológica que é especializado e tem por objetivo elaborar, à luz do conhecimento cientifico e com fundamento na análise rotineira dos dados, relativos ao comportamento das doenças na comunidade, as bases técnicas dos programas de controle de específicos eventos adversos à saúde. A VIGILÂNCIA E AS FUNÇÕES ESSENCIAIS DE SAÚDE PÚBLICA Destacam entre tais funções essenciais a vigilância epidemiológica, a regulação e fiscalização sanitária, ambas integradas no Brasil com a denominação de vigilância sanitária, assim como a pesquisa voltada à avaliação da eficácia, acessibilidade e qualidade dos serviços de saúde e a investigação e desenvolvimento de soluções inovadoras em saúde pública. A VIGILÂNCIA NO BRASIL Os primeiros passos para a introdução da vigilância epidemiológica no Brasil foram dados durante a Campanha de Erradicação da Varíola, no início da década de 1970. Nessa época, a Fundação Serviços Especiais de Saúde Pública centraliza a notificação compulsória de doenças em todo o território nacional e cria o Boletim Epidemiológico com o qual passa a divulgar mensalmente dados consolidados do País, relativos a doenças de notificação compulsória. O Ministério da Saúde, em 1975, promove as condições para ampla utilização da vigilância epidemiológica em todo o País, criando o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). Padronização da ficha de notificação e investigação de doenças e do formulário de declaração de óbito para todo o país. Definição de critérios nacionais para doenças de notificação compulsória; Criação do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Publica (SNLSP), com estrutura regionalizada e hierarquizada para apoio aos programas de controle de doenças e a vigilância; Criação da figura dos laboratórios nacionais de referencia que deveriam articular se com os laboratórios internacionais de referencia; Criação de laboratório para controle de qualidade de vacinas; Implantação do sistema de informações de mortalidade, que constitui um marco no aprimoramento das estatísticas vitais no país; Toma medidas que fortalecem o programa nacional de imunizações iniciado em 1973; Entre as características básicas do SNVE nas décadas de 1970 e 1980, temos a de abranger exclusivamente doenças infecciosas de notificação compulsória e agravos inusitados à saúde. No entanto, em 1984, assistimos à implantação, no estado de São Paulo, do sistema de vigilância de eventos adversos pós-vacinação (SVEAPV), primeiro sistema de vigilância para eventos adversos associados ao uso de tecnologias medicas criado no Brasil. A partir dos anos 1990, temos as primeiras iniciativas de desenvolvimento da farmacovigilância que se consolidou, anos mais tarde, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), assim como dos sistemas de vigilância para traumas e lesões, de doenças crônicas e, mais recentemente, temos assistido a iniciativas de implantar a vigilância ambiental. Com a criação do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), cria se condições para que, a médio prazo, seja possível tornar disponível uma ampla base de dados referente a morbidade. Em 2000, de um programa de formação de recursos humanos para atuar na área da vigilância epidemiológica, que recebeu a denominação de EPI-SUS, focalizando principalmente na investigação de surtos. NOVAS APLICAÇÕES DA VIGILÂNCIA DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto Os sistemas de vigilância são importantes instrumentos para identificar doenças emergentes, comportamentos modificados de doenças já conhecidas, doenças que ocorrem em situações inusitadas, monitorizar e avaliar riscos a saúde e intervenções. Para cumprir esses objetivos têm sido desenvolvidos novas aplicações da vigilância, entre elas, a de eventos adversos associadas à tecnologias médicas, vigilância ambiental, a de traumas e lesões, de doenças crônicas e de vigilância para resposta global a doenças emergentes. CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO DE PRIORIDADES Para a identificação de prioridades para o desenvolvimento de sistemas de vigilância para específicos eventos adversos à saúde, utilizam se fundamentalmente três critérios; o primeiro deles é a magnitude do dano que toma como indicadores taxas de incidência e prevalência e de mortalidade, assim como a letalidade associada ao evento sob análise. O segundo critério focaliza a vulnerabilidade do dano, ou seja, avalia a existência de fatores de risco ou fatores de prognóstico suscetíveis a medidas específicas de intervenção, ou mede o impacto potencial das medidas de intervenção sobre os fatores de risco (risco atribuível), ou, ainda, a existência de medidas específicas e eficazes de profilaxia e controle (vulnerabilidade do dano às intervenções profiláticas e terapêuticas). A possibilidade de compatibilizar as diversas intervenções em programas de controle polivalentes. O terceiro critério abrange a avaliação do impacto social e económico, que focaliza aspectos relativos ao custo e factibilidade da intervenção versus efetividade e índices de produtividade perdida (exemplo: dias de incapacidade no leito; dias de trabalho perdidos), assim como o cálculo de anos de vida potencialmente perdidos. DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS DE VIGILÂNCIA Existem etapas a serem seguidas quando decidimos implementar um sistema de vigilância obedecendo mais ou menos à sequência de: 1ª Etapa: definir os objetivos do sistema de vigilância proposto; 2ª Etapa:definir caso; 3ª Etapa: componentes do sistema de vigilância; 4ª Etapa: elaborar o fluxograma para cada sistema de vigilância; 5ª Etapa: definir o tipo de sistema de vigilância; Sistema passivo: Um sistema de vigilância passiva caracteriza-se pela obtenção da informação mediante a notificação espontânea, é o tipo mais antigo e mais utilizado de vigilância, sendo também o que apresenta menor custo e maior simplicidade, porém tem a desvantagem de ser menos sensível, ou seja, é mais vulnerável à subnotificação, portanto, com maior frequência, será menos representativo, apresentando também maior dificuldade na padronização da definição de caso, em virtude da menor interação entre a equipe de vigilância e a da fonte de informação. Sistema ativo: Os sistemas ativos de vigilância caracterizam-se pelo estabelecimento de um contato direto, a intervalos regulares, entre a equipe da vigilância e as fontes de informação, geralmente constituídas por clínicas públicas e privadas, laboratórios e hospitais. Esse tipo de vigilância é, geralmente, aplicado a doenças raras ou não conhecidas, ou, ainda, quando estão articulados a programas de erradicação de doenças. 6ª Etapa: definir as fontes de dados para o sistema de vigilância. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VIGILÂNCIA Variam em metodologia, abrangência e objetivos, não obedecendo a uma única versão aplicável em todos os casos e para todas as situações nacionais e regionais. Devem variar, adequando-se às características dos serviços de saúde existentes, ou seja, aos recursos humanos e financeiros, assim como ao grau de complexidade das tecnologias disponíveis. A avaliação de sistemas de vigilância para específicos eventos adversos à saúde devem obedecer a uma sequência de etapas, iniciando-se pela análise da relevância do evento sob vigilância e, para tanto, toma como indicadores a magnitude, severidade e vulnerabilidade do dano e de impacto social e econômico. Concluída a verificação da relevância do evento sob vigilância e a descrição de seus componentes, passamos a sua avaliação propriamente dita, analisando os seguintes atributos; utilidade; oportunidade; aceitabilidade; simplicidade, flexibilidade, representatividade; sensibilidade e valor preditivo positivo. VIGILÂNCIA DE TECNOLOGIAS MÉDICAS O evento mais marcante que, de certa forma, levou ao desenvolvimento da farmacovigilância, foi a epidemia de um tipo de má-formação congênita extremamente rara, conhecida como focomelia, associada ao uso da talidomida durante a gravidez. FARMACOVIGILÁNCIA é a vigilância de eventos adversos pós-comercialização, cuja denominação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu a FARMACOVIGILÁNCIA como o instrumento de saúde pública aplicado à identificação, análise, compreensão de eventos adversos associados ao uso de medicamentos com a finalidade de estabelecer as bases técnicas para sua prevenção. DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto O rigoroso monitoramento da segurança das vacinas é o principal instrumento da manutenção da confiança e adesão aos programas de imunização. Os objetivos específicos da farmacovigilância são (WHIO,2002): • Aprimorar o atendimento ao paciente e a sua segurança em relação ao uso de medicamentos e toda intervenção médica e paramédica; • Aprimorar o desempenho das atividades de saúde pública, com o objetivo de garantir a segurança em relação ao uso de medicamentos; • Contribuir para a avaliação do benefício, dano, custo- efetividade e risco de medicamentos, encorajando o uso seguro e racional; • Promover o entendimento, educação e treinamento clinico em farmacovigilância e sua comunicação efetiva ao público; A vigilância é necessária e deve ter por objetivo identificar prontamente lotes reatogênicos e reações adversas não conhecidas. RELATAR AS ATRIBUIÇÕES, ESTRUTURA E CARACTERÍSTICAS DA VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL. VIGILÂNCIA AMBIENTAL: compreende as complexas relações socioambientais existentes na produção de saúde e de adoecimento e na busca de soluções para a melhoria das condições de saúde da coletividade. Deve se orientar tendo como base os modelos locais de produção e a organização política, territorial, social e cultural. A análise do território e dos fatores socioambientais que condicionam e determinam a saúde humana deve direcionar a elaboração de políticas públicas e ações estratégicas que fortaleçam a promoção, a prevenção e a assistência em saúde A vigilância ambiental requer a coleta, análise e disseminação de dados sobre riscos ambientais e desfechos. Os desfechos de saúde de interesse podem ser tanto óbitos como doenças, os riscos abrangem os agentes químicos, físicos e biológicos encontrados no ar, água, solo e alimentos. Quatro questões são consideradas importantes para a vigilância ambiental. Ser capaz de estabelecer associações entre uma exposição ambiental específica e um evento adverso à saúde. Como os dados utilizados na vigilância ambiental foram, freqüentemente, obtidos com outra finalidade, raramente incluem informações suficientes para a confirmação dos casos de acordo com a definição estabelecida. Diz respeito a ansiedade da opinião pública que gera pressões políticas, interferindo, muitas vezes, negativamente na investigação. Por fim, temos a necessidade de identificar um marcador biológico da exposição ambiental de interesse; A vigilância de eventos adversos à saúde quando aplicada a riscos ambientais tem as mesmas características da vigilância convencional, focalizando principalmente má formações congénitas, incapacidades relacionadas ao desenvolvimento (por exemplo, paralisia cerebral, autismo e retardo mental); asma e outras doenças respiratórias crônicas; câncer e doenças neurológicas (por exemplo, doença de Parkinson, esclerose múltipla e doença de Alzheimer); Três pontos da vigilância ambiental são considerados críticos para a sua utilidade: -Ser capaz de efetuar mensurações de riscos específicos (exemplo, poluentes do ar), de exposições (exemplo, níveis de chumbo no sangue) ou desfechos (exemplo, casos de asma); -Deve constituir um sistema contínuo de registro de dados, embora inquéritos sejam de grande valia; -Deve dispor de dados representativos do que ocorre na comunidade em tempo oportuno, para serem utilizados em planejamento, implementação e avaliação de intervenções de saúde. LIMITAÇÕES DE SISTEMA DE NOTIFICAÇÕES DE DOENÇAS: Subnotificação; Baixa representatividade; O baixo grau de oportunidade e; A inconsistência da definição de caso. Subnotificação: decorre do fato de a maioria do sistema de vigilância serem passivos. Esta relacionada a falta de conhecimento, por parte dos profissionais de saúde, a respeito da importância e dos procedimentos necessários para a notificação ou o desconhecimento da lista de doenças submetidas a vigilância; A falta de adesão à notificação pode também ser determinada pelo tempo consumido no preenchimento da ficha e pela ausência do retorno da informação analisada com as recomendações técnicas pertinentes. Baixa representatividade: pode resultar da falta de homogeneidade da subnotificação; dificultando a identificação de tendencias, grupos e fatores de risco. Falta de Oportunidade: pode ocorrer em diferentes momentos por diversos motivos, entre eles a dificuldade, em alguns casos, de se obter diagnostico antes da confirmação laboratorial; a ineficiência dos serviços no DRAMA – Problema 1 Thais M. Souto procedimento de notificação; a demora na análise; problema frequente quando o sistema de vigilância apresenta distorções caracterizando-o como atividade mais burocrática do que técnica. Inconsistência da definição de caso: leva a vigilância a confirmar os casos aceitando o diagnostico clinico, independentemente da forma como foi efetuado. MEDIDAS VISANDO O APRIMORAMENTO DE SISTEMAS DE VIGILÂNCIA A participação dos médicos e demais profissionais de saúde éum ponto crítico na qualidade da coleta de dados; portanto, o esclarecimento dessas equipes, salientando a importância da notificação de doenças para o aprimoramento dos serviços de assistência à saúde, deve ser prioritário nos treinamentos de recursos humanos para esse campo de atividade VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO (VIGIAGUA) Os principais instrumentos utilizados pela Vigiagua são: o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano e a norma de potabilidade da água para consumo humano, a Diretriz para atuação em situações de surtos de doenças e agravos de veiculação hídrica e a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano. VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS (VIGIPEQ) Esse componente tem como objetivo o desenvolvimento de ações de Vigilância em Saúde Ambiental com foco nas substâncias químicas que interferem na saúde humana, como agravos e doenças, e nas inter-relações entre o homem e o ambiente, de forma a adotar medidas de atenção integral à saúde das populações expostas, prevenção e promoção da saúde. Como forma de viabilizar a implantação dessa vigilância nos territórios, cinco compostos químicos foram priorizados pela esfera federal, sendo eles: agrotóxicos, amianto (asbesto), benzeno, chumbo e mercúrio. No entanto, há necessidade do monitoramento de outros agentes químicos de acordo com a realidade e as características de cada território. Os principais instrumentos utilizados pela vigilância em saúde de populações expostas a substâncias químicas são: o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, o Sistema de Informação de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado, as Diretrizes Nacionais para a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, e as Diretrizes Brasileiras para o Diagnóstico e Tratamento de Intoxicação por Agrotóxicos. VIGILÂNCIA EM SAÚDE DE POPULAÇÕES EXPOSTAS A POLUENTES ATMOSFÉRICOS (VIGIAR) O objetivo desse componente é proteger e promover a saúde de populações expostas a poluentes atmosféricos por meio de ações de vigilância que subsidiem a tomada de decisão intra e intersetorial. Sua atuação no território deve ocorrer de forma a detectar e monitorar as diferentes atividades de natureza econômica ou social que gerem poluição atmosférica e a caracterizar os riscos para as populações, especialmente aquelas consideradas mais vulneráveis. São consideradas informações relevantes de emissão de poluentes atmosféricos para a vigilância: (i) fontes fixas (indústrias de extração e de transformação); (ii) fontes móveis (frota veicular), (iii) queima de biomassa e (IV) dados epidemiológicos sobre doenças e agravos relacionados à exposição humana aos poluentes atmosféricos. Entre as estratégias do Vigiar, têm-se a identificação de municípios vulneráveis e o monitoramento da situação de saúde no território; e a implantação de Unidades Sentinela do Vigiar em locais considerados prioritários. A seleção de unidades sentinelas de Vigiar pode ser realizada considerando: o fluxo de atendimentos de crianças e de idosos expostos a poluentes atmosféricos; ambientes de risco; região metropolitanas; centros industriais; territórios sob impacto de mineração; áreas sob influência de queima de biomassa; e locais de relevância para a saúde pública, de acordo com a realidade locorregional.
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