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UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna Avaliação Audiológica AUDIOLOGIA A avaliação audiológica é composta por procedimentos comportamentais, eletroacústicos e eletrofisiológicos. OBJETIVO Determinar a integridade do sistema aud i t i vo , i den t i f i ca r t i po , g rau e configuração da perda auditiva em cada orelha. Auxilia na tomada de decisão em relação a reabilitação e indicação de dispositivos de amplificação sonora. PROCESSO DIAGNÓSTICO O procedimento padrão é composto por: inspeção do meato acústico através da meatoscopia, anamnese para investigação da queixa e os procedimentos de avaliação como Audiometria tonal limiar, Logoaudiometria e Imitânciomentria. A avaliação audiológica deve ser realizada somente se o paciente estiver com repouso acústico de no mínimo 14 horas, pois do contrário, poderá obter resposta incorreta da perda auditiva. ANAMNESE A anamnese tem por objetivo levantar dados sobre o histórico do paciente e da família. A anamnese deve conter a queixa principal e a duração dela, que deve ser transcrita exatamente com as palavras do paciente, informações sobre audição e sintomas, exposição a ruídos, histórico de saúde geral, antecedentes familiares, hábitos, além da observação minuciosa do comportamento do paciente que deve ser feita pelo avaliador. A anamnese deve ser feita de forma que se possa estabelecer uma provável ideia da perda auditiva. Alterações renais, cirurgias, antecedentes familiares, drogas, medicamentos, álcool, ruídos ocupacionais e não ocupacionais. MEATOSCOPIA A meatoscopia deve ser realizada sempre antes do inicio dos procedimentos audiológicos. Tem por objetivo observar alteração ou obstrução do meato acústico externo, avaliando a membrana timpânica e se há presença, de perfurações, líquidos e cerúmen em excesso. O i n s t r u m e n t o u t i l i z a d o n a meatoscopia é o Otoscópio. Se o meato acústico estiver obstruído, não deve ser realizado o exame, visto que pode resultar em perda auditiva sem o paciente tê-la. Nesses casos deve-se encaminhar para o Otorrinolaringologista, que deverá fazer a limpeza para realização do exame. ORDEM DOS EXAMES 1. Audiometria por via aérea 2. Audiometria por via óssea 3. Via aérea mascarada 4. Logoaudiometria 5. Medidas de iminência acústica AUDIOMETRIA TONAL LIMIAR A audiometr ia tonal l imiar é considerado padrão ouro na avaliação audiológica. 1 UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna Tem por objetivo determinar os limiares de audibilidade comparando com padrões de normalidade, analisar a deficiência auditiva e caracterizar tipo, grau e configuração da perda auditiva. Além disso, auxilia no topodiagnóstico (local da lesão) e fornece dados para indicação de AASI. TIPOS DE SONS Tom puro: único som e não possui influência de outros sons • utilizado em adultos Tom Warble: som modulado, é mais fácil de perceber e pode ser usado em crianças ou em pessoas que possuem zumbido. Tom pulsátil: som estilo ambulância. Em casos de zumbido, a escolha do tipo de som vai depender do tipo de zumbido apresentado, se agudo ou grave. Pode-se testar no paciente e perguntar qual ele percebe melhor. AUDIOMETRIA POR VIA AÉREA ETAPAS 1. Instrução: explicar o que acontecerá e o que é esperado “Eu vou colocar um fone em você, você vai ouvir uma serie de apitos, sempre que ouvir, mesmo que baixinho, você deverá levantar a mão do lado que escutar”. 2. Colocação dos fones: deve ser colocado do lado correto e de forma que não haja colabamento do meato acústico externo. Se necessário colocar oliva para evitar colabamento e sempre que colocar os fones, puxar levemente o pavilhão auricular para cima e para trás. 3. Pesquisa dos limiares auditivos: deve-se iniciar pela melhor orelha, (informação adquirida no anamnese) ou se não houver iniciar pela orelha direita. A i n t e n s i d a d e d e v e s e r supraliminar , em média de 20 a 30 dB a mais, dependendo do tipo de perda esperada. Intensidade inicial: • Perdas leves: 50 dB • Perdas moderadas 80 dB • Perdas severas: 100 dB Em casos de perdas sensorioneurais deve ser ter cautela na quantidade de som dado a mais por conta da distorção presente. A técnica utilizada é a ascendente- descendente, onde desce-se de 10 em 10 e sobe-se de 5 em 5. A duração do estímulo deve ser em torno de 4 segundos, e sempre tomar cuidado para não haver condicionamento através de apresentação do sons ritmado. A ordem das frequências devem ser realizadas a partir de 1K Hz até 8K e após isso testar 500 e 250 Hz. Para definir o limiar auditivo, a resposta deverá ser dada 4 vezes, e obtida pelo menos 50% das respostas. AUDIOMETRIA POR VIA ÓSSEA A audiometria por via óssea mede diretamente a orelha interna, eliminando a participação da orelha externa e média. Ela fornece o diagnóstico através da verificação do tipo da perda auditiva e auxilia no topodiagnóstico. O vibrador ósseo deve ser colocado no processo da Mastóide sem encostar no 2 UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna pavilhão auricular e nos cabelos. Pedir para tirar óculos e brincos. Deve ser realizado somente nas frequências alteradas. A pesquisa deve ser feita de 500 a 4K Hz. Para se obter a via óssea da orelha isolada, deve-se mascarar, do contrário, a obtenção será da VO livre. ETAPAS 1. Instrução ao paciente; 2. Pesquisa do limiar nas frequências 500, 1K, 2K e 4K - sons da fala 1. Intensidade máxima de 50 dB em 500 Hz e 60dB nas demais. 3. Tecnica ascendente-descendente 4. Resultado deve ser sempre igual ou melhor. TIPOS DE PERDAS AUDITIVAS GRAU DE PERDA AUDITIVA CONFIGURAÇÃO DA PERDA AUDITIVA Horizontal: • Condutivas e sensorioneurais; • Melhora ou piora de 5 dB por oitava; • Até 20 dB entre 1ª e última frequência. Ascendente: • Perdas condutivas; • Diferença de 20 dB ou mais entre 1º e última; • Dificuldade em ouvir sons graves. Descendentes: mais comum. • Sensorioneurais; • Ouvem, mas não entendem; • Dificuldade em ouvir sons agudos. Em “U”: • Frequências médias piores que as graves e agudas. Em “U” invertido: • Frequências medias melhores que graves e agudas. Em entalhe: • Perda acentuada em uma ou duas frequências isoladas com melhora/ recuperação nas seguintes; • PAIR, Sensorioneurais. SINAIS DE NOTAÇÃO LOGOAUDIOMETRIA A l o g o a u d i o m e t r i a m e d e a sensibilidade auditiva para a fala. Os objetivos da logoaudiometria são: conf i rmar os l imiares tonais audiométricos, analisar a detecção e 3 UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna discriminação dos sons e confirma o diagnóstico. A voz deve ser apresentada sempre na mesma intensidade e sem dar pistas visuais. LRF - LIMIAR DE RECONHECIMENTO DE FALA É definido como o mínimo de intensidade ao qual o paciente reconhece e repete. O paciente deve identificar 50% das palavras para se obter o limiar. Utilizar lista de palavras trissílabas, polissílabas ou ainda perguntas de ordem simples ou figuras, em caso de crianças. Começar o exame adicionando 40dB acima da média tritonal (500, 1K e 2K Hz). O resultado deve ser igual a média ou até 10dB a mais. LDV - LIMIAR DE DETECÇÃO DE FALA Tem por objetivo detectar o mínimo de nível de audição que o individuo identifica a fala em 50% das apresentações. É usada em pessoas sem oralidade ou em perdas auditivas severas e profundas. Utilizado /pa pa pa/ ao invés de lista de palavras. Em pessoas com perdas grandes pode usar /po po po/. Nesses casos não precisa repetir as palavras, pode somente levantar a mão. OBS: Deve ser realizado o LRF ou LDV IRF - ÍNDICE DE RECONHECIMENTO DE FALA Determinar a habilidade do ouvinte em compreender a fala. E la é fe i ta em uma mesma frequência, 40 dB a mais que a média tritonal, salvo excessões onde o paciente referir que a intensidadeestá alta de mais ou se houver desconforto. É utilizada lista de 25 palavras monossílabas e 25 palavras dissílabas, a pessoa deve repeti-las, anota-se os erro e ao final os erros são somados e há a determinação de uma porcentagem. RESULTADOS Em porcentagens até 92% não necessita realizar a lista de dissílabas. Dissílabos devem ser melhores que monossílabas pois possui maior carga semântica. MASCARAMENTO O mascaramento é utilizado com o objetivo de eliminar a orelha não testada, para que a mesma não ajude a orelha que está sendo testada. O mascaramento deve ser usado sempre que houver Normal 92 a 100% Ligeira dificuldade 80 a 88% Moderada 60 a 76% Dificuldade acentuada 52 a 76% Provavelmente não acompanha conversas Abaixo de 50% Lesões cocleares Entre 60 a 88% - aumenta conforme perda piora Lesões retrococleares Abaixo de 60% e incompatível com o grau da perda, menor que as colcleares Perdas condutivas Ente 92 e 100% - gap aéreo- ósseo supre a perda 4 UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna chance de uma orelha responder pela outra. MASCARAMENTO VA ATENUAÇÃO INTERAURAL - AI A atenuação interaural é importante na a v a l i a ç ã o d a n e c e s s i d a d e d e mascaramento. Se refere a diminuição da intensidade de um som ao passar para a outra orelha. Ela muda de acordo com a frequência testada. VALORES SUPERMASCARAMENTO É quando o ruído mascarante é tão intenso que ultrapassa para a orelha avaliada. Fórmula: VO + 40dB QUANDO MASCARAR? Via aérea: Sempre que houver diferença de 40dB ou mais entre a VA da orelha testada e a VO da orelha não testada. Fórmula Nível de sensação + 10dB + VA ONT Nível de sensação = AI + VO Mascaramento: Nível de sensação de ruído +VA Via óssea: sempre mascaram, exceto quando a via óssea acoplar ou der diferença de 10dB. Máximo de ruído sem supermascarar: VO - 5dB + AI (VA) Logoaudiometria: sempre que tiver diferença de 45dB ou mais entre uma orelha e outra, deve-se realizar o mascaramento. MEDIDAS DE IMITÂNCIA ACÚSTICA As medidas de imitância acústica detectam problemas de orelha média, auxiliam no topodiagnóstico e são usadas principalmente para diagnóstico diferencial e n t r e p e r d a s c o n d u t i v a s e sensorioneurais. Pressão e volume da orelha média: • Pressão: alteração da tuba auditiva • Volume: rigidez e líquidos Medidas: • 1 estática: MT em repouso - volume da OM - ml • 2 dinâmicas: MT sob variação de pressão - pressão da OM e Limiar do reflexo acústico Hz 250 500 1K 2K 3 K 4K 6 K 8 K AI 40 40 40 45 45 50 50 50 5 UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna Impedância: dificuldade da passagem de som. Admitância: facilidade da passagem de som = complacência "Colocarei uma sonda em uma das suas orelhas e um fone na outra. Você sentirá de um lado uma variação de pressão no canal auditivo, que é perfeitamente normal (como se você estivesse descendo uma serra). Do outro lado ouvirá uns apitos de forte intensidade, mas não precisa responder. Evite movimentar a cabeça, tossir e deglutir durante o exame.” TIMPANOMETRIA A timpanometria verifica a mobilidade da membrana timpânica e dos ossículos (sistema timpanossicular). A presença de alteração indica problemas na orelha média. ETAPAS 1. Medir o volume da cavidade da orelha externa: • Colocar a pressão em +200 com a agulha no 0 • Anotar o valor correspondente em ml 2. Medir a posição neutra = OM + OE: • Reduzir a pressão até que encontre o pico e anotar em ml • o valor dará maior que o anterior 3. Subtrair a medida da orelha média da posição neutra. • Equivale a complacência. (Pico da onda) • A diferença, isto é, a subtração desses dois valores corresponde a orelha média • 03 a 1,3 ml VALORES DE NORMALIDADE DO ADULTO Valor volume equivalente da OM se refere a admitância (complacência); Vol. OE e OM Vol. OE Vol. OM Pressão da OM +90 a -100 daPA Volume equivalente da OM 03 a 1,3 ml TIPOS DE CURVAS Tipo A Normal 0,3 a 1,3 Tipo Ad Flacidez, disjunção ossicular Acima de 1,3 Tipo Ar Rigidez (Otosclerose) Abaixo de 0,3 Tipo B Ausência de mobilidade (Líquidos - OMS) Sem pico Tipo C Pressão negativa Pico abaixo de 0 (-200) 6 Valor < 0,3 ml Baixa imitância acústica Valor > 1,3 ml Alta imitância acústica UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna REFLEXO ACÚSTICO O reflexo acústico é uma contração involuntária dos músculos da orelha média em resposta a um estímulo sonoro. A contração responde bilateralmente a um estímulo de 70 a 90dB acima do limiar auditivo. TIPOS DE REFLEXO Reflexo contralateral: medida é feita em dB NA É medido no lado oposto a apresentação do som - orelha contrária A orelha que recebeu o estímulo reflete para a outra. Reflexo ipsilateral: a medida é feita em dB NPS É medido do mesmo lado que o som é apresentado - mesma orelha recebe o estímulo. REFLEXO CONTRALATERAL Notação: Colocação do fone e sonda: Caminho do som: *Via aferente e eferente do reflexo Contralateral REFLEXO IPSILATERAL Notação: Colocação do fone e sonda Caminho do som: Via aferente e eferente do Reflexo Ipsilateral RESULTADOS TIPO D Dois picos Desarticulaçã o, flacidez Reflexo presente normal 70 a 100 dBNS Reflexo ausente 7 UNIVERSIDADE DE SOROCABA @debora_campagna ETAPAS 1. Ajustar a sonda na orelha do paciente 2. Apresentar tom puro - 500, 1K, 2K e 4K a 80dB por 2 a 3 segundos 3. Se não houver deslocamento da a g u l h a s i m u l t a n e a m e n t e a apresentação aumentar 10 dB 4. Quando observar presença de reflexo diminui-se 5dB até encontrar o limiar do reflexo acústico para a frequência testada. Esquema do arco reflexo estádio - coclear Reflexo presente com recrutamento Menor que 70 dBNS Reflexo presente - retrococlear Maior que 100 dBNS 8
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