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Atendimento Pré-Hospitalar do Paciente Vítima de Trauma

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Aula 2 – Atendimento Pré-Hospitalar do Paciente Vítima de Trauma 
A mortalidade por trauma possui três picos. O primeiro vai de segundos a minutos do trauma, onde os 
pacientes sofrem uma grande lesão, como lesão de aorta, coração e grandes vasos. São lesões incompatíveis 
com a vida, onde não há muito o que se fazer e quase metade das pessoas morrem. O segundo pico vai de 
minutos a várias horas do trauma, como ruptura do baço, fígado ou fratura pélvica, etc. Nesse pico é onde 
o pré-hospitalar e hospitalar mais podem ajudar os pacientes. E o último pico vai de dias a semanas do 
trauma. 
O principal risco potencial é o trânsito, sendo a principal causa de morte de socorristas. Inicia no trajeto 
para o local da ocorrência (risco de acidente com a viatura). Algumas condições que aumentam o risco: 
clima (chuva, neblina, neve, etc.), condições da rodovia, iluminação, condições do veículo e velocidade de 
deslocamento. Algumas estratégias de atenuação de riscos são: exagerar na segurança, solicitar apoio, dividir 
as tarefas entre os socorristas e não ter receio de fechar a via se necessário, uso de roupas refletivas, posicio-
namento correto dos veículos, etc. 
No posicionamento dos veículos de resgate, o primeiro veículo em cena se posiciona antes da cena do 
acidente, dando um espaço suficiente entre o veículo e a ocorrência. Caso não seja o primeiro veículo, deve-
se posicionar depois da cena. 
Outro risco potencial é a violência, onde se deve antecipar riscos potenciais e se deve solicitar apoio policial. 
São alguns exemplos o surto psicótico, agressões, FAF, FAB, paciente ou acompanhantes sob efeito de subs-
tância psicoativa, etc. Também se deve observar a cena, não apenas olhar ela. Ou seja, deve-se observar o 
número de indivíduos, sinais de tensão emocional, comportamento verbal ou linguagem corporal agressiva, 
observar posição das mãos, etc. Em casos de riscos, preparar a evacuação da cena, terminando o procedimento 
na ambulância, removendo para um local seguro ou direto para o hospital, etc. Nunca se deve confrontar! 
Também são riscos potenciais os materiais perigosos como produtos químicos, fogo, eletricidade, etc. Se a 
cena não é segura, deve-se torna-la segura; se não consegue, peça ajuda especializada. Deve-se isolar a 
área para diminuir o risco de novas vítimas, negando a entrada e a saída de cena até que a cena esteja segura. 
Em uma ocorrência, é necessário que o socorrista entenda o sistema e a estrutura de comando das zonas de 
trabalho em uma operação com materiais perigosos. A zona quente é a área de maior contaminação, onde 
só podem entrar as equipes especialmente treinadas e protegidas contra materiais perigosos. É essa equipe 
que remove as vítimas, devendo estar atento a possibilidade não tratar os pacientes nessa zona, uma vez que 
há o aumento da exposição do socorrista e à vítima. A zona morna é um corredor de redução de contami-
nação, sendo o local que as vítimas são descontaminadas, aqui o único cuidado a ser feito é a avaliação 
primária e imobilização da coluna vertebral. Já a zona fria é uma área livre de contaminação, onde ocorre 
o atendimento das vítimas, é nessa área que deve ficar o posto de comando, áreas de tratamento e a triagem. 
Avaliação da Vítima e Triagem 
Na zona pré-hospitalar, existem os três T’s: triagem, tratamento e transporte. 
Na triagem, tudo dependerá da situação. Em caso de única vítima, deverão ser tratadas primeiro as condições 
que possam resultar em perda de vida, em segundo lugar serão as condições que possam resultar em perda 
de membro e por último são as outras condições que não coloquem em risco a vida ou o membro. 
Outra situação é o caso de múltiplas vítimas, quando o número de doentes e a gravidade de suas lesões não 
excedem a capacidade de atendimento do serviço de referência hospitalar, mas exigem da equipe de resgate 
decisões de prioridade. Nesses casos, a triagem funciona por esquema de classificação, onde os pacientes que 
devem ser tratados como imediato são os que possuem ferimentos críticos, mas que exigem apenas um mí-
nimo de tempo ou equipamento para o atendimento, possuindo bom prognóstico de sobrevivência (via aérea 
comprometida, hemorragia, etc.). Em seguida, há os que podem aguardar, os quais possuem ferimentos 
debilitantes, mas que não precisam de tratamento imediato para salvar a vida ou o membro (fratura de osso 
longo). Após, vem os leves que possuem pequenas lesões e o tratamento não é imediato, podendo até ajudar 
o socorro, também chamados de feridos ambulantes. Depois, os expectantes os quais possuem ferimentos tão 
graves que possuem mínimas chances de sobreviver, como uma vítima com queimadura de 90% da área cor-
poral. E por fim, há os mortos que não responde, estão sem pulso e sem respiração, onde raramente há tempo 
de reanimação. 
E por fim, há o caso de vítimas em massa que são situações de catástrofes, onde o número de vítimas e a 
gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento da equipe e serviço de referência hospitalar. 
Nesses casos, a prioridade se dá para as vítimas com maiores possibilidades de sobrevida. 
Protocolo START 
O protocolo START também é um tipo de triagem que pode ser realizado. Ele consiste em três passos: che-
cagem de ventilação, circulação e estado neurológico. De início, se o paciente consegue caminhar, é en-
caminhado para uma zona verde. 
Na ventilação, caso não esteja presente, deve-se abrir a via aérea. Caso mesmo assim não ventile, o paci-
ente é considerado como preto e não há salvamento, se ventilar, deve ser tratado imediatamente (vermelho). 
Caso a ventilação esteja presente de início, deve-se verificar a quantidade de movimentos respiratórios 
por minuto, caso seja maior que 30 e menor que 10 também é classificado como vermelho e precisa ser 
tratado imediatamente. Já, caso esteja entre 10 e 30, passa-se para a próxima checagem. 
Na circulação, verifica-se se há pulso radial fraco, checado pelo tempo de enchimento capilar maior que 
2 segundos. Se positivo, deve-se tratar imediatamente, caso negativo, passa-se para a próxima checagem. 
Por fim, no estado mental, se o paciente não responde à comandos, é tratado imediatamente. Se ele res-
ponde à comandos, é classificado como amarelo, onde seu atendimento será adiado. 
Avaliação Primária 
A avaliação primária é rápida e objetiva, identificando condições que coloquem a vida do paciente em risco, 
tratando essas condições em caráter de urgência, programando um rápido transporte para o centro de trauma 
quando não for possível o tratamento no local. 
Essa avaliação é o XABCDE, onde X é o eXsansuinating (hemorragias exsanguinantes), devendo identificar 
e tratar hemorragias externas graves, o A de Airway, onde se deve garantir uma via aérea pérvia com estabi-
lização da coluna cervical; B de Breathing, com a garantia de ventilação e oxigenação adequadas, tratando 
lesões potencialmente fatais; C de Circulation, onde se deve identificar e tratar hemorragias externas, trans-
portar rapidamente as hemorragias que não podem ser controladas; D de Disability, onde vai se avaliar os 
níveis de consciência, identificar lesões no sistema nervoso central e deve se evitar lesões secundárias; e o E 
de Exposure/Environment, procurando as atividades por lesões, evitando hipotermia. 
X – Hemorragia Exsanguinante 
A hemorragia exsanguinante é o sangramento que ocorre com um volume considerável, que resultará em 
morte se não for estancado. É possível que ocorra hemorragia capilar, que é superficial, a qual, geralmente, 
é interrompida antes da chegada da equipe. Outro tipo de hemorragia é a venosa, onde camadas mais profundas 
são atingidas, sendo que cessa com a compressão, não ameaçando a vida, exceto se lesão grave e/ou múl-
tiplas. Por fim, é possível ocorrer hemorragia arterial, a qual é um sangramento de difícil controle, com sangue 
vermelho intenso que jorra da lesão, sendo uma hemorragia com risco de vida. Deve-seconter com uma com-
pressão direta, torniquete ou ainda torniquete juncional. 
A – Via Aérea 
A primeira avaliação a ser realizada é feita com intuito de buscar a permeabilidade da via aérea, procurando 
obstruções, corpos estranhos, fraturas mandibulares ou traqueolaríngeas. Todas as manobras devem ser feitas 
com estabilização da coluna cervical, uma vez que todos os pacientes politraumatizados, até a prova contrária, 
devem ser considerados portadores de lesão cervical. A cabeça e o pescoço do doente não devem ser 
hiperextendido, hiperflexionados ou rodados até que se exclua lesão cervical. O colar cervical pode ser retirado 
para que se acesse a via aérea do paciente, desde que se mantenha a imobilização. Pacientes capazes de co-
municação verbal dificilmente apresentam obstrução de via aérea. Porém, mesmo nessas situações, é essencial 
a avaliação da via aérea, uma vez que é possível este esteja em risco, como em caso de sangue na cavidade 
oral/nasal, fratura de laringe ou de mandíbula, corpo estranho, sangramento, vômitos e secreções. Nos dois 
primeiros casos, deve-se instalar a via área definitiva (tubo orotraqueal, criotireoidostomia, sendo que a tra-
queostomia não é feita em emergências), enquanto em caso de corpo estranho deve-se fazer a visualização e 
a retirada deste. Em caso de escala de coma de Glasgow menor ou igual a 8 deve fazer a instalação da via 
aérea definitiva também. 
B – Breathing 
Uma via aérea permeável não é sinônimo de uma ventilação adequada. Esta, por sua vez, depende do bom 
funcionamento dos pulmões, da parede torácica e do diafragma, devendo-se fazer a exposição do tórax, com 
a devida inspeção e avaliação dos movimentos respiratório, com intuito de procurar o risco de morte por 
pneumotórax hipertensivo (desvio de traqueia), pneumotórax aberto (lesão soprante), tórax instável (fra-
tura de costelas) e hemotórax hipertensivo (timpanismo). 
No pneumotórax, há enfisema subcutâneo, hipertimpanismo à percussão de ápice pulmonar, diminuição 
do murmúrio vesicular. Enquanto no pneumotórax hipertensivo, há hipotensão, desvio da traqueia e 
turgência jugular, devendo-se fazer o devido tratamento. 
Em caso de pneumotórax aberto, há trauma penetrante, ferimento maior ou igual a abertura da glote, de 
modo que o ar entra pela abertura de menor resistência. Essa lesão prejudica a ventilação do pulmão com a 
lesão e do pulmão contralateral, de modo que é necessário fazer um curativo de três pontas. 
Já no hemotórax, há sangue na cavidade torácica. Ele ocorre, geralmente, por lesões penetrantes e pode causar 
choque hipovolêmico. Possui macicez à percussão e diminuição do murmúrio vesicular. Em caso de hemotó-
rax hipertensivo, também há os mesmos sinais que o pneumotórax hipertensivo, devendo seguir a drenagem 
de tórax.

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