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Universidade Tiradentes - Medicina P3 Osteoporose e quedas TUTORIA INTRODUÇÃO: ● A osteoporose (OP) é uma doença esquelética crônica caracterizada pela baixa massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. ● O diagnóstico pode ser feito baseado na ocorrência de fraturas sem trauma significativo ou na baixa densidade mineral óssea medida pela densitometria óssea (DXA: padrão-ouro). ● No estado pré-clínico, a OP é caracterizada, simplesmente, pela baixa massa óssea sem fraturas, e, geralmente, é assintomática. ● O aumento da morbidade e da mortalidade pela OP está associado a: ○ custos econômicos; ○ hospitalização; ○ cuidados ambulatoriais; ○ institucionalização; ○ incapacidades; ○ mortes prematuras. ● A osteoporose é uma das doenças osteometabólicas mais comuns em países desenvolvidos, enquanto a osteomalacia pode ser mais prevalente nos países em desenvolvimento, nos quais a nutrição é deficiente em cálcio e vitamina D. DEFINIÇÃO: ● Osteoporose é um distúrbio esquelético crônico e progressivo, de origem multifatorial, que acomete principalmente pessoas idosas, tanto homens quanto mulheres, geralmente após a menopausa. ● Caracteriza-se por resistência óssea comprometida, predispondo ao aumento do risco de fratura, à dor, à deformidade e à incapacidade física. ● A resistência óssea reflete a integração entre densidade e qualidade óssea, que, por sua vez é determinada por vários fatores: ○ Microarquitetura trabecular interna; ○ Taxa de remodelamento ósseo; ○ Macroarquitetura; ○ Acúmulo de microdanos; ○ Grau de mineralização; ○ Qualidade da matriz. ● Otimizar o pico de massa óssea na infância e na adolescência é tão importante quanto a perda óssea no adulto. ● A OP é classificada como primária, subdividida em tipos I e II, ou secundária. EPIDEMIOLOGIA: ● A prevalência da OP, no Brasil variam de 6 a 33% (grande mistura étnica com distribuição regional heterogênea). 1 Caracterizar a osteoporose (fisiopatologia, classificação, epidemiologia, achados clínicos, critérios diagnósticos, tratamento) ● A prevalência varia segundo a influência de vários fatores sobre a massa óssea e a facilidade de se realizar o diagnóstico. Atualmente, a literatura registra incidência de 50% para as mulheres na 8ª década e 20% para os homens da mesma idade. ● O NHANES III estimou que 10,2 milhões de adultos americanos, de 50 anos ou mais, apresentam osteopenia, enquanto 43,4 milhões têm baixa massa óssea. ● Para os de 80 anos, a incidência sobe para 70%. Para as mulheres negras, a taxa é menor (8%), porém ainda substancial. ● No Brasil as estatísticas oficiais mostram que depois dessa faixa etária, 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 5 homens apresentarão uma fratura relacionada à osteoporose. ● Por ser uma doença assintomática, seu registro se faz, muitas vezes, tardiamente por meio de suas complicações, que são as fraturas. ● Mulheres idosas com mesma densidade óssea têm maior taxa de fratura quando comparadas às mais jovens devido a qualidade óssea e tendência aumentada a quedas. ● Nos EUA, são registradas 150.000 admissões hospitalares ao ano, 161.000 visitas médicas e mais de 5 milhões de dias de restrição de atividades, revelando o impacto da fratura vertebral na qualidade de vida. ● Quanto maior o número e o grau de gravidade da fratura vertebral, 2 maior o risco de o paciente em ser acometido por novas fraturas. ● As fraturas de punho ocorrem com mais frequência por volta da 5ª década, as vertebrais aumentam depois dos 60 anos, enquanto as fraturas de fêmur têm sua maior incidência a partir da 7ª década. ● Para as mulheres brancas que não recebem intervenção contra a perda óssea, as rupturas serão observadas em 50% delas; 17% sofrerão fratura de fêmur proximal (FFP); e 30 a 40%, de vértebras. ● Segundo as estimativas, 1 em cada 6 mulheres brancas terá fratura de fêmur (FF), enquanto a proporção para os homens é de 1 para 12. ● Homens idosos também apresentam risco considerável para rupturas ósseas, sendo responsáveis por um terço de todas as FFP. A morbidade após fraturas osteoporóticas parece ser mais séria, e a mortalidade é mais comum em homens do que em mulheres. ● Pessoas com baixa massa óssea podem não desenvolver fraturas, mas isso não nega a importância de se detectarem todos os indivíduos com baixa massa óssea para serem submetidos a tratamento. ● Chama a atenção o fato de que a grande proporção de FFP ocorre antes dos 80 anos, particularmente nos homens, alertando para a necessidade de uma intervenção precoce. ● A taxa de mortalidade para as mulheres com FFP é quase de 20% nos 3 meses após o acidente; essa taxa dobra para os homens. ● Aproximadamente 50% dos sobreviventes ficam dependentes para suas atividades da vida diária. ● Apesar de as fraturas de punho, do úmero proximal e de corpos vertebrais normalmente não serem fatais, aumentam a morbidade. ● Embora haja aumento da mortalidade devido à OP, sua pior consequência é que os pacientes vivem com perda da independência e piora da qualidade de vida. FISIOPATOLOGIA: ● O osso é uma forma rígida de tecido conjuntivo, formado por células, osteócitos, osteoblastos (Ob) e osteoclastos (Oc). ● Os osteócitos encontram-se embebidos em uma matriz proteica de fibras colágenas impregnadas de sais minerais, especialmente de fosfato de cálcio. ● A matriz apresenta-se, na fase orgânica, constituída de colágeno, proteínas e glicosaminoglicanos; na fase inorgânica, encontram-se, principalmente, hidroxiapatita (fosfato de cálcio) e menores quantidades de outros minerais. ● Os Ob e os Oc estão no periósteo e no endósteo, formando a matriz óssea. ● As fibras colágenas dão elasticidade, e os minerais, resistência. ● Na infância, dois terços da substância óssea são formados por tecido conjuntivo. Na velhice, são os minerais que 3 predominam. Essa transposição de conteúdo leva a menor flexibilidade e aumenta a fragilidade do osso. ● Na composição do esqueleto, há aproximadamente 80% de osso cortical ou compacto, com funções mecânica e protetora, portanto mais resistente, e 20% de osso trabecular ou esponjoso, mais frágil, responsável pela função metabólica. REMODELAÇÃO ÓSSEA: ● O osso é um tecido dinâmico, que está em remodelação constante, não uniforme, por toda a vida. ● O processo de remodelação é realizado pelos Oc e Ob, coordenado com fases de formação e reabsorção óssea, renovando o esqueleto e mantendo sua estrutura. ● A remodelação ocorre na face interna do osso e é realizada por um conjunto celular justaposto com os Oc, na frente, e os Ob, atrás, formando a unidade básica multicelular (UBM). ● A velocidade da destruição e reposição de osso velho ou danificado é determinada pelo número de UBM que está funcionando. Geralmente, é maior no osso trabecular. ● Os osteoclastos são células diferenciadas da linhagem macrófago/monócito, multinucleadas, dirigidas para uma sequência de eventos, que inclui proliferação, diferenciação, fusão e ativação. ● Esses eventos estão sob controle de hormônios e citocinas locais, juntamente com o microambiente ósseo. Interleucinas, fator de necrose tumoral (TNF-α), fator de transformação do crescimento β (TGF-β), prostaglandina E2 e hormônios atuam em conjunto para controlar os osteoclastos. ● RANKL é um membro da superfamília TNF, expressa pelos Ob e seus precursores imaturos. ● Essa citocina ativa seus receptores RANK, promovendo a formação e ativação dos Oc, prolongando sua sobrevivência por meio da supressão da apoptose. ● Os efeitos do RANKL são bloqueados pela osteoprotegerina(OPG), a qual atua como receptor solúvel, agindo como antagonista do RANKL. ● O equilíbrio entre RANKL e OPG é regulado pelas citocinas e hormônios e determina as funções dos Oc. ● Alterações da relação entre RANKL/OPG são críticas na patogênese das doenças ósseas reabsortivas. 4 ● Deficiência de estrogênio, uso de corticosteroide, ativação das células T (artrite reumatoide e outras) e doenças malignas (mieloma e metástase) alteram a relação RANKL/OPG, promovendo a osteoclastogênese, acelerando a reabsorção óssea e induzindo a perda óssea. ● Com a chegada da puberdade, aumenta a produção dos hormônios sexuais, com consequente maturação óssea, sendo alcançado o máximo de massa e densidade óssea na fase adulta jovem. ● Uma vez alcançado o pico de massa óssea, o processo de remodelação torna-se a principal atividade metabólica do esqueleto. ● O resultado final é a reposição óssea em igual quantidade da absorvida, mantendo a massa constante. ● Após os 30 anos, em vários locais do esqueleto, o processo de reabsorção e reposição não se faz na mesma proporção, predominando a fase de reabsorção, devido ao aumento da atividade Oc ou por diminuição da Ob, sendo mais marcante na mulher pós-menopausa. 5 FATORES DE RISCO: ● Podem ser divididos em fatores de risco maiores e menores. ● Clinicamente, o que se observa é um somatório dos fatores de risco do passado e do presente. ● A ocorrência de uma fratura é um importante fator de risco para futuros episódios. Por isso, o objetivo clínico é prevenir a primeira fratura. ● A partir dos 35 anos de idade, o osso cortical apresenta perda de 0,3 a 0,5% por ano, tanto em homens quanto em mulheres, podendo ser 10 vezes maior na menopausa. ● A perda de osso trabecular anual, pela sua alta atividade metabólica, varia de 0,6 a 2,4% nas mulheres e de 0,2 a 1,2% nos homens. ● Ao longo da vida, as mulheres perdem 35 a 50% do osso trabecular e 25 a 30% do osso cortical, enquanto os homens perdem 15 a 45% do osso trabecular e 5 a 15% do osso cortical. ● A diferença sexual no esqueleto está mais relacionada com o tamanho do que com a densidade, sendo o osso masculino frequentemente maior que o feminino. ● Sabe-se que a diminuição da massa esquelética é primariamente causada pela queda dos hormônios gonadais dependente da idade. A queda dramática dos hormônios nas mulheres está relacionada com a redução de massa óssea, enquanto, nos homens, o decréscimo é gradual. ● Muitas evidências apontam para as grandes diferenças entre grupos étnicos. ● As meninas negras formam, durante a adolescência, maior quantidade de massa óssea do que as brancas. 6 ● Fatores genéticos são responsáveis por 85% da variância interpessoal da densidade mineral óssea (DMO).Logo, a presença de OP e a história de FFP materna estão classificadas como fatores maiores de risco. ● A DMO também está associada ao peso, em ambos os sexos. ● O aumento dos níveis de estrogênio, pela conversão no tecido adiposo da testosterona em estradiol e da androstenediona em estrona, e o estímulo da formação de osso novo para atender ao maior esforço em responder às cargas aumentadas de peso. Portanto, pessoas magras estão mais propensas à OP. ● Exercício físico: efeito positivo do exercício físico na DMO. Com a contração da musculatura ocorre deformação do osso, chamada de piezeletricidade, estimulando sua formação. Também há aumento do fluxo sanguíneo para os ossos, trazendo os nutrientes necessários. ● O paradigma de Utah relaciona musculatura e massa óssea, mostrando que a melhora da primeira promove o ganho da segunda. ● A atividade física aumenta de forma mais significativa a massa óssea na criança do que no adulto. A infância e a adolescência são períodos críticos para a aquisição de massa óssea. ● Nutrição: A nutrição pode ter um papel na perda óssea relacionada com a idade. Os principais pilares do osso – cálcio, proteína e fósforo – têm recebido maior atenção. ● A má absorção do cálcio instala- se gradualmente com o avançar da idade. A redução na absorção do cálcio parece ser devida à queda de 25(OH) D com a idade, secundária à redução da exposição ao sol e à piora do metabolismo de 25(OH)D para 1,25(OH)D, pelo declínio da função renal. ● Os receptores da vitamina D estão em menor número na mulher idosa e na pós- menopausa. ● A homeostase do cálcio pode ser alterada pelo consumo de proteínas, que leva à maior excreção de urina ácida, promovendo hipercalciúria. ● Além das proteínas, o sódio aumenta a excreção renal de cálcio. ● Têm-se considerado outros componentes da dieta, incluindo alimentos ricos em fósforo, bebidas alcoólicas, café e bebidas à base de cola. Entretanto, em seres humanos, não foi comprovado que, em quantidades moderadas, sejam fatores de perda óssea. ● A adequada exposição solar é necessária para a produção de vitamina D na pele, substância fundamental para a absorção de cálcio pelo tubo digestivo. ● Nos idosos, a síntese cutânea da vitamina D é bem menor devido ao envelhecimento da pele. Soma-se o fato de permanecerem mais em casa, constituindo-se em um grupo de risco para deficiência de vitamina D. ● Tabagismo: Os fumantes têm de 10 a 30% menos conteúdo mineral ósseo do que os não fumantes. O mecanismo não está claro, mas admite-se que seja multifatorial. ● Medicamentos afetam a massa esquelética, podendo acelerar a perda óssea, assim como alterar o cálcio sérico. Os principais são os corticosteroides, anticonvulsivantes, imunossupressores e os antirretrovirais. 7 ● Os pacientes que necessitem receber os medicamentos anteriormente citados, por um período maior do que 3 meses, devem ser submetidos a tratamento preventivo. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE RISCO PARA A FRATURA: ● A Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu uma ferramenta de avaliação de risco de fratura (FRAX). ● Estima a probabilidade de fratura de quadril ou fratura osteoporótica combinada em 10 anos (quadril, vértebra, úmero ou punho) para uma pessoa não tratada, através dos fatores e risco, usando ou não a densidade mineral óssea (DMO). SINAIS E SINTOMAS: ● Geralmente, a OP é assintomática. ● Os pacientes tomam conhecimento da doença quando ocorre uma fratura ou o médico observa aumento da radiotransparência em exame radiológico. ● Os locais de maior ocorrência de fraturas de baixo impacto são vértebras, punho e região proximal do fêmur. ● As fraturas de punho e fêmur são facilmente diagnosticadas; entretanto, só 30% dos pacientes com fraturas vertebrais procuram atendimento médico. ● Os mais jovens fraturam o punho ao tentarem diminuir o impacto da queda. Mais tardiamente ocorrem as fraturas de vértebras e, geralmente após os 70 anos, as femorais, quando, então, o indivíduo já não apresenta reflexos posturais adequados, caindo sentado. ● A maioria das FFP ocorre por traumas, sendo rara a fratura de quadril ocorrer antes da queda. ● A maioria das fraturas vertebrais ocorre nas vértebras torácicas inferiores ou lombares superiores, provocadas por mínimos traumas. ● A dor por compressão vertebral é aguda, de forte intensidade, permanecendo por 6 a 8 semanas, e é evidenciada pela digitopressão da área comprometida. Os movimentos podem piorá-la. Às vezes, irradia- se para frente. ● O colapso vertebral progressivo acaba produzindo hipercifose (corcunda ou corcova de viúva), diminuição da altura e da lordose natural lombar. ● Paciente com múltiplas fraturas vertebrais pode queixar-se de instabilidade na marcha, aumentando o risco para quedas e dificultando as diferentesatividades da vida diária. DIAGNÓSTICO E MONITORAMENTO: ● Não há clínica significativa para o diagnóstico da OP em suas fases iniciais. ● O exame físico e anamnese completos deverão ser realizados no indivíduo sob suspeita da doença, na tentativa de buscar uma classificação etiológica. ● A investigação clínica dos fatores de risco é fundamental. 8 1. EXAMES LABORATORIAIS: ● São geralmente normais na OP involucional ou primária, do tipo I ou II. Sua solicitação visa estabelecer a presença de fatores secundários determinantes da perda de massa óssea, mesmo na ausência de sinais e sintomas clínicos. ● Exames: hemograma, velocidade de hemossedimentação (VHS), cálcio sérico, fósforo sérico, proteína total, albumina, enzimas hepáticas, creatinina, eletrólitos, glicemia de jejum, dosagem de cálcio na urina de 24 h. ● Atualmente, a dosagem de vitamina D sérica tem sido incorporada. ● Testes laboratoriais adicionais para causas secundárias: hormônio tireoestimulante (TSH) e paratormônio (PTH) intacto sérico, cortisol urinário livre, marcadores bioquímicos do metabolismo ósseo, discriminados mais adiante; estudo do equilíbrio acidobásico, eletroforese de proteínas séricas, anticorpos (AC) antiendomísio, antigliadina e antitransglutaminase, aspiração de medula óssea. 2. BIOMARCADORES ÓSSEAS: ● Os biomarcadores ósseos são produtos da degradação do osso, liberados para a circulação ou urina, derivados de atividade osteoblástica e/ou osteoclástica, durante as fases de formação e reabsorção óssea. ● A velocidade de formação ou degradação da matriz óssea pode ser determinada tanto pela atividade enzimática de células formadoras e reabsorvedoras, quanto pela medida dos componentes da matriz óssea liberados na circulação durante a remodelação. ● Nenhum desses marcadores é específico da OP, podendo ser influenciados por outros fatores. ● Podem ser úteis: ○ Determinação do risco de fratura ○ Determinação da resposta terapêutica a alguns agentes antirreabsortivos ○ Identificação dos indivíduos com alto turnover ósseo, para predizer perda óssea rápida. ● Altos níveis de biomarcadores de reabsorção estão associados a maior risco de fratura de quadril e vértebras, e a diminuição, decorrente de tratamento medicamentoso, leva à redução desse risco. 3. RADIOGRAFIAS CONVENCIONAIS: ● A sensibilidade e a precisão das radiografias simples para determinar baixa massa óssea são fracas, e, na ausência da fratura vertebral, essa técnica não pode ser utilizada para diagnosticar a OP. ● No entanto, na presença de fratura por baixo impacto, independente da DMO, o paciente deverá ser considerado como osteoporótico. ● As radiografias só mostrarão as alterações decorrentes da OP quando a perda de massa óssea atingir aproximadamente 30%. ● As radiografias devem ser solicitadas como mais um exame complementar. ● Estão indicadas também nos indivíduos que perderam altura de maneira significativa e injustificada. 9 Encontramos, no esqueleto axial e apendicular, as seguintes alterações: ■Radiolucência ou radiotransparência aumentada, traduzida como osteopenia ■Afinamento da cortical ■Desaparecimento primário das trabéculas horizontais, com persistência das verticais, que seguem as linhas de força gravitacionais ■Estriação longitudinal, principalmente na zona subendosteal, ou tunelização intracortical é sinal patognomônico de alto turnover ósseo ■Reabsorção óssea subperiosteal, com irregularidade da superfície óssea externa, é encontrada principalmente no hiperparatireoidismo primário ou secundário ■Nas vértebras, perde-se inicialmente o “bojo” central, formado de osso trabecular, mais ativo metabolicamente do que o invólucro vertebral, formado de osso cortical. A vértebra passa a apresentar um aspecto de “moldura de quadro” 4. ULTRASSONOMETRIA ÓSSEA: ● A exatidão permanece desconhecida, assim como suas limitações, artefatos e problemas técnicos. ● O equipamento mais comumente utilizado é o que mede a velocidade de propagação (SOS) e a atenuação do som em calcâneo e tíbia (BUA). ● É estabelecido um índice que se expressa como a resistência óssea ou stiffness, que se relaciona ao risco de fraturas do colo femoral em mulheres acima dos 65 anos. ● Esse método não apresenta boa correlação com os resultados obtidos pela DXA, e ainda não existem critérios diagnósticos que se apliquem à ultrassonometria. 5. DENSITOMETRIA ÓSSEA: ● A DXA é um termo aplicado a métodos capazes de medir a quantidade de osso (conteúdo mineral) em uma área ou volume definido, calculando, como resultado desses dois parâmetros, a DMO. ● Mede a densidade óssea, em valores absolutos (g/cm2), em todo o esqueleto ou em regiões específicas, comparando-os às curvas de normalidade. ● A DXA permite estabelecer o diagnóstico da OP; determinar o risco de fraturas; auxiliar na identificação de candidatos para intervenção terapêutica; avaliar as mudanças na massa óssea, com o tempo, em pacientes tratados ou na evolução natural da doença; e aumentar a aceitação e a adesão aos diferentes tratamentos. ● A DXA avaliada pela técnica DEXA é ainda hoje o padrão-ouro no diagnóstico da OP. ● A escolha do local de análise dependerá basicamente do tipo de OP que se esteja estudando, da idade, do tipo histológico de 10 osso e da presença de alterações morfológicas ou artefatos. ● Mulheres na pós-menopausa, imediata e tardia, apresentam perda basicamente de osso trabecular e devem ter a coluna lombar bem avaliada, assim como o fêmur proximal. ● Em indivíduos idosos, o fêmur proximal sempre será avaliado. Indicações ● O ideal seria poder realizar uma varredura de todas as mulheres na perimenopausa e estabelecer quais apresentam baixo pico de massa óssea. ● Todas as mulheres de 65 anos ou mais ● Mulheres na peri e pós- menopausa com fatores de risco ● Mulheres com amenorreia secundária prolongada (por mais de 1 ano) ● Todos os indivíduos que tenham sofrido fratura por trauma mínimo ou atraumática ● Indivíduos com evidências radiográficas de osteopenia ou fraturas vertebrais. ● Homens com idade superior a 70 anos ● Homens com idade inferior a 70 anos com fatores de risco ● Indivíduos que apresentem perda de estatura (2,5 cm) ao longo da vida ou hipercifose torácica ● Indivíduos em uso de corticoides por 3 meses ou mais, independentemente da dose ● Indivíduos com índice de massa corporal baixo (IMC de 19 kg/m2 para jovens e, para indivíduos idosos, IMC de 22 kg/m2) ● Portadores de doenças crônicas ou em uso de outras medicações associadas à OP ● Para monitoramento de mudanças de massa óssea decorrentes da evolução da doença e dos diferentes tratamentos disponíveis. Análise dos resultados ● O método oferece três tipos de medidas: ○ Valor absoluto (g/cm2) ○ Valor percentual relativo a uma curva ajustada para a idade, sexo, raça e peso (age matched) – Z-score ○ Valor percentual relativo a uma curva de jovens entre 20 e 40 anos de idade (young adults) – T-score ● O valor absoluto estabelece o padrão esquelético do indivíduo por meio do corte transversal, representando a massa óssea em um determinado momento. Esse valor é importante quando comparamos os exames prospectivamente. ● Age matched é uma curva ajustada considerando-se a idade do paciente, sexo, cor e peso. É um valor relativo, que serve para alertar quanto à existência de alguma causa secundária para a osteopenia ou para a OP. ● Indivíduos que se encontram com massa óssea abaixo da esperada para a sua idade podem ter alguma outra razão para desenvolver a doença. No entanto, estar dentro dessa curva de normalidade não afasta,em alguns casos, a necessidade de intervenção terapêutica, já que esse parâmetro não define risco de fratura. Esse valor é definido como Z-score. 11 ● Young adults é uma curva ajustada de uma população entre 20 e 40 anos. Compara-se à massa óssea do idoso com a de uma pessoa jovem, que possui as mesmas características em relação a sexo e peso. Esse valor é definido como T-score. ○ Até −1,0 desvio padrão (DP): indivíduos normais ○ Entre –1,0 e –2,5 DP: indivíduos osteopênicos ○ Abaixo de –2,5 DP: pacientes com OP ○ Abaixo de –2,5 DP, associada à fratura: pacientes com OP estabelecida ou grave. ● Pode ser usado como parâmetro de monitoramento terapêutico, geralmente em um período curto de 1 ano. ● A Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica recomenda, para a OP do tipo I, o monitoramento anual. Para os portadores de OP do tipo II, ou senil, o intervalo pode ser até de 2 anos, porque o metabolismo ósseo é mais estável. TRATAMENTO: Medidas preventivas não farmacológicas ● Adequada nutrição ● Bons hábitos de vida, incluindo exercícios físicos, evitando alcoolismo e tabagismo ● Controle do ambiente para prevenção das quedas. ● O nutriente mais importante é o cálcio. Sua ingesta em níveis adequados está relacionada com o pico de massa óssea, prevenção e tratamento. ● Recomenda-se uma ingesta de 1.500 mg de cálcio para mulheres após a menopausa sem terapia estrogênica e 1.000 mg para os homens e mulheres em terapia estrogênica, diariamente, devendo ser aumentada para 1.500 mg/dia após os 65 anos. ● O ideal é obter a quantidade total com a dieta, mas, como nem sempre é possível, há necessidade de adicionar uma suplementação. ● Um bom aporte proteico pode, inclusive, diminuir a mortalidade pós-fratura de colo femoral. ● Os exercícios mais benéficos para a estimulação óssea no idoso são realizados com carga, como a marcha, e contra a resistência, como a musculação leve. ● A natação, embora traga outras vantagens, não tem efeito benéfico sobre a massa óssea. ● A atividade física deve ser realizada pelo menos 3 vezes/semana, em dias alternados, durante, no mínimo, 30 min. ● Caminhadas podem ser feitas diariamente, por um período de 40 min. DEFINIÇÕES: ● A queda pode ser definida como um evento descrito por vítima ou testemunha, em que a pessoa inadvertidamente vai de encontro ao solo ou a outro local em nível mais baixo que o anteriormente ocupado, consciente ou inconsciente, com lesão ou não. 12 2. Conhecer a epidemiologia da queda, consequências e fatores de risco ● Tipos diferentes de quedas apresentam fatores de risco específicos, tornando necessária uma determinação cuidadosa de suas circunstâncias, tanto para a avaliação clínica quanto para a pesquisa epidemiológica. ● São consideradas quedas quando estas são não intencionais e resultam em contato com o solo. ● Os fatores de risco e medidas preventivas associados a quedas em pessoas mais velhas, porém ativas e saudáveis, que caem porque participam de atividades vigorosas e arriscadas diferem dos indivíduos mais frágeis que caem por instabilidade. ● Deve-se analisar: ○ Determinação da contribuição externa à queda, avaliando-se se a contribuição teria sido suficiente para derrubar alguém saudável e mais jovem ○ Investigação somente daqueles indivíduos que sofreram duas ou mais quedas ○ Classificação da intensidade de movimento no momento da queda. EPIDEMIOLOGIA E MAGNITUDE DO PROBLEMA: ● A incidência de quedas aumenta com a idade e varia de acordo com a situação funcional do indivíduo. ● Estima-se uma incidência de 28 a 35% de quedas em indivíduos com mais de 65 anos, 35% naqueles com mais de 70 anos e 32 a 42% nos indivíduos com mais de 75 anos. ● 50% em indivíduos com mais de 80 anos. ● Prevalência de quedas de 34,8 entre os homens e 40,1% nas mulheres. ● 30 e 60% dos mais velhos vivendo na comunidade sofrem quedas anualmente, com aproximadamente metade experimentando quedas múltiplas. ● Os indivíduos mais saudáveis caem com menos frequência. ● Aqueles que já tiveram um episódio de queda têm uma incidência maior de quedas no ano subsequente. ● A incidência por 1.000 pessoas- ano variou de 3,7 para a faixa de 60 a 69 anos; 7,0 para 70 a 79 anos; 27,0 em indivíduos com mais de 80 anos. ● Quase 60% dos idosos com história de queda no último ano sofrerão uma queda subsequente. ● É mais difícil prever estimativas de pacientes institucionalizados, mas pelo menos 50% das pessoas mais velhas em instituições correm risco de quedas. ● A prevalência de quedas por ano nas instituições de longa permanência é maior que na comunidade. ● Na análise ajustada, as quedas se mantiveram associadas a cor da pele branca, com os indivíduos separados e divorciados, com depressão, e maior quantidade referida de medicamentos para uso contínuo. COMPLICAÇÕES DECORRENTES DE QUEDAS: ● Impacto importante sobre a qualidade de vida dos indivíduos mais velhos. ● Consequências: fraturas, medo de cair, abandono de atividades, modificação de hábitos e imobilidade. 1. Morte ● É uma consequência bem menos frequente. ● Acidentes são a quinta causa de morte em pacientes mais velhos e 13 as quedas constituem 2/3 dessas mortes acidentais. ● A maior parte das mortes decorrentes de quedas ocorre naqueles com mais de 65 anos de idade e as complicações de quedas são a causa principal de morte por trauma em indivíduos com mais de 65 anos. ● Um evento letal diretamente relacionado com uma queda ocorre em aproximadamente 2 por 1.000 indivíduos com mais de 65 anos por ano. ● Quase todas as mortes são consequentes à fratura de colo femoral. 2. Lesões ● As lesões resultantes de quedas são comuns, ocorrendo em 1/3 a 3/4, embora a maior parte seja de pequena gravidade e mais da metade dos pacientes não procure atendimento médico. ● A maior parte das lesões graves e fraturas nos pacientes mais velhos são decorrentes de quedas, embora as fraturas ocorram em menos de 10% desses eventos. ● Parece haver um maior risco de lesões naqueles indivíduos que caem longe de suas residências, talvez porque eles tendam a ser um grupo mais ativo e saudável e mais sujeito a sofrer quedas mais violentas. ● A incidência de fraturas do colo femoral em indivíduos maiores de 65 anos é de aproximadamente 5 por 1.000 por ano. ● A incidência de lesões é substancialmente maior em mais velhos institucionalizados. 3. Medo de quedas ● As pessoas que caíram experimentam o medo de novas quedas. ● Síndrome de ansiedade pós- quedas. ● A perda de confiança decorrente pode resultar em restrição de atividades e representar um fator significativo para a transferência da vítima para um ambiente mais limitado e supervisionado, como uma casa de repouso. ● O medo de quedas parece ser ao menos tão prevalente quanto as próprias quedas. ● A síndrome do medo de quedas, determinada por questionário, foi encontrada em um terço destas no início da investigação. ● Uma revisão sistemática recente encontrou 50% de indivíduos com medo de quedas após uma fratura de bacia. ● Produzem sintomas de ansiedade e depressão, e sintomas depressivos em pacientes com fratura de colo femoral. ● A perda de confiança na capacidade de deambular com segurança pode aumentar o declínio funcional, depressão, sentimentos de inutilidade e isolamento social. ● As quedas que resultam em lesões físicas, perdas funcionais ou períodos prolongados em que a pessoa permanece ao chão são as que mais se correlacionam ao medo significativo de quedas. ● Pacientes mais velhos podem ter medo de sentar ou levantar sem apoio. ● Alguns pacientesnão conseguem iniciar a marcha por medo intenso de quedas, enquanto outros necessitam de apoio máximo. ● O medo de quedas pode modificar ou influenciar mudanças nos parâmetros temporoespaciais nos indivíduos mais velhos, levando a uma velocidade menor da marcha e maior apoio bipedal. ● O medo de quedas pode estar associado a um aumento da mortalidade, ocorrendo aproximadamente 33% de mortes 14 em até 4 meses após a admissão hospitalar por queda. ● Os eventos letais podem ser devidos a broncopneumonia, infarto agudo do miocárdio e tromboembolismo pulmonar. ● O relacionamento do paciente com a sua família pode se deteriorar pela ansiedade e pelos atritos ocasionados pela situação psicológica fragilizada do paciente, piorando o nível de cuidados e aumentando a dependência. 4. Permanência prolongada no solo após uma queda, redução nas atividades e na independência ● Após uma queda, até metade dos indivíduos mais velhos, mesmo sem lesões, pode não conseguir levantar sem auxílio. Esses indivíduos estão mais propensos a desidratação, pneumonia, úlceras de decúbito e rabdomiólise e tendem a ser mais velhos e mais frágeis que os pacientes que se levantam sem ajuda. ● As quedas e suas sequelas, em estudo recente, foram responsáveis por 18% dos dias em que houve alguma restrição de atividades. ● 40% dos pacientes que caem têm alguma limitação de atividades causada por lesões físicas ou por medo de queda. ● Fraturas do colo femoral são causas conhecidas de declínio funcional em relação ao estado anterior à fratura, havendo evidências de que outros tipos de fraturas também possam ter influência significativa sobre a independência. ● Os indivíduos mais frágeis e dependentes previamente às quedas têm prognósticos piores. CAUSAS DE QUEDAS: ● Fatores associados ao envelhecimento: tendência à lentidão dos mecanismos de integração central, importantes para os reflexos posturais. Redução da capacidade de processamento e a habilidade de dividir a atenção. ● Doenças específicas ○ Epilepsia ○ Doença de Parkinson ○ Miopatias e neuropatias periféricas ○ Síncope cardiogênica ○ Espondilose cervical ○ Hidrocefalia de pressão normal ou normobárica ○ Demências ● Síndromes de quedas ○ Déficits sensoriais múltiplos ○ Doença cerebrovascular ○ Ataques de quedas (drop attacks) ● Medicações ● Condições de doença aguda: ○ Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) ○ Doença cerebrovascular ○ Patologias pulmonares e outras que diminuem as reservas de perfusão no cérebro FATORES DE RISCO: ● As chances de queda recorrente aumentaram entre mulheres, viúvos, solteiros ou desquitados, nos indivíduos com história prévia de fratura, com grau de comprometimento nas atividades de vida diária e entre os que não referiam a leitura como atividade de lazer. ● A presença de patologias múltiplas também aumenta o risco de quedas. ● Fatores psicológicos podem aumentar o risco individual, como comprometimento cognitivo, depressão e/ou ansiedade. 15 ● Os fatores extrínsecos que perturbam o equilíbrio incluem riscos ambientais, riscos nas atividades diárias e, em indivíduos mais frágeis, movimentos como se virar, inclinar-se ou se esticar para alcançar um objeto. A maior parte das quedas ocorre durante atividades rotineiras no domicílio, incluindo caminhar, subir ou descer escadas. ● Distúrbios potenciais à resposta de equilíbrio por deslocamento rápido do CdM, como um escorregão em um tapete solto ou chão encerado. INTRODUÇÃO: ● Quadro de fragilização que acomete parte dos idosos. ● Em suas definições iniciais, o conceito de fragilidade era de natureza basicamente funcional, sendo classificados como frágeis aqueles idosos com dependências em variados graus. ● Especialmente nas duas últimas décadas, o conceito de fragilidade do idoso evoluiu para proposições de natureza não mais exclusivamente funcionais, mas, agora, de base fisiopatológica. ● Estudos de diversos grupos mostraram, em idosos fragilizados, a redução da reserva funcional e a disfunção de diversos sistemas orgânicos, o que reduziria, acentuadamente, a capacidade de restabelecimento das funções após agressões de várias naturezas, a eficiência de medidas terapêuticas e de reabilitação, a resposta dos sistemas de defesa, a interação com o meio e, em última análise, a capacidade de sobrevida. ● A fragilidade é uma síndrome de declínio espiral de energia, embasada por um tripé de alterações relacionadas com o envelhecimento: ○ Sarcopenia ○ Desregulação neuroendócrina ○ Disfunção imunológica. ● Os idosos portadores desta tríade estariam propensos à redução acentuada da massa muscular e a um estado inflamatório crônico que, se associados a fatores extrínsecos como a incidência de doenças agudas ou crônicas, a imobilidade, a redução da ingestão alimentar e outros, levariam a um ciclo vicioso de redução de energia e aumento da dependência e suscetibilidade a agressores. ● Gênese da fragilidade do idoso: resiliência psicológica, estrutura de apoio social, cognição e genético. ● Existem diversos instrumentos para o diagnóstico de fragilidade, alguns baseados na detecção da redução de reservas funcionais (p. ex., velocidade de marcha, força muscular), outros baseados na detecção de déficits funcionais e biológicos acumulados. EPIDEMIOLOGIA: ● A prevalência, reproduzida por vários autores de localidades diferentes, varia de 2,5%, entre os idosos com idade entre 65 e 70 anos, a mais de 30% entre os idosos com 90 anos ou mais. ● No Brasil, em uma amostra de 5.638 idosos, 8% foram classificados como frágeis e 52,7% como pré-frágeis. ● Idosos classificados como frágeis apresentam maior taxa de hospitalização, sofrem mais quedas, apresentaram piora nas atividades de vida diária e maior mortalidade. ● Diversos estudos associam a prevalência da fragilidade ao nível educacional, idade mais 16 3. Entender a síndrome da fragilidade avançada, baixa renda, comorbidades, dependência funcional e a presença de quedas. FISIOPATOLOGIA E FATORES PREDISPONENTES: ● É dificultado pela complexidade dos sistemas envolvidos e pela coexistência frequente de doenças agudas, crônicas e incapacidades. ● A síndrome seria embasada na redução da atividade de eixos hormonais anabólicos, na instalação da sarcopenia e na presença de um estado inflamatório crônico subliminar ● Estas três alterações, quando intensas o suficiente, interagiriam de maneira deletéria (ex., a inflamação e as alterações hormonais induzindo a sarcopenia; esta, por sua vez, diminuindo a atividade física e promovendo mais inflamação e alterações hormonais) ● Diversos fatores, como doenças agudas e crônicas, alterações próprias do envelhecimento, efeito de medicamentos, quedas e outras condições mórbidas, contribuiriam para que uma pessoa idosa entrasse no ciclo de fragilidade. ● Alguns estudos também propuseram a importância de carga genética, estilo de vida e doenças ou lesões. ● Fatores etiológicos da síndrome: ○ Idade; ○ Genética ○ Nível educacional prévio, além de prejuízo cognitivo ○ Carga alostática ao longo da vida; ○ Acúmulo de lesões oxidativas do DNA; ○ Declínio na capacidade de reparo; ○ Anormalidades na transcrição, deleções e mutações no DNA mitocondrial; ○ encurtamento telomérico e alterações proteicas como glicação e oxidação. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: ● Perda de peso não intencional, ● Fraqueza muscular; ● Fadiga; ● Redução da velocidade da marcha; ● Redução do nível de atividade física. ● Ainda que não determinantes da fragilidade, são frequentes entre os seus portadores: ○ Anormalidadesda marcha e balanço; ○ Ocorrência de quedas; ○ Sintomas depressivos; ○ Redução da massa óssea; ○ Alterações cognitivas e déficits sensoriais. 17 ○ Vulnerabilidade a processos infecciosos ou traumáticos; ○ Má resposta às terapêuticas instituídas. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: ● Enquanto a fragilidade é um quadro necessariamente multissistêmico de instalação lenta e que promove vulnerabilidade da regulação homeostática, a incapacidade pode se instalar de maneira aguda e comprometer um único sistema, como em um acidente vascular encefálico que evolua para a permanência de sequelas. ● A caquexia apresenta várias semelhanças, em sua fisiopatologia e apresentação clínica, com a síndrome da fragilidade, como perda de peso, redução da força e fadiga; no entanto, a caquexia é, como a própria definição deixa claro, induzida por uma doença crônica, como o câncer, a insuficiência cardíaca, a doença pulmonar obstrutiva crônica e outras, enquanto a síndrome da fragilidade incide de maneira independente destes diagnósticos. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Critérios clínicos: ● Há uma escala de sete itens, classificando o idoso desde “gravemente frágil” (“completamente dependente de outros para as atividades da vida diária, ou terminalmente enfermo”) a “muito apto” (“robusto, ativo, energético, bem motivado e apto). ● Os critérios mais frequentemente empregados são adaptados a partir dos estudos de Fried e Walston, compondo cinco diferentes critérios. ○ Idosos portadores de três ou mais desses critérios são classificados como frágeis, ○ idosos com um ou dois critérios, pré frágeis; ○ idosos sem a presença destes critérios, não frágeis. Critérios laboratoriais: ● Mesmo que, dada a fisiopatologia da fragilidade, diversos exames laboratoriais possam estar alterados (marcadores de aumento da atividade inflamatória, redução da creatinina sérica, redução da albumina sérica, anemia, alterações hormonais). ● Nenhum destes testes, empregados isolados ou em conjunto, possibilita o diagnóstico de fragilidade ou para ele contribui de modo definido. ABORDAGEM TERAPÊUTICA: ● Ainda não estão disponíveis tratamentos específicos para a síndrome como um todo. As intervenções atualmente propostas se baseiam especificamente em: ■Atividade física, para promover o aumento da massa muscular, suplementação alimentar, para reduzir a perda de massa magra e promover a melhoria do estado energético ■Suplementações hormonais, buscando quebrar o ciclo da fragilidade em seus componentes relacionados com a desregulação neuroendócrina ■Medicações de diversas naturezas, com atuação em componentes da 18 fisiopatologia da síndrome (anti- inflamatórios, miostáticos, anabolizantes etc.). ● A combinação de treinamento de força com exercícios para flexibilidade, equilíbrio e capacidade aeróbica mostra mais benefícios nos estudos realizados até o momento. ● Estudos têm demonstrado que a necessidade de proteínas de idosos, em especial os portadores de doenças crônicas, é superior à preconizada (0,8 a 1,2 g/kg/dia), exceto em condições especiais, como a insuficiência renal. PREVENÇÃO: ● Embora ainda não existam preditores claros de quem evoluirá para a fragilidade com o avançar da idade, estudos recentes mostram que a avaliação funcional, mesmo em idades mais precoces, é o melhor preditor de fragilidade futura. ● A prevenção da fragilidade inclui mudanças no estilo de vida (quando indicadas), suspensão do tabagismo, da ingestão excessiva de álcool e da ingestão de substâncias psicoativas, além do tratamento rigoroso de doenças crônicas e rápido de doenças agudas. ● Acrescentamos a essas medidas as recomendações próprias para a promoção do envelhecimento saudável, como alimentação balanceada e diversificada, manutenção de atividade física adequada e o uso judicioso de medicamentos. ● Devem ser considerados a prevenção de quedas, a correção de perdas com órteses e a reposição de vitaminas e minerais quando apropriado. ● Estratégias para reduzir o risco de quedas devem incluir avaliação multifatorial de fatores de risco conhecidos e intervenção nos fatores identificados. ● Adaptação ou modificação dos fatores ambientais no domicílio; ● Suspensão ou uso em doses e tempo mínimo de medicamentos psicotrópicos; ● Suspensão ou uso mínimo de outros medicamentos; ● Controle de hipotensão postural; ● Tratamento de problemas nos pés e intervenção sobre calçados; ● Exercícios, particularmente de condicionamento de equilíbrio, força e marcha. ● Outras intervenções incluem suplementação de vitamina D, cirurgia de correção de catarata, evitar uso de lentes multifocais durante a deambulação, marca- passos em idosos com hipersensibilidade cardioinibitória do seio carotídeo. ● A complementação com orientações educacionais e a adaptação das orientações à cognição e ao nível educacional do indivíduo devem também ser levadas em conta. ● O uso de protetores de quadris, instrumentos parecidos com esponjas colocados nas regiões trocanterianas e desenhados anatomicamente para diminuir o impacto da queda, parece diminuir o risco de fraturas de colo femoral em instituições de longa permanência, e o medo de quedas em indivíduos idosos. 19 4. Descrever a casa segura . 20
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