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Aula 5 e 6 Animais Peçonhentos

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Moléstias Infecciosas e Parasitária Dha��� Bor����ci T6
Animais Peçonhentos
** Saber para prova: Sintoma, Gênero e Tratamento. **
1. Acidentes ofídicos (ou ofidismo): Os acidentes ofídicos têm importância médica em virtude
de sua grande frequência e gravidade.
→ Epidemiologia:
A maioria dos acidentes ofídicos no Brasil é ocasionada por serpentes dos gêneros:
1º gênero Bothrops (jararaca),
2º gênero Crotalus (cascavel)
3º gênero Micrurus (coral) e Lachesis (surucucu)
As regiões brasileiras onde há maior taxa de incidência de acidentes ofídicos são:
- Os meses de maior frequência de acidentes são os quentes e chuvosos, períodos de maior atividades
em áreas rurais.
- São mais frequentes na população rural, em pessoas do sexo masculino.
- São mais frequentes faixa etária economicamente ativa (20 a 64 anos).
70% pé e a perna
13,4 mão e o antebraço
- A maioria dos acidentes é classificada clinicamente como leve, porém, a demora no atendimento
médico e soroterápico pode elevar consideravelmente a taxa de letalidade.
→ Etiologia:
- No Brasil, há mais de 300 espécies de serpentes, sendo 17% classificadas como peçonhentas. Estas
estão distribuídas entre a família Viperidae (jararacas, cascavéis e surucucus) e Elapidae (corais
verdadeiras).
- As primeiras têm como característica a presença de fosseta loreal, um órgão termorreceptor localizado
entre o olho e a narina e com presas do tipo solenóglifas, com alta eficiência para inoculação de veneno
(Figura 1).
- O tipo de cauda que estas apresentam ajuda a identificar a qual gênero pertencem (Figura 2).
- Já as corais verdadeiras são desprovidas de fosseta loreal e suas presas são do tipo proteróglifa, que
são anteriores, mas pequenas (Figura 3).
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→ Diagnóstico por identificação da serpente:
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→ Mecanismo de ação dos principais venenos ofídicos:
● Achados Clínicos:
1. Acidente Botrópico:
Efeitos Locais:
Dor;
Edema;
Equimose;
Sangramento pelos pontos da picada,em gengiva, pele e hematúria.
Efeitos Sistêmicos:
Hemorragia em regiões vitais;
Infecção na região da picada;
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Necrose na região da picada;
Síndrome compartimental,
Insuficiência renal.
2. Acidente Crotálico:
Efeitos locais:
Sensação de formigamento;
Fácies miastênica;
Efeitos sistêmicos:
Visão turva ou dupla
Mal- estar;
Náuseas;
Cefaleia
Dores musculares generalizadas;
Alteração da urina nos casos graves.
3. Acidente Laquético:
Efeitos Locais:
Dor;
Edema;
Equimose;
Sangramento pelos pontos da picada, em gengiva, pele e hematúria.
Efeitos Sistêmicos:
Hemorragia em regiões vitais;
Infecção na região da picada;
Necrose na região da picada;
Síndrome compartimental;
Insuficiencia renal;
Dor abdominal
Vômitos;
Diarreia;
Bradicardia;
Hipotensão.
4. Acidente Elapídico:
Efeitos Sistêmicos:
Dor de intensidade variável;
Visão turva ou dupla
Insuficiência respiratória.
Efeitos laboratoriais:
Hemograma: anemia discreta, leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda, plaquetopenia.
Bioquímica: elevação de UR, CR, K+.
IRA: elevação de CPK, DHL e TGO.
Urina: hematúria e proteinúria.
Coagulação: tempo de coagulação aumentado. Alargamento de TP e TTPA
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● Tratamento:
• A aplicação dos soros deve ser por via intravenosa, podendo ser diluídos ou não, em solução
fisiológica ou glicosada.
• Devido a natureza heteróloga, a administração dos soros pode causar reações de
hipersensibilidade imediata.
• No entanto, testes de sensibilidade cutânea não são recomendados pois, além de terem baixo valor
preditivo, retardam o início da soroterapia.
● Acidente botrópico:
● Acidente crotálico:
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● Acidente Laquético:
● Acidente Elapídico:
• SAE, soro anti-elapídico. Considerar todos os casos potencialmente graves pelo risco de insuficiência
respiratória = 10 ampolas.
● Medidas de primeiros socorros:
Não amarrar ou fazer torniquetes, o que impede a circulação do sangue, podendo produzir
necrose ou gangrena.
Não colocar nenhuma substância, folhas ou qualquer produto na picada.
Não cortar ou chupar o local da picada.
Não dar bebida alcoólica ou querosene ao acidentado.
Manter o acidentado em REPOUSO, evitando que ele ande, corra ou se locomova, o que facilita
a absorção do veneno. No caso de picadas em braços ou pernas, é importante mantê- los em
POSIÇÃO MAIS ELEVADA.
Levar o acidentado para o centro de tratamento mais próximo, para receber soro próprio
(substância que neutraliza o veneno).
2. Acidentes por Aranhas:
- Envenenamento através de um par de ferrões localizados na parte anterior do animal.
- As aranhas são representantes da classe dos aracnídeos.
→ No Brasil, as aranhas de importância em saúde pública pertencem a três gênero:
1. Loxosceles:
- Aranha- marrom ou aranha- violino.
- As aranhas deste gênero não são agressivas, hábitos noturnos.
- Escondem-se em ambientes com pouca iluminação e movimentação.
2. Phoneutria:
- Aranha- armadeira ou macaca.
- São bastantes agressivas, assumindo posição de defesa saltando 40 cm de distância.
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- São aranhas caçadoras, com atividade noturna.
3. Latrodectus:
- Aranha viúva- negra. Não são agressivas.
- Tem atividade noturna e hábito de viver em grupos.
- Encontradas próximas/ dentro das casas, em ambientes sombreados, sob móvel em
jardins.
● Achados Clínicos:
1. Acidente loxoscélico (Loxosceles) - A picada quase sempre é imperceptível.
O quadro clínico pode se apresentar de duas formas:
Forma cutânea:
Dor de pequena intensidade.
Palidez mesclada com áreas equimóticas (“placa marmórea”).
Vesículas ou bolhas sobre área endurada, sero‐sanguinolento ou hemorrágico.
Febre e mal‐estar geral,
Náusea e vômitos.
mialgia.
Forma cutâneo-hemolítica:
Hemólise intravascular, de intensidade variável.
Injúria renal aguda por necrose tubular (principal complicação).
Anemia, icterícia e hemoglobinúria, geralmente nas primeiras 24h pós‐picada.
Coagulação intravascular disseminada (raramente).
2. Acidente fonêutrico (Phoneutria):
Dor de intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido.
Edema,
Eritema
Parestesia
Sudorese no local da picada,
Visualizadas as marcas de dois pontos de inoculação
3. Acidente Latrodéctico (Latrodectus)
Dor na região da picada
Suor generalizado
Alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
Tremores
Ansiedade
Excitabilidade
Insônia
Cefaléia
Prurido
Eritema de face e pescoço.
Há relatos de distúrbio de comportamento
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Choque nos casos graves
Contratura facial, trismo dos masseteres caracteriza fáceis latrodectísmica, observado em 5%
dos casos.
● Tratamento:
Loxoscélico:
→ Forma cutânea leve: Lesão incaracterística sem alterações clínicas ou laboratoriais. Se a
lesão permanecer incaracterística é fundamental a identificação da aranha no momento do
acidente para confirmação do caso. Nº de ampolas -
→ Forma cutânea moderada: Presença de lesão “característica” ou altamente sugestiva (palidez
ou placa marmórea, menor de três centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de
enduração), e dor em queimação ou a presença de lesão sugestiva (equimose, enduração, dor
em queimação). Nº de ampolas 5
→ Forma cutânea grave: Presença de lesão extensa (palidez ou placa marmórea, maior de três
centímetros no seu maior diâmetro, incluindo a área de enduração), e dor em queimação
intensa. Nº de ampolas 10
→ Forma cutânea-hemolítica: A presença de hemólise, independentemente do tamanho da lesão
cutânea e do tempo decorrido pós‐acidente, classifica o quadro como grave. Nº de ampolas 10
Fonêutrico:
→ Leve: Dor, edema, eritema, irradiação, sudorese, parestesia, taquicardia e agitação
secundária à dor. Nº de ampolas -
→ Moderado: Manifestações locais associadas à sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais,
agitação, hipertensão arterial.Nº de ampolas 2 a 4
→ Grave: Prostração, sudorese profusa, hipotensão, priapismo, diarreia, bradicardia, arritmias
cardíacas, convulsões, cianose, edema pulmonar, choque. Nº de ampolas 5 a 10.
3. Acidentes por Escorpiões:
Os escorpiões são representantes da classe dos aracnídeos, predominantes nas zonas tropicais e
subtropicais do mundo, maior incidência nos meses em que ocorre aumento de temperatura e
umidade.
1. Escorpião-amarelo (T. serrulatus):
Ampla distribuição em todo o país,
Maior potencial de gravidade do envenenamento.
Expansão geográfica, reprodução partenogenética e adaptação ao meio urbano.
2. Escorpião-marrom (T. bahiensis):
Encontrado na Bahia e regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.
3. Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus):
Reprodução do tipo partenogenética.
Espécie mais comum no Nordeste, alguns registros nos estados de SP, PR e SC.
4. Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus):
Principal causadora de acidentes e óbitos na região Norte e Estado de MT.
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● Achados Clínicos:
Manifestações locais:
- Dor de instalação imediata (quadro mais intenso ocorre nas primeiras horas).
- Irradiação para o membro,
- Parestesia,
- Eritema,
- Sudorese local.
Manifestações sistêmicas - de minutos até poucas horas (duas a três).
- Sudorese profusa,
- Agitação psicomotora e tremores,
- Náuseas e vômitos, sialorréia,
- Hipertensão ou hipotensão arterial,
- Arritmia cardíaca,
- Insuficiência cardíaca congestiva,
- Edema pulmonar agudo
- Choque.
- As manifestações indicam o diagnóstico de escorpionismo, mesmo na ausência
de história de picada ou identificação do animal. Principalmente em crianças!!!
● Tratamento:
- O diagnóstico de envenenamento dos acidentes escorpiônicos é clínico-epidemiológico.
- Tratamento com o Soro Antiescorpiônico, ou na falta, com o Soro Antiaracnídico
(Loxosceles, Phoneutria e Tityus).
→ Leve: dor e parestesias locais.Nº de ampolas -
→ Moderado: dor local intensa associada a uma ou mais manifestações (náuseas, vômitos,
sudorese, sialorréia, agitação, taquipnéia e taquicardia). Nº de ampolas 2 a 3
→ Grave: além das manifestações clínicas citadas na forma moderada, há presença de uma ou
mais das seguintes manifestações: vômitos profusos e incoercíveis, sudorese profusa, sialorréia
intensa, prostração, convulsão, coma, bradicardia, insuficiência cardíaca, edema pulmonar agudo e
choque.Nº de ampolas 4 a 6
4. Acidentes por Abelhas:
Abelhas são insetos da ordem Hymenoptera
- Abelhas operárias são as responsáveis pela defesa da colônia.
- Ao picar, elas perdem parte do aparato inoculador, morrendo em seguida.
- Este aparato possui músculos próprios e continuam injetando a peçonha mesmo após a separação
do resto do corpo.
- Próximas a um enxame, as primeiras abelhas, ao picar, liberam um feromônio que faz com que
outras ataquem o mesmo alvo.
Mamangavas ou Mamangabas
- Abelhas das subfamílias Bombinae e Euglossinae, não perdem o ferrão e podem ferroar várias
vezes.
- Esses venenos são misturas complexas de aminas biogênicas, peptídeos e enzimas, com diversas
atividades farmacológicas e alergênicas.
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→ Acidente por abelha
- Envenenamento decorrente da injeção de toxinas através do aparelho inoculador (ferrão) de
abelhas.
- No Brasil, as abelhas mestiças de Apis mellifera scutellata (africana) e Apis mellifera ligustica
(européia) principalmente, são responsáveis por muitos relatos de acidentes, por serem mais
agressivas.
- Entre os 5 principais tipos de acidentes por animais peçonhentos, o acidente por abelhas é o único
que não possui um soro específico para o tratamento no Brasil, porém há estudos acerca de sua
produção.
- O quadro de intoxicação varia pela quantidade de veneno aplicado e pela susceptibilidade em
relação a uma reação alérgica ao veneno.
As manifestações clínicas podem ser de naturezas tóxicas e alérgicas.
1. Reações tóxicas locais:
- Dor,
- Edema,
- Eritema.
Manifestações sistêmicas (quantidade de veneno inoculada):
Pruridos, rubor, calor generalizado, pápulas, placas urticariformes, hipotensão, taquicardia,
cefaleia, náuseas e/ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos.
Em casos mais graves pode ocorrer choque, insuficiência respiratória aguda, rabdomiólise e
injúria renal aguda.
Manifestações alérgicas: edema que persiste por alguns dias.
Reações alérgicas sistêmicas: de urticária generalizada e mal-estar até edema de glote,
broncoespasmos, choque anafilático, queda da pressão arterial, colapso, perda da consciência,
incontinência urinária e fecal e cianose.
● Tratamento:
Reações alérgicas:
- De acordo com a gravidade das manifestações apresentadas;
- São abordadas da mesma forma que se trata outras reações anafiláticas.

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