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Geovana Sanches, TXXIV SEGMENTO ANTERIOR ESTRUTURAS DO SEGMENTO ANTERIOR • Pálpebras • Vias lacrimais • Conjuntiva • Córnea • Esclera • Cristalino PÁLPEBRAS Cistos benignos O calázio e o hordéolo são cistos benignos que acometem as glândulas de Meibomius. Essas glândulas localizam-se na borda palpebral de forma longitudinal e são responsáveis pela produção de gordura. 1- Esquema das Glândulas de Meibomius 2- ténica específica que permite avaliar a integridade das glândulas de Meibomius in vivo A obstrução pode ocorrer em qualquer ponto da glândula, causando acúmulo da secreção que seria drenada. Isso pode cursar com um processo inflamatório, em geral mediado pelo Staphylococcus aureus. Na vigência do processo inflamatório, temos o hordéolo, popularmente denominado terçol. Não é incomum que pessoas pré-dispostas tenham recorrência dessa condição. Nessa fase aguda, o paciente apresenta os sinais flogísticos típicos, tais como calor, dor à palpação e ao piscar. Quando o hordéolo não é tratado adequadamente, o processo inflamatório se resolve, mas o cisto pode encapsular. Nesse período pós-inflamação cria-se o calázio. Classificação • Hordéolo interno: ocorre quando a obstrução se dá na porção mais interna da glândula, de forma que a visualização só é possível após a eversão da pálpebra • Hordéolo externo: localiza-se na borda palpebral, sendo de fácil identificação na inspeção. Tratamento A diferenciação entre o hordéolo (fase aguda) do calázio (fase crônica) é de extrema importância, tendo em vista o tratamento é diferente. à Fase aguda (hordéolo) • Deve ser feito o mais rápido possível • Compressas mornas com água potável o É uma das medidas mais eficazes na vigência do processo inflamatório, pois faz com que a secreção fique mais fluida, permitindo que ela seja reabsorvida ou drenada com maior facilidade o Não está indicado o uso de água boricada, pois esta pode causar irritação na pele • Anti-inflamatórios tópicos ou sistêmicos o Tópicos: colírio ou pomadas a fase de corticoide o Sistêmicos: AINEs • Na presença de um ponto de drenagem, pode-se drenar a secreção com auxílio de uma agulha de insulina. Geovana Sanches, TXXIV o Não se deve espremer! à Fase crônica (calázio) • A calázio se desenvolve após 3 a 4 semanas do início do quadro e a chance de involução voluntária é mínima • Tratamento é cirúrgico o Via conjuntival ou via transcutânea, a depender da localização o Anestesia local Tumores benignos Papiloma de células escamosas • Denominado pólipo, é uma condição comum • Possui aspecto avermelhado, lobulado, semelhante a uma verruga • Tratamento o Cirúrgico o Apenas estético, uma vez que não causa problema funcional ao paciente e não tem potencial de malignização Papiloma de células basais • Também chamado de verruga senil, é uma condição comum em pacientes idosos • Tem aspecto escurecido (amarronzado) • Tratamento o Cirúrgico o Apenas estético, uma vez que não causa problema funcional ao paciente e não tem potencial de malignização Ceratose actínica • Relaciona-se à exposição solar a longo prazo (senil) • Tem potencial de malignização o Lesão pré-maligna, com possível evolução para carcinoma de células escamosas • Lesão descamativa, superficial, na borda palpebral, que não cicatriza • Tratamento o Cirúrgico + anátomo-patológico o Caso na biópsia seja encontrada alguma transformação maligna, deve-se retirar bordas mais amplas Hemangioma capilar • É um dos tumores benignos mais comuns na infância, decorrentes de uma má- formação vascular (tumor vascular) • Forma plana ou sobrelevada • É um problema quando atrapalha o desenvolvimento da visão da criança o O sistema visual da criança de desenvolve até os 7 anos de idade. Até esse período, a visão tem que ser livre se obstáculos • Tratamento o Propanolol via oral: diminui a proliferação vascular, fazendo com que a vascularização anômala regrida o Corticoides o Laser o Cirurgia: necessárias quando há interferência sobre o sistema visual da criança Geovana Sanches, TXXIV Xantelasma • Condição comum, geralmente bilateral (pode ser assimétrico), senil, relacionada a níveis elevados de colesterol • Podem ser lesões planas ou levemente sobrelevadas, de coloração amarelada • Comumente associado a dermatocalaze (excesso de pele na pálpebra) • Conduta o Orientação quanto ao controle dos níveis de colesterol o Tratamento cirúrgico § Estético, tendo em vista que não é uma lesão dolorosa e não causa problemas funcionais § Importante informar o paciente que caso não haja controle dos níveis de colesterol, a lesão pode recidivar o Cauterização § A depender do tamanho da lesão Alteração dos cílios Os cílios devem nascer na direção contrária ao globo ocular, ou seja, “para fora”. Há condições, entretanto, que eles nascem na direção oposta, trazendo problemas para o paciente. Triquiase • Um ou mais cílios nascem invertidos, “espetando” o globo ocular • Pode ser causada por infecções palpebrais de repetição ou infecções crônicas que acabam mudando a anatomia do folículo piloso • Quadro clínico o Sensação de corpo estranho (incomodo) o Ardência ocular o Lacrimejamento o Olho vermelho crônico • Tratamento o Epilação mecânica § Arrancamos os cílios invertidos com auxílio de uma pinça § Após 6 semanas eles nascem novamente o Cauterização do folículo piloso § Conduta definitiva, pois não haverá mais o nascimento do cílio invertido Distiquiase • Denominamos distiquiase quando a fileira inteira de cílios nasce invertida • Pode ser congênita (mais comum) ou devido a inflamação crônica na borda palpebral • Tratamento o Cirúrgico, com retirada de toda a fileira de folículos pilosos problemática o Epilação mecânica não é eficaz Madarose • Queda total ou parcial dos cílios (ou supercílios) • Pode ser permanente ou temporária o Temporária: quimioterapia Geovana Sanches, TXXIV o Permanente: hanseníase (o bacilo lesa o folículo piloso) • Quadro clínico o Ressecamento ocular (olho seco) o Sensação de corpo estranho o Lacrimejamento • Tratamento o Apenas sintomático: colírios lubrificantes (lágrima artificial), uso de óculos de sol Etiologia alérgica Edema alérgico agudo • Muitas vezes decorrente de uma reação alérgica sistêmica • Edema periocular frio, mole e indolor o Difere da celulite, na qual há sinais flogísticos o É importante lembrar que o tecido da pálpebra é frouxo, sendo muito suscetível a ocorrência de edemas • Geralmente bilateral o Se unilateral, pode ser secundário a uma picada de inseto, podendo evoluir com celulite orbitária • Tratamento o Anti-histamínico VO o Corticoide VO o Compressas frias na região • Orientação: evitar novo contato com o agente alergênico Etiologia infecciosa Bacterianas à Hordéolo • Cisto na glândula de Meibomius associado a infecção por S. aureus • Pode estar acompanhado de edema doloroso e quente • Tratamento o Compressas mornas o Drenagem (se houver ponto) o Anti-inflamatório tópico ou sistêmico à Dermatite infecciosa • Pode ser resultado de uma lesão de pele prévia ou de uma dermatite de contato que infeccionou pela presença de bactérias da pele • Apresenta reação inflamatória mais grave, com hiperemia, dor e presença de pus • Tratamento o Antibioticoterapia via oral § Cefalexina VO 6/6h por 7 a 10 dias § Tratamento oral é superior ao tópico nesses casos Virais à Molusco contagioso • Doença causada pelo Poxvírus, sendo frequente em crianças o Em adultos, deve-se suspeitar de imunossupressão • Lesões globuladas, semelhante a uma verruga, porém com umbilicação central • Tratamento o Cauterização à Herpes zoster• Acomete dermátomos, acompanhando os ramos nervosos e respeitando a topografia. Em geral, respeita a linha média • Lesões em hemiface, que podem começar em região frontal e acometer pálpebras. Pode ser acompanhado por edema e secreção conjuntival. É importante avaliar se não há acometimento do globo ocular • Tratamento Geovana Sanches, TXXIV o Aciclovir VO, por 14 a 21 dias § Se acometimento restrito a pele o + pomada ocular § Quando há acometimento do globo ocular § Risco de perda visual irreversível Blefarite A blefarite ocorre devido a disfunção nas glândulas de Meibomius, associada a uma resposta imunológica anormal ao S. aureus. É uma condição relativamente comum. Sinais e Sintomas • Crostas na base dos cílios o “Cílios com caspa” • Hiperemia palpebral e conjuntival • Oleosidade na borda palpebral • Presença de gordura na saída dos ductos das glândulas o Avaliado através da lâmpada de fenda o Indica que as glândulas estão disfuncionais • Prurido na borda palpebral • Sintomas de olho seco o Alteração na constituição normal da lágrima, a qual passa a evaporar com maior facilidade Tratamento • Medidas de higiene o Limpeza com shampoo neutro infantil ou substâncias próprias para diminuir a oleosidade palpebral. Orientar o paciente a diluir o shampoo na palma da mão e lavar bem os cílios com o olho aberto o Compressas mornas podem ser realizadas antes da limpeza, estimulando a saída da secreção • Antibioticoterapia o Oral: tetraciclinas o Tópicos: bacitracina (pomada) • Corticoides fracos tópicos ou na forma de colírio Alterações estruturais Ectrópio Ectrópio se refere a eversão e afastamento da pálpebra inferior (mais comum) ou superior do globo ocular, ficando com aspecto de “olho caído”. Os sintomas característicos são o lacrimejamento e ressecamento ocular. O tratamento, por sua vez, é cirúrgico. à Ectrópio involucional • É o mais comum • Pode aparecer em indivíduos idosos • Ocorre devido a frouxidão dos tecidos palpebrais, perda de tônus e sustentação • Sintomas o Lacrimejamento: a disfunção palpebral é acompanhada por disfunção na bomba de sucção da lágrima. Assim, ao invés de ser drenada para o ponto lacrimal, fica presa na região, causando o lacrimejamento o Ressecamento ocular / olho seco: se dá pelo afastamento da pálpebra em relação ao globo ocular, fazendo-o ficar mais exposto ao vento e poeira à Ectrópio cicatricial • É o menos frequente • Ocorre em pacientes que apresentaram lesão na região malar subpalpebral, com tração da pálpebra durante o processo de Geovana Sanches, TXXIV cicatrização, levando a eversão dessa estrutura. Trata-se, portanto, de uma cicatrização exacerbada da região infra- ocular • Tratamento: enxerto da pele para diminuir a tensão à Ectrópio paralítico • Consiste na eversão da borda palpebral secundária a paralisia fácil periférica, ocasionada por perda do tônus muscular do M. orbicular do olho Entrópio Entrópio consiste na inversão da pálpebra, ou seja, ela vai “para dentro”. Nessa situação, todos os cílios tocam o globo ocular. O tratamento é sempre cirúrgico. à Entrópio involucional • Senilidade • Frouxidão palpebral, muscular e cutânea • Sintomas o Sensação de corpo estranho o Lacrimejamento crônico à Entrópio cicatricial • Ocorre em pacientes com histórico de conjuntivite de repetição • A conjuntiva tarsal (parte que recobre a parte interna da pálpebra), devido aos processos infecciosos constantes, pode cicatrizar de forma exacerbada, tracionando a pálpebra para dentro Dermatocalaze Dermatocalaze diz respeito ao excesso de pele nas pálpebras inferior e/ou superior (mais comum na superior). Ao exame físico, percebemos que a pálpebra está bem-posicionada, sem alteração funcional, há apenas um acúmulo de pele. Essa condição está relacionada a idade e, muitas vezes, o paciente se queixa de perda de campo visual. O tratamento é cirúrgico, através da blefaroplastia. É importante mencionar que a dermatocalaze não é igual a ptose palpebral, sendo que na última há diferença na fenda palpebral entre os dois olhos. Ptose A ptose diz respeito a queda da pálpebra, podendo estar ou não associado à dermatocalaze. Pode ocorrer por diversas condições, tais quais: • Senil o Desinserção do M. levantador da pálpebra (mesmo local da prega palpebral) • Neurogênica o Relacionada a doenças neurológicas, sendo necessário realizar uma investigação completa • Miogênica O tratamento é cirúrgico e depende da causa da ptose, podendo ser necessária a reinserção ou suspensão do músculo elevador da pálpebra. Geovana Sanches, TXXIV VIAS LACRIMAIS Dacriocistite A dacriocistite consiste na infecção do saco lacrminal secundária à obstrução do ducto nasolacrimal. Pode ser aguda (mais comum) ou crônica, sendo que a última necessita de intervenção cirúrgica para desobstrução da via lacrimal. Dacriocistite aguda • Quadro clínico o Edema quente, doloroso e não móvel na região da via lacrimal o Hiperemia de canto medial o Associado ou não a celulite pré- septal • O quadro inicial pode ser muito semelhante ao hordéolo, mas durante a palpação vemos que o problema está na topografia do campo lacrimal. O tratamento, por sua vez, é realizado com antibioticoterapia sistêmica (Cefale • Tratamento: antibioticoterapia sistêmica o Cefalexina, 10 a 14 dias Canaliculite crônica A canaliculite crônica é uma condição incomum, na qual há conjuntivite mucopurulenta crônica e epífora. Quadro clínico • Lacrimejamento pela dificuldade de drenagem da lágrima • Ponto lacrimal purulento • Concreções eliminadas pelo canalículo Tratamento • Desobstrução cirúrgica da via lacrimal CONJUNTIVA Conjuntivite Existem três tipos de conjuntivites: bacterianas, virais e alérgicas. Em geral, a queixa será de hiperemia conjuntival, sendo um diagnóstico diferencial de olho vermelho. Anamnese e exame físico • Questionar acerca de prurido ocular (chama atenção para quadro alérgico) • Tempo de evolução (quadros bacterianos são mais subagudos) • Presença de perda visual • Hiperemia conjuntival difusa (pode estar presente em todos os tipos) • Edema de conjuntiva (quemose – indica etiologia alérgica) • Presença de folículos em sabugo de milho (conjuntivite folicular – comum nos casos de adenovírus) • Hemorragia subconjuntival associada a hiperemia (comum nas conjuntivites por adenovírus) • Presença de pseudomembranas inflamatórias na conjuntiva tarsal (comum nas conjuntivites por adenovírus) Geovana Sanches, TXXIV Conjuntivites bacterianas • Quadro clínico arrastado, com duração média de 3 a 4 semanas • Pode ser ou não bilateral • Geralmente acompanhado de pequena quantidade de secreção purulenta • Patógenos o H. influenzae o S. pneumoniae o S. auseua o Moraxella o Corynebacterium • Tratamento o Tobramicina o Quinolonas § Ciprofloxacino § Ofloxacino Conjuntivite por N. gonorrhoeae • Pode causar conjuntivite neonatal e no adulto • Produção abundante de secreção purulenta e hiperemia conjuntival difusa importante • Caso não seja tratada adequadamente, a bactéria pode penetrar na córnea, perfurando o epitélio íntegro • Tratamento o Ceftriaxona IM o Ciprofloxacino colírio o Tratar parceiros sexuais Conjuntivite de inclusão do adulto (C. trachomatis) A clamídia causa uma conjuntivite folicular semelhante ao adenovírus (única bactéria a causar reação folicular). Pode ocorrer tanto no adulto, quanto na criança. à Aguda • Sorotipos D e K são os mais frequentes • Tratamento o Antibioticoterapia § Azitromicina (dose única) OU Doxicilina por 10 dias § Tetraciclina (pomada oftalmológica) à Crônica (Tracoma) A C. trachomatis (sorotipos A, B e C) pode causar umaconjuntivite crônica, a qual é denominada tracoma. É uma doença endêmica, com cerca de 150 mihões de casos espalhados pela África, América latina e Ásia central. Consiste numa conjuntivite mucopurulenta subaguda, autolimitada e recorrente, a partir da qual se desenvolve lesões cicatriciais na pálpebra e córnea, podendo evoluir com cegueira. O tratamento no momento de agudização deve ser feito com azitromicina dose única ou eritromicina por 14 dias. É de extrema importância a prevenção de novos quadros, o que se dá pela melhora nos hábitos de higiene, além da avaliação de contatos diretos e indiretos. Conjuntivites virais à Adenovírus • São as mais frequentes no dia a dia, especialmente nos casos de epidemia de conjuntivite • Quadro clínico o Quadro agudo, muitas vezes presente em mais de um indivíduo na mesma casa (transmissão por contato) o Sensação de areia no olho, secreção mucosa, sem perda visual Geovana Sanches, TXXIV o Ao exame: reação folicular (presença de folículos – tecido linfóide – na conjuntiva tarsal) e formação de pseudomembranas inflamatórias aderidas a conjuntiva • Tratamento o Autolimitado o Colírio lubrificante § Diminui a sensação de corpo estranho o Compressa gelada no local § Diminui o edema o Corticóide apenas nos casos de pseudomembrana o Orientações sobre prevenção e acerca da transmissão para outros indivíduos § Hábitos de higiene: separar toalhas, fronhas e não colocar a mão nos olhos à Molusco contagioso • Quadro clínico: folículos na membrana tarsal e hiperemia conjuntival, porém com lesão de molusco na borda palpebral • Tratamento o Cauterização do molusco o Involução da conjuntivite é espontânea após o tratamento Conjuntivites alérgicas As conjuntivites alérgicas são geralmente bilaterais, com secreção aquosa e presença de quemose (edema de conjuntiva). à Rinoconjuntivites agudas • É a mais comum, frequentemente acometendo crianças e adolescentes • Muitas vezes sazonais, com piora no inverno • Quadro clínico o Prurido ocular intenso, bilateral o Edema conjuntival (quemose) o Papilas (pontos avermelhados planos na conjuntiva tarsal) • Tratamento o Anti-histamínicos e estabilizadores de membrana de mastócitos na forma de colírios – 1 ou 2x ao dia, enquanto durarem os sintomas o Lágrimas artificiais (sintomático) o Orientação: evitar contato com alérgenos à Ceratoconjuntivite vernal • Quadro menos frequente, porém, mais grave • Mediada por IgE e imunocomplexos • Meninos < 12 anos, com antecedentes de asma • Quadro clínico o Papilas na conjuntiva tarsal, muitas vezes com aspecto de papilas gigantes (hipertrofiadas) o Nódulos de Tantra no limbo (sinal de conjuntivite alérgica crônica) Geovana Sanches, TXXIV o Opacidades corneanas (secundário ao prurido e as papilas gigantes, podendo prejudicar a visão) • Tratamento o Anti-histamínicos e estabilizadores de membrana de mastócitos o Corticoides tópicos na forma de colírio Conjuntivites neonatais As conjuntivites neonatais são aquelas que ocorrem nas primeiras 4 semanas de vida da criança. Em geral, caracterizam-se pela presença de secreção purulenta, podendo ser bilateral e com edema associado. A diferenciação entre as etiologias ocorrerá pelo quadro clínico e tempo de início de sintomas após o parto (via vaginal, pois geralmente não ocorrerá em cesarianas). As principais causas são: • Química (Nitrato de prata) o Logo após o parto até 36h de vida o Irritação ocular + hiperemia conjuntival o Tratamento: lavagem abundante dos olhos da criança com soro fisiológico e uso de colírios lubrificantes • Bacteriana por Clamídia o De 5 a 14 dias após o parto o Quadro de conjuntivite aguda, com secreção mucosa um pouco purulenta o Tratamento: eritromicina VO • Bacteriana por Neisseria o De 24 a 48h após o parto o Grande quantidade de secreção purulenta o Tratamento deve ser realizado o mais precocemente possível, tendo em vista o risco de perfuração § Ceftriaxona • Viral por Herpes T1/T2 o Podem ser identificadas as vesículas clássicas do herpes o Tratamento: aciclovir pomada oftalmológica Degenerações Pterígeo O pterígeo é uma formação fibrovascular que inicia na conjuntiva e cresce em direção à córnea, invadindo-a. O crescimento pode ser intenso, chegando até a pupila e atingindo o eixo visual do crescimento. Seu crescimento é estimulado pelo raio ultraviolenta, de forma que em geral o pterígeo é encontrado na região da fenda palpebral (maior exposição aos raios de sol). Por esse mesmo motivo, é uma condição frequente na região Norte e Nordeste. Dentre os principais sintomas estão: sensação de corpo estranho, lacrimejamento, embaçamento da visão, olho seco e perda de campo visual. O paciente pode, ainda, evoluir com astigmatismo devido a deformidade na superfície corneana. O tratamento do pterígeo é cirúrgico, baseado na raspagem dessa formação. Caso a condição não esteja atrapalhando o paciente, postergamos o procedimento, orientando-o a evitar exposição aos raios solares, uso de chapéus e colírios lubrificantes. CÓRNEA Lesões corneanas infeciosas Bacterianas • Principais agentes o S. aureus o S. pyogenes o S. pneumoniae o P. aeruginosa § É a mais perigosa Geovana Sanches, TXXIV § Pode causar perfuração corneana em 24h § Comum em pacientes que utilizam lente de contato e não realizam higienização adequada • Sintomas o Hiperemia o Dor o Fotofobia o Borramento visual • Exame oftalmológico o Opacidade corneana (perda da transparência da córnea) o Hipópio (acúmulo de pus na região inferior da câmara anterior) • Conduta o Coleta de material, em geral via raspado da borda da lesão o Antibioticoterapia tópica § Inicialmente empírico: ciprofloxacina, ofloxacina, antibióticpos de 4ª geração ou manipulados • Acompanhamento o Mede-se o hipópio na lâmpada de fenda (em mm), observando se há melhora do quadro infeccioso • Diagnóstico diferencial: conjuntivite o As infecções corneadas diferem da conjuntivite pela presença de dor ocular e embaçamento visual (perda da acuidade visual devido a opacidade corneana) Fúngicas A suspeita de uma infecção fúngica se dá quando o paciente relata história de trauma ocular por objeto vegetal (árvore, plantas) ou que trabalha com jardinagem (contato muito próximo às plantas). • Principais agentes o Aspergillus o Fusarium o Candida • Sintomas o Dor o Fotofobia o Borramento visual • Conduta o Coleta de material a partir da borda da úlcera o Antifúngico tópico Virais • Principais agentes o Herpes vírus o Herpes zoster • Quadro clínico o Microdendritos corneanos § O vírus é transportado pelo nervo trigêmeo o Olho vermelho o Embaçamento visual o Dor ocular pode ou não estar presente • Deve-se buscar essa infecção corneana em todos os pacientes que apresentem infecção palpebral por herpes • Conduta o Aciclovir pomada oftalmológica e/ou Aciclovir VO o Quadros mais leves utilizam apenas tratamento tópico; os mais graves devem utilizar a associação Ceratite de exposição A ceratite de exposição é encontrada em pacientes que foram submetidos a anestesia geral e ficaram com o olho aberto ou pacientes com paralisia facial (devido a presença de lagoftalmo). Fisiopatologia Paciente não fecha o olho por algum motivo à exposição da córnea à microlesões / microerosões corneanas difusas à ceratite de exposição. Geovana Sanches, TXXIV As microlesões na superfície corneana podem ser identificadas na lâmpada de fenda com filtro azul e colírio de fluoresceína. Elas representam áreas de desepitelização puntiformes na córnea. Quadro clínico • Sensação de corpo estranho • Hiperemia conjuntival • Dor Conduta • Lágrimas artificiais e gel na forma depomada oftalmológica (aceleram a regeneração corneana) Ceratocone O ceratocone é uma condição na qual há afinamento corneano progressivo, de forma que a córnea assume forma de cone. É comum a associação com conjuntivite alérgica, devido ao ato de coçar os olhos. Quadro clínico • Início na puberdade • Baixa da acuidade visual o Geralmente progressiva o Astigmatismo o Miopia Tratamento Na fase inicial, deve-se corrigir o astigmatismo e a miopia da melhor forma possível. • Lente de contato rígida o Utilizadas quando os óculos não estão mais sendo suficientes para correção da deformidade corneana o A lente se apoio na esclera, fazendo com que a córnea fique mais regular • Riboflavina + UV (Crosslink) o Aplica-se riboflavina e luz ultraviolenta sobre a córnea, o que diminui a progressão do ceratocone em alguns pacientes • Anel de Ferrara o Anel intra-estromal • Transplante de córnea o É a última opção terapêutica ESCLERA Episclerite A episclerite consiste na inflamação dos vasos superficiais (episclerais), na maioria das vezes idiopática, que pode ocorrer de forma difusa ou nodular. Acomete principalmente pacientes jovens. Quadro clínico • Olho vermelho • Pode ser acompanhado por leve dor ocular • Não há perda ou embaçamento visual Tratamento • Colírio a base de AINE (diclofenaco, por exemplo) Esclerite A esclerite consiste em uma inflamação do escleral e dos vasos profundos (esclerais). Está relacionada a doenças do tecido conjuntivo (doenças autoimunes, como artrite reumatóide) e doenças infecciosas (tuberculose e sífilis). Quadro clínico • Dor ocular importante • Quando acomete a região posterior do globo ocular, pode ocorrer embaçamento visual Formas • Não necrotizante difusa • Não necrotizante redonda • Necrotizante Geovana Sanches, TXXIV o Quadro evolutivo, principalmente relacionado a artrite reumatoide o Paciente apresenta episódios localizados de esclerite, recorrentes, que vão causando afinamento escleral. Esse processo pode ser tão intenso que chega a romper a esclera • Tratamento o AINH (VO) o Corticosteroides (VO) o Corticoides (EV – pulsoterapia) § No caso de doencas auto- imunes ou crises de esclerite muito graves o Imunossupressores o Tratar a doença de base § Sífilis e tuberculose § Doenças autoimunes CRISTALINO Cataratas adquiridas As cataratas adquiridas são a grande causa de perda visual reversível no mundo. Tipos • Subcapsular o Opacidade do cristalino na região subcapsular (logo abaixo da cápsula) o Comum em pacientes com diabetes e uveítes • Nuclear o Opacidade do núcleo do cristalino o Está mais relacionada a senilidade o No exame de lâmpada de fenda é possível visualizar o núcleo amarelado • Cortical o Acometimento do córtex do cristalino, na região periférica o Observam-se áreas brancas na lâmpada de fenda (perda de transparência) • Maduras o Perda de transparência de todas as camadas do cristalino o Através da lâmpada de fenda, visualizamos o cristalino todo opaco o É um grau avançado, com perda visual importante Cataratas secundárias • Doenças sistêmicas • Uveítes e distrofias de retina • Medicações Elas podem ser secundárias a doenças sistêmicas, a uveítes e distrofias de retina, ou a medicações. Tratamento O tratamento da catarata é sempre cirúrgico. Tem estudos sendo feitos com medicações para avaliar reversão da catarata ou impedir a progressão – lanesterol em colírio, mas ainda não há evidências suficientes. Geovana Sanches, TXXIV A cirurgia recebe o nome de faco- emulsificação. É realizada através de uma pequena incisão, a partir da qual entra-se com uma caneta com ultrassom e aspiração. Quebra-se o núcleo e o córtex do cristalino, aspirando-o. a cápsula fica íntegra e nela é inserida uma nota lente transparente.
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