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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 Emergências psiquiátricas: Agitação psicomotora A agitação pode ser definida como uma atividade motora excessiva associada a uma experiência subjetiva de tensão. Em geral, a admissão de paciente agitado ou agressivo na sala de emergência, se dá por terceiros, sejam estes familiares, vizinhos ou autoridades que foram acionadas para controlar a situação fora do ambiente hospitalar. Pacientes agitados/agressivos costumam apresentar baixa capacidade de insight com relação a sua morbidade; Os principais objetivos no cuidado de um paciente com agitação psicomotora são: triagem e avaliação da gravidade; anamnese objetiva e subjetiva; exame físico e neurológico; exame psiquiátrico; diagnóstico diferencial; tranquilização rápida; encaminhamento e orientação. Possa ser difícil executar todas essas etapas em um paciente agitado, sendo necessário a tranquilização para que o restante da avaliação posa ser feita. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Agitação psicomotora e agressividade são manifestações psicopatológicas complexas, mas inespecíficas que podem ser decorrentes de condições clinicas variadas. Agitação de causa médica geral Trauma cranioencefálico Encefalite, meningite ou outra infecção Encefalopatia (particularmente de insuficiência hepática ou renal) Exposição a toxinas ambientais Distúrbio metabólico (por exemplo, hiponatremia, hipocalcemia, hipoglicemia) Hipóxia Doença da tireoide Período pós convulsão (pós-ictal) Níveis tóxicos de medicamentos (por exemplo, psiquiátricos ou anticonvulsivantes) Agitação por intoxicação/abstinência Álcool Outras drogas Agitação por transtorno psiquiátrico Transtorno psicótico Estados maníacos e mistos Depressão agitada Transtorno de ansiedade Transtorno da personalidade Agitação reativa ou situacional (distúrbio adaptativo) Transtorno do espectro autista Agitação indiferenciada (presumidamente de uma condição médica geral até prova em contrário) Entretanto, alguns dados clínicos, como início súbito, idade maior que 40 anos, nenhuma história psiquiátrica anterior, alucinações visuais, olfativas e tácteis, discurso desconexo, confusão mental, desorientação, história e/ou sinais físicos de trauma, podem sugerir a presença de uma condição médica geral ou neurológica. PRINCIPIOS GERAIS PARA O MANEJO DE AGITAÇÃO PSICOMOTORA: Do ponto de vista organizacional, o manejo de um paciente agitado ou violento deve ser planejado e executado em 4 níveis distintos de complexidade: 1. MANEJO AMBIENTAL E ORGANIZACIONAL Instituição de protocolos e rotinas para manejo do paciente agitado ou violento. Treinamento da equipe responsável pelo atendimento. Disponibilidade da equipe de segurança; Retirada de objetos que possam ser usadas como armas. Fácil acesso a porta e sistemas de alarme; Atendimento precoce e com privacidade; Observação continua de outros membros da equipe; Redução de estímulos externos (isolamento) Afastamento de pessoas que possam ser desestabilizadoras para o paciente. 2. MANJO COMPORTAMENTAL E ATITUDINAL Evitar movimentos bruscos (não dê as costas à um paciente agitado); 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 Olhar diretamente para o paciente; Manter alguma distância física; Evitar fazer anotações; Apresentar-se e apresentar os outros membros da equipe; Falar pausadamente, mas firme; Fazer perguntas claras e diretas. Alguma flexibilidade na condução da entrevista, mas sem barganhas. Colocar limites de maneira objetiva, mas acolhedora. Não fazer ameaças ou humilhações; Não confrontar; Estimular o paciente a expressar os seus sentimentos em palavras. Asseguras ao paciente que você pretende ajuda- lo a controlar seus impulsos. 3. MANEJO FARMACOLÓGICO O objetivo do uso de medicações é tranquilizar o paciente mais rapidamente possível, reduzindo o risco de auto e heteroagressividade. Tranquilização rápida consiste na redução dos sintomas de agitação e agressividade sem a indução da sedação; Sempre que possível, é recomendável a tentativa de administração de medicação por VIA ORAL antes de se tentar a VIA INTRAMUSCULAR. ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS: HALOPERIDOL: é um antipsicótico de alta potência, apresenta menor incidência de sedação excessiva ou hipotensão, menor probabilidade de arritmias e menor redução do limiar convulsivo. Porém, tem mais chance de provocar sintomas extrapiramidais. + PROMETAZINA (fenergan): é um anti- histamínico geralmente associado aos antipsicoticos de alta potência. CLORPROMAZINA (Amplictil): é um antipsicótico de baixa potência e são pouco seguras para serem usadas no manejo de quadros agudos, pois podem provocar sedação excessiva, hipotensão, arritmias e diminuição do limiar convulsivo. ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS Apresentam um melhor perfil de efeitos colaterais, com boa eficácia em reduzir agitação, sem causar sedação excessiva e menor risco de sintomas extrapiramidais. RISPERIDONA 2mg VO OLANZAPINA VO ou IM (deve-se evitar uso concomitante com benzo); BENZODIAZEPÍNICOS Tem ação sedativa e ansiolítica que levam a rápida tranquilização do paciente. Podem causar depressão respiratória, sedação excessiva, desinibição paradoxal, confusão, risco de quedas, hipotensão. Devido ao efeito depressor do SNC, devem ser evitados em pacientes intoxicados por álcool, barbitúricos ou opioides, Devem ser evitadas também em pacientes com função respiratória prejudicada ou com suspeita de TCE. DIAZEPAM: 10mg VO OU IV MIDAZOLAM: pode ser usada IM, tem rápido início de ação, porem tem meia vida curta (90 a 150 minutos). Em geral é utilizada em associação com outra droga; LORAZEPAM: apenas VO no brasil. DIRETRIZES PARA O MANEJO FARMACOLÓGICO Avaliar a gravidade da agitação psicomotora; Inicie o manejo da situação de agitação por meio de intervenções verbais, atitudinais e comportamentais, sempre que possível. Na escolha da medicação a ser utilizada considerar: idade, sexo, IMC, presença de condição medica, medicações prescritas anteriormente, ocorrência de efeitos colaterais e uso de substancias psicoativas. Sempre que possível, oferecer medicações por via oral. Se paciente cooperativo, mas com risco de agitação: Haloperidol 2,5 a 5mg VO Diazepam 10mg VO Haloperidol 2,5 a 5mg + diazepam 10mg VO Risperidona 2mg VO Risperidona 2mg + Lorazepam 2mg VO 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2023 Se paciente não cooperativo, agitado ou com risco iminente de violência: Condição médica geral: Haloperidol 5 a 10mg IM Olanzapina 5 a 10mg IM Ziprasidona 5 a 10mg IM Haloperidol 5mg + prometazina 25mg IM Intoxicação por estimulantes: Midazolam 5 a 15mg IM Diazepam 5 a 10mg IV Intoxicação por álcool, opioides ou barbitúricos: Haloperidol 2,5 a 5mg IM Gestante: Haloperidol 2,5 a 5mg IM Reavaliar o paciente a cada 30 minutos bem como aferição de sinais vitais. Em casos de necessidade de medicação adicional, repetir a droga ou combinação de drogas usada inicialmente na mesma dose. Realizar ECG em caso de administração de Ziprasidona, ou sempre que houver achados clínicos indicativos de alteração cardiovascular. 4. MANEJO FÍSICO A contenção física se caracteriza pela imobilização do paciente por várias pessoas da equipe que o seguram firmemente no solo. Já a contenção mecânica caracteriza-se pela fixação do paciente ao leito por meio de faixas em membros superiores e inferiores. A contenção mecânica deve ser utilizada como ÚLTIMO RECURSO, quando todas as outras possibilidades forem fracassadas. A contenção mecânica deve ser realizada por 5 membros da equipe, sendo que cada profissional assume um membro. Quem supervisiona oprocedimento de contenção é o responsável por proteger a cabeça e as vias aéreas e verificar os sinais vitais. Pode ser utilizado as seguintes formas de contenção: o Quatro pontos: antebraços e tornozelos, com o paciente deitado na cama (evite contenções nas macas), com a cabeça levantada e os membros superiores ao lado do tronco. o Cinco pontos: os quatro membros e o peitoral. Para contenção no peito, uma faixa larga pode ser utilizada. Não coloque contenções nas axilas, pois isso pode lesar o plexo braquial. o Nove pontos: no caso de agitação grave, na qual todas as outras técnicas falharam, coloque contenções no final dos quatro membros, braços, coxas e tórax. O paciente deve ser continuamente orientado sobre o procedimento e os motivos que levaram a ele. A contenção mecânica deve ser mantida pelo menor tempo possível (máximo 2 horas); O conforto e a segurança do paciente devem ser rigorosamente checados, verificando-se a qualidade de perfusão e eventual ocorrência de garroteamento e hiperextensão de membros. O paciente deve ser reavaliado a cada 15 minutos na primeira hora e a cada 30 minutos nas horas seguintes para verificação da necessidade da contenção, além dos sinais vitais.
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