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@anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues Miastenia gravis A Miastenia gravis (MG) é uma doença neurológica autoimune que afeta a porção pós-sináptica da junção neuromuscular (JNM). A origem precisa da resposta imune é desconhecida, mas as anormalidades do timo certamente desempenham papel relevante na gênese dos anticorpos contra os receptores nicotínicos da placa motora. Essas reações com anticorpos suscitam ativação do sistema do complemento, que resultam, em última análise, em lesão da membrana muscular e dos canais de sódio, com significativo comprometimento da transmissão neuromuscular. TIMO É uma glândula bilobulada triangular que ocupa o espaço tireopericárdico no mediastino anterior e se estende inferiormente ao coração. No RN é maior do que em adultos. Radiografia de tórax Tomografia do tórax TIMOMA O timoma é um tipo de tumor raro, que se desenvolve no timo, que é uma glândula localizada atrás do osso esterno e que é responsável pela produção de glóbulos brancos, que fazem parte do sistema de defesa do corpo, ajudando no combate a infecções. São usualmente massas mediastinais lobuladas, com contornos lisos e bem circunscritos, que tipicamente surgem em um dos lobos do timo. Habitualmente localizados anteriormente ao arco aórtico, mas podem ocorrer no ângulo cardiofrênico. A maioria da lesão é homogênea, mas a necrose e a hemorragia ocorrem em mais de 1/3 dos casos. São neoplasias primárias do mediastino, originadas das células do tecido tímico, que em 50% dos casos ocupam o mediastino anterior e em 15% se manifestam como massas mediastinais. São mais frequentes em crianças. A maioria dos pacientes são assintomáticos. As síndromes paraneoplásicas (miastenia gravis, hipogamaglobulinemia, aplasia pura de células vermelhas) estão relacionadas com o câncer, mas não é a causa direta da massa tumoral. As pessoas com timomas podem desenvolver doenças autoimunes, onde o sistema imunológico começa a atacar o próprio organismo. @anabea.rs | Ana Beatriz Rodrigues CASO CLINICO Paciente do sexo feminino, 55 anis, branca, com sinais clínicos sugestivos de miastenia gravis há aproximadamente 3 meses. A prova terapêutica com neostigmina evidenciou melhora da disfagia e ptose palpebral. Na radiografia de tórax observou-se imagem ocupando o mediastino médio com projeção à direita. A tomografia computadorizada de tórax revelou a presença de massa no mediastino médio, sendo indicado o tratamento cirúrgico. A hipótese diagnóstica mais provável será: R: Timoma. TRATAMENTO Farmacologia dos antipsicóticos (neurolépticos) e estabilizadores do humor. Tratamento farmacológico da miastenia gravis e das doenças desmielinizantes (imunossupressores, neuromoduladores e imunomoduladores). CLASSES FÁRMACO MECANISMO DE AÇÃO USO CLÍNICO EFEITO COLATERAL Antipsicóticos típicos Haloperidol Antagonista D2 dopaminérgico Esquizofrenia Efeitos extrapiramidais Antipsicóticos atípicos Quetiapina Antagonista D2 dopaminérgico e 5HT2A Esquizofrenia com sintomas negativos Hipertrigliceridemia Estabilizadores do humor Carbonato de lítio Provável inibição da enzima inositol monofosfatase Transtorno afetivo bipolar Diabetes insipidus Imunossupressores Azatioprina Antagonista das purinas Doenças autoimunes Imunodeficiência Neuromoduladores anticonvulsivantes Gabapentina Aumento da síntese e liberação do GABA Crises convulsivas e neuropáticas Sonolência Imunomoduladores Imunoglobulina Neutraliza os anticorpos anti-AchR Doenças autoimunes Artralgia/mialgia Corticosteróides Prednisona Inibe a fosfolipase A2 e a lipoxigenase Inflamação crônica Ganho de peso Anticolinesterásico Piridostigmina Antagonista da acetilcolinesterase Tratamento sintomático da miastenia gravis Lacrimejamento miose CASO CLÍNICO Paciente S.C, sexo feminino, 32 anos, apresenta-se no consultorio do neurologista com queixa clínica de fraqueza muscular e fadiga há 15 dias. Relata que há cerca de dois meses notou ‘’visão borrada’’ com piora à noite e ao fazer leituras prolongadas, com melhora ao acordar. Marido refere que, durante o mesmo período, percebeu que as pálpebras da paciente estavam ficando mais baixas. No último mês passou a apresentar cansaço da mandíbula ao final das refeições e dificuldade de deglutição, se engasgando com alimentos sólidos. Há cerca de quinze dias, evoluiu com alteração na fala, fraqueza muscular progressiva iniciada em MMSS, com dificuldade para pentear o cabelo, que progrediu para MMII, prejudicando a deambulação a ponto de necessitar de cadeira de rodas. Relata quadro de fadiga e cansaço proeminentes ao final do dia, principalmente nos dias mais estressantes. O exame físico a paciente apresenta BEG, dispneica, bem corada, afebril e hidratada. Apresenta PA normal, bulhas cardíacas rítmicas e normofonéticas, ritmo normal. Já o sistema respiratório acusa expansividade pulmonar reduzida. O exame neurológico acusou que a paciente encontrava-se lúcida, orientada, obedecendo a comandos simples e complexos. Disártrica. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Semiprose palpebral bilateral. Motricidade ocular extrínseca fatigável com movimentação contínua. Sem outros déficits de nervos cranianos. Tônus muscular preservado. Demais grupos musculares com força preservada. Reflexos tendinosos profundos. Reflexo cutâneo plantar flexor bilateralmente. Avaliação de coordenação apendicular prejudicada. Sensibilidade preservada. Laboratorialmente fez o teste de ELISA para anticorpos anti-AchR (receptor de acetilcolina) e o resultado foi REAGENTE. Qual o provável diagnóstico? Miastenia Grave. Qual o tratamento indicado? 1. Tratamento sintomático: Piridostigmina. 2. Imunossupressão crônica: Corticóide. 3. Imunossupressão crônica em pacientes que não responderam à corticoterapia: Imunossupressores. 4. Imunossupressão rápida (para pacientes que não respondem à imunossupressão crônica): Imunoglobulina. 5. Tratamento cirúrgico: Timectomia.