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Fatores de risco para doenças cardiovasculares FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES As doenças cardiovasculares constituem um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, sendo a principal causa de morte e incapacidade nos países ocidentais, com registro anual de 17 milhões de vidas afetadas. No Brasil, 300 mil morrem anualmente por DCV, dentre as patologias: IAM, AVC, IR e morte súbita, com uma estatística de 820 mortes/dia, 30 mortes/hora ou 1 morte a cada 3 minutos. Vários são os fatores de risco que contribuem para o surgimento das DCV, ficando notória a importância do reconhecimento e da prevenção desses fatores de risco como estratégia de promoção da saúde. FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS ● Idade: um fator de risco de doença cardíaca (síndrome biológica) ● Sexo: os homens morrem mais cedo por doença cardíaca do que as mulheres e morrem por IAM, enquanto as mulheres morrem mais tarde e o AVC é habitualmente a causa mais frequente. ● Etnia: a hipertensão arterial e a diabetes são mais frequentes nos indivíduos de raça negra assim como são de difícil controle e são dois importantes fatores de risco para DCV. ● História familiar: a história familiar de doença arterial coronariana precoce na família aumenta o risco para o surgimento da mesma nos seus descendentes: Homens - 55 anos e mulheres - 65 anos. FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS ● Tabagismo ● Etilismo ● Sedentarismo ● Obesidade - Aumento da circunferência abdominal ● Dislipidemias ● Estresse ● Alimentação inadequada ● Hipertensão arterial sistêmica ● Diabetes Mellitus FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL: TABAGISMO Existem mais de 1 bilhão de fumantes no mundo e 80% deles vivem em países de baixa e média renda, onde a carga das doenças e morte relacionadas com o tabaco é mais pesada. Cerca de 50% das mortes evitáveis entre os indivíduos fumantes poderiam ser evitadas se esse vício fosse abolido, sendo a maioria por DCVs. Nas mulheres, seus efeitos deletérios parecem ser maiores, relacionando-se ao metabolismo acelerado da nicotina, com maior relevância naquelas que fazem uso concomitante de contraceptivos orais. Grau de recomendação e nível de evidência para o tratamento do fumo na prevenção cardiovascular RECOMENDAÇÃ O CLASSE EVIDÊNCIA O fumo é um fator de risco independente para doença cardiovascular, portanto deve ser evitado I B A exposição passiva ao tabaco aumenta o risco de doenças cardiovasculares e deve ser evitada I B Tratamento farmacológico do tabagismo I A Repositor de nicotina I A Cloridrato de bupropiona I A Tartarato de vareniclina I A FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL: SEDENTARISMO Um estudo promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e publicado no The Lancet demonstrou através de um levantamento feito neste trabalho ao longo de 15 anos: quase metade da população brasileira em idade adulta (47%) foi considerada fisicamente inativa. Fisicamente ativo: realização de prática de atividade física por 150 minutos semanais (exercício físico moderado) ou 75 minutos (exercício físico intenso) para a população adulta de uma forma geral (OMS). Os resultados obtidos neste estudo colocam o Brasil entre os países mais sedentários do mundo, à frente dos Estados Unidos (com aproximadamente 40%), sendo o mais sedentário da América Latina. FATORES DE RISCO PSICOSSOCIAIS PARA DCVs ● Condição socioeconômica baixa ● Estresse no trabalho e na vida familiar, depressão, ansiedade, hostilidade ● Personalidade tipo D: angustiado, envolve uma tendência permanente de apresentar emoções negativas (afetividade negativa) e inibição social. A personalidade tipo D se associa a piora do prognóstico em pacientes com DCV, independentemente de sintomas depressivos, estresse e raiva. FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL: OBESIDADE E SOBREPESO A mudança de hábitos de vida, como padrões alimentares inadequados associados ao sedentarismo, vem contribuindo para o aumento da prevalência de obesidade nas últimas décadas, levando a OMS a declarar a obesidade como uma epidemia global. Crianças e adolescentes com excesso de peso têm risco elevado de obesidade na vida adulta, em um fenômeno conhecido como fenômeno de trilha. Índice de massa corpórea (IMC): é obtido através do seguinte cálculo: IMC = Peso/ altura ao quadrado. Quando o indivíduo excede 30% = OBESIDADE FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL: DISLIPIDEMIAS O colesterol elevado pode ser considerado o principal fator de risco modificável da doença arterial coronariana (DAC). O controle, principalmente do nível do colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), traz grande benefício na redução de desfechos cardiovasculares como infarto e morte por doença coronariana. Imprescindível atingir metas de acordo com o risco cardiovascular. Metas lipídicas de acordo com o risco cardiovascular NIVEL DE RISCO META PRIMÁRIA (mg/dL) META SECUNDÁRIA (MG/dL) Alto LDL-C < 70 Colesterol não- HDL < 100 Intermediário LDL-C < 100 Colesterol não- HDL < 130 Baixo Meta individualizada Meta individualizada Valores referenciais do perfil lipídico para adultos maiores de 20 anos LIPÍDEOS VALORES (mg/dL) CATEGORIA LDL-C < 100 Ótimo 100 - 129 Desejável 130 - 159 Limítrofe 160 - 189 Alto > 190 Muito alto Colesterol não- HDL < 130 Ótimo 130 - 159 Desejável FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL: DIABETES MELLITUS A projeção de 300 milhões de adultos com diabetes mellitus (DM) no mundo em 2030, com a atual faixa de mais de 180 milhões de indivíduos com o diagnóstico, desperta a necessidade urgente de atuar na prevenção em nível global. No Brasil, dados regionais apontam a prevalência de DM em elevados níveis da população adulta, atingindo até 13,5% em alguns municípios. Esses números estão em elevação devido a fatores como crescimento e envelhecimento da população, urbanização, sedentarismo e obesidade crescentes. É um importante fator de risco para DCVs. SÍNDROME METABÓLICA A SM está associada a um risco duas vezes maior para doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e mortalidade cardiovascular, é uma vez e meia maior risco para mortalidade por qualquer causa. O mecanismo fisiopatológico pelo qual a SM aumenta o risco cardiovascular ainda está em debate, porém há forte evidência de que a resistência insulínica seja o fator principal. Há uma forte associação entre a SM e o desenvolvimento de diabetes, que se intensifica quanto maior o número de componentes da SM presente. Critérios diagnósticos de Síndrome Metabólica CRITÉRIOS CRITÉRIOS DEFINIÇÃO Obesidade abdominal Homens > 94 cm Obesidade abdominal Mulheres > 80 cm Triglicérides > 150 mg/dL HDL-colesterol Homens < 40 mg/dL HDL-colesterol Mulheres < 50 mg/dL Pressão arterial Sistólica > 130 mmHg ou tratamento para hipertensão arterial Pressão arterial Diastólica > 85 mmHg ou tratamento para hipertensão arterial Glicemia Jejum > 100 mg/dL FATOR DE RISCO MODIFICÁVEL: HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular, doença renal crônica e fibrilação atrial. Estudos recentes mostram que a maioria dos pacientes hipertensos não estão sob controle. A Diretriz Brasileira de HAS publicada em 2020 mostra uma prevalência nacional entre 20 a 25%. A diretriz define hipertensão com PA ≥ 140/90 mmHg e classifica com pré-hipertensão PAS 130 a 139 e/ou PAD entre 85 a 89 mmHg. ÁLCOOL E DOENÇAS CARDIOVASCULARES Deve-se considerar as diferenças individuais dos efeitos do álcool, particularidades de cada DCV e os padrões de consumo (leve, moderado e excessivo). Relatos clínicos já mostraram que o uso pesado de álcool está associadoà arritmia cardíaca, principalmente à fibrilação atrial. Há relação do consumo de álcool com cardiomiopatia alcoólica (CMA), hipertensão arterial sistêmica (HAS), doença arterial coronariana (DAC) e acidente vascular cerebral (AVC). CMA (cardiomiopatia alcoólica): existem evidências que embasam o mecanismo de toxicidade direta do álcool no músculo cardíaco. HAS: relacionada ao etanol, para indivíduos que consomem 6 ou mais doses por dia a prevalência de HAS equivale ao dobro da observada em abstêmios e consumidores leves, sendo possível observar redução da pressão arterial após uma semana de abstinência. Além disso, evidências também apontam que o consumo de álcool pode reduzir o efeito de medicamentos para HAS. ÁLCOOL X DAC Diversos estudos mostram redução no risco da DAC com a ingestão leve/moderada de álcool. Possíveis mecanismos implicados são o aumento de HDL (fração do colesterol capaz de prevenir o efeito prejudicial nas artérias) e as propriedades anticoagulantes do álcool. Entretanto, considera-se também que o padrão de consumo de álcool associado à redução no risco coronariano (consumo diário ou quase diário de 1 a 2 doses, junto com as refeições, evitando episódios de consumo pesado) é mais comumente encontrado entre bebedores de vinho. ÁLCOOL x AVC O AVC hemorrágico parece ocorrer com mais facilidade em bebedores pesados, pelas propriedades anticoagulantes do álcool. A elevação da PA pelo consumo de álcool parece mediar o aumento no risco para os dois tipos de AVC, tanto o hemorrágico quanto o isquêmico. Este estudo define consumo leve/moderado de álcool a ingestão de menos de 3 doses diárias. Uma dose padrão contém aproximadamente de 10g a 12g de álcool puro, o equivalente a uma lata de cerveja (330 ml) ou uma dose de destilados (30 ml) ou uma taça de vinho (100 ml).
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