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Livro Para Entender a Terra - Ação dos Rios - Geologia Assunto 3 NERR

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CYAN
VS Gráfica VS Gráfica
MAG
VS Gráfica
YEL
VS Gráfica
BLACK
GEOCIÊNCIAS
www.grupoa.com.br
JOHN GROTZINGER
TOM JORDAN
TERRA
P A R A E N T E N D E R A
SEXTA EDIÇÃO
GROTZINGER
& JORDAN
SEXTA 
EDIÇÃO
PA
RA
 EN
TEN
D
ER A
 TERRA
Desde que Frank Press e Raymond Siever lançaram a 
primeira edição de Para Entender a Terra (1965), este manual 
vem sendo paulatinamente atualizado e hoje se tornou um 
dos mais importantes livros-texto de universidades de vários 
países. Sucessores dos grandes mestres que iniciaram esta 
obra, Tom Jordan e John Grotzinger, dois cientistas de gran-
de envergadura na atualidade, terminam, nesta sexta edição, 
o ciclo de uma grande reestruturação em relação à primeira 
edição.
A introdução de desenhos e esquemas inovadores, a mo-
derna concepção sobre tectônica de placas, a concepção da 
Terra como um sistema interativo e a análise de como a di-
nâmica planetária tem infl uenciado a evolução da vida evi-
denciam a profunda modernização deste livro-texto. O leitor 
é estimulado a fazer e pensar como os geólogos, enten-
dendo como eles adquiriram o conhecimento que possuem, 
como esse conhecimento impacta a vida dos cidadãos e o que 
se pode fazer para melhorar o ambiente da Terra. 
Leitura indicada para os cursos de bacharelado e licen-
ciatura em Geologia, Geografi a, Ciências da Terra, Cli-
matologia, Meteorologia, Ciências do Solo, Agronomia, 
Engenharias, Biologia, Ecologia, Ciências Ambientais 
e afi ns. A obra destina-se também a técnicos e profi ssionais 
que necessitem complementar e atualizar seus conhecimen-
tos gerais fora da área de especialização e ao público em geral 
que se interessa pelos fenômenos da Terra e da natureza.
TERRA
P A R A E N T E N D E R A
SEXTA EDIÇÃO
G ROTZ I NG E R & JOR DAN
42685 Para Entender a Terra.indd 142685 Para Entender a Terra.indd 1 31/01/2013 10:05:0731/01/2013 10:05:07
Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150
G881e Grotzinger, John. 
 Para entender a terra [recurso eletrônico] / John 
 Grotzinger, Tom Jordan ; tradução: Iuri Duquia Abreu ; 
 revisão técnica: Rualdo Menegat. – 6. ed. – Dados 
 eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2013.
 Editado também como livro impresso em 2013.
 Tradução da 4. ed. de Rualdo Menegat, Paulo César 
 Dávila Fernandes, Luís Aberto Dávila Fernandes, Carla 
 Cristine Porcher.
 ISBN 978-85-65837-82-8
 1. Geociências. 2. Geologia. I. Jordan, Tom. II. Título.
CDU 55
Tradutores da 4ª edição
Rualdo Menegat
Professor do Instituto de Geociências/UFRGS
Paulo César Dávila Fernandes
Professor da Universidade do Estado da Bahia
Luís Aberto Dávila Fernandes
Professor do Instituto de Geociências/UFRGS
Carla Cristine Porcher
Professora do Instituto de Geociências/UFRGS
506 PA R A E N T E N D E R A T E R R A
A forma dos rios
Reservamos a palavra curso d’água para qualquer corpo 
de água, grande ou pequeno, que flui sobre a superfície 
continental, e rio para os principais ramos de um gran-
de sistema de correntes
2
. A maioria dos cursos d’água flui 
através de sulcos bem definidos chamados de canais, que 
permitem o fluxo da água por distâncias longas. À medida 
que os cursos d’água percorrem a superfície terrestre – em 
certos lugares com substrato rochoso e, em outros, com 
sedimento inconsolidado –, causam erosão nesses mate-
riais e criam vales.
A identificação e o mapeamento de vales fluviais fo-
ram tarefas cruciais para Lewis e Clark durante sua mis-
são 200 anos atrás. Conforme viajavam a montante e o rio 
ramificava-se, tinham que escolher qual ramo era maior. 
Usaram duas observações para ajudá-los a fazer tal es-
colha: a largura do vale fluvial e a profundidade do canal 
fluvial. O vale era largo o bastante, e o canal profundo o 
suficiente, para que os barcos passassem? Vales estreitos e 
canais rasos significariam que o ramo conduzia a uma rota 
muito mais curta e, portanto, menos desejável; vales mais 
largos e canais mais profundos, por outro lado, prometiam 
uma passagem mais longa até o braço principal do rio.
Vales fluviais
Um vale fluvial abrange toda a área entre os topos das 
encostas de ambos os lados do rio. O perfil transversal de 
muitos vales fluviais tem a forma de V, porém outros têm 
um perfil bem mais aberto e discreto, como aquele mos-
trado na Figura 18.1. No fundo dos vales está o canal, o 
sulco ao longo do qual a água corre. O canal carrega toda 
a água durante períodos normais, quando não há cheias. 
Com o nível da água baixo, o rio pode correr somente 
pelo fundo do canal. Com níveis mais altos da água, o rio 
ocupa a maior parte do canal. Em vales abertos, uma pla-
nície de inundação – uma área plana adjacente ao nível 
do topo do canal – estende-se em ambos os lados do rio. 
Ela é a parte do vale que é inundada quando o rio extra-
vasa suas margens, carregando com ele silte e areia para 
além do canal principal.
Em montanhas altas, os vales fluviais são estreitos e 
têm quedas íngremes, e o canal pode ocupar a maior par-
te ou todo o fundo do vale (Figura 18.2). Uma pequena 
planície de inundação pode ser observada somente com 
o nível d’água baixo. Em tais vales, o rio está escavando 
ativamente o substrato rochoso, característica comum 
de regiões tectonicamente ativas e soerguidas há pouco 
tempo. Sua erosão das vertentes do vale é ajudada pelo 
intemperismo químico e pelos deslizamentos de massa. 
Nas terras baixas, onde o soerguimento tectônico cessou 
há muito tempo, o curso d’água modela seu vale pela ero-
são de partículas sedimentares e seu transporte a jusan-
te. Com um longo período de atividade, esses processos 
produzirão encostas suaves e planícies de inundação de 
muitos quilômetros de largura.
Padrões de canais
À medida que um canal fluvial abre seu caminho no fun-
do de um vale, ele pode correr reto em alguns trechos e 
assumir uma trajetória tortuosa e irregular em outros, al-
gumas vezes, dividindo-se em múltiplos canais. O canal 
pode fluir ao longo do centro da planície de inundação ou 
espremer um de seus lados contra a escarpa do vale.
MEANDROS Na imensa maioria das planícies de inunda-
ção, os canais seguem formas de curvas e laços chamados 
Os cursos d’água são as linhas da vida dos continentes. Sua aparência é um 
registro da interação entre os processos do clima e da tectônica de placas. Os pro-
cessos tectônicos soerguem a terra, produzindo o relevo íngreme e as encostas de 
regiões montanhosas. O clima determina onde cairão a chuva e a neve. A água da 
chuva desce os declives, causando erosão nas rochas e nos solos das montanhas, 
formando canais e esculpindo vales à medida que se agrupa em arroios. Os cursos 
d’água transportam de volta ao mar a maior parte da precipitação que cai na terra 
e grande parte dos sedimentos produzidos por erosão da superfície continental. 
Os cursos d’água são tão importantes para entender o papel do clima e da água na 
Terra que sua descoberta em Marte motivou uma geração de missões em busca de 
evidência de água – e um clima diferente no passado distante daquele planeta.
Neste capítulo, abordaremos como os rios formam-se e executam seu traba-
lho geológico: como, em uma dimensão mais ampla, esculpem os vales e desen-
volvem vastas redes de canais; e como, em menor escala, fragmentam e erodem 
a rocha sólida. Examinamos como a água flui em correntes e como elas transpor-
tam sedimentos. A seguir, retornamos a maiores proporções para analisar os rios 
como geossistemas modelados por interações entre os sistemas da tectônica de 
placas e do clima.
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C A P Í T U LO 18 � T R A N S P O R T E F LU V I A L: DA S M O N TA N H A S AO S O C E A N O S 507
de meandros, assim denominados devido ao rio Maian-
dros (atual Menderes), na Turquia, celebrado em tempos 
antigos por seu curso curvo e tortuoso. Os meandros são 
comuns em rios que fluem em declives suaves de planí-
cies ou terras baixas, onde os canais tipicamente cortamsedimentos inconsolidados – areia fina, silte ou argila – ou 
substrato rochoso facilmente erodível. Os meandros são 
menos pronunciados, mas ainda comuns, onde o canal 
flui em declives mais íngremes e substratos mais duros. 
Em tais terrenos, os segmentos meandrantes podem al-
ternar-se com segmentos longos e relativamente retos.
Um rio que escavou profundamente as curvas e os 
laços de seu canal pode produzir meandros encaixados 
(Figura 18.2). Outros rios podem meandrar em planícies 
de inundação um pouco mais largas, limitadas pelas pa-
redes rochosas íngremes do vale. Não temos certeza das 
causas do aparecimento desses dois padrões diferentes. 
Entretanto, sabemos que o padrão meandrante é muito 
comum não somente em rios, mas também em vários 
outros tipos de fluxos. Por exemplo, a Corrente do Gol-
fo, uma poderosa corrente no oeste do Oceano Atlântico 
Norte, meandra. Os derrames de lava terrestre mean-
dram, e os geólogos planetários encontraram meandros 
em canais de água secos e fluxos de lava em Marte (ver 
Figuras 9.20 e 9.21), como também em fluxos de lava em 
Marte e Vênus.
Os meandros em uma planície de inundação migram 
em períodos de muitos anos, erodindo a margem externa 
das curvas, onde a corrente é mais forte (Figura 18.3a). À 
medida que o lado externo da margem é erodido, barras 
curvas de areia, chamadas de barras de meandro ou de 
pontal, são depositadas ao longo da margem interna, 
onde a corrente é mais lenta (Figura 18.3b). Dessa forma, 
os meandros alternam sua posição de um lado para o ou-
tro no sentido jusante, em um movimento serpenteante, 
parecido com aquele de uma longa corda que está sendo 
ondulada. A migração pode ser rápida: alguns meandros 
do Mississippi mudam em uma taxa que chega a 20 m/
ano. À medida que os meandros migram, de modo a ori-
ginarem as barras de pontal, formam uma acumulação de 
areia e silte sobre a parte da planície de inundação, atra-
vés da qual o canal migrou.
À medida que os meandros migram, às vezes desi-
gualmente, os laços podem crescer cada vez mais próxi-
mos uns dos outros, até que o rio toma um atalho até o 
próximo arco, geralmente durante uma inundação vigo-
rosa. O rio assume um curso novo e mais curto. No seu 
caminho abandonado, ele deixa para trás um lago em 
crescente
3
 – um laço com a forma de crescente preenchi-
do com água (Figura 18.3c).
Os engenheiros, às vezes, retificam e confinam artifi-
cialmente um rio meandrante, canalizando-o ao longo de 
uma trajetória reta com a ajuda de cortinas marginais de 
concreto. O Corpo de Engenheiros do Exército dos Esta-
dos Unidos vem canalizando o rio Mississippi desde 1878. 
Em um período de 13 anos, o comprimento do segmento 
inferior desse rio foi diminuído em 243 km. Parte das cau-
sas da grande enchente do Mississippi de 1993 deveu-se 
à sua canalização. Sem a canalização, as enchentes seriam 
mais frequentes, mas menos prejudiciais. Com a canali-
zação, os prejuízos podem ser catastróficos quando uma 
inundação rompe as altas margens artificiais, como ocor-
FIGURA 18.1 � Um rio flui em um canal que se move em uma 
planície de inundação plana e ampla, em um vale aberto. As pla-
nícies de inundação podem ser estreitas ou ausentes em vales 
escarpados. 
FIGURA 18.2 � Esta seção do rio San Juan, Utah (EUA), é um 
bom exemplo de um cinturão meandrante encaixado: um vale 
meandrante, profundamente erodido, com a forma de V, virtual-
mente sem planície de inundação. [Tom Bean]
Planalto Planalto
Planície de
inundação
ValeVale
Rios tributários
Canais antigos de
areia e cascalhoCanal
Depósitos de argila e
silte da planície de inundação
Meandros encaixados Barra de pontal
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508 PA R A E N T E N D E R A T E R R A
reu em 1993. Esta construção também tem sido criticada 
por destruir as terras úmidas e a maior parte da vegetação 
e fauna naturais da planície de inundação pela interrup-
ção do suprimento de sedimentos depositados por pe-
quenas e frequentes inundações.
Questões ambientais como essas estimularam ações 
para restabelecer o curso meandrante original de um rio 
canalizado, o Kissimmee, na Flórida central (EUA). Atual-
mente, os projetos de restauração estão bem avançados. 
Se deixado por conta do seu próprio processo natural, o 
Kissimmee poderia levar muitas dezenas ou centenas de 
anos para recuperar-se.
RIOS ENTRELAÇADOS Certos rios têm muitos canais ao 
invés de apenas um. Um rio entrelaçado é aquele em 
que o canal subdivide-se em uma rede entrecruzada de 
canais, os quais se reencontram, em um padrão parecido 
com tranças de cabelo (Figura 18.4). Os rios entrelaçados 
são encontrados em muitos cenários, desde vales com 
amplas terras baixas até largos vales preenchidos com 
sedimentos próximos às cordilheiras montanhosas. O 
entrelaçamento tende a se formar em rios com grande 
variação no volume do fluxo combinada com uma gran-
de carga sedimentar e margens facilmente erodíveis. 
Eles são bem desenvolvidos, por exemplo, em rios atu-
lhados de sedimentos e formados pela água de degelo 
nas bordas de geleiras. As correntes em rios entrelaçados 
geralmente fluem com rapidez, em contraste às dos rios 
meandrantes.
A planície de inundação fluvial
Um canal fluvial migrando sobre o fundo de um vale cria 
uma planície de inundação. As barras de pontal, forma-
das durante a migração, constituem a planície juntamente 
com os sedimentos depositados pelas águas que, em uma 
inundação, extravasam as margens do rio. As planícies de 
inundação erosivas, cobertas com uma fina camada de 
FIGURA 18.3 � Os meandros migram por um período de muitos anos. (a) Como os meandros 
movem-se. (b) Meandros em um rio do Alasca. (c) Lago em crescente no vale do rio Blackfoot, 
Montana (EUA). [(b) Peter Kresan; (c) James Steinberg/Photo Researchers]
1
2
3
4
5
6
(a) (b)
(c)
A corrente é mais rápida na
margem externa, a qual é 
erodida,…
 … e os sedimentos passam
a depositar-se na margem
interna, onde a corrente é 
mais lenta, formando barras
de pontal, ou de meandro.
À medida que o processo de 
erosão e deposição continua, 
as curvas tornam-se mais
apertadas, e a barra de pontal,
maior.
Durante uma grande inundação,
quando a velocidade e o volume
da água aumentam, o rio
assume um curso novo e mais
curto, cortando caminho através
do laço.
O laço abandonado permanece
como um lago em crescente.
Os meandros mudam de
um lado para o outro, em
um movimento serpenteante.
Barra de pontal
Lago em crescente
Barras de pontal
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sedimento, podem formar-se quando ocorre a migração 
de um rio que erode o substrato rochoso ou sedimento 
inconsolidado.
À medida que a água da cheia alaga a planície de 
inundação, sua velocidade diminui e a corrente perde 
sua capacidade de carregar sedimento. A velocidade da 
água da cheia cai mais rapidamente ao longo da borda 
adjacente do canal. Como resultado, a corrente deposi-
ta grandes volumes de sedimentos grossos, tipicamente 
areia e cascalho, ao longo de uma estreita tira na borda 
do canal. Sucessivas inundações formam diques natu-
rais, ou seja, cristas de material grosso que confinam o 
rio dentro de suas margens nos intervalos entre as inun-
dações, mesmo quando o nível da água está alto (Figura 
18.5). Em locais onde os diques naturais alcançaram uma 
altura de muitos metros, e o rio preenche quase todo o 
canal, o nível da planície de inundação fica abaixo da-
quele do rio. Pode-se caminhar nas ruas de uma antiga 
cidade ribeirinha, construída na planície de inundação 
de um rio, como Vicksburg, Mississippi (EUA), e enxer-
gar o dique, sabendo que as águas do rio estão correndo 
acima de sua cabeça.
Durante as cheias, sedimentos finos – siltes e lamas 
– são carregados para muito além das margens do canal, 
frequentemente cobrindo toda a planície de inundação,e são aí depositados à medida que as águas da enchen-
te passam a perder a velocidade. O recuo das águas da 
cheia deixa para trás pequenos lagos e poças de água es-
tagnada. As argilas mais finas são aí depositadas à medida 
que a água estagnada vai desaparecendo lentamente por 
evaporação e infiltração. Depósitos de planície de inun-
dação de grão-fino, que são ricos em nutrientes minerais 
e orgânicos, têm sido um importante recurso para a agri-
cultura, desde tempos antigos. A fertilidade da planície de 
inundação do Nilo e de outros rios do Oriente Médio, por 
exemplo, contribuíram para a evolução das culturas que lá 
FIGURA 18.4 � Este trecho do rio Chitina, no Alasca, é um rio 
entrelaçado. [Tom Bean] 
FIGURA 18.5 � (a) As inundações formam diques naturais ao 
longo das margens de um rio. (b) Estes diques naturais estão 
sobre o canal principal do rio Mississippi, próximo a South Pass, 
Louisiana. [USGS National Wetlands Research Center]
Canais entrelaçados
1
2
3
Dique
(b)
(a) No intervalo entre as cheias, 
os sedimentos são depositados 
apenas dentro do canal.
Quando a inundação ocorre, a água
se espalha pela planície de inundação, 
perde rapidamente a velocidade e depo-
sita seu sedimento ao longo das bordas
adjacentes ao canal, formando diques.
Sucessivas inundações formam 
diques naturais que confinam o 
rio ao seu canal no intervalo entre 
as cheias, mesmo quando o nível 
d’água está alto.
Planície de 
inundação
Canal fluvial
Água da cheia atulhada
de sedimento
Dique natural
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510 PA R A E N T E N D E R A T E R R A
floresceram há milhares de anos. Atualmente, a grande e 
larga planície de inundação do Ganges, no norte da Índia, 
continua a ter um papel importante na vida e na agricul-
tura daquele país. Muitas cidades antigas e modernas es-
tão localizadas em planícies de inundação (ver Jornal da 
Terra 18.1).
Bacias hidrográficas
Toda elevação entre dois rios, quer meça poucos metros 
ou milhares, forma um divisor de águas – uma crista ou 
terreno alto de onde toda a água da chuva escoa, para um 
ou outro lado. Uma bacia hidrográfica é uma área do 
terreno limitada por divisores que vertem toda a sua água 
para a rede de rios que a drenam (Figura 18.6). A bacia 
hidrográfica pode ter uma área pequena, como a de uma 
ravina ao redor de um pequeno riacho, ou pode ser uma 
grande região drenada por um rio principal e seus tribu-
tários (Figura 18.7).
Um continente tem várias bacias hidrográficas im-
portantes separadas pelos divisores de água principais. 
Na América do Norte, o divisor de águas continental ao 
longo das Montanhas Rochosas separa a água que ver-
te para o Oceano Pacífico de toda a restante, que escoa 
inteiramente para o Atlântico. Lewis e Clark seguiram o 
rio Missouri a montante até sua nascente no divisor con-
tinental no oeste de Montana. Após cruzarem o divisor, 
encontraram a nascente do rio Colúmbia, o qual acompa-
nharam até o Oceano Pacífico. 
Jornal da Terra
18.1 O desenvolvimento das cidades nas planícies 
de inundação 
As planícies de inundação atraem assentamentos humanos 
desde o começo da civilização. Elas são lugares naturais para 
os assentamentos urbanos, porque combinam fácil transpor-
te hidroviário com acesso a terras férteis e agricultáveis. Tais 
lugares, entretanto, estão sujeitos às inundações que forma-
ram as planícies de inundação. Pequenas inundações são co-
muns e geralmente causam poucos danos, mas os episódios 
de maior proporção que ocorrem com intervalo de algumas 
décadas podem ser bastante destrutivos. 
Há cerca de 4 mil anos, as cidades começaram a se esta-
belecer nas planícies de inundação ao longo do rio Nilo, no 
Egito, nas terras da antiga Mesopotâmia, entre os rios Tigre e 
Eufrates, e, na Ásia, ao longo do rio Indo, na Índia, e do Yang-
-Tsé e Huang Ho (Amarelo), na China. Posteriormente, muitas 
das capitais da Europa foram construídas sobre planícies de 
inundação: Roma, na margem do Tibre; Londres, ao longo do 
rio Tâmisa; e Paris, junto ao Sena. Entre as cidades da Améri-
ca do Norte construídas em planícies de inundação, podem 
ser citadas Saint Louis, ao longo do rio Mississippi; Cincinnati, 
junto ao rio Ohio; e Montreal, margeando o rio Saint Lawren-
ce.4 As enchentes periodicamente destruíram partes dessas 
cidades antigas e modernas que se localizavam nas regiões 
mais baixas das planícies de inundação, mas seus habitantes 
sempre as reconstruíram. 
Atualmente, muitas das maiores cidades estão protegidas 
por diques artificiais que reforçam e elevam os diques naturais 
dos rios. Além disso, sistemas extensivos de barragens podem 
ajudar a controlar as inundações que afetam essas cidades, mas 
são incapazes de eliminar completamente os riscos. Em 1973, 
o Mississippi causou sérios problemas em uma enchente que 
durou 77 dias consecutivos em Saint Louis, Missouri (EUA). O rio 
alcançou uma altura recorde de 4,03 m acima do nível de inun-
dação. Em 1993, o Mississippi e seus tributários saíram nova-
mente de seus leitos e ultrapassaram os registros mais antigos, 
resultando em uma devastadora enchente, a segunda pior da 
história dos Estados Unidos, como foi oficialmente considerada 
(atrás da enchente de Nova Orleans causada pela elevação da 
maré que se seguiu ao furacão Katrina em 2005). Essa cheia oca-
sionou 487 mortes e prejuízos materiais de mais de 15 bilhões 
de dólares. Em Saint Louis, o Mississippi ficou acima do nível 
normal durante 144 dos 183 dias que existem entre abril e se-
tembro. Um resultado inesperado dessa inundação foi a disper-
são de poluentes, que ocorreu quando a água da cheia lavou os 
agrotóxicos das fazendas e depositou-os nas áreas inundadas. 
Descobrir como proteger a sociedade contra inundações 
apresenta alguns problemas complexos. Alguns geólogos 
acreditam que a construção de diques artificiais para confinar 
o Mississippi contribuiu para que a inundação atingisse níveis 
tão elevados. O rio não pode mais erodir suas margens e alar-
gar seu canal para acomodar parte da quantidade adicional 
de água que flui durante os períodos de maior vazão. Além 
Divisor de águas
Bacia
 hidr
ográ
fica
do ri
o A
Bacia
 hidr
ográ
fica
do ri
o B
FIGURA 18.6 � Bacias hidrográficas são separadas pelos diviso-
res de águas.
Grotzinger_18.indd 510Grotzinger_18.indd 510 05/12/12 08:4105/12/12 08:41
C A P Í T U LO 18 � T R A N S P O R T E F LU V I A L: DA S M O N TA N H A S AO S O C E A N O S 511
As redes de drenagem
Um mapa mostrando os cursos de grandes e pequenos 
rios revela um padrão de conexões chamado de rede de 
drenagem. Se você seguir um rio desde sua foz até a 
nascente, observará que ele, invariavelmente, divide-se 
em tributários cada vez menores, formando redes de 
drenagem que mostram um padrão ramificado carac-
terístico.
A ramificação é uma propriedade geral de muitos 
tipos de redes na qual o material é coletado e distribu-
ído. Talvez as redes ramificadas mais familiares sejam 
aquelas das árvores e raízes. A maioria dos rios segue o 
mesmo tipo de padrão ramificado irregular, chamado de 
drenagem dendrítica (do grego dendron, que significa 
“árvore”). Esse padrão de drenagem bastante randômico 
é típico de terrenos onde o substrato rochoso é unifor-
me, como os de rochas sedimentares com acamamento 
horizontal ou de rochas ígneas ou metamórficas maci-
ças. Outros padrões são o retangular, em treliça e radial 
(Figura 18.8).
disso, a planície de inundação não recebe mais depósitos de 
sedimentos. No caso de Nova Orleans, a planície de inunda-
ção afundou abaixo do nível do rio Mississippi, aumentando a 
probabilidade de futuras enchentes. 
O que as cidades e os povoados desses lugares estão 
fazendo? Alguns se apressaram em parar toda construção e 
ocupação nas partes mais inferiores da planície de inundação. 
Outros têm exigido a supressão dos fundos para desastres sub-
sidiados pelo governo federal para reconstruir essas áreas. A 
cidade de Harrisburg,na Pensilvânia, fortemente afligida pela 
enchente de 1972, transformou em parques as áreas ribeiri-
nhas devastadas. Em um movimento dramático depois da 
cheia do Mississippi de 1993, a cidade de Valmeyer, em Illinois, 
votou por transferir-se inteiramente para uma região mais alta, 
localizada a vários quilômetros de distância. O novo lugar foi 
escolhido com a ajuda de uma equipe de geólogos do Servi-
ço Geológico de Illinois (Illinois Geological Survey). Contudo, os 
benefícios de viver em uma planície de inundação continuam 
a atrair pessoas a esses locais, e alguns que sempre viveram na 
planície de inundação querem ficar e estão preparados para 
viver com os riscos das enchentes. Os custos para proteger al-
gumas áreas localizadas no nível de enchente são proibitivos, 
e esses lugares continuarão a apresentar problemas para as 
políticas públicas.
A exemplo de muitas cidades construídas em pla-
nícies de inundação, Liu Chou5 (Liuzhou), na Chi-
na, está sujeita a enchentes. Esta cheia, de julho de 
1996, foi a maior registrada nos 500 anos de história 
da cidade. [Xie Jiahua/China Features/CORBIS Sygma] 
O
C
E
A
N
O
 P
A
C
ÍF
IC
O
400 km 
Oregon
Nevada
Califórnia
Arizona
Novo
México
México
Idaho
Wyoming
Colorado
Utah
Golfo da 
Califórnia
Bacia hidrográfica
do rio Colorado
FIGURA 18.7 � A bacia hidrográfica natural do rio Colorado cobre cerca de 630.000 km2, abran-
gendo uma grande parte do sudoeste dos Estados Unidos. Ela é limitada pelos divisores que a 
separam das bacias hidrográficas vizinhas. [Fonte: U. S. Geological Survey]
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512 PA R A E N T E N D E R A T E R R A
Os padrões de drenagem 
e a história geológica 
Podemos observar diretamente ou avaliar a partir do re-
gistro geológico como a maioria dos padrões de drena-
gem fluvial evoluiu. Alguns rios, por exemplo, cortam 
transversalmente as cristas de substrato rochoso resis-
tente à erosão para formar desfiladeiros ou gargantas de 
paredes escarpadas. O que poderia levar um rio a entalhar 
um vale estreito transversalmente a uma crista ao invés 
de correr ao longo dos terrenos mais baixos de qualquer 
um de seus lados? A história geológica da região fornece 
as respostas. 
Se uma crista é formada pela deformação enquanto 
um rio preexistente está fluindo sobre ela, ele pode erodir 
a crista em soerguimento para formar uma garganta de 
paredes escarpadas, como na Figura 18.9. Tal rio é chama-
do de rio antecedente, pois existia antes de o atual relevo 
ter sido modelado e manteve seu curso original, apesar 
das mudanças nas rochas subjacentes e no relevo. 
Em outra situação geológica, um rio pode fluir em 
um padrão de drenagem dendrítica, sobre rochas sedi-
mentares com acamamento horizontal que se superpõem 
a rochas dobradas e falhadas, com diferentes resistências 
à erosão. Ao longo do tempo, à medida que as camadas 
mais suaves são removidas por erosão, o rio entalha uma 
camada mais dura de rochas subjacentes e erode uma 
garganta na camada resistente (Figura 18.10). Assim, o 
rio superimposto
6
 flui através de formações resistentes, 
porque seu curso foi estabelecido em níveis mais altos, 
sobre rochas uniformes, antes do entalhamento se apro-
fundar. Um rio superimposto tende a continuar o padrão 
previamente desenvolvido, mais do que se ajustar às no-
vas condições.
Onde os canais começam? 
Como a água corrente causa a 
erosão do solo e das rochas
FIGURA 18.8 � Padrões típicos de redes de drenagem.
A drenagem dendrítica é caracterizada pela
ramificação similar aos galhos de uma árvore.
A drenagem retangular, desenvolvida
em um terreno rochoso e densamente
fraturado, tende a seguir o padrão das
fraturas.
A drenagem em treliça desenvolve-se em
terrenos de vales e cristas alternados,
onde as rochas com diferentes resis-
tências à erosão estão dobradas em
anticlinais e sinclinais.
O padrão de drenagem radial
desenvolve-se em um grande cume
isolado, como um grande vulcão.
Rio principal
Crista de rocha resistente
Anticlinal
Sinclinal
Tributário
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esaito
Retângulo
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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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