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MODELAGEM DIGITAL Franciane Schreiner Da Mota Renderização no design de interiores Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer as configurações de texturas e renderização. � Aplicar texturas em objetos tridimensionais no ambiente 3D. � Produzir renderizações em modelos tridimensionais. Introdução A área de design de interiores tem progredido muito nos últimos anos, visto que as tecnologias voltadas para a apresentação de projetos tridi- mensionais têm se mostrado cada vez mais eficientes. Para os profissio- nais da área, este desenvolvimento facilitou a apresentação de projetos, tanto para colegas de trabalho quanto para clientes. A interação entre a modelagem e as renderizações possibilita a visualização real do projeto, antes mesmo deste ser executado. Neste capítulo, você observará que para a renderização alcançar níveis altos de realidade é preciso aplicar texturas corretas, visando o resultado realista. Assim, você aprenderá algumas configurações específicas dentro do modelo tridimensional. Configuração de materiais Após a produção de um projeto de design de interiores no software de mode- lagem 3D, deve-se fazer a renderização do modelo para se obter uma apre- sentação mais realista. Para isso, um dos softwares mais utilizados é o V-Ray, por ser compatível com diversos outros programas de modelagem e simular de forma realista praticamente qualquer material. É com este software que iremos trabalhar para demonstrar a configuração dos materiais aplicados em um modelo criado. Neste capítulo, abordaremos as principais configurações do V-Ray para que as texturas possam ser produzidas corretamente neste software. Na aba de configuração de materiais é possível atingir os resultados necessários para simular objetos como plásticos, metais, ou objetos mais complexos, como cera ou aqueles que emitem luz (BARROS, 2017). Dentro de uma textura existem diversos itens que precisam ser observados para que um material seja reproduzido o mais próximo possível da realidade. Apenas uma imagem do material desejado pode servir para que este seja visualizado no modelo tridimensional de maneira a se compreender o seu todo, mas isto não será suficiente para que a renderização resulte em uma imagem realista. As principais questões a serem analisadas são as características do material que se deseja reproduzir. Por exemplo, se pretendemos fazer uma poltrona com os pés em madeira e o estofado com acabamento em couro, precisamos primeiro entender de que forma a madeira e o couro são na realidade. A textura ao toque, a capacidade de reflexão, a transparência, a cor, o brilho etc. são itens que diferem os objetos e que precisam ser trabalhados na configuração de uma textura para renderizações. Na Figura 1 vemos a caixa de diálogo de configurações rápidas de materiais do V-Ray. Renderização no design de interiores2 Figura 1. Caixa de diálogo de configurações rápidas de materiais no V-Ray 3.4. 3Renderização no design de interiores A primeira etapa deve ser a seleção da imagem do material que será aplicado, que no V-Ray aparecerá na configuração Diffuse Color. Ao abrir o editor de materiais do V-Ray, esta será a primeira opção na aba Quick Settings. Ao clicar no retângulo, seleciona-se a cor base do material. Ao clicar na pequena caixa xadrez, abre-se uma nova janela, na qual se pode inserir uma imagem ou textura que define o material que se deseja editar. Utilizando qualquer imagem, como no exemplo da poltrona em madeira e couro, basta ir à opção bitmap e escolher um arquivo de imagem que já deverá estar salvo no computador. Após escolher a imagem que será a principal referência do material, basta clicar em Back para voltar ao editor de materiais. Tendo feito isso, a esfera que representa o material aplicado irá atualizar, criando o aspecto mais realista do material. O próximo item da aba Quick Settings é o Reflection, que trata da adição de brilho aos materiais. Na vida real, tudo o que nos rodeia reflete luz, in- dependente do material, e é justamente por isso que conseguimos enxergar os objetos: devido a sua capacidade de refletir. O fato é que quanto mais um objeto reflete luz, mais ele brilha, porém, como se sabe, nem todo objeto reflete como um espelho. Vamos entender melhor isso. Se adicionarmos reflexão ao nosso material, arrastando o cursor do Reflection para a direita, mais brilho ele terá, ou seja, mais espelhado ele será. No entanto, em materiais opacos não se observa um brilho tão intenso e, por isso, devemos diminuir o seu Glossiness, regulando a intensidade desse brilho de acordo com a especificidade de cada material a ser configurado. Essa opção é encontrada um pouco mais abaixo, na mesma aba de configurações. A Figura 2 ilustra diferentes intensidades de Reflection Glossiness aplicadas a um mesmo objeto no V-Ray. Figura 2. Diferentes aplicações de Reflection Glossiness. Fonte: Bryson (2014, documento on-line). Renderização no design de interiores4 Os materiais opacos tendem a ficar mais realistas quando se usa o Reflection com o Glossiness baixo em comparação a quando se usa brilho algum. Por isso, tente sempre trabalhar no intervalo de 0.35 a 0.99. Ainda, sobre as configurações, existe também a refração, ou Refraction. Essa característica dos materiais trás transparência aos objetos e, portanto, será muito importante para configurar elementos como o vidro e a água, por exemplo. Alterando o nível de refração, configuramos materiais cada vez mais transparentes (BARROS, 2017). As configurações do Refraction estão interligadas com o Reflection, pois estes geralmente são utilizados para reproduzir materiais que possuem tanto brilho quanto transparência. Caso haja a necessidade de mudar a cor do ma- terial, deve-se alterar o valor em Fog Color em seus tons mais claros. Devemos mencionar, ainda, o processo Bump. Segundo (ANDRÉ, 2018, documento on-line): Bump é um processo que de simulação de um padrão de relevo em uma superfí- cie sem a necessidade da criação de novos polígonos, permitindo gerar sombras e reflexos de acordo com a posição da câmera da iluminação da sua cena. Com isso a renderização exibe a superfície dos objetos com as características que transmitem a sensação de realismo. A forma mais simples de se aplicar o Bump é adicionando uma imagem, ou bitmap, em escala de cinza. O programa irá entender que tudo aquilo que estiver em tons mais claros será traduzido para uma textura ou relevo mais alto, e o que for mais escuro, para uma textura ou relevo mais baixo. A Figura 3 ilustra diferentes aplicações de texturas nos processos Bump e Difuse, assim como a combinação entre ambos. 5Renderização no design de interiores Figura 3. Diferença de aplicação de texturas no (a) Diffuse, no (b) Bump e no (c) Diffuse combinado com o Bump. Fonte: André (2018, documento on-line). (a) (b) (c) É importante lembrar que essas configurações são recorrentemente en- contradas em outros software de renderização, sendo que o mais importante é você entender cada característica dos materiais para que consiga configurá-los em seu modelo 3D. A observação da realidade é o que mais ajudará na criação de imagens realistas. Aplicação de texturas no modelo Após a criação de seus materiais e texturas, você pode aplicá-los ao seu projeto. O mais comum é aplicar as texturas desejadas conforme se modela e cria o ambiente, pois os programas de modelagem 3D já trazem algumas texturas prévias para que você possa utilizá-las. O SketchUp, por exemplo, é totalmente compatibilizado com o V-Ray. Portanto, toda textura inserida no seu modelo 3D do SketchUp aparecerá nas configurações do V-Ray. Mesmo que detalhes como o brilho ou a rugosidade não sejam reproduzidos de maneira fiel, a textura base ou a cor escolhida já será inserida nos seus materiais. Isso quer dizer que você pode alterar todas as configurações de materiais, mesmo depois de aplicado.Outra possibilidade é a aplicação de um material do V-Ray dentro do SketchUp. Mesmo que seu modelo já tenha todas as texturas escolhidas, você pode alterá-las. A Figura 4 mostra a aplicação de texturas no V-Ray. Renderização no design de interiores6 Figura 4. Aplicação de texturas no V-Ray 3.4. O V-Ray possui uma biblioteca própria de materiais pré-configurados, que podem ser utilizados com facilidade. Ao abrir a janela de Asset Editor e selecionar o primeiro botão (Materials), automaticamente aparecerá uma lista de todos os materiais presentes em seu modelo. A partir disso, você pode escolher e editar qualquer um deles. Para utilizar a biblioteca do V-Ray você deve clicar na pequena seta ao lado esquerdo da janela, que irá se expandir para que uma lista de itens apareça. Dentro destes itens, que correspondem a pastas, alguns materiais estão prontos e disponíveis para ser utilizados. Basta “arrastar” aqueles que deseja para a lista da direita. Em seguida, você deve selecionar todas as faces do objeto modelado em que você deseja colocar a textura e, então, clicar com o botão direito do 7Renderização no design de interiores mouse em Apply Material to Selection. Dessa forma, todas as configurações serão atualizadas para que, na renderização, seja aplicado o Material. Todos os materiais na biblioteca de materiais V-Ray podem ser editados, o que nos permite começar com um material semelhante ao que precisamos para depois ajustá-lo, de acordo com as nossas necessidades. Observe o exemplo de um cubo com uma textura inicial, ao qual foi aplicada outra textura da biblioteca do V-Ray. Basta selecionar o cubo, e com o botão direito do mouse, selecionar Apply Material to Selection. Veja o resultado: Renderização no design de interiores8 Renderização Uma boa renderização demanda muito estudo e observação da realidade. Mas o que é, de fato, a renderização? A renderização é uma rede de algoritmos, que são decifrados a partir do processador de um computador e, justamente por isso, é muito complexo e exige, também, uma boa máquina. Este é um processo muito utilizado no mercado cinematográfico e de publicidade, além de ter sido muito bem aceito na arquitetura e no design de interiores, facilitando a compreensão de projetos. Para captar uma imagem, um fotógrafo leva em consideração uma série de elementos como o tipo de lente, a abertura do foco, a posição da luz e, principalmente, o ângulo correto. Isto pode ser aplicado a rendererização, pois no design de interiores estamos simulando a produção de um ambiente. Um ângulo bem escolhido, os materiais adequadamente configurados e a iluminação devidamente aplicada pode traduzir com fidelidade o que se quer transmitir ao cliente. É pela renderização que testamos estilos, cores e ideias, aplicando-os com maior segurança aos projetos. Utilizando software como o V-Ray, Lumion, 3ds Max, Revit, entre outros, o processo de projetar e apresentar os ambientes para o cliente muda, porém é necessário que alguns itens sejam analisados com cuidado, como o ângulo de visualização da cena e a qualidade da imagem. Diversos software são utilizados para modelagem e renderizações de ambientes. Entenda as qualidades de cada um acessando o link a seguir. https://qrgo.page.link/bNjFu 9Renderização no design de interiores O enquadramento da cena é muito importante para que a imagem ganhe um aspecto mais realista. Portanto, tome cuidado com ângulos muito distorcidos na imagem que se deseja renderizar, independentemente do software utilizado. Alguns cuidados devem ser tomados: � posicionar a câmera na altura dos olhos; � não cortar elementos chaves, como mobiliários; � manter as linhas verticais. Este último item pode ser solucionado com a utilização da perspectiva de dois pontos, caso você esteja usando o SketchUp para criar seus modelos. As proporções dos objetos e as perspectivas escolhidas são decisivas para a renderização do ambiente projetado. Além disso, a imagem que será renderi- zada deve ser finalizada com uma boa qualidade, ou seja, deve ter uma boa definição, sem granulações e/ou manchas. No caso do V-Ray, a configuração de resolução e tamanho da imagem final pode ser feita na janela de edição V-Ray Asset Editor. Na primeira aba, existem duas configurações de Render (Interactive e Progressive). A diferença entre elas é que no Render Interactive é possível editar materiais, luzes e objetos em tempo real, à medida que o render acontece, e, no Progressive, a imagem renderiza por completo, sendo refinada posteriormente. A Figura 5 mostra uma opção que define a qualidade do Render. Na opção Quality, você pode arrastar o cursor para a direita se quiser uma imagem mais detalhada, com uma melhor definição e resolução. Na aba Render Output, você pode definir o tamanho e a proporção da sua imagem final. Renderização no design de interiores10 Figura 5. Ferramentas de configurações para renderização no V-Ray 3.4. É nesta mesma janela de configurações que você pode comandar que o software inicie a renderização e, para isso, precisamos entender os tipos que existem. O primeiro é o Render para a renderização simples, ou seja, de apenas uma imagem da cena escolhida. Uma segunda opção é o Render Interactive, que renderiza a imagem em tempo real, ou seja, você pode continuar editando seu modelo tridimensional e o software atualiza automaticamente a renderi- zação em andamento. Embora seja bastante interessante, essa possibilidade pode sobrecarregar seu computador, caso este não possua uma boa placa de vídeo (GPU). 11Renderização no design de interiores Seguindo as orientações de escolha e definição de ângulo, perspectiva e dimensionamento da imagem, você já pode começar a produzir imagens realistas. Basta comandar o Render e aguardar o resultado. Lembre-se sempre de salvar suas tentativas para analisar os testes e seu progresso. O V-Ray precisa ser explorado ao máximo para que você consiga utilizá-lo com facilidade. Deve haver muitas tentativas, erros e acertos. Para aprofundar mais seu conhecimento sobre este software, você pode acompanhar fóruns e novidades no link a seguir. https://qrgo.page.link/YKcCT ANDRÉ, L. Sketchup – Vray – Bump. QualifiCAD, [S. l.], 1 ago. 2018. Disponível em: https:// qualificad.com.br/sketchup-vray-bump/. Acesso em: 16 set. 2019. BARROS, H. V-Ray for SketchUp: o guia definitivo. [S. l.]: MasterTuts, 2017. 91 p. BRYSON, C. TurboTips: V-Ray Material, Part 2: Reflection. TurboSquid, New Orleans, 14 Apr. 2014. Disponível em: https://blog.turbosquid.com/2014/04/14/turbotips-v-ray- -material-part-2-reflection/. Acesso em: 16 set. 2019. Leituras recomendadas APRENDA a Arte de Renderizar. Chahoud Cursos – Cursos Online para e Gratuitos de 3D para Arquitetura, Porto Alegre, 2019. Disponível em: https://www.chahoudcursos.com. br/. Acesso em: 16 set. 2019. FLORIO, W. Animações, Renderizações e Panoramas VR em Arquitetura. In: CONGRESSO NACIONAL DE AMBIENTES HIPERMÍDIA PARA APRENDIZAGEM, 3., 2008, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: Anhembi Morumbi – Centro de Pesquisa em Design, 2008. 12 p. Disponível em: http://wright.ava.ufsc.br/~alice/conahpa/anais/2008/conahpa2008. zip%20folder/artigos/Animacoes_renderizacoes_e_panoramas_vr_em_arquitetura. pdf. Acesso em: 16 set. 2019. TUDO sobre SketchUp e V-Ray. QualifiCAD, [S. l.], [201-?]. Disponível em: https://qualificad. com.br/tudo-sobre-sketchup-vray/. Acesso em: 16 set. 2019. Renderização no design de interiores12
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