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2 Os genes são feitos de DNA Os cromossomos são proteinas mais DNA Prova de que os genes säão feitos de DNA o principio transformante - genes de bacteriófagos A primeira questão que devemos abordar é aquela cromossomos. Uma variedade de tecnicas experimen. fundamental nas mentes dos geneticistas e biólogos tais, principalmente a citoquimica, foi usada n enfoque deste problema, e, por volta de 1920, ficon lo. Em sua forma mais simples, a pergunta é: 'Do que claro que os cromossomos continham dois compos são feitos os genes?" Para sermos mais técnicos, a in- tos biológicos: proteína e oácido nucleico chamado formação que procuramos é a natureza química do ácido desoxirribonucleico, DNA. Um ou outro (o talvez uma combinação de amboS- uma nucleopro teína) deve portanto ser o material genético0. Para decidir qual era o candidato mais provável, os biólogos consideraram as propriedades dos genes e de que maneira estas propriedades poderiam ser forneci das pelas proteínas ou pelo DNA. A propriedade mais fundamental exigida para o material genéticoé que ele precisa ser capaz de existir em uma quase infinita variedade de formas: cada célula contém um grande te que tipos de substâncias bioquímicas compõem os número de diferentes genes (vários milhares na bac- moleculares durante os primeiros 50 anos deste sécu- material genético. 2.1 Os cromossomos são feitos de proteína e DNA Uma vez estabelecido que os genes residem nos cro- mossomos, foi percebido que a natureza química do gene podia ser descoberta determinando-se exatamen- (a) DNA Guanina Citosina 66+C1A Sargs- oto d 0lVA Timina Adenina (b) Proteina htloduro OooofP0000 O000 Fig. 2.1 Avisão que se tinha em 1930 da estrutura do DNA e das proteínas. (a) O modelo tetranucleotidico incorrero para o DNA; todas as moléculas de DNA eram exatamenie guais. (b) A estrutura polipeptídica correta das proteínas. os polipeptídeos eram conhecidos como existindo em u variedade de formas diferentes, todas com sequencia diferentes de aminoácidos. Aminoácidos 11 Os Genes são Feitos de DNA então do que eram feitos os genes? Dois experimen- tos cruciais, radicalmente diferentes em sua proposi- ção, finalmente levaram à elucidação de que o mate rial genético e não a proteína é o DNA. O primeiro destes experimentos foi a identificação.da natureza química do princípio transformante, uma substân- cia que pode alterar a bactéria Streptococcus pneumo- niae, de uma forma para outra. ONA- maunual oam téria mais simples, dezenas de milhares em organis- mos superiores), cada um controlando uma caracte- rística herdável diferente, e cada um supostamente tendo uma estrutura um pouco diferente da de outros genes na célula. Para satisfazer esta exigência de va- riabilidade, o material genético precisa ser capaz de assumir um numero igualmente grande de estruturas químicas diferentes. Estas especulaçðes. embora bem fundamentadas, infelizmente levaram os biólogos a concluir que era a 2.2.1 O princípio transformante rpiumumdo: proteína. e não o DNA, o material genético, um erro que surgiu porque naquela época a estrutura do DNA o fato de que bactérias aparentemente idénticas po- era mal compreendida. O DNA foi tido como uma dem existir sob uma variedade de formas foi desco molécula invariável. relativamente pequena. com peso berto no século dezenove e levou a uma confusão molecular de 1.227. Cada molécula de DNA foi con- quanto ao conceito de espécie poder ser aplicado a siderada exatamente igual a todas as Outras molécu- bactérias, do mesmo modo que a organismos superi- las de DNA (Fig. 2.1(a). indicando que o DNA não ores. Durante a década de 1880, o grande microbiolo- tinha a variabilidade necessária ao material genético. Em contrapartida, as proteinas eram conhecidas como porâneos sobre a existência das espécies bacterianas, macromoléculas feitas de extensos polímeros de mas a variedade de formas que podem ser encontra- aminoácidos, com 20 aminoácidos diferentes e apa- das dentro de uma única espécie permaneceu uma rentemente sem restrições quanto a ordem na qual eles questão intrigante por muitos anos. podem se ligar (Fig. 2.1 (b). Já se sabia que podia haver um número quase infinito de tipos diferentes de térias que causam doenças pois, freqüentemente, uma proteínas, distintas umas das outras por suas diferen- única espécie pode incluir tanto formas virulentas ças na seqüência de aminoácidos: as proteinas, por- quanto não virulentas. O estudo de tais formas em S. tanto. possuíam a variabilidade potencial necessária pneumoniae, o agente causador de um tipo de pneu- ao material genético. Não foi surpresa que os biólo- monia, levou à descoberta da transformação bacte- gos durante a primeira metade deste século concluís- riana por um médico de Londres, FrederickGriffith, sem que os genes eram feitos de proteinas, encarando em 1928. o conteúdo de DNA dos cromossomos como talvez sendo um material estrutural, necessário para manter (a) A descoberta da transformação bacteriana Juntos os genes de proteínas. gista Robert Koch finalmente persuadiu seus contem- A variação é particularmente importante nas bac- Durante algum tempo, eram conhecidos três soroti- pos de S. pneumoniae chamados Tipos I, II e Ill. As bactérias de cada sorotipo são diferenciadas pela na- tureza de sua cápsula, um revestimento viscoso que envolve cada célula (Fig. 2.2). Esta cápsula é feita de um polissacarídeo secretado pela bactéria, com cada 2.2 Prova experimental de que o DNA é o material genético Embora a hipótese de que os genes são feitos de pro- Somalpo t hnkngem de barbininr qui darhmia de teína fosse amplamente aceita na primeira metade do século, aqueles que a apoiavam estavam cientes de que não tinham uma evidência experimental sólida para sua opinião. A necessidade de uma identificação ex- perimental do material genético cresceu bastante du- Tante o final da década de 1930, quando gradualmen- te tornou-se aparente que o' DNA.)em vez de ser uma Simples molécula inadequada como material genéti- Co, erana verdade um longo polímero e, como as pro- teinas, poderia existir em um número quase infinito. de formas variáveis. Se tanto a proteína quanto o DNA satistaziam a necessidade fundamental ao material Fig. 2.2 Uma oélula bacteriana tipica mostrando as camadas da super- genético, e ambos estão presentes nos cromossomos, ficie, inclusive a cápsula. Membrana celular (75-80 A de espessura) |da muna opi Cu m Uududu Parede celular (100-800 A de espessura) Camada externa ou capsula (espessura variável, possivelmente ausente) 12 GcnettA Quatro dos cxperimentos de Griffith foram particu Sorotipos de S. pneumoniae n larmente importantes (Fig. 2.3). Eles eram os seguin. Os diferentes sorotipos são distinguidos por testes imunológicos. Se o Tipo I de bactérias S. pneumoniaeé injetado na corrente sanguínea de um carmundongo,o animal irá produzir proteinas protetoras, chamadas anticorpos. que se ligam às bactérias e ajudama destrui-las. Os anticorpos são altamente especificos e só se ligam a um tipo de bactéria. Por exemplo, um anticorpo para S. pneumoniae Tipo I não fará reação cruzada com oélulas do Tipo ll ou do Tipo lil. Um anticorpo contra bactérias do Tipo Il também é específico para este sorotipo e não reage com nenhum outro. Os anticorpos purificados podem, potanto, ser usados nos testes diagnósticos para sorotipos diferentes de S. pneumoniae. Células de sorotipos diferentes transportam moléculas de superticie diferente, mas podem em todos os outros aspectos ser iguais. Elas ainda são membros da mesma espécie. Diferentes sorotipos de S. pneumoniae só diferem na composição quimica de suas cápsulas polissacarídicas. Alguns exemplos: es: 1 Um camundongo foi injetado com uma amostra de bactérias virulentas lisas, do sorotipo I(Tipo IS como esperado, o camundongo contraiu pneum nia. 2) Um segundo camundongo foi injetado com bacté rias avirulentas rugosasdo sorotipo ID (Tipo IIR novamente o resultado esperado foi obtido eo ca mundongo continuou saudável. 3) Em seguida, uma amostra de bactérias Tipo ISSfo morta por aquecimento a 60°C durante 3 horas e então, injetada no camundongo; o resultado foi que o animal continuou saudável. Novamente, isto era o resultado esperado pois, embora as bactérias Tipo IS sejam virulentas, apenas as bactérias vivas po. diam causar a doença. 4. Finalmente, uma amostra de bactérias Tipo IS mor. tas por aquecimento, incapazes de causar a doen ça, foi misturada com bactérias avirulentas Tipo IIR Sorotipo Componentes da cápsula ramnose, glicose, ácido glicurônico glicose, ácido glicurónico galactose, glicose, ramnose galactose, glicose, N-acetilglicosamina ramnose, glicose XIV XVIll Com S. pneumoniae, a cápsula não é responsável por elicitar a doença em um animal infectado. As formas rugosas de cada sorotipo, que não têm cápsula, são portanto avirulentas. 1. Camundongo injetado Com bactérias IS S S S S IS sorotipo produzindo uma cápsula de composição polissacarídica diferente. A cápsula dá às colônias de S. pneumoniae uma aparência suave e brilhante. Daí, sua designação de forma 'S' (do inglês, smooth). Cada sorotipo também pode existir como uma for- ma inofensiva, não virulenta, distinta do tipo virulento pela ausência da cápsula e por um aspecto "rugoso" das colônias. Os tipos não virulentos são portanto chama- dos de formas "R"/Sabia-se que um determinado so- rotipo podia mudar de forma (p. ex., o Tipo IS podia mudar para Tipo IR), seja naturalmente ou como resul- tado de um tratamento experimental. Isto despertou o interesse em Griffith, pois seus resultados mostraramn que os pacientes que se recuperavam de pneumonia freqüentemente tinham em sua saliva a forma avirulenta R do sorotipo responsável pela infecção, possivelmen- te, ele sugeriu, devido a uma atenuação da bactéria durante a recuperação da doença. Entretanto, em 1928, Griffith publicou os resultados de uma extraordinária série de experimentos que demonstraram que um tipo mais importante de transformação, de um sorotipo para Outro (p. ex., Tipo I para Tipo II), também podia Ocor- rer, um evento que iria requerer uma mudança genéti- ca em vez de fisiológica, 2. Camundongo injetado com bactêrias lIR IR IR IR IIR IR 3. Camundongo injetado com bactérias tipo IS mortas por aquecimento IS 1S 1S IS 4. Camundongo injetado com tipo IS morto por aquecimento e tipo IR vivas IIR s IS IR S. R IR IS IR IS IS IS IS IS IS Bactérias tipo IS vivas Fig. 2.3 Os experimentos de Griffith que demonstraram a transformaça da bactéria avirulenta do Tipo lIR em formas virulentas do Tipo IS. D E E BIBL IOTE CA "D R. FRA NCI SCO M ON TOI OS CE FE T/P I 14 Genética Oswald Avery, 21 de outubro de 1877, Nova Escócia; t 2 de fevereiro de 1955, Nashville. pesado. Ele fez várlas contribuições ao estudo da bactéria causadora da pneumonia, incluindo a identificação, em 1932, dos polissacarideos específicos das lóri anadâ, mas seu pai, um capsulas de diferentes sorotipos. Sua clérigo, mudou-se com a família para Nova abordagem meticulosa do princípio transformante durou varios anos antes de culminar, em 1944, com a clara lorque no inicio da década de 1880. Avery estudou medicina na Universidade de Tumbla, cidade de Nova lorque, obtendo identificação de que o agente ativo éo seu MD em 1904, e juntou-se ao Rockefeller Institute Hospital em 1913, permanecendo lá até 1948, quando se aposentou e foi para Nashville, Tennesse Avery foi um dedicado bacteriologista que Continuou a dedicar longas horas ao laboratório, mesmo no final de sua carreira época em que muitos cientistas deixam seus estudantes fazerem o trabalho DNA. O Comite do Nobel foi criticado por não reconhecer as descobertas de Avery antes de sua morte, mas este prêmio não teria acrescentado nada à satisfação pessoal de Avery quanto a seu trabalho. Rene Dubos escreveu a biografia de Avery The Professor, the Institute, and DNA, Rockefeller University Press, New York, 19 uentenmente (po1s Os genes ainda eram tidos como princípio transformante e o DNA eram a mesm feitos de proteínas). o tratamento com protease não coisa. teve efeito sobre a capacidade de o filtrado transfor- mar células R em forma S. Do mesmo modo, o tra- tamento com ribonuclease n�o teve efeito sobre a O trabalho de Avery, MacLeod e McCarty foi Dn blicado em fevereiro de 1944, no auge da Segund Guerra Mundial e apenas 4 meses antes do Dia D. A atividade transformadora. Entretanto, a digestão do ler o trabalho hoje em dia, não temos dúvidas sobrea DNA com desoxirribonuclease destruiu totalmen- te a capacidade transformadora, de modo que o fil- trado não era mais capaz de converter um tipo de célula no outro. Gradualmente ficou claro para Avery e seus co- laboradores que o princípio transformante precisa cação, e outros que estavam cientes do trabalho ainda ser o DNA, mas eles precisavam de mais evidénci- eontinuaram céticos. Foram levantadas dúvidas acer as. McCarty então purificou o DNA de células S mortas por aquecimento, e através do uso de técni- cas tais como eletroforese, ultracentrifugação e riu-se que uma pequena quantidade de proteínas po- espectroscopia de ultravioleta confirmou que o deria ter permanecido na preparação 'pura' do princí confiabilidade dos resultados ou a validade das con clusões. O trabalho, entretanto, não convenceu a co munidade científica de que os genes eram feitos de DNA. Muitos biólogos, especialmente na Europa somente viram o trabalho vários anos após sua publi ca da eficiência das enzimas usadas para digerir o * componente proteico do filtrado de células S. Suge AINDA TRANSFORMA AINDA TRANSFORMA Degradar polissacarideos Degradar proteinas Enzima Sl Tripsina, quimotripsina Degradar RNA Degradar DNA Aibonuclease Desoxirribonuclease Filtrado de células S mortas por aquecimento AINDA TRANSFORMA SEM TRANSFORMAÇAO Fig. 2.5 O principio transformante é o DNA. Os Genes são Feitos de DNA 15 pio transformante e sido responsável pela transforma- ção das células R em células S, caso os genes fossem feitos de proteínas. Estas dúvidas, embora infundadas, impediram que os resultados do grupo de Avery fos- identificação experimental independente do material sem unanimemente aceitos pela comunidade científi- genético. ca. Talvez, como ocorreu com Mendel, os cientistas daquele tempo não estivessem preparados para esta idéia totalmente nova. Era necessária uma segunda medir a velocidade na qual uma macromolécula ou partícula se sedimenta através de uma solução densa, em geral Sucrose, enquanto submetida a uma alta força centrifuga. A4 velocidade de sedimentação é uma medida do tamanho da molécula ou partícula (embora a forma e a densidade também influenciema velocidade), e é expressa como um coeficiente de sedimentação (veja Seção 6.1.1). A segunda técnica é chamada centrifugação de gradiente de densidade. E produzido um gradiente de densidade centrifugando-se uma solução densa (geralmente cloreto de césio), e a alta força centrifuga empurra 0S ions cloreto e de césio para o fundo do tubo. Sua migração para baixo é contrabalançada por difusão, de modo queé estabelecido um gradiente de concentração, com a densidade do CsCl sendo maior na parte inferior do tubo. As macromoléculas presentes na solução de CsCI quando ela é centrifugada formam bandas em pontos distintos no gradiente, e a posição exata de cada banda depende da densidade de flutação da macromolécula. O DNA tem uma densidade de flutuação de cerca de 1,7 g cm, e portanto migra para o ponto no gradiente onde a densidade de CsCl também éde 1,7 g cm . As proteinas Eletroforese, ultracentrifugação e espectroscopia de ultravioleta Estas três técnicas. que estavam surgindo quando foram usadas por Avery,MacLeod e McCarty para estudar o principio transformante, são hoje métodos importantes e regularmente empregados em projetos de pesquisa que envolvemo DNA. Eletroforese é definida como o movimento de moléculas carregadas em um campo elétrico. As moléculas de DNA, como as prote inas e muitos outros compostos biológicos, transportam uma carga elétrica, negativa no caso do DNA. Conseqüentemente, quando as moléculas de DNA são colocadas em um campo elétrico, elas migram em direção ao póio positivo. Em uma solução aquosa, a velocidade de migração de uma molécula depende de dois fatores: sua forma e sua carga elétrica, indicando que a maioria das moiéculas de DNA migra na mesma velocidade em um sistema aquoso de eletroforese. Hoje em dia, a eletroforese de DNA é geralmente feita em um gel feito de agarose, poliacrilamida, ou uma mistura das duas. Em um gel, a velocidade de migração de uma macromolécula éinfiuenciada por um terceiro fator: seu tamanho. Isto é devido ao fato de o gel ser feito por uma complexa rede de poros através dos quais as moléculas precisam atravessar a fim de atingir o eletrodo. Quanto menor a molécula, mais rápido ela pode migrar pelo gel. A eletroforese em gel separa, portanto, as moléculas de DNA de acordo com seu tamanho. Proteina 1,60 1,65 Aumento de Concentraçao de CsCI 1,70 DNA 1,75 Tampão 1,80 Gel ONA colocado no ponto inicial ogel RNA Densidade de CsCI (g cm) Eletroforese têm densidades de flutuação muito mais baixas, e o RNA um pouco mais alta. DNA é separado em bandas de fragmentos com tamanhos diferentes Espectroscopia de ultravioleta. A espectroscopia envolve a análise de substâncias pelo espectro que produzem. O espectro de luz emitido ou absorvido por uma substância é característico da substância. Por exemplo, o DNA absorve fortemente radiação ultravioleta com um comprimento de onda de 260 nm; as proteinas, por outro lado, têm uma forte absorbância em 280 nm. Menores A eletroforese em gel também é rotineiramente usada para separar proteinas de massas moleculares diferentes. Ultracentrifugação. A ultracentrifuga, inventada por Svedberg em 1925, permite que as amostras sejam Submetidas a intensas forças centrífugas, até milhares de vezes a gravidade. As células, os componentes celulares e as macromoléculas se sedimentam durante a ultracentrifugação, em uma taxa dependente de seu tamanho, forma, densidade e massa molecular. Hoje, duas versões de ultracentrifugação são importantes quantidade de DNA na soluç�o, a técnica também pode ser no estudo do DNA. A primeira é chamada análise de velocidade de sedimentação, um procedimento que envolve amostra. A espectroscopia de ultravioleta é geralmente usada para conferir se as amostras de DNA obtidas puras e não contêm proteínas ou outros contaminantes. Como a quantidade de radiação ultravioleta absorvida por uma solução de DNA é diretamente proporcional à células vivas são usada para determinar a concentração de DNA em uma 16 Genética 2.2.2 Os genes de bacteriófagos s�o feitos de DNA irão produzir grandes quantidades de novas partíc las de fago (Fig. 2.6(a)). Os detalhes de como Oco o ciclo de infecção n�o foram esclarecidos até vári arios Osegundo experimento dirigido para a caracterização anos mais tarde (Seção 13.1.2), mas desde o iníciod. química do material genético só foi feito em 1951-52. década de 1950 imaginou-se que, como os fagos n são capazes de se replicar por si soS, as novas partíc Nesta época. as técnicas experimentais haviam pro- las de fago precisam ser sintetizadas por bactérias, Pa gredido e novos enfoques aos problemas de genética isto, a bactéria precisaria usar a informação levad estavam disponíveis. Em particular, foi totalmente pelos genes do fago, e provavelmente (como propoe to) estes genes teriam que entrar nas bactérias para q sete anos após a publicação do trabalho de Avery. estabelecido o uso de bacteriófagos como instrumen- que to experimental para o estudo da genética molecular. sua informação fosse usada (Fig. 2.6(6). Se fos possível identificar o componente das partículas infe ciosas do fago.que.entra nas bactérias, seria conhec. (a) Os bacteriófagos são vírus que infectam bactérias da a natureza química do material genético. Os bacteriófagos, ou fagos como são comumente co- nhecidos. são víras que infectam especificamente bac- (b) A proteína e o DNA do fago podem ser érias. O fago T2, por exemplo, é um dos vários tipos marcados com marcadores radioativos de fago que são específicos da bact¿ria Escherichia A identificação da substância injetada pelos fagos nas coli. Se bacteriófagos T2 forem introduzidos em uma bactérias é simplificada pelo fato de que as partículas cultura de E. coli, as células se tornarão infectadas e de fago contêm apenas proteína e DNA. Em 1951, foj Jodvnn pueuam r Mnulpdo BacluuoLaoen pontnl qu omelorma' rolurvncU Cgmhucur a nalu*wap Aincode nalueua truluce (a) Adição de alguns bacteriófagos Morte, lise das bactérias Cultura de bactérias Bactérias vivas Muitos bacteriótagos (p) Bacteriófago Os genes do bacteriófago entram na célula E. coll Novos bacteriófagos são liberados Fig. 2.6 Infecção de uma bactéria por bacteriófagos. (a Um pequeno número de bacteriófagos pode infectar umd cultura de bactérias, matando todas as células enquan novos fagos são sintetizados. (b) Durante a infecçao o uma única bactéria, os genes do fago precisam entrar na celula a fim de orientar a síntese de novos bacteriótagos Hershey e Chase criaram a hipótese de que o esquema precisa funcionar de um modo similar ao mostrado. 5 detahes do ciclo infeccioso, comoo entendemos, sao descritos na Seção 13.1.2. Bactéria morta Os genes do tago orientam a sintese de novos bacteriófagos 11 Os Gienes são Feitos de DNA (a) Polipeptideo S-enxofre O0000000 (b)DNA p-fósforo0 Fig. 2.7 Marcação diferencial de (a) uma proteína e (b) DNA com 5S e 3P. Os polipeptiídeos têm dois aminoaci dos contendo enxofre (cisteina e metionina) mas não tos- foro. O DNA não contém enxofre, mas cada ligação entre unidades de uma molécula de DNA contém fósforo. OOO»OAO«OrOsOO bactéria. Hershey e Chase acreditavam que a agitação removeria o material do fago ligado à parte externa da desenvolvido um novo método que permitiu a distin- ção inequívoca entre a proteína eo DNA. Este proce- dimento, chamado radiomarcação, envolve a ligação bactéria, de modo que o único componente retido pela de um átomo radioativo (ou 'marcador') à molécula bactéria seria a substância injetada: os genes do fago. em quest�o. A proteína e o DNA podem ser diferen- A cultura foi então centrifugada de modo que as bac ciados poIS a proteina pode ser marcada com 3S, um térias relativamente pesadas, contendo os genes do isótopo radioativo do enxofre, que é incorporado aos fago, fossem coletadas na parte inferior do tubo, dei- aminoácidos cisteina e metionina contendo enxofre. xando as partículas vazias de fago em suspensão. ODNA não contém enxofre, e não pode ser marcado Hershey e Chase descobriram que mais de 80% do "P comS. Contrariamente, o DNA pode ser marcado com P. que não será incorporado às proteínas, pois elas não contêm fósforo (Fig. 2.7). Uma vez marca- das, as amostras de DNA e de proteína podem ser di- ferenciadas umas das outras pois os dois radioisótopos 3P eS emitem radiação com energias caracteristi- camente diferentes. Isótopos Todos os elementos existem sob várias formas, chamadas isótopos, cada uma diferindo somente nos números de néutrons no núcleo atömico. Isótopos diferentes do mesmo elemento têm, portanto, o mesmo número atömico, mas massas atômicas diferentes. Os isótopos podem ser estáveis (por exemplo 12C) ou instáveis (por exemplo ""C). Se instável, o isótopo se transforma em estável (possivelmente n�o do mesmo elemento) com a emissão de radiação de energiacaracterística. Um instrumento tal como um contador de (c)O experimento de Hershey-Chase O experimento crítico foi feito por Alfred Hershey e Martha Chase, no Cold Spring Harbor Laboratory em Long Island, Nova lorque. Eles prepararam uma amos tra radioativa do fago T2, na qual a proteína foi mar cada com 5S e o DNA com 32P, de uma cultura de E. coli infectada por T2 que tinha sido cultivada com nutrientes marcados com 5S e P. Os fagos marca- dos produzidos por esta cultura foram usados para infectar uma nova cultura de E. coli não radioativa (Fig. 2.8). Entretanto, desta vezo processo infeccio- so foi interrompido após alguns minutos da inocula- çao agitando-se as células em um liquidificador (de onde vem o nome popular de 'experimento do liquidificador'). Estes poucos minutos foram sufici- entes para que os genes do fago pudessem entrar na bactéria, mas não suficientes para que fossem produ- Zidos novos bacteriófagos e para haver a morte da cintilação líquida pode ser usado para medir a quantidade de desintegração radioativa e identificar o átomo radioativo envolvido. Para o biólogo, o fato principal sobre os isótopos é que todos eles, de um único elemento, têm o mesmo número de elétrons e, portanto, tëm propriedades quimicas idênticas. As células são incapazes de distinguir isótopos diferentes do mesmo elemento. Por exemplo, a E. coli não pode distinguir a "C-glicose da 1C-glicose, e utiliza ambas com a mesma eficiência como fonte de carbono. Hershey e Chase prepararam bacteriófagos marcados com 32P e S infectando uma cultura de E. coli cultivada na presença de nutrientes que continham estes isótopos radioativos. Então, após a infecção de uma nova cultura de bactérias com os fagos radioativos, eles foram capazes de determinar se a bactéria continha 32P-DNA ou 35S-proteína devido às energias características da radiação emitida por estes isótopos. Veremos a marcação com isótopos radioativos novamente no Cap. 11. 18 Genética estavam presentes no pellet da bactéria. As bactérias foram então deixadas para que continuassem o pro- cesso infeccioso e produzisscm novos fagos. Quase metade do *P. porém menos de 1% do "S, estava pre- sente nestas novas partículas de fago. Obviamente.o material genético era o DNA e não a proteína. Alfred Hershey, 4 de dezembro de 1908, Owosso, Michigan; 22 de maio 1997, Long Island. 2.3 Aceitação do DNA como material genético Embora possam ser levantadas poucas dúvidas sobre a interpretação e a validade do experimento de Her- shey-Chase. vários biólogos ainda não estavam con- vencidos de que o DNA era o material genético de todos os organismos. Na verdade, tudo o que o expe- rimento de Hershey-Chase tinha demonstrado era que os genes dos bacteriófagos são feitos de DNA. Os tagos são organismos incomuns, se, de fato, possam ser chamados de organismos, de modo que os resul- tados dos experimentos com fagos não podiam ser extrapolados para organismos reais como os seres humanos. Um biólogo à procura de provas científicas ngorosas teria que aceitar que a natureza química do gene em organismos superiores ainda não tinha sido estabelecida. Entretanto. a partir de 1953, o DNA foi universalmente aceito como material genético. Isto Alfred Hershey começou como microbiologista, obtendo sSes PhD do Michigan State College em 1934 Com o trabalho sobre a bactéria Brucella. Ele então foi para Washington University, St. Louis, onde ficou até 1950, quando integro o Genetics Department do Carnegie Institute of Washington em Cold Spring Harbor, Nova lorque, tornando-se Diretor em 1962. Ele se aposentou em 1974, e viveu perto de Col Spring Harbor em Long Island. Ele foi um dos membros fundadores do Phage Group' de Delbrück, e foi responsável por várias descobertas que levaram a uma compreensão do ciclo infeccioso do fago. A descoberta de que o DNA do fago é injetado na célula hospedeira foi apenas uma etapa em seus longos estudos sobre fagos. Delbrück descreveu Hershey como 'socialmente inadaptado', e, portanto, idealmente destinado a ser um biólogo molecular. O próprio Hershey descreveu sua idéia do paraíso como "Ter um experimento que funcione, e ficar fazendo-o o tempo todo". Ele dividiu o Prêmio Nobel de 1969 com Salvador Luria e Max Delbrück. Adição de bacteriófagos marcadoS com sP e S Esperar alguns minutos e agitar a cultura Cultura de E. coli Particula de fago O Bacteriófago 0 Genes do Bactéria bacteriófago Centrifugar o9 Particulas Ofag0 em suspensão do 35S 32P Genes do fago e da bactéria no pellet Fig. 2.8 O experimento de Hershey-Chase. 19 Os Genes são Feitos de DNA deveu-se à descoberta da estrutura de dupla hélice por Problemas Watson e Crick e à percepção de que a estrutura era absolutamente compatível com as necessidades do material genético. Este marco é o tópico central do capítulo seguinte. 1. Defina os seguintes termos principio transformante Sorotipo cápsula bacteriana bacteriófago radiomarcação proteína ácido nucleico DNA Leituras Complementares nucleoproteína macromolécula R. Olby (1974) The Path to the Double Helix. Mac- millan. London inelui uma avaliação particu- larmente boa da teoria proteica do gene e seu des- 2. Descreva a contribuição dos seguintes cientistas para a compreensão da natureza química do gene: Griffith moronamento final. Avery, Macleod e MeCarty Hershey e Chase P.A. Levene (1921) On the structure of thymus nucleic acid and on its possible bearing on the structure of plant nucleic acid. Journal of Biological Chemistry, 3. Explique por que os biólogos no início da década 48. 119-25-uma descrição inicial incorreta da es- trutura invariável do DNA. o.T. Avery.C.M. MacLeod and M. McCarty (1944) 4. Descreva o que é transformação bacteriana e expll Studies on the chemical nature of the substance inducing transformation of pneumococcal types. Journal of Experimental Medicine, 79, 137-58; 5. Compare os métodos experimentais usados por A.D. Hershey and M. Chase (1952) Independent functions of viral protein and nucleic acid in growth ofbacteriophage. Journal of General Phy- 6. Explique como a radiomarcação foi usada no ex- siology. 36. 39-56as duas publicações impor- tantes que demonstraram que os genes são feitos 7. Até que ponto a afirmativa 'Os genes são feitos de de DNA. Ambas foram reimpressas em J.H. Taylor (ed.) (1965) Selected Papers in Molecular Genetics, Academic Press, New York. de 1900 pensavam que os genes eram feitos de pro- teínas. que por que ela é relevante para a natureza química do gene. Avery e col. e por Hershey e Chase para determi- nar a natureza química do gene. perimento de Hershey-Chase. DNA' é consistente com os resultados dos trabalhos de Avery e com os resultados do experimento de Hershey-Chase? M. McCarty (1980) Reminiscences of the early days 8. *Que propriedades, além da variabilidade, podem ser of transformation. Annual Review of Genetics, 14, 1-15: M. McCarty (1985) The Transforming Principle: Discovering that Genes are made of 9. *Por que passaram-se 11 anos entre a descoberta da DNA. Norton, London-duas contribuições pes- previstas para o material genético pelos nossos co- nhecimentos do papel dos genes na hereditariedade? transformação bacteriana e a identificação quími- ca do princípio transformante? Soais.
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