Prévia do material em texto
AULA 4 – Reagentes: espumantes e modificadores Profa Elenice Schons PROBABILIDADE DE FLOTAÇÃO � � Onde: � Pa: probabilidade de adesão � Pc: probabilidade de colisão � Pt: probabilidade de transporte ESPUMANTE � Reagente que reduz a tensão superficial na interface água-ar, proporcionando um maior "tempo de vida" à bolha. � Indispensável para que se complete a terceira etapa da flotação: 0 transporte. ESPUMANTE � Os espumantes são surfactantes: possuem uma cadeia hidrocarbônica e um grupo polar não-iônico (neutro). � Os surfactantes neutros, com o grupo hidroxila (OH-), não costumam adsorver-se na superfície mineral 0 que resulta na ausência de poder coletor. Representação da molécula de surfactante: A – região apolar (hidrofóbica) e B – região polar (hidrofílica) ESPUMANTE � Deve ter uma cadeia orgânica com, no mínimo, seis átomos de carbono. � O abaixamento da tensão superficial da interface líquido-gás e, consequentemente, a espumação tende a crescer com o comprimento da cadeia até um limite. ESPUMANTE � Coalescência � A membrana interfacial existente nas bolhas é permeável, permitindo a migração do ar. No contato entre duas bolhas de diferentes tamanhos, ocorre a passagem do ar da bolha menor para a bolha maior. � Esse fenômeno é conhecido como coalescência e resulta na formação de bolhas cada vez maiores, de forma a diminuir a área superficial total disponível e, consequentemente, a probabilidade de colisão bolha- partícula. Colisão entre duas bolhas de raio r1 e r2 com coalescência ESPUMANTE � Coalescência � Pode provocar o colapso da bolha e ocorre devido à maior pressão interna existente na bolha menor. � A pressão do gás nas bolhas com raios R1 e R2 é dada, por: �� � �� � �� e �� � �� � �� � � Onde: � P1 e P2 representam a pressão interna do gás nas bolhas 1 e 2; � Pa é a pressão atmosférica; � γ é a tensão superficial na interface líquido-gás; � R1 e R2 representam os raios das bolhas 1 e 2, respectivamente. ESPUMANTE � Coalescência � Os valores da pressão atmosférica e da tensão superficial são os mesmos para as duas bolhas: a pressão interna é maior na bolha com menor raio. � A velocidade de difusão do ar é inversamente proporcional ao raio da bolha. ESPUMANTE � Atuam, principalmente: � Na redução da tensão superficial na interface líquido- gás; � Evitando a coalescência; � Interagindo com a cadeia hidrocarbônica do coletor. ESPUMANTE � Redução da tensão superficial � A adsorção de um surfactante na interface água-ar reduz a tensão superficial resultando em uma maior estabilidade da bolha. � É proporcional à concentração do espumante, até a formação da monocamada (Concentração Miceçar Crítica – CMC): a partir da qual a tensão superficial permanece inalterada. Influência da concentração do espumante na tensão superficial da interface Iíquido-gás C2> C1 > Co →→→→ γγγγ2 < γγγγ1 < γγγγ0 ESPUMANTE � Evitar a coalescência � A adsorção do espumante na interface água-ar diminui a permeabilidade da membrana interfacial, dificultando o fenômeno da coalescência. � Isso contribui para manter as bolhas pequenas e dispersas, de modo a aumentar a probabilidade de colisão com as partículas hidrofóbicas. ESPUMANTE � Pequena adição de espumante influencia fortemente no tamanho das bolhas: � O diâmetro médio diminui à medida que se aumenta a concentração do espumante – só se aplica até uma determinada concentração (concentração crítica de coalescência - CCC). � A partir da CCC o aumento da concentração do espumante não tem mais efeito sobre o tamanho das bolhas – as bolhas estão em seu tamanho mínimo. ESPUMANTE � O espumante também favorece a probabilidade de colisão pelo fato de reduzir a velocidade de movimento das bolhas (Jameson, 1984; Laskowski, 1989): � Maior permanência na célula e, consequentemente, mais oportunidades de choques bolha-partícula. ESPUMANTE � Favorecer a adesão partícula-bolha � No momento da aproximação da bolha com a partícula mineral, a interação hidrofóbica entre as cadeias hidrocarbônicas do espumante e do coletor contribui favoravelmente para a adesão partícula-bolha. � O tempo de contato da partícula com a bolha após o choque, é maior quando a bolha está recoberta com moléculas do espumante: favorece a probabilidade de adesão. ESPUMANTE � Adsorção na interface líquido-gás � Em solução aquosa, a parte polar (hidrofílica) da molécula interage com o dipolo formado pela molécula da água, enquanto a cadeia hidrocarbônica, apolar e hidrofóbica, permanece praticamente indiferente, orientando-se no sentido da fase gasosa. � Esse fenômeno ocorre espontaneamente e resulta na adsorção preferencial da molécula na interface água-ar. ESPUMANTE � Adsorção na interface líquido-gás � As moléculas dos espumantes apresentam características semelhantes àquelas das moléculas dos coletores. A diferença está no grupo funcional. � O coletor tem na parte polar da molécula um grupo ativo, iônico e solidofílico, a molécula do espumante possui o grupo polar não ionizável. ESPUMANTE � Adsorção na interface líquido-gás � O coletor tende a adsorver-se na interface sólido-líquido enquanto a molécula do espumante tem preferência pela interface líquido-gás. � Os espumantes iônicos apresentam, ao mesmo tempo, características de coletor e de espumante. Isso é prejudicial porque dificulta bastante o controle do processo - a concentração ideal para o coletor, em geral, não coincide com a concentração ideal para 0 espumante. ESPUMANTE � Os espumantes mais utilizados são: � Metilisobutilcarbinol (MIBC) � Éteres poliglicólicos � Espumantes naturais: � Óleo de pinho � Óleo de eucalipto � Ácido cresílico ESPUMANTE � Óleo de pinho: � É um óleo natural que contém álcoois aromáticos em sua composição, apresentando entre 60% e 70% de terpineol, até 10% de álcoois terciários e entre 20% e 30% de outras substâncias. Molécula de terpineol ESPUMANTE � Características do óleo de pinho: � Falta de padronização na composição dos produtos comerciais, o que acarreta numa variação do desempenho que dificulta o controle do processo; � Leve atividade na superfície mineral (pouco poder coletor) que é atribuída à presença de pequenas quantidades de ácidos orgânicos; ESPUMANTE � O terpineol tem uma solubilidade baixa (2g/L); � Favorece a preservação das bolhas com pequeno diâmetro; � Forma espuma com dificuldade de drenagem; � Proporciona espumas com facilidade de colapso na descarga do concentrado. ESPUMANTE � Ácido cresílico: � É um espumante natural obtido a partir a destilação do alcatrão do carvão. � É constituído, essencialmente, de uma mistura de fenóis, xilenóis e cresóis. � Não é um ácido, mas um fenol. ESPUMANTE � Características do ácido cresílico: � Falta de uniformidade na composição; � Atividade na superfície mineral; � Reagente tóxico; � Pouca solubilidade em água (em torno de 1,7 g/L); � Produz espumas frágeis. ESPUMANTE � Metilisobutilcarbinol – MIBC: � É 0 espumante mais utilizado na indústria mineral, produzindo uma espuma frágil com textura fina. � Fórmula química: CH3CH(CH3)CH2CH(OH)CH3 ESPUMANTE � Características do MIBC: � Composição definida, contribuindo para facilitar 0 controle do processo; � Facilidade de colapso da espuma na descarga; � Atividade na superfície mineral quase inexistente (contribui para a seletividade do sistema); ESPUMANTE � Elevada solubilidade em água (17 g/L); � Produz uma espuma aberta que facilita a drenagem da ganga; � Inflamável; � Volátil. ESPUMANTE � Éteres poliglicólicos: � Fórmula química: CH3(OC3H6)nOH ESPUMANTE � Características dos éteres poliglicólicos: � Padronização na qualidade (composição química definida); � A solubilidade depende de sua massa molecular - moléculas menores exibem uma elevada solubilidade em água; � Não apresentam ação coletora (seletivos); � Produzem uma espuma frágil que colapsa na descarga. ESPUMANTE � Requisitos de um bom espumante: � Não adsorver-se na superfície mineral,ou seja, não apresentar atividade de coletor; � Proporcionar bolhas suficientemente estáveis para completar o transporte das partículas hidrofóbicas; � Produzir espumas que permitam a drenagem da água retida entre as bolhas; ESPUMANTE � A espuma produzida deve sofrer colapso na descarga do flotado; � Ser tanto quanto possível insensível à variação de pH e à presença de sais dissolvidos na polpa; � Ser ativo em pequenas concentrações; � Atender ao requisito da disponibilidade; � Ter baixo custo. ESPUMANTE � Concentração de espumante: entre 5 a 50g/t. � O aumento da concentração resulta em um acréscimo na recuperação e na velocidade de flotação. Ao contrário, o teor do concentrado tende a diminuir. � A espumação aumenta até uma determinada concentração: um excesso de espumante provoca a diminuição e desaparecimento da espuma. ESPUMANTE � Espuma: � É um sistema termodinamicamente instável formado por uma dispersão de gás em líquido. � Dois termos para diferenciar a espuma: � Bifásica (foam) � Trifásica: com a presença de sólidos (froth) ESPUMANTE � Espumas bifásicas (líquido e gás): costumam ser classificadas como instáveis ou metaestáveis. � Espumas instáveis, ou úmidas: apresentam baixa estabilidade e as bolhas tem formas aproximadamente esféricas. É produzido por espumantes com moléculas neutras e colapsa quando cessa 0 borbulhamento. � Espumas metaestáveis, ou secas: possuem elevada estabilidade, com as bolhas assumindo formas poliédricas. Esse tipo de espuma é verificado na presença de surfactantes com moléculas iônicas. ESPUMANTE � O colapso da espuma se deve a(o): � Redistribuição de tamanhos das bolhas, devido à coalescência; � Afinamento do filme existente entre as bolhas, devido à drenagem do líquido; � Ruptura do filme com destruição da bolha. ESPUMANTE � Estabilidade da espuma: � Associada à estabilidade da película de água existente entre as bolhas – quanto mais rápido é o escoamento, mais instável é a espuma. � A velocidade de escoamento da película de água depende: � Das características do espumante; � Da presença de partículas minerais na película de líquido. ESPUMANTE � Características do espumante: têm influência na espessura da película de líquido entre as bolhas e no chamado efeito de Marangoni. � Durante o movimento de retorno do líquido contido na película, as moléculas do espumante adsorvidas na bolha são arrastadas para a parte inferior, provocando o surgimento de um gradiente de concentração de moléculas ao longo da superfície da bolha, o que implica em um gradiente de tensão superficial. ESPUMANTE � Devido a elasticidade da superfície da bolha (elasticidade de Marangoni) ocorre um deslocamento das moléculas das regiões de baixa tensão superficial (parte inferior da bolha) para as regiões de alta tensão superficial. � Como resultado desse movimento das moléculas, surge um movimento de líquido que se opõe ao escoamento por gravidade. Esse obstáculo ao escoamento do líquido que forma a película, naturalmente, resulta na estabilidade da espuma. Efeito Marangoni: a drenagem da película de líquido provoca um gradiente de tensão superficial na superfície das bolhas ESPUMANTE � Influência das partículas minerais presentes na película de líquido: � Partículas finas: provocam uma redução da velocidade de drenagem do líquido, contribuindo para aumentar a estabilidade da espuma. A presença de finos na espuma é verificada pela formação de bolhas grandes, que apresentam dificuldade de quebra. � Partículas hidrofóbicas: a estabilidade é aumentada até um determinado grau de hidrofobicidade (65o) e provoca um aumento da velocidade de escoamento da água retida, de modo a facilitar o colapso da espuma na descarga do concentrado. Quando estão aderidas as bolhas produzem uma espuma mineralizada bastante espessa. A espuma (A) está bastante mineralizada, enquanto a espuma (B) aparece com poucas partículas aderidas às bolhas Camada de espuma ESPUMANTE � A espuma não deve ter pouca estabilidade nem ser demasiadamente estável: � Quando não são suficientemente estáveis, as bolhas mineralizadas podem colapsar antes que a espuma seja recolhida na parte superior da célula. Com isso, as partículas hidrofóbicas retornam à polpa prejudicando a recuperação. � Uma espuma demasiadamente estável carrega muitas partículas hidrofílicas aprisionadas na película de líquido resultando numa diminuição do teor, podendo ainda causar dificuldades operacionais no bombeamento e espessador. ESPUMANTE � Características da espuma na flotação: � Permitir a minimização da contaminação do concentrado. Para isso, deve ser úmida na base (para facilitar a drenagem das partículas hidrofílicas arrastadas) e seca no topo da coluna de espumação; � Ser estável o suficiente para assegurar a remoção das partículas hidrofóbicas; � Entrar em colapso na descarga do concentrado (a fim de não causar problemas na operação de bombeamento). MODIFICADORES � São utilizados com o objetivo de melhorar a seletividade e/ou recuperação do processo. � Funções: � Favorecer ou inibir a adsorção do coletor sobre um determinado mineral; � Promover a dispersão de partículas; � Ajustar o pH da polpa. MODIFICADORES � A ação dos modificadores pode ocorrer de diferentes formas: � Diretamente sobre a superfície mineral; � Provocando a precipitação do coletor; � Anulando a ação de outros íons presentes no sistema; � Promovendo a dispersão das partículas. MODIFICADORES � Depressor � É usado com a finalidade de aumentar a seletividade do processo de flotação, ou seja, atua no sentido de aumentar o teor do concentrado. � Sua ação consiste em inibir a adsorção do coletor em determinados minerais, evitando a hidrofobização das superfícies dos minerais que não devem flotar. MODIFICADORES � Depressor � Pode ser de origem inorgânica ou orgânica. � Inorgânicos: silicato de sódio, sulfeto de sódio, cromato e dicromato de potássio, cianeto de sódio e outros sais. � Orgânicos: polissacarídeos (amido, carboxilmetilcelulose, goma guar etc.) e os polifenóis, entre os quais os derivados do ácido tânico (quebracho). MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Silicato de sódio (Na2O- SiO2) � A solução aquosa de silicato de sódio produz uma reação alcalina, ou seja, a adição desse reagente provoca uma elevação do pH, geralmente, com efeito dispersante. MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Sulfeto de sódio (Na2S) � Atua como depressor de sulfetos na flotação com xantatos. A partir de uma determinada concentração também deprime minerais oxidados. � Ao ser adicionado à polpa hidrolisa e se dissocia: Na2S + 2H2O → 2Na+ + H2S + 2OH- H2S → H+ + HS- HS- → H+ + S2- MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Sulfeto de sódio (Na2S) � Como a espécie HS- tem uma constante de dissociação maior do que a espécie H2S favorece a presença da espécie iônica na polpa. � A adsorção do HS-, além de conferir à superfície mineral uma carga negativa que dificulta a adsorção de coletores aniônicos, resulta na estabilização do sulfeto metálico, na superfície mineral, de forma a dificultar a necessária oxidação superficial para a adsorção do coletor. MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Cromato (K2CrO4 ) e dicromato de potássio (K2Cr2O7) � São usados como depressores de galena (PbS) na flotação com coletores sulfidrílicos. As espécies iônicas (CrO42- e Cr2O72-) adsorvem-se em determinadas áreas da PbS formando o respectivo sal de chumbo. � O sal aumenta a hidratação da superfície e impede a adsorção do coletor naqueles sítios, ainda que 0 coletor possa adsorver- se em outras áreas da superfície . K2Cr2O7 → 2K+ + Cr2O72- K2CrO4 → 2K+ + Cr2O42- MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Cianeto de sódio (NaCN) � Utilizado como depressor de sulfetos. Sua ação é explicada pela maior estabilidade dos complexos formados com Zn, Cu, Fe, Ni e Ag, entre outros metais. � Reagente altamente tóxico que exige extremo cuidado no manuseio e uso. Deve ser usado apenas em meio alcalino (pH = 11,5),para evitar a liberação de cloreto de cianogênio (ClCN), gás extremamente tóxico. MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Cianeto de sódio (NaCN) � O íon cianeto é considerado um excelente desativador para a blenda, ativada com sulfato de cobre, nas plantas que adotam a rota da flotação sequencial, nas quais, o sulfeto de zinco é deprimido no segundo estágio do circuito. � O mecanismo de ação do cianeto está relacionado à remoção da espécie Cu2+ da superfície da blenda. 2NaCN + CuS(superfície) →Cu(CN)2 + 2Na+ + S2-(superfície) MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Outros sais � Podem atuar em diversos sistemas: � A situação mais comum está relacionada à competição entre espécies catiônicas em solução e os cátions coletores (aminas) por sítios negativos da superfície mineral. � Nesses sistemas, dependendo da concentração, qualquer espécie catiônica pode atuar como depressor, diminuindo a densidade de adsorção do coletor na superfície e, consequentemente, a recuperação. MODIFICADORES � Depressor inorgânico – Outros sais � Podem atuar em diversos sistemas: � A presença de determinados íons em solução, em geral da mesma espécie daqueles da superfície mineral, pode provocar 0 consumo parcial ou total do coletor residual, por meio da formação de precipitados, de modo a impedir a adsorção do coletor. MODIFICADORES � Depressor orgânico � São produtos naturais ou modificados que tem como característica comum moléculas grandes e grupos polares bastante hidratados. � A adsorção dessas moléculas na superfície mineral provoca a sua hidratação de forma a impedir a adsorção do coletor. MODIFICADORES � Depressor orgânico � Em relação aos depressores inorgânicos apresentam como principais vantagens 0 fato de serem: � Biodegradáveis; � Mais baratos; � Mais resistentes à oxidação. � Alguns polímeros sintéticos também podem ser usados como reagente depressor. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � São compostos orgânicos naturais, encontrados em diversas fontes vegetais (milho, batata, arroz, trigo, macaxeira, feijão etc.) na forma de macromoléculas formadas a partir da polimerização e perda de água da molécula de glicose. Molécula da glicose MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Na adsorção de um polissacarídeo à uma superfície com hidrofobicidade inerente: talco, grafita, molibdenita, carvão etc., prevalecem as interações hidrofóbicas entre a cadeia hidrocarbônica dos monômeros do depressor e a superfície mineral. Nesses casos, a adsorção independe do pH. � Demais espécies minerais: os mecanismos mais frequentes são as ligações de hidrogênio e formação de complexo químico na superfície. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � A adsorção nos minerais hidrofílicos ocorre entre grupos hidroxilas do polímero e espécies metal-hidroxilados da superfície mineral – a intensidade da adsorção é fortemente dependente do pH. � A formação hidróxidos superficiais ocorre com mais facilidade na faixa de pH que coincide com a proximidade do PIE. Formação de um complexo superficial como hipótese para a adsorção de um polissacarídeo em uma superfície mineral MODIFICADORES � Definição de Brφφφφnsted-Lowry � É uma definição protônica: ácido é uma espécie que tende a doar um próton e base é uma espécie que tende a receber um próton. � Uma reação ácido-base é uma reação de transferência de prótons. HCl + H2O → H3O+ + Cl- ácido1 + base2 → ácido2 + base1 MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Um mineral que atinge o seu PIE em pH alcalino tem uma tendência a liberar OH- (comportando-se como uma base de Bronsted-Lowry) e desenvolver um excesso de carga positiva. � Ao contrário, um mineral com PIE em pH baixo é uma indicação de que a sua superfície se comporta como um ácido de Bronsted-Lowry. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Exemplo: � O hidróxido metálico formado na superfície da hematita tem seu PIE em torno de 6,5 – base de Bronsted-Lowry. � O quartzo tem o seu PIE em torno do pH 3 (a sua superfície tem um forte caráter ácido – ácido de Bronsted-Lowry) e a adsorção da macromolécula do polissacarídeo é bastante frágil. � Essa é a principal razão da seletividade do amido na flotação de minério de ferro. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � A seletividade desses depressores está associada à tendência em doar ou receber prótons do metal- hidroxilado da superfície. � Os polissacarídeos adsorvem-se por ligações de hidrogênio nos sistemas com interações ácido-base frágeis e por formação de complexo químico nos sistemas com interações ácido-base fortes. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Amido: fórmula geral – (C6H1oO6)n, onde n pode variar da ordem de dezenas a centenas de milhares. � É uma macromolécula formada por monômeros D-glicose nos quais cinco átomos de carbono e um átomo de oxigênio formam uma estrutura cíclica. � A ligação entre os monômeros pode ocorrer entre os carbonos 1 e 4 (dando origem a uma cadeia linear) ou entre os carbonos 1 e 6 (formando uma cadeia ramificada). � A molécula do amido tem duas partes distintas: a amilose (cadeia linear) e a amilopectina (cadeia ramificada). Estrutura básica da molécula do amido MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Amido: é obtido a partir de diversas fontes vegetais (milho, batata, trigo, arroz, macaxeira etc.). � A sua composição varia de acordo com a fonte: tem entre 20-30% de moléculas de amilose e 70-80% de moléculas de amilopectina. � No Brasil é utilizado em plantas de flotação de fluorita, silvita, apatita e na flotação reversa de minério de ferro. MODIFICADORES MODIFICADORES � Os amidos são insolúveis em água fria e seu emprego como reagente de flotação depende da utilização de um processo de gelatinização que se baseia na capacidade que os grânulos de amido têm de absorver água, quando molhados ou expostos à umidade e expandir de forma irreversível. MODIFICADORES �Existem dois processos de gelatinização de amidos de milho: � por efeito térmico � por adição de soda cáustica MODIFICADORES � A gelatinização por efeito térmico consiste em: � Aquecimento de uma suspensão de amido em água a uma temperatura maior que 56° C que permita o enfraquecimento das pontes de hidrogênio intergranulares e, como conseqüência, o inchamento dos grânulos. � Nem todos os grânulos se gelatinizarão ao mesmo tempo e à mesma temperatura, já que alguns são mais resistentes que outros. MODIFICADORES � O processo de gelatinização por soda cáustica é o mais aplicado industrialmente no Brasil. � Consiste na absorção de parte do álcali da solução diluída de hidróxido de sódio pelas moléculas da suspensão de amido. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Dextrina: é obtida, a partir do amido, por meio de um processo baseado em degradação térmica sob condições ácidas. � Durante o processo as cadeias de amido são quebradas em pequenos fragmentos que, em seguida, são unidos para formar pequenas moléculas bastante ramificadas. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Carboximetilcelulose (CMC): é um polissacarídeo modificado por eterificação através da reação do ácido monocloroacético, ou seus sais de sódio, com a celulose. � A celulose é uma macromolécula formada por monômeros D-glicose. É 0 principal constituinte de células vegetais participando com cerca de 50% da composição de uma madeira típica. Molécula de celulose MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Carboximetilcelulose (CMC) � Reação de eterificação: RONa + ClCH2COONa →→→→ ROCH2COONa + NaCl � R: molécula da celulose. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Carboximetilcelulose (CMC) � Há duas possibilidades para a adsorção: através do grupo OH- ou do grupo COO-. � O grupo hidroxila (OH-) adsorve-se nos sítios hidróxido- metálicos da superfície, enquanto 0 grupo carboxila (COO-) pode interagir com cátions metálicos da superfície.� Nas duas situações, a adsorção depende do pH da polpa. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Carboximetilcelulose (CMC) � O pH influencia na ionização do grupo carboxila, pois o grupo COO- se torna aniônico a partir de um pH em torno de 4,4. � Em meio muito alcalino (quando as superfícies costumam apresentar um potencial negativo elevado), um CMC com um grau de substituição alto pode ter dificuldade de adsorção devido à intensidade da repulsão eletrostática. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Goma guar: a unidade básica de sua cadeia molecular ramificada é constituída de galactose e manose. O monômero apresenta os grupos OH- nos átomos de carbono localizados nas posições 2 e 3, 0 que significa que podem participar de reações com formação de complexos com outros compostos. � Adsorve-se por ligação de hidrogênio ou interação química com os grupos hidróxido-metálicos na superfície mineral. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polissacarídeos � Goma guar MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polifenóis � Os mais usados são os taninos e derivados. � Tanino: é uma substância de origem vegetal, formada a partir de misturas de polifenóis naturais. � Derivados de tanino: 0 mais usado, em flotação, é 0 quebracho. � Uma das principais fontes vegetais de taninos é a árvore Quebrachia lorentzii com um conteúdo de extratos aquosos que varia entre 20-30%. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polifenóis � Costumam ser usados para a depressão de ganga de carbonatos, hematita, minerais com íons Ca2+ na superfície e celestita. Monômero cuja polimerização dá origem à molécula do quebracho. O n pode chegar a 200. MODIFICADORES � Depressor orgânico – Polifenóis � Três possibilidades para a adsorção do quebracho na superfície da calcita: � Atração eletrostática na superfície com excesso de carga positiva; � Ligações de hidrogênio; � Formação de um tanato de cálcio na calcita; � Adsorção por interações hidrofóbicas (em superfícies apolares). � A adsorção do quebracho em diferentes minerais (fluorita, calcita, hematita e quartzo) está relacionada à presença de íons cálcio que serviriam de elo com a superfície. MODIFICADORES � Ativadores � São adicionados com o objetivo de intensificar a adsorção do coletor sobre o mineral (ou minerais) que se deseja flotar. Deve ser usado em situações onde há necessidade de aumentar a recuperação. � Essa função é sempre exercida por reagentes inorgânicos, solúveis em água, que podem atuar: � Diretamente na superfície do mineral, modificando a sua composição química pela formação de um composto; � Como elo entre a superfície e 0 coletor; � Pela corporação de um íon (determinante de potencial) na rede cristalina do mineral. MODIFICADORES � Ativadores – Sulfato de cobre (CuSO4) � Usado para ativar a blenda (ZnS) em flotação com xantato. � Considerando-se que: a) 0 raio iônico do cobre é compatível com 0 do zinco e b) 0 enxofre tem mais afinidade pelo cobre do que pelo zinco. � A adição de CuSO4, no sistema, vai provocar a substituição superficial do Zn2+ pelo Cu2+, formando uma película de covelita (CuS) na superfície da blenda. ZnS + Cu2+ →→→→ CuS + Zn2+ MODIFICADORES � Ativadores – Sulfato de cobre (CuSO4) � Os coletores sulfidrílicos formam compostos, medianamente solúveis, com o zinco, possibilitando a flotação, porém não sendo suficientes para garantir uma boa recuperação do sulfeto. � Como o xantato de cobre tem menor solubilidade se comparado ao xantato de zinco, a substituição iônica do Zn2+ pelo Cu2+, assegura uma hidrofobização mais estável, de forma a intensificar a flotação e aumentar a recuperação da blenda. MODIFICADORES � Ativadores – Sulfato de cobre (CuSO4) � É importante adicionar o ativador na concentração ótima: � Quantidade menor: vai acarretar uma substituição incompleta na superfície da blenda. � Excesso de CuSO4: pode significar a perda parcial, ou total, do coletor devido à formação de precipitado, na forma de sal insolúvel, com 0 Cu2+ residual. � A escolha do sulfato de cobre, como fonte de Cu2+, deve-se ao fato de ter preço mais baixo, entre os sais de cobre, e de não haver efeito prejudicial do íon SO42- na flotação. MODIFICADORES � Ativadores – Eletrólitos � Se for um íon determinante de potencial (IDP), 0 cátion desloca o ponto de carga zero (PCZ) para um maior valor de pH e aumenta a disponibilidade de sítios atrativos na superfície para a adsorção eletrostática de um coletor aniônico. � Aumento da concentração do IDP, na superfície mineral, pode facilitar a formação de composto no caso de uma adsorção química. � Exemplo: a adição de Ca2+ na flotação de fluorita (CaF2) aumentaria a concentração de cálcio na superfície do mineral, favorecendo a formação do oleato de cálcio e, consequente, hidrofobização da superfície. MODIFICADORES � Ativadores – Eletrólitos � Pode adsorver-se na superfície servindo de elo para a adsorção de coletor aniônico. � Exemplo: 0 quartzo pode ser ativado por espécies como Fe2+ ou Cu2+ e flotar através da formação de oleato do respectivo metal na superfície do mineral. Essa ativação, em geral, é involuntária e prejudica a seletividade do processo. MODIFICADORES � Ativadores – Sulfeto de sódio (Na2S) � Pequenas concentrações provocam a sulfetação superficial de carbonatos. � Nesse caso, a espécie mais ativa é o íon S2- que forma um composto superficial mais favorável à adsorção de coletores sulfidrílicos. MODIFICADORES � Ativadores – Sulfeto de sódio (Na2S) � Uma aplicação típica do sulfeto de sódio como ativador é na flotação de cerusita (PbCO3) com xantato: PbCO3 + Na2S →→→→ PbS + Na2CO3 � A partir de uma determinada concentração, no entanto, ocorre a estabilização do sulfeto formado de modo a dificultar a adsorção do xantato. Portanto, na flotação da cerusita, dependendo da concentração, pode atuar como depressor ou ativador. MODIFICADORES � Regulador de pH � Reagentes inorgânicos utilizados para o controle do pH do sistema visando a maior eficiência do processo. � Podem ser ácidos (sulfúrico ou clorídrico) ou básicos (hidróxidos de cálcio, magnésio, sódio ou potássio, carbonato de sódio etc.) MODIFICADORES � Regulador de pH � Como as condições de pH do sistema de flotação afetam a estabilidade da suspensão e as condições para a adsorção do coletor (especialmente no caso de uma adsorção por atração eletrostática), esses reagentes costumam ter múltiplas funções no processo, também atuando como dispersante, depressor, ativador ou sequestrante. Consumo de reguladores de pH em algumas plantas brasileiras (Sampaio et alli, 2001) MODIFICADORES � Regulador de pH – Cal (CaO) e hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) � Obtenção da cal virgem: CaCO3 →→→→ CaO + CO2↑↑↑↑ T = 1100 a 1300º C � Obtenção do Ca(OH)2: CaO + H2O →→→→ Ca(OH)2 + calor Ca(OH)2 →→→→ Ca2+ 2OH- MODIFICADORES � Regulador de pH – Cal (CaO) e hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) � Para evitar possíveis problemas de agregação dos finos, recomenda-se não utilizar esse tipo de regulador para ajustes de pH acima de 11. � Essa precaução justifica-se pela valência do cálcio (+2) que favorece a formação de agregados. � Compressão da DCE e possibilidade de aproximação de partículas coloidais. MODIFICADORES � Regulador de pH – Cal (CaO) e hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) � Também pode ser utilizado na forma de Mg a partir da calcinação da dolomita: CaCO3. MgCO3 →→→→ CaO.MgO + 2CO2↑↑↑↑ T = 1000 a 1200º C � Esse produto é mais caro, se comparado com a cal, no entanto, apresenta um poder para neutralizar ácido maior devido à presença do MgO. MODIFICADORES � Regulador de pH – Carbonato de sódio (Na2CO3) � Costuma ser comercializado na forma de um pó anidro de cor branca, cuja qualidade é relacionada ao teor em Na2O contido. A preparação da solução é feita no local da planta de flotação. � A adição do Na2CO3 provoca variações discretas de pH. � Exemplo: o aumento da dosagem do regulador de 0,03% para 30% provoca uma alteração do pH de 10,5 para 11,7 facilitando,portanto, o ajuste desejado. MODIFICADORES � Regulador de pH – Hidróxido de sódio (NaOH) � Obtido a partir da eletrólise de sais de sódio. Provoca bruscas variações de pH com pequenas dosagens, sendo considerado como o mais forte dentre os reguladores de pH, para a faixa alcalina, utilizado na indústria mineral. NaOH →→→→ Na+ + OH- � Possui uma considerável ação corrosiva: necessidade de cuidados especiais durante o transporte, manuseio e preparo das soluções. MODIFICADORES � Dispersantes � Partículas coloidais tendem a depositarem-se nas superfícies das partículas maiores (slime coating) ou formar agregados: diminui a seletividade do processo. � São usados para individualizar as partículas. � Atuam no sentido de provocar o aumento da repulsão elétrica, sendo recomendados quando há uma presença significativa de finos que dificultam a seletividade do processo. MODIFICADORES � Dispersantes � A dispersão das partículas finas pode ser obtida através do controle do pH. � Reagentes dispersantes: metafosfato de sódio (NaPO3), silicato de sódio (Na2O-SiO2) e carboxilmetilcelulose (CMC).