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Trabalho de Direito Fiscal e Aduaneiro_Regina Fernando

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FACULDADE DE DIREITO 
 CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO 
 TRABALHO DE CAMPO DE DIREITO FISCAL E ADUANEIRO. 
 2˚ Ano – 2023 
 
 
 
 
 
 
 
 Âmbito e natureza do Direito Fiscal. 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Regina Fernando Tomaz Macarate 
Beira, 14 de Maio de 2023 
 
Trabalho de Investigação Científica a 
ser Submetido na Coordenação do 
Curso de Direito, Faculdade de 
Direito, Universidade Aberta ISCED, 
na disciplina de Direito Fiscal e 
Aduaneiro. 
Índice 
 
CAPITULO I ............................................................................................................................. 1 
1. Introdução ........................................................................................................................... 1 
1.1 Objectivos ....................................................................................................................... 1 
1.1.1 Geral ............................................................................................................................ 1 
1.1.2 Específicos .................................................................................................................. 1 
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 2 
2. Direito fiscal ....................................................................................................................... 2 
2.1 Âmbito e enquadramento do Direito Fiscal .................................................................... 2 
a) Normas de soberania fiscal ................................................................................................. 2 
b) Normas relativas ao nascimento, desenvolvimento e extinção da obrigação fiscal ........... 2 
c) Normas relativas às obrigações acessórias impostas ao contribuinte ou a terceiros .......... 3 
d) Normas de Sanção fiscal ..................................................................................................... 3 
e) Normas relativas ao processo fiscal .................................................................................... 3 
2.2 Natureza do Direito Fiscal .............................................................................................. 3 
2.3 Impostos .......................................................................................................................... 4 
2.3.1 Conceito e elementos essenciais ................................................................................. 4 
2.3.2 Evolução dos impostos ................................................................................................ 5 
2.3.3 Objectivos dos Impostos e das Politicas Tributárias ................................................... 6 
a) Objectivos Fiscais ............................................................................................................... 6 
b) Objectivos sociais ............................................................................................................... 6 
c) Objectivos Económicos ...................................................................................................... 7 
2.3.4 Características dos impostos ....................................................................................... 7 
a) O imposto é uma prestação devida ao Estado ou outros entes públicos ............................. 7 
b) O imposto é uma prestação unilateral ................................................................................. 8 
c) O imposto é uma prestação pecuniária ............................................................................... 8 
2.3.5 Elementos da relação jurídica do imposto................................................................... 9 
2.4 Análise geral dos impostos em Moçambique ................................................................. 9 
2.4.1 Registo fiscal ............................................................................................................. 10 
2.4.2 Tributação directa e indirecta .................................................................................... 10 
2.4.3 Imposto Sobre O Rendimento Das Pessoas Singulares — IRPS .............................. 11 
2.4.4 Imposto Sobre O Rendimento Das Pessoas Colectivas — IRPC ............................. 12 
2.4.5 Imposto Sobre O Valor Acrescentado — IVA.......................................................... 12 
2.4.6 SISA .......................................................................................................................... 13 
2.4.7 Imposto Sobre Veículos ............................................................................................ 14 
2.4.8 Imposto Sobre Sucessões e Doações ......................................................................... 14 
2.4.9 Imposto de Reconstrução Nacional ........................................................................... 15 
2.4.10 Imposto de Selo ......................................................................................................... 15 
2.4.11 Imposto Especial Sobre o Jogo ................................................................................. 15 
2.4.12 Benefícios fiscais no investimento ............................................................................ 15 
2.4.13 Comercio externo - importação ................................................................................. 16 
2.4.14 Imposições na importação ......................................................................................... 17 
2.4.14.1 Contagem das imposições na importação .............................................................. 17 
CAPITULO III ......................................................................................................................... 18 
3. Conclusão ......................................................................................................................... 18 
4. Referências bibliográficas .................................................................................................. I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 1 
 
CAPITULO I 
1. Introdução 
 
Desde os tempos mais remotos, a questão da fiscalidade vem acompanhando as civilizações. 
É possível notar-se traços da componente fiscal nas civilizações antigas, visto que alguns 
povos eram naqueles tempos liderados por seus colonos, como é o caso especifico de 
Moçambique que tinha os portugueses como colonizadores, estes povos eram obrigados a 
pagar uma certa taxa fiscal como cita Carvalho (2020) e Ibraimo (2002) que “todos os 
habitantes liderados por chefias, eram obrigados ao pagamento de um imposto anual, 
denominado “Mussoco” na época, como forma da afirmar o poderio do “mambo” sobre a 
terra”. 
Portanto estas formas de tributo com o passar dos tempos foi evoluindo tanto é que Ibraimo 
(2002), cita que “os portugueses, ao se estabelecerem inicialmente em Moçambique, 
atacaram os chefes locais e substituíram-se-lhes na cobrança do “mussoco” que passou a 
abranger produtos como marfim, pedras preciosas e outros”. 
Desta forma, após a independência de Moçambique, a questão da fiscalidade continuou sendo 
executado com o objectivo de favorecer o povo assim como o Estado. Por esta razão surge a 
ATM criada com vista a modernizar e fortalecer os órgãos da administração tributária, 
instituição (AMÓS, 2013). 
Ao longo do presente trabalho, são abordados conteúdos como o direito fiscal, âmbito e 
natureza do direito fiscal, assim como sobre os impostos, desde a sua conceituação, evolução 
e caracterização. 
 
 
1.1 Objectivos 
1.1.1 Geral 
 Falar do Âmbito e natureza dodireito fiscal 
 
1.1.2 Específicos 
 Conceituar o imposto; 
 Descrever a evolução dos impostos; 
 Caracterizar os impostos; 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 2 
 
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA 
 
2. Direito fiscal 
 
O direito fiscal é o conjunto de normas que disciplinam as relações que se estabelecem entre 
o Estado e outros entes públicos, por um lado, e os cidadãos, por outro lado, por via do 
imposto em suas fases, nomeadamente, a incidência, o lançamento, a liquidação e a cobrança. 
Ou seja, o direito fiscal estabelece normas que regulam o ―nascimento, o desenvolvimento e a 
extinção das relações jurídicas suscitadas pela percepção do imposto” (PEREIRA, 2007). 
 
2.1 Âmbito e enquadramento do Direito Fiscal 
 
Da obrigação fiscal, resultam outras relações às quais devem aplicar-se os princípios e 
normas do direito fiscal. Essas relações estendem-se do direito procedimental, direito 
processual fiscal ao direito sancionatório fiscal, passando por muitos outros domínios como o 
direito fiscal internacional, entre outros. 
Por conseguinte, o direito fiscal abrange ainda as seguintes normas: 
 
a) Normas de soberania fiscal 
 
Que, ao regularem os princípios fundamentais do sistema fiscal, incluindo a formulação da lei 
fiscal, fazem apelo ao direito constitucional, formando o que se designa direito constitucional 
fiscal. (Vide, artigos 100 e 127 da CRM). 
 
b) Normas relativas ao nascimento, desenvolvimento e extinção da obrigação fiscal 
 
Quer as que se referem à incidência do imposto, quer as que têm um carácter procedimental, 
ao disciplinarem o lançamento, a liquidação e a cobrança do imposto, incluindo igualmente 
normas atinentes à fiscalização dos sujeitos passivos e normas relativas às garantias 
administrativas dos contribuintes. 
 
 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 3 
 
c) Normas relativas às obrigações acessórias impostas ao contribuinte ou a terceiros 
 
Normas de natureza declarativa ou contabilística, destinadas a possibilitar ou a controlar a 
percepção dos impostos. 
 
d) Normas de Sanção fiscal 
 
Que estabelecem as sanções, quer de natureza penal quer de natureza contra-ordenacional, a 
aplicar a quem infringe os comandos jurídicos fiscais e regulam o respectivo processo; 
 
e) Normas relativas ao processo fiscal 
 
Estabelecem as garantias contenciosas dos contribuintes (processo de impugnação judicia) e 
regulam a cobrança coerciva dos impostos (processo de execução fiscal). O direito fiscal 
regula ainda matérias sobre as infracções fiscais e respectivas sanções, o exercício da 
soberania financeira e formulação de leis fiscais6 (BRAZ, n.d citado por ISCED, 2016) 
estabelece normas que disciplinam os conflitos internacionais de tributação (Direito fiscal 
internacional). 
A lei nº 2/2006 de 22 de Março, Lei Geral Tributária (LGT), estabelece os princípios e 
normas gerais do ordenamento jurídico tributário moçambicano aplicáveis a todos os tributos 
nacionais e autárquicos. Este diploma contém normas sobre as infracções gerais tributárias, e 
sobre os crimes tributários e crimes aduaneiros. O Decreto nº 42/2002 de 26 de Dezembro, 
regula o Regime Geral das Infracções Tributárias (CRM, 2006). 
 
2.2 Natureza do Direito Fiscal 
 
Quanto ao enquadramento nos ramos do direito, os autores são unânimes em considerar que o 
direito fiscal se integra plenamente no Direito Público, não só tendo em conta as finalidades 
prosseguidas pelo imposto como também por o seu sujeito activo ser o Estado, ou outro ente 
público, que intervêm nas relações jurídico-fiscais dotados de poder de autoridade. 
Importa então saber se o Direito Fiscal é efectivamente autónomo ou se insere-se em outros 
sub-ramos do direito público. 
A posição por nós adoptada é a da autonomia do direito fiscal, ou seja trata-se de um ramo do 
direito público independente e com características próprias. Assim, o Direito Fiscal 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 4 
 
corresponde a um conjunto de normas ordenadas com vista a um fim comum que é a 
regulamentação de normas suscitadas pelo imposto (ISCED, 2016). 
 
 
2.3 Impostos 
2.3.1 Conceito e elementos essenciais 
 
Segundo Ibraimo, (2002) ―imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e 
unilateral, estabelecida por lei, sem carácter de sanção, a favor do Estado, para realização de 
fins públicos. 
A definição acima citada pode ser discernida da seguinte forma: 
a) Prestação coactiva: imposta pelo Estado; 
b) Prestação pecuniária ou patrimonial: avaliável em dinheiro 
c) Prestação definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição ou 
indemnização; 
d) Prestação unilateral ou não sinalagmática: sem contraprestação específica, individual, 
imediata e directa (ao contrario da taxa, não dá ao devedor o direito de exigir qualquer 
contraprestação imediata); 
e) Prestação estabelecida por lei: de acordo com o princípio da legalidade, isto é, todos 
os imposto devem ser estabelecidos por lei através da Assembleia da República, para 
o caso de Moçambique; 
f) Prestação sem carácter de sansão: sem fins sancionatórios; 
g) Prestação a favor do Estado: em sentido muito amplo, equivalente aqui a qualquer 
entidade que exerça funções públicas. 
h) Prestação para realização de fins públicos: regra geral, o imposto pago pelos 
contribuintes é usado para a materialização das despesas públicas. 
 
Com uma definição similar, WATY (2002), define o imposto como, uma prestação coactiva, 
patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de sanção, estabelecida por 
lei, a favor de uma entidade pública, ou com funções públicas para a satisfação de 
necessidades públicas e redistribuição de riqueza, independentemente de qualquer vínculo 
anterior. Os impostos incidem tendencialmente sobre todas as manifestações de riqueza e 
sobre todas as actividades económicas. O Direito fiscal é chamado a regular a relação jurídica 
pública que se estabelece entre quem tem as obrigações materiais e/ou formais relacionadas 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 5 
 
com os impostos (sujeito passivo) e a entidade de Direito público titular do direito de exigir o 
cumprimento das obrigações tributárias (sujeito activo) (JALECO, 2009). 
 
No entanto, já a Lei nº 2/2006 de 22 de Março, vem, no nº a do artigo 3, definir o imposto do 
seguinte modo: “Impostos são as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigidas 
por uma entidade pública, para a prossecução de fins públicos, sem contraprestação 
individualizada, e cujo facto tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, 
devendo estar previstos na lei” (ISCED, 2016). 
 
2.3.2 Evolução dos impostos 
 
A cobrança do tributo remonta épocas antigas em que sequer havia a noção de 
obrigatoriedade de seu pagamento ou sua caracterização como um instrumento para a 
manutenção das necessidades do Estado. Nas palavras de Martins (2009, p. 2) ―inicialmente, 
o tributo tinha um sentido de homenagem. Os homens homenageavam seus deuses e líderes 
com presentes, que eram denominados de tributos.‖ Somente após reis cobrarem tributos para 
sustentarem a si e sua família é que a natureza do tributo passou a ser de obrigação. 
O primeiro sistema de tributação conhecido foi o do Antigo Egipto por volta de 3000 aC - 
2800 a C, durante a primeira dinastia do Antigo império. Os registos documentais do período, 
afirmam que o faraó realizava uma excursão bienal em todo o reino, com a cobrança de 
receitas fiscais dos seus súbditos. Outros registos conhecidos são recibos de celeiros reais 
pela compra de cereais de calcário e de papiros. Registos sobre o princípio da tributação 
também são descritos na Bíblia (CARVALHO, 2020). 
Mais tarde, no Império Aqueménida (Pérsia antiga), um sistema fiscal regulado e sustentável 
foi introduzido por Dário,o Grande em 500 aC, sendo que o sistema de tributação persa foi 
adaptado para cada satrapia (governadores das províncias). Às vezes havia diferentes 
impostos entre 30 satrapias do Império sendo que cada uma foi avaliada de acordo com sua 
suposta produtividade. Era de responsabilidade do sátrapa a recolha do montante devido e 
enviá-lo ao imperador, logo após a dedução de seus gastos (CARVALHO, 2020). 
Segundo Ibraimo, (2002), alguns historiadores dizem que a organização política tradicional 
do Zambeze, em meados do séc. XVII, apresentava chefias variadas nas suas configurações 
específicas. As maiores eram governadas por um ―mambo‖ (que era governador do distrito) 
assistido por um chefe local denominado ―npfumu‖ e pelo chefe de povoação. De entre as 
atribuições do ―npfumu‖, estava a de cobrar impostos. 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 6 
 
Dentro de cada chefia, todos os habitantes eram obrigados ao pagamento de um imposto 
anual, denominado ―Mussoco‖, como forma da afirmar o poderio do ―mambo‖ sobre a terra. 
O conteúdo exacto do ―mussoco‖, variava de prazo, região para região, bem como o 
respectivo quantitativo e o montante atribuído a cada família (CARVALHO, 2020). 
De acordo com Ibraimo (2002), os portugueses, ao se estabelecerem inicialmente em 
Moçambique, atacaram os chefes locais e substituíram-se-lhes na cobrança do ―mussoco‖ que 
passou a abranger produtos como marfim, pedras preciosas e outros. 
Em 1854 foi posto em prática o Decreto que determinava que todos terrenos fossem 
revertidos para a ―coroa‖. Um dos artigos do decreto introduziu o ―imposto de palhota‖. Esta 
disposição mandava extinguir todas as imposições que porventura houvesse sobre os 
―colonos‖, que detinham terrenos, e os chamados ―habitantes livres‖ (grupos privilegiados), 
ficando estes apenas obrigados ao pagamento anual ao Estado de 1.600 Reis a título de 
Imposto de Palhota por cada habitação ou palhota (CARVALHO, 2020). 
Desta forma, com o passar dos tempos, o imposto foi evoluindo de tal forma como pode 
notar-se a actualidade, onde o mesmo é vastamente caracterizado. 
 
2.3.3 Objectivos dos Impostos e das Politicas Tributárias 
 
Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e necessidades 
colectivas dos cidadãos, expressão que engloba objectivos fiscais (obtenção de receitas 
publicas) e extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo Ibraimo (2002), Os impostos 
foram criados com vista a atender os seguintes objectivos: 
 
a) Objectivos Fiscais 
De acordo com este objectivo os impostos visam a obtenção de receitas para financiamento 
de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do Estado. 
 
b) Objectivos sociais 
Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das 
desigualdades, tendo em conta as necessidades e rendimentos do agregado social, operando-
se assim uma verdadeira redistribuição de riqueza. 
 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 7 
 
c) Objectivos Económicos 
 
Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e, 
consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo (tributando mais 
pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como o tabaco, o jogo, certas bebidas e as 
antiguidades), proteger as indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros protectores 
durante um certo período), incentivar a poupança e o investimento (indirectamente através 
dos desagravamentos fiscais). 
Segundo Ibraimo, 2002, o objectivo principal da política tributária é o estabelecimento de um 
mecanismo efectivo gerador de receitas, que seja justo, simples, previsível e economicamente 
eficiente. 
 
2.3.4 Características dos impostos 
De acordo com ISCED (2016), da noção do imposto que acabamos de ver podemos dizer que 
o mesmo possui as seguintes características: 
 O imposto é uma prestação pecuniária; 
 O imposto é uma prestação coactiva; 
 O imposto é uma prestação unilateral; 
 O imposto é uma prestação a título definitivo; 
 O imposto é uma prestação sem carácter de sanção; 
 O imposto é uma prestação devida ao Estado ou outros entes públicos; 
 O imposto é uma prestação com vista a realização de fins públicos. 
 
Como pode notar-se acima, o imposto é vastamente caracterizado, porem, citar-se-á apenas 3 
delas de modo a melhor nos familiarizarmos com o mesmo. 
 
a) O imposto é uma prestação devida ao Estado ou outros entes públicos 
 
Trata-se aqui do elemento subjectivo do conceito de imposto. O imposto é devido a um ente 
público que é o sujeito activo da relação jurídico-fiscal. Coloca-se então a questão de saber de 
que ente público efectivamente se trata (ISCED, 2016). 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 8 
 
Sobre esta questão uns consideram que trata-se de uma pessoa colectiva de direito público e 
para outros autores o ente público refere-se a entidades que que exercem funções públicas. A 
Constituição da República de Moçambique, no que tange ao sistema fiscal, no seu artigo 127, 
refere-se ao facto de o sistema fiscal estar estruturado ―com vista a satisfazer necessidades do 
Estado e das demais entidades públicas…‖. Já o artigo 13 da lei nº 2/2006 de 22 de Março, 
dispõe que ― Sujeito activo da relação juríudico-tributária é a entidade de direito público, 
titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias, quer directamente quer 
através de representante”. Os demais entes públicos podem ser por exemplo as Autarquias 
Locais (ISCED, 2016). 
 
 
b) O imposto é uma prestação unilateral 
 
De acordo com um critério estrutural, os impostos são tributos de carácter unilateral (sem 
contraprestação pública directa e imediata) que servem as necessidades financeiras gerais 
(princípio da não consignação orçamental, ou seja, quando o particular paga impostos apenas 
sabe que estes serão afectos a finalidades públicas, não sabe a sua aplicação concreta) 
(JALECO, 2009). 
Ao pagamento do imposto não corresponde uma contraprestação por parte do Estado. Este 
aspecto permite distinguir o imposto de outras figuras afins, (abordaremos mais tarde este 
tema) como é o caso da taxa e do empréstimo forçado. 
Ao pagar o imposto, o contribuinte não recebe nada de específico em troca, está apenas a 
contribuir para o financiamento das despesas do Estado, com vista a realização do interesse 
público (ISCED, 2016). 
 
c) O imposto é uma prestação pecuniária 
O imposto é pago em dinheiro ou em equivalente em dinheiro, contrariamente as 
modalidades de pagamento em espécie que vigoravam no passado. O pagamento do imposto 
em dinheiro contribui para acelerar o desenvolvimento da economia de mercado, conduzindo 
as pessoas que não tinham dinheiro para pagar impostos sentiram-se obrigados a vender ou 
trocar seus bens materiais em troca de dinheiro (ISCED, 2016). 
No entanto, importa referir que ainda hoje, em alguns casos excepcionais, como é o da dação 
em cumprimento, prevista no artigo 45 da Lei nº 2/2006 de 22 de Março, pode de falar da 
modalidade de pagamento em espécie. Este dispositivo permite que o Estado adquira por 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 9 
 
exemplo bens valiosos, enriquecendo o seu património. Trata-se de situações em que, no 
lugar de efectuar o pagamento da dívida tributária, o contribuinte entrega ao estado algo 
diverso, como por exemplo uma obra de arte (ISCED, 2016). 
O pagamento de imposto por meio de estampilhas fiscais (selos), embora trate-se de um bem 
(papel), considera-se que em temos financeiros o que importa é o que a estampilha representa 
em dinheiro, sendo a sua aquisição requisito prévio sem o qual não se pode verificar o 
cumprimento da obrigação fiscal (ISCED, 2016). 
 
2.3.5 Elementos da relação jurídica do imposto 
 
De acorde com Jaleco (2009), os elementos da relação jurídicado imposto constituem o que 
designamos por Tatbestand sistemático do imposto. São eles: 
 Sujeito passivo – quem tem obrigação de pagar o imposto; 
 Sujeito activo – sujeito público que entra na relação e tem direito a exigir o 
cumprimento das obrigações tributárias; 
 Objecto ou incidência objectiva; 
 Elementos que contribuem para a quantificação do imposto; 
 Taxa ou alíquota. 
 
O princípio da igualdade e da capacidade contributiva são elementos dos impostos, na medida 
em que cada um de nós deve ser tributado segundo a sua capacidade contributiva, sendo esta 
capacidade aferida com base na lei: quanto mais rendimento um indivíduo tiver, maior será o 
imposto a pagar; contudo, isto é determinado por escalões e não de forma individualizada. 
Assim, os impostos são sempre quantificados ad valorum (sobre o valor de), ou seja, de 
forma percentual, daí que não haja uma contraprestação directa e imediata, ao contrário das 
taxas (JALECO, 2009). 
NOTA: se o tributo for sobre o valor de algo, NUNCA SERÁ UMA TAXA! Será um 
imposto. 
 
2.4 Análise geral dos impostos em Moçambique 
 
O Sistema Tributário Moçambicano integra os impostos nacionais e autárquicos, tratados em 
dispositivos legais diferentes. Os impostos nacionais actuam a dois níveis: 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 10 
 
 Directo – (tributação dos rendimentos e riqueza), através do Imposto sobre o 
Rendimento das Pessoas Colectivas- IRPC e do Imposto sobre o Rendimento das 
Pessoas Singulares- IRPS; 
 Indirecto - (tributação das despesas), através do Imposto sobre o Valor Acrescentado- 
IVA; Imposto sobre Consumos Específicos- ICE e os Direitos Aduaneiros. 
 
Para além destes, que são os principais impostos, o sistema tributário moçambicano se 
completa com outros impostos, tais como: imposto do selo, imposto sobre as sucessões e 
doações, Sisa, imposto especial sobre o jogo, imposto de reconstrução nacional, imposto 
sobre veículos e outros e taxas específicas estabelecidas em legislação própria (ATM, 2009). 
 
2.4.1 Registo fiscal 
 
Para o exercício de uma actividade económica na República de Moçambique é necessário que 
os agentes económicos ou representantes das empresas façam o Registo da sociedade ou 
estabelecimento em causa e solicitar o devido licenciamento ou autorização para o exercício 
da actividade pretendida. Doravante, nos termos dos nºs 1 e 3 do artigo 2, do Regulamento do 
Número Único de Identificação Tributária (NUIT), aprovado por Decreto n.º 52/2003, de 24 
de Dezembro, é necessária a inscrição nas Finanças (Direcção da Área Fiscal (DAF) ou outro 
local indicado pela Administração Tributária mediante apresentação, em duplicado, de uma 
declaração (Modelo 5 ou 7) devidamente preenchida, fazendo menção dos domicílios fiscais, 
para a obtenção do Número Único de Identificação Tributária (NUIT) (ATM, 2009). 
 
 
2.4.2 Tributação directa e indirecta 
 
No âmbito da tributação dos rendimentos e da riqueza foram aprovadas as Leis nº 33/2007 e 
34/2007, ambas de 31 de Dezembro, que aprovam os Códigos dos Impostos sobre o 
Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) e das Pessoas Colectivas (IRPC) e 
regulamentados pelos Decretos nº 08/2008 e 09/2008, ambos de 16 de Abril (ATM, 2009). 
 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 11 
 
2.4.3 Imposto Sobre O Rendimento Das Pessoas Singulares — IRPS 
 
O IRPS é um imposto que incide sobre o rendimento global anual das pessoas singulares, 
mesmo quando provenientes de actos ilícitos. Estão sujeitas a este imposto, segundo 
disposição o artigo 18 do CIRPS, as pessoas singulares que residem em território 
Moçambicano, relativamente aos rendimentos aqui obtidos e também os obtidos fora desse 
território, e as que nele não residindo aqui obtenham tais rendimentos (ATM, 2009). 
As empresas tem obrigações em sede do IRPS, nomeadamente no que se refere ao pagamento 
ou colocação à disposição de rendimentos a pessoas singulares, particularmente no que 
respeita à retenção na fonte, nos termos dos artigos 57 e 65 do CIRPS, aprovado pela Lei n.º 
33/2007 de 31 de Dezembro e artigos 29 e seguintes do Regulamento do CIRPS, aprovado 
pelo Decreto nº8/2008, de 16 de Abril. Esta obrigação abrange os rendimentos pagos aos 
trabalhadores da empresa, quer sejam residentes ou não em Moçambique (ATM, 2009). 
 
Segundo ATM (2009), o imposto retido pela empresa deverá, ser entregue ao Estado dentro 
do prazo estipulado no artigo 29 do Regulamento do CIRPS, ou seja, até ao dia 20 do mês 
seguinte àquele em que foram deduzidas as quantias retidas. Neste âmbito, as empresas 
deverão cumprir, igualmente, com as obrigações previstas no artigo 44 do referido 
Regulamento, referentes à comunicação de rendimentos e retenções, isto é, as empresas são 
obrigadas a: 
 
 Possuir registo actualizado das pessoas credoras desses rendimentos, ainda que não 
tenha havido lugar a retenção do imposto, do qual constem, nomeadamente, o nome, 
número fiscal e respectivo código, bem como a data e valor de cada pagamento ou dos 
rendimentos em espécie que lhes tenham sido atribuídos; 
 Entregar aos sujeitos passivos, até 20 de Janeiro de cada ano, documento 
comprovativo das importâncias devidas no ano anterior, incluindo, quando for caso 
disso, as correspondentes aos rendimentos em espécie que Ihes hajam sido atribuídos, 
do imposto retido na fonte e das deduções a que eventualmente haja lugar; 
 Entregar à Administração Tributária uma declaração de modelo aprovado ou em 
suporte informático, relativa àqueles rendimentos, em triplicado, durante os meses de 
Janeiro a Março, de cada ano. 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 12 
 
2.4.4 Imposto Sobre O Rendimento Das Pessoas Colectivas — IRPC 
 
Diz ainda o autor acima citado que o IRPC é um imposto que incide sobre o rendimento das 
pessoas colectivas, mesmo quando provenientes de actos ilícitos, conforme dispõe o artigo 1 
do CIRPC, aprovado pela Lei n.º 34/2007 de 31 de Dezembro. Nos termos do artigo 2 do 
CIRPC, são sujeitos a este imposto: 
 As sociedades civis sob forma comercial, cooperativas, empresas públicas e as demais 
pessoas colectivas com sede ou direcção efectiva no território moçambicano; 
 As entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou direcção efectiva, no 
território moçambicano, cujo rendimento não seja tributável em IRPS e IRPC; 
 E ainda entidades com ou sem personalidade jurídica, que não tenham sede nem 
direcção efectiva em território moçambicano, nas condições estabelecidas nos artigos 
4 e 5 do CIRPC. 
 
As empresas tem as seguintes obrigações em sede do IRPC 
 
 Sujeição ao IRPC do lucro tributável, por aplicação de uma taxa de 32%, nos termos 
dos artigos 4 e 61 n.º 1 do CIRPC 
 Integração num dos regimes de tributação previstos no CIRPC, atendendo ao volume 
de negócios anual declarado pela empresa, nomeadamente o regime simplificado de 
determinação do lucro tributável, o de contabilidade organizada ou o simplificado de 
escrituração, nos termos dos artigos 47, 75 e 76 do Código do IRPC, que abaixo se 
esclarece: 
 
2.4.5 Imposto Sobre O Valor Acrescentado — IVA 
 
De acordo com o artigo 1 do CIVA, aprovado por Lei n.º 32/2007, de 31 de Dezembro, estão 
sujeitos a este imposto as transmissões de bens e as prestações de serviços efectuadas por um 
sujeito passivo a título oneroso, no território nacional, bem como as importações de bens. 
Esta lei considera no seu artigo 2 nº1 alínea a) que, são sujeitos passivos do IVA as pessoas 
singulares ou colectivas com estabelecimento estável ou representação em território nacional 
que, de um modo independente e com carácter de habitualidade, exerçam com fim lucrativo 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 13 
 
prestação de serviços. De acordo com o artigo 17 do CIVA, a taxa do IVA é a que vigora no 
momento em que o imposto se torna exigível eé de 17% (ATM, 2009). 
 
Ressalta ainda o mesmo autor que as empresas tem as seguintes obrigações em sede do IVA 
 
 Integração num dos regimes de tributação previstos no CIVA, atendendo ao volume 
de negócios anual declarado pela empresa, o nomeadamente o Normal, de Tributação 
Simplificada ou de Isenção. A determinação do IVA e as obrigações a que se encontra 
sujeito variam consoante o regime em que for enquadrado. Cfr artigos 35 e seguintes 
do CIVA; 
 
De um modo geral, a empresa terá como obrigações acessórias as constantes do artigo 25 do 
CIVA, que são as seguintes: 
 
 Entrega de declaração de início, de alteração ou de cessação da sua actividade; 
 Emissão de facturas ou documento equivalente por cada prestação de serviço; 
 Declaração periódica das operações efectuadas no exercício da sua actividade; e 
 Obrigações contabilísticas ou de registo; 
 
2.4.6 SISA 
 
A SISA incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito de propriedade ou de figuras 
parcelares desse direito, sobre bens imóveis e sobre o montante declarado da transmissão ou 
do valor patrimonial do prédio urbano, consoante o valor mais elevado, a não ser que este se 
afaste do preço normal de mercado. Este imposto é liquidada pelos serviços competentes da 
administração tributária, com base na declaração do sujeito passivo ou oficiosamente. A taxa 
da SISA é de 2% e aplica-se sobre o valor determinado. É paga nas Direcções das Áreas 
Fiscais ou em qualquer outra entidade autorizada nos termos da lei, mediante documento de 
cobrança de modelo oficial (ATM, 2009). 
 
 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 14 
 
2.4.7 Imposto Sobre Veículos 
 
O Imposto sobre Veículos incide sobre o uso e fruição dos veículos: 
a) Automóveis ligeiros e automóveis pesados de antiguidade menor ou igual a vinte e 
cinco anos; 
b) Motociclos de passageiros com ou sem carro de antiguidade menor ou igual a quinze 
anos; 
c) Aeronaves com motor de uso particular; 
d) Barcos de recreio com motor de uso particular, matriculados ou registados nos 
serviços competentes no território da República de Moçambique, ou, 
independentemente, de registo ou matrícula, logo que, decorridos cento e oitenta dias 
a contar da sua entrada no mesmo território, venham a circular ou a ser usados em 
condições normais da sua utilização (ATM, 2009). 
 
São sujeitos passivos deste imposto os proprietários dos veículos, quer sejam pessoas 
singulares ou colectivas, de direito público ou privado, presumindo-se como tais até prova em 
contrário, as pessoas em nome de quem os mesmos se encontrem matriculados ou registados. 
O imposto é pago de Janeiro a Março de cada ano ou quando começar o uso ou fruição do 
veículo, na Repartição de Finanças da área da residência ou sede do sujeito passivo (ATM, 
2009). 
 
2.4.8 Imposto Sobre Sucessões e Doações 
 
Este imposto incide sobre as transmissões a título gratuito do direito de propriedade sobre 
bens móveis e imóveis, qualquer que seja a denominação ou forma do título e é devido pelas 
pessoas singulares que adquiram a título gratuito a propriedade de bens móveis ou de bens 
imóveis, mesmo que tenha sido constituído direito de usufruto, uso ou habitação a favor de 
outrem (ATM, 2009). 
 
As taxas deste imposto variam entre 2% a 10%, aplicadas de acordo com o valor da herança e 
a relação entre o doador e o beneficiário dos bens transmitidos, sendo a menor para 
descendentes, conjugues e ascendentes e a máxima para quaisquer outras pessoas (ATM, 
2009). 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
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2.4.9 Imposto de Reconstrução Nacional 
 
Este imposto representa uma contribuição mínima de cada cidadão para as despesas públicas 
e é devido por nacionais e estrangeiros residentes no território nacional. As taxas são fixadas 
anualmente pelo Ministério do Plano e Finanças, sob proposta dos Governos Provinciais, 
diversificadas de modo a atender o grau de desenvolvimento e condições socioeconómicas de 
cada distrito. O mesmo é devido a partir do ano seguinte àquele em que fixarem residência no 
território nacional. Este imposto é pago uma só vez através de descontos nos salários do mês 
de Fevereiro de cada ano ou pagamento directo nas Administrações distritais. Nas zonas onde 
haja Autarquias Locais, este imposto é substituído pelo Imposto Pessoal Autárquico, sendo as 
taxas deste fixadas anualmente pelas Assembleias Autárquicas (ATM, 2009). 
 
2.4.10 Imposto de Selo 
 
O Imposto de Selo recai sobre os documentos, livros, papéis e actos identificados numa 
tabela específica ou em leis especiais. As taxas do Imposto de Selo variam em função dos 
valores e da natureza do documento que se pretende selar (ATM, 2009). 
 
2.4.11 Imposto Especial Sobre o Jogo 
 
Este imposto incide sobre as receitas brutas geradas pela exploração do Jogos regulados pela 
Lei n.º 8/94, de 14 de Setembro, após o pagamento dos ganhos aos jogadores, sendo a taxa 
fixada no contrato de concessão, que varia entre 20% a 35% (ATM, 2009). 
 
2.4.12 Benefícios fiscais no investimento 
 
Consideram-se de acordo com a lei, Benefícios Fiscais todas medidas fiscais que impliquem a 
redução do montante a pagar dos impostos em vigor, com o fim de favorecer a realização de 
actividades de reconhecido interesse público, social ou cultural, e incentivar o 
desenvolvimento económico do País O Código dos Benefícios Fiscais (CBF) actualmente em 
vigor, foi aprovado pelo decreto nº 16/2002 de 27 de Junho. Suas disposições aplicam-se aos 
investimentos realizados por pessoas singulares e colectivas ao amparo da lei de 
investimentos (ATM, 2009). 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 16 
 
Segundo art 3 do CBF, têm direito aos benefícios fiscais, todos empreendimentos levados a 
cabo no âmbito da lei de investimentos e demais legislação, excepto o comércio rural nos 
termos a regulamentar, empreendimentos levados a cabo nas actividades de comércio a 
grosso e a retalho em infra-estruturas novas construídas para efeito (ATM, 2009). 
 
Este autor diz ainda que a luz do CBF, os benefícios fiscais encontram-se subdivididos em: 
Benefícios Genéricos e Específicos. Assim, constituem benefícios fiscais genéricos de acordo 
com o artigo 13 e seguintes do CBF: 
 Isenção de direitos de importação de bens; 
 Crédito fiscal por investimento; 
 Amortizações e Reintegrações Aceleradas; 
 Modernização e introdução de novas tecnologias; 
 Formação profissional 
 Despesas a considerar custos fiscais, e 
 Redução da taxa de SISA 
 
Os benefícios fiscais específicos são concedidos a projectos realizados em determinadas 
zonas e áreas de actividade que são: 
 Agricultura; 
 Hotelaria e Turismo; 
 Projectos de Grande Dimensão; 
 Zonas Francas Industriais e 
 Zonas de Rápido Desenvolvimento. 
 
2.4.13 Comercio externo - importação 
 
A entrada de mercadorias no território nacional (importação), está sujeita ao pagamento de 
direitos e demais imposições aduaneiras. De acordo com as Instruções Preliminares da Pauta 
aprovados pelo Decreto nº 39/02 de 26 de Dezembro consideram-se direitos e demais 
imposições aduaneiras, os Direitos Aduaneiros, impostos, taxas e outros tributos que incidem 
sobre o valor das mercadorias a importar ou a exportar e cujo a cobrança esteja a cargo das 
Alfândegas. Os direitos aduaneiros constam da Pauta Aduaneira que é uma tabela 
obedecendo a uma estrutura própria e a nomenclatura do sistema harmonizado de designação 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
UNISCED Página 17 
 
e codificação de mercadorias onde se descrevem as mercadorias e na qual constam as 
imposições a pagar no acto da importação ou exportação. De acordo com o artigo 14 das 
Instruções Preliminares da Pauta é fixada em 0% a taxa de Direitos incidentes sobre a 
exportação de bens (ATM, 2009). 
 
2.4.14 Imposições na importação 
2.4.14.1 Contagem das imposiçõesna importação 
 
De acordo com o artigo 11 das Instruções Preliminares da Pauta Aduaneira, os direitos e 
demais imposições incidentes na importação são calculados de acordo com as taxas indicadas 
nas respectivas colunas de tributação da pauta aduaneira. As taxas ad valorem incidem sobre 
o valor aduaneiro expresso em moeda nacional. As taxas específicas incidem sobre a unidade 
indicada na respectiva coluna de tributação da Pauta Aduaneira (ATM, 2009). 
 
Direitos Anti dumping: É o produto da aplicação da taxa anti-dumping sobre a diferença 
entre o valor praticado com dumping e o valor real calculado com base nas regras aceites no 
país (ATM, 2009). 
Taxa de Serviços Aduaneiros (TSA): resulta da aplicação da taxa fixa nas importações 
isentas do pagamento de direitos e demais imposições (ATM, 2009). 
Sobretaxa: resulta da aplicação da alícota relativa a sobretaxa, definida em legislação própria 
sobre o valor aduaneiro (ATM, 2009). 
 
Imposto sobre Consumos Específicos é calculado mediante a aplicação da alíquota prevista 
para o produto na coluna própria da pauta aduaneira que incidirá sobre o valor aduaneiro 
adicionado do total de direitos aduaneiros e da TSA. Este imposto incide sobre determinados 
bens, produzidos no território nacional ou importados. De entre os bens sujeitos a este 
imposto destacam-se as bebidas alcoólicas, tabaco e veículos automóveis. As taxas variam 
entre 15% a 75% (ATM, 2009). 
 
 
 
 
 
Âmbito e natureza do Direito Fiscal 
 
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CAPITULO III 
3. Conclusão 
Conclui-se que o imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva e unilateral, 
estabelecida por lei, sem carácter de sanção, a favor do Estado, sem contraprestação 
individualizada, e cujo facto tributário assenta em manifestações de capacidade contributiva, 
e o mesmo possui funções públicas para a satisfação de necessidades públicas e redistribuição 
de riqueza, independentemente de qualquer vínculo anterior. 
 
A cobrança do tributo remonta épocas antigas, inicialmente este tinha um sentido de 
homenagem. Os homens homenageavam seus deuses e líderes com presentes, que eram 
denominados de tributos. Somente após reis cobrarem tributos para sustentarem a si e sua 
família é que a natureza do tributo passou a ser de obrigação. A organização política 
tradicional do Zambeze, em meados do séc. XVII, apresentava chefias variadas nas suas 
configurações específicas. As maiores eram governadas por um ―mambo‖ (que era 
governador do distrito) assistido por um chefe local denominado ―npfumu‖ e pelo chefe de 
povoação, onde todos os habitantes eram obrigados ao pagamento de um imposto anual, 
denominado ―Mussoco‖, como forma da afirmar o poderio do ―mambo‖ sobre a terra. Os 
portugueses, ao se estabelecerem inicialmente em Moçambique, atacaram os chefes locais e 
substituíram-se-lhes na cobrança do ―mussoco‖ que passou a abranger produtos como 
marfim, pedras preciosas e isso foi evoluindo até aos tempos actuais. 
 
O imposto é uma prestação pecuniária, coactiva, unilateral, a título definitivo, sem 
carácter de sanção, devida ao Estado ou outros entes públicos, e com vista a realização de fins 
públicos. 
 
 
 
 
I 
 
4. Referências bibliográficas 
 
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A. Alves, Ed.) Aveiro, Portugal: UA. 
BRAZ, A. (n.d). Princípios do direito Fiscal I, p.p. 20 e 23 
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brasileiro a partir da análise do recurso extraordinário 574.706. (1ª ed., Vol. I). (M. 
D. REZENDE, Ed.) GOIÂNIA, Brasil: PUCG. 
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ISCED. (2016). Direito Fiscal e Aduaneiro (1ª ed., Vol. I). Ponta - Gêa, Sofala-Beira, 
Moçambique: ISCED. 
IBRAIMO, I. (2002). O Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o Direito Fiscal 
Moçambicano. Maputo: ART C. 
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MOÇAMBIQUE, A. T. (2009). Informações sobre obrigações fiscais em vigor no país (Vol. 
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PEREIRA M. (2007). Fiscalidade, 2a Ed. Coimbra, p.126. 
RIBÁUÈ, J. A. (2014). Avaliação da Problemática do Reembolso do Imposto Sobre 
Rendimento de Pessoas Singulares- O Caso da UCM-Beira 2010-2012 (1ª ed., Vol. 
I). Beira, Sofala, Moçambique: UCM. 
 WATY, T.A. (2002). Introdução ao Direito Fiscal. Catembe: W e W Editora.

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