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Recursos ergogênicos e doping

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Recursos ergogênicos e doping
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Recursos ergogênicos e doping
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SUMÁRIO
Recursos ergogênicos e doping
3
Recursos ergogênicos e doping
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ENTENDENDO OS RECURSOS ERGOGÊNICOS SUAS AÇÕES
A prática de exercícios e esporte muitas vezes faz com que sejam utilizadas substâncias que possam auxiliar a 
melhora do desempenho, melhorar a recuperação ou modifi car o padrão metabólico. Nesse sentido, muitos profi ssionais 
adotam estratégias e manobras com o intuito de promover a melhora da capacidade de trabalho motor, resultando em 
aumento do desempenho esportivo. Essas substâncias são conhecidas como agentes ergogênicos, por sua ação na 
melhora de trabalho. Já se o tipo de substâncias utilizadas, ou sua quantidade, promove efeito negativo no desempenho 
físico ou mental, elas são conhecidas como agentes ergolíticos. 
 
Figura 1- Esquema do metabolismo humano. Fonte: http://comendoeaprendendo.pbworks.com/w/page/16162263/FrontPage. 
Os agentes ergogênicos são classifi cados como dopantes (aqueles classifi cados pela WADA – World Anti-Doping 
Agency como os que apresentam ação nas respostas funcionais, metabólicas e endócrinas) e não dopantes (suplementos 
esportivos, água). Já em função de sua constituição química, a divisão está estabelecida em agentes farmacológicos, 
agentes hormonais, agentes fi siológicos, agentes nutricionais, ação sobre fenômenos psicológicos e fatores mecânicos.
Os agentes farmacológicos são exemplifi cados por substâncias que contêm álcool, pelas anfetaminas e 
respectivas substâncias miméticas, componentes in natura ou industrializados que contenham cafeína, medicamentos 
betabloqueadores, diuréticos e EPO. 
Os agentes de ação hormonal são os anabólicos esteroides androgênicos, o hormônio do crescimento (GH), o IGF-1 
(insulin-like growth factor - fator de crescimento relacionado a insulina) e os contraceptivos orais. 
Recursos ergogênicos e doping
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Os agentes fi siológicos são classifi cados em doping sanguíneo, carga adicional de fosfato, eritropoietina e bicarbonato 
de sódio, todos associados a melhora da reposta metabólica homeostática, o que poderiam contribuir com a função 
celular. 
Os agentes nutricionais são os derivados dos macro e micronutrientes, fortemente consumidos na forma de 
suplementos alimentares. Os suplementos em geral são utilizados em larga escala nos programas de academias, fato 
que na maioria das vezes não apresenta justifi cativa, pois adequação nutricional oriunda da alimentação é sufi ciente na 
ampla maioria dos casos. 
Os fenômenos psicológicos e as ações de acompanhamento podem contribuir com a percepção da performance, seus 
signifi cados e seus fatores determinantes, o que poderia reduzir o estresse do indivíduo. Pode-se chegar a tratamento 
de hipnose.
Por último, os fatores mecânicos são conhecidos na maioria das modalidades esportivas e na prática regular de 
atividade física, pois a melhora tecnológica na confecção de roupas, tênis e equipamentos pode contribuir com o 
rendimento físico, assim como a das superfícies dos locais da prática e das estruturas climatizadas de ginásios e 
academias. 
Nesse sentido, a ação de recursos ergogênicos é uma prática comum em programas de academias, porém deve 
ser observada cuidadosamente pelos profi ssionais, pois a sua utilização diante da variedade no mercado causa grande 
confusão e confl itos de interesses. As evidências científi cas são conservadores na utilização em função das reais 
necessidades dos praticantes pelo nível de performance e aptidão física. 
MECANISMOS DE AÇÃO DOS RECURSOS ERGOGÊNICOS 
Os recursos ergogênicos (RE) possuem ação em diferentes estruturas e tecidos corporais, sendo que em outros 
encontraremos ação ergolítica.
Analisando a ação dos RE na contração e na estrutura muscular, encontramos os anabólicos esteroides, o consumo 
de proteínas e a suplementação de aminoácidos como responsáveis pelos efeitos desejáveis na hipertrofi a muscular e 
no metabolismo energético. 
A resposta da ação dos RE na função cardíaca é alterada pelo consumo de álcool e cafeína, que agem como ativadores 
dos disparos do sistema nervoso autônomo simpático (SNS), com ação taquicárdica, e pelos betabloqueadores, que 
atuam de forma a atenuar a resposta simpática, promovendo abaixamento da frequência cardíaca e reatividade simpática 
cardíaca.
No sistema nervoso central, encontramos a ação de anfetaminas, anabólicos esteroides e alguns moderadores de 
apetite.
A fadiga central pode ser suprimida com a utilização de glicose, fosfato, bicarbonato de sódio e outros componentes 
homeostáticos. A ação dos macro e micronutrientes nutrientes contribui no fornecimento de energia celular, 
independentemente do local. Por outro lado, o doping sanguíneo, a terapia de oxigênio e alguns agentes psicoativos 
podem contribuir com a redução da fadiga, aumentando a resistência física geral. O sistema nervoso pode apresentar 
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melhora funcional e consequentemente menor percepção do esforço caso haja ingestão de nutrientes, bem como uso 
de estratégias como hipnose, betabloqueadores e consumo leve de álcool, pois em doses elevadas poderá haver efeito 
reverso.
Ainda ressaltamos que, em programas de emagrecimento e no controle de peso, diferentes ações ergogênicas são 
utilizadas. Porém deve-se entender que, em médio e longo prazos, nenhum dos componentes derivados de anabólicos 
esteroides, diuréticos, GH e IGF-1, além de moderadores de apetite ou aceleradores do metabolismo, são necessários. 
O uso dessa classe de RE associa-se em geral à velocidade rápida com que as pessoas desejam reduzir o peso corporal.
Quadro 1 - Principais ações dos recursos ergogênicos no esporte e atividade física. Fonte: Yesalis (2004).
O mecanismo de ação dos RE na função muscular (AM), na resposta circulatória (RC) e na potência aeróbica (PA) 
pode ser afetado por diferentes fatores, que podem ser concordantes com os RE que agem no músculo como substrato 
de energia (SE) e os utilizados programas de perda de peso (PP) e no relaxamento (RL).
Podemos visualizar no quadro 2 a comparação dos diferentes RE na função de PA, RC, AM, SE, PP e RL.
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Quadro 2 – Comparação dos diferentes RE nas ações funcionais. Função muscular (AM) - Resposta circulatória (RC) - Potência 
aeróbica (PA) - Substrato de energia (SE) - Programas de perda de peso (PP) - Relaxamento (RL). Fonte: Yesalis (2004).
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CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS ERGOGÊNICOS
Os recursos ergogênicos são classifi cados de acordo com as suas respectivas organizações moleculares e químicas:
Farmacológicos: medicamentos e hormônios
• Esteroides anabólicos androgênicos (EEA) e análogos.
• Epoetina (eEPo).
• Eritropoietina (EPO).
• Hormônios de crescimento (GH) e hormônios análogos.
• Sobrecarga de bicarbonato.
• Doping sanguíneo.
• Carnitina.
• Creatina.
• Colina.
• Sobrecarga de fosfatos.
Psicológicos: estimulantes de SNC e simpaticomiméticos
• Anfetaminas.
• Beta-2 agonista (clenbuterol).
• Cocaína.
• Maconha.
• Álcool.
• Cafeína.
• Pseudoefedrina.
• Efedrina.
• Fenilpropanolamina.
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Nutricionais: ingeridos na forma de suplementos e in natura
• Aminoácidos.
• Vitaminas antioxidantes.
• Ácidos graxos de cadeia ramifi cada (AGRs).
• Ginseng (ginsem).
• Dieta rica em gorduras.
• Minerais (boro, ferro, cálcio, cromo, zinco).
• Carboidratos.
• Ácido linoleico conjugado (CLA).
• B-hidroxi-B-metilbutirato.
AÇÕES ESPECÍFICAS DOS RECURSOS ERGOGÊNICOS
As anfetaminas são compostos farmacológicos que exercem poderosos efeitos estimulantes sobre a função do 
sistema nervoso central. Os mecanismos de ação delas são observados na fi gura 2. Em geral, são utilizadas por pessoas 
que se envolvem em prática de exercícios voltados para o emagrecimento. Mais adiante, no capítulo 5, trataremos de 
modo específi co dessa ação. Além disso, elas indiscutivelmente promovemefeito estimulatório no metabolismo celular.
Os tipos mais comuns comercialmente encontrados são a benzedrina e o sulfato de dextroanfetamina (dexedrina). 
A benzedrina tem duração intermediária (até oito horas após a utilização), levando a mudanças psicocomportamentais, 
como inquietação, discurso apressado, irritabilidade, insônia, desarranjos estomacais, convulsões. O efeito crônico 
da utilização está associado a dependência, tendo sido observadas alterações comportamentais (insônia, excitação, 
alucinações, psicose), além de problemas epiteliais e subnutrição. A utilização é feita para a redução do peso no controle 
da obesidade, assim como em indivíduos com quadro de fadiga excessiva. 
O sulfato de dextroanfetamina tem ação mais rápida que a benzedrina, com pico em até três horas após administração. 
Porém a cinética farmacológica é maior, com tempo médio de 8-12 horas, o que levará a maior frequência diária de uso. 
Considerando a força na ação do medicamento, a dextroanfetamina tem forte contribuição na resposta simpaticomimética 
em função da atuação hipotalâmica, tendo capacidade de atuar nos terminais nervosos dopamínicos e noradrenérgicos, 
os quais respondem com ação excitatória nos sistemas cardiovascular, respiratório e hormonal. A ação clínica tem sido 
reportada no tratamento da narcolepsia e dos distúrbios de défi cits de atenção e hiperatividade. 
 
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Figura 2 – Ação metabólica das anfetaminas como efeito ergogênicos. Fonte: Produção do autor.
Embora ocorram efeitos rápidos no emagrecimento, efeitos colaterais são observados, o que eleva o risco de disfunção 
cardiovascular e metabólica. Destacamos que o uso regular pode criar dependência fi siológica e emocional, em especial 
pela percepção de estímulo e bem-estar que promove. Por outro lado, como há mudança da aparência física, distúrbios 
de autoimagem são encontrados, o que promove a continuidade do uso, agravando o risco de desenvolvimento de 
efeitos colaterais. 
• Efeitos colaterais observados: cefaleia, tremores, agitação, febre, vertigem e confusão mental.
• Tem sido observado que, após uso em tempo médio, será necessário incrementar a dose para a 
manutenção do efeito fi siológico, promovendo aumento na tolerância ao medicamento, o que pode 
elevar o risco de as alterações cardiovasculares.
• Ainda pode haver inibição dos mecanismos fi siológicos naturais na percepção a dor, fadiga e estresse 
térmico. 
A cafeína é uma substância ativa na esfera comportamental, uma vez que o consumo de café e chá é um importante 
fator cultural para diversos povos. A cafeína pertence ao grupo de compostos lipossolúveis chamados de purinas 
(1,3,7-trimetilxantina) e é encontrada em grãos de café, folhas de chá, chocolates, grãos de cacau, nozes de cola, 
bebidas efervescentes. São catalogadas atualmente 63 espécies de plantas que possuem cafeína em folhas, sementes 
ou frutos. 
As características químicas da cafeína permitem que seja absorvida depressa no intestino, com rápido incremento 
plasmático em apenas uma hora, embora tenha um tempo de washout para reduzir a concentração sanguínea.
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O efeito ergogênicos sugere que a ingestão de 2,5 xícaras de café (tipo expresso) uma hora antes da atividade física 
aumenta a potência aeróbica e anaeróbica. Cada xícara tem aproximadamente 100 mg de cafeína, portanto, nessa 
quantidade, teremos 250 mg. A dose letal para o ser humano é 10 g. 
Há um equívoco na realização de atividades aeróbicas em jejum, com a falsa ideia de que aumentará a mobilização 
de ácido graxo. Esse raciocínio é inconsistente, pois se sabe que, ao fazer exercício em jejum com o uso de algum 
suplemento que contenha cafeína, não haverá maior gasto calórico. Não há sustentação cientifi ca para esse tipo de 
pensamento, pois o maior aumento na oxidação de gordura se dará pela oferta de oxigênio na célula e pela ativação 
enzimática-metabólica na oxidação de ácidos graxos livres e não pela presença de cafeína. Portanto, consumir café e/
ou suplementos de cafeínas não garante em que se mobilizará mais gordura. 
De qualquer maneira, a presença de cafeína, em quantidade sufi ciente para promove efeito ergogênicos diminuirá a 
utilização do glicogênio muscular, contribuindo com o aumento de hormônios metabólicos como o cortisol, favorecendo 
a resposta no perfi l da lipólise do tecido adiposo subcutâneo, bem como na ativação de receptores musculares, em 
especial mioglobina. 
Ainda, a ação indireta na liberação da adrenalina estimula a enzima lípase intramuscular, aumentando a lipólise. A 
lipólise intramuscular está associada ao maior consumo de ácidos graxos livres no repouso e no exercício. É interessante 
mencionar que a redução da gordura intramuscular contribui signifi cativamente para a melhora da sensibilidade à 
insulina, reduzindo a chance de desenvolvimento do diabetes. Com a prática regular de atividade física e exercício, 
em intensidade moderada a vigorosa, acumulando pelo menos 350 a 420 minutos por semana, os efeitos serão mais 
efetivos. 
 
Figura 3 – Ação metabólica da cafeína em diferentes células-alvo. Fonte: http://www.proximus.com.br/news/node/163. 
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Considerando o papel da cafeína no comportamento e na ativação das atividades do sistema nervoso central, 
encontramos aumento da excitabilidade neuronal central, afetando inicialmente a memória recente por até 24 horas. 
Evidências científi cas apontam que a excitabilidade dos neurônios pela ação da cafeína se associa, ao longo da vida, a 
menor prevalência de doenças cognitivas ou degenerativas.
Em relação ao papel dessa substância na atividade neural e física, encontra-se maior facilidade no recrutamento de 
fi bras musculares, promovendo redução do limiar no recrutamento de unidades motoras, fato que acelera e favorece a 
atividade contrátil muscular. Ainda podemos destacar que, pela alteração positiva na atividade neural, ocorrerá aumento 
da força em exercícios com maior volume e menor intensidade. Isso está associado a excitabilidade da placa motora 
e do neurônio motor α, transporte iônico mais rápido para dentro do músculo e maior permeabilidade do retículo 
sarcoplasmático ao cálcio, o que acelera a atividade da rianodina e da piridina, com controle funcional da disponibilidade 
de cálcio para a união actomiosínica.
Existe um número expressivo de suplementos que contêm cafeína, sendo a maioria deles com valores de 420-540 
mg por porção. Embora os suplementos sejam colocados a venda com uma regulamentação específi ca, deve existir ação 
educacional sobre a real necessidade do uso desse RE.
A efedrina historicamente tem sido utilizada com a intenção de melhora das condições de batalha desde 2.700 a.C 
e também para tratar problemas respiratórios. A efedrina é proveniente do consumo de efedra, planta conhecida desde 
a Antiguidade.
Quimicamente, a efedrina é uma amina simpaticomimética com ação relativamente similar à das anfetaminas, 
presente em medicamentos associados a centenas de produtos farmacêuticos, como broncodilatadores antiasmáticos, 
anti-histaminicos, descongestionantes, supressores de apetite e auxiliadores para a perda de peso. 
A ação da efedrina no aumento da mobilização de gordura é conhecida, sendo também utilizada com o intuito 
de aumentar apetite sexual, motivação e energia (< 24 mg por dose). O efeito associado a redução do peso ocorre 
em função de gerar aumento do metabolismo, promovendo maior lipólise por meio do processo da termogênese. 
Entretanto, o uso com esse propósito é proibido por causar alto nível de dependência, sendo que não se recomenda 
que as doses diárias ultrapassem 25 mg.
A utilização de efedrina deve ser cuidadosamente observada, pois os efeitos colaterais são bastante severos, 
promovendo complicações em ordem metabólicas e cardiovascular, como ação anorexígena, insônia e fatores coassociados 
da redução da ingestão alimentar,como defi ciência vitamínica. A superdosagem está associada a alucinações, tremores, 
alterações de humor, tontura, obnubilação, vertigem, taquicardia, hipertensão e, em condições adversas, morte súbita, 
fato recorrente na realidade brasileira, principalmente entre jovens, aparentemente saudáveis, com histórico de prática 
de atividades vigorosas. 
Em teoria, a efedrina irá promover efeito termogênico, levando a diminuição da gordura corporal, e atuará como 
estimulante no aumento do desempenho. 
A efedrina atua de forma simpatomimética, com alto grau de potencialização tanto no exercício como no repouso. No 
desempenho esportivo e na prática de exercícios em programas de emagrecimento, existe aumento da disponibilidade de 
energia, maior determinação mental pela ativação simpática, maior percepção de autoefi cácia, aumento da capacidade 
física de trabalho e da força muscular.
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Teoricamente, a ação mimética da efedrina, ao ativar o sistema nervoso simpático, poderia aumentar a contratilidade 
muscular, com sua capacidade de produzir força, e o débito cardíaco, embora isto ocorra pelo aumento do estresse 
mecânico a que o coração será submetido, observado pela resposta da frequência cardíaca. Ainda haverá aumento do 
calibre das vias aéreas, favorecendo a captação e a absorção de oxigênio, condição fundamental em todas as etapas da 
atividade física, podendo aumentar todos os tipos de desempenho, mais notadamente o de endurance. 
Entre os efeitos colaterais da superdosagem, encontramos eventos cardiovasculares como hipertensão arterial, 
infarto do miocárdio e morte súbita, miocardite, aumento da frequência cardíaca, vasoespasmo coronariano, isquemia, 
infarto e arritmias. O efeito cardiovascular da efedrina está associada a estimulação alfa e beta-adrenérgica, levando a 
aumento da pressão arterial, aumento similar ao uso da cocaína. 
Sabe-se que, entre fi siculturistas e pessoas que estão realizando programas de emagrecimento, um coquetel 
bastante utilizado é a ECA (efedrina, cafeína e aspirina), utilizada pela ação efetiva no metabolismo de gorduras. Nessa 
combinação, a cafeína visa promover aumento da concentração plasmática de catecolaminas, sendo que parece existir 
alguma potencialização no efeito termogênico do exercício com a combinação de cafeína e efedrina. A quantidade 
dessa combinação para que a ação ergogenica seja observada é de 250 mg de aspirina, 20 mg de efedrina e 250 mg 
de cafeína. 
Outro RE utilizado no auxílio do aumento da disponibilidade energética no exercício é o ácido linoleico conjugado 
(CLA). O CLA tem sido usado como um suplemento alimentar que atua na redução do gordura, sendo encontrado na 
dieta em carnes, ovos, leite e derivados. Ainda há poucos estudos disponíveis em humanos, sendo os primeiros da 
década de 1990. Eles mostram que as principais ações fi siológicas do CLA são: 
• Anticarcinogênica.
• Melhora da função imunológica.
• Anti-infl amatória
• Antiaterogênica.
• Potencialização da formação óssea.
• Redução da gordura corporal, principalmente no abdômen.
• Auxílio na manutenção do peso perdido.
• Redução da glicemia em diabéticos
• Auxílio no controle da PA.
Tem sido reportada na literatura diminuição da atividade da enzima lípase lipoproteica, o que poderia explicar a 
menor concentração de triglicerídio no adipócito. 
 
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Figura 4 – modelo de ação do ácido linoleico conjugado. Fonte: http://www.rgnutri.com.br/sap/tr-cientifi cos/alc.php. 
Uma das principais ações do CLA é o auxílio na atividade da enzima carnitina palmitoil transferase, resultando 
no maior transporte de ácido graxo para a cadeia de transporte de elétrons. Os ácidos graxos são captados por 
diversos tecidos, especialmente pelos músculos durante o exercício, onde são convertidos em acil-CoA. Essas moléculas 
necessitam atravessar a membrana mitocondrial interna e chegar à matriz para serem oxidadas (β-oxidação). Como 
são impermeáveis à membrana, o seu transporte é realizado pela enzima carnitina-acil transferase I (CAT-I). Por meio 
de uma série de reações da β-oxidação, cada ácido graxo é degradado em moléculas de acetil-CoA, que podem ser 
oxidadas no ciclo de Krebs, gerando energia ou sendo convertidas em corpos cetônicos.
 A degradação de carboidratos também gera acetil-CoA, que em excesso promove a formação de malonil-CoA, um 
precursor da síntese lipídica. Este inibe a carnitina acil transferase I, diminuindo a entrada de ácidos graxos na matriz 
mitocondrial e sua consequente oxidação. A ingestão de carboidratos pode inibir a queima de gordura. Assim, o excesso 
de acetil-CoA devido a uma ingestão aumentada de nutrientes não somente promove uma inibição da oxidação lipídica 
como um aumento dos depósitos de triacilgliceróis (triglicerídeos). A velocidade com que o fígado capta glicerol para 
a gliconeogênese é reduzida, fazendo com que sua concentração sérica esteja aumentada durante o processo de 
lipólise. Portanto, a concentração plasmática de glicerol torna-se uma forma viável de avaliar a intensidade da lipólise 
durante o exercício. A concentração de ácidos graxos circulantes no plasma, durante a atividade física é primeiramente 
dependente da lipólise, mas também da redução da reesterifi cação.
Elevadas doses de CLA podem provocar resistência à insulina, levando, em condição de longo prazo de utilização, ao 
diabetes tipo II por ação medicamentosa.
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A glutamina é um aminoácido abundante no plasma sanguíneo e no músculo, representando, em humanos, 
disponibilidade de 20% do total dos aminoácidos livres do plasma. A glutamina tem sido utilizada como suplemento 
por conta de sua função ergogênica pela resposta positiva na manutenção da atividade imunológica, em função de sua 
associação com células de rápida divisão celular, como enterócitos, células tumorais e fi broblastos.
A glutamina auxilia no crescimento e na manutenção metabólica celular, sendo importante substrato energético na 
proliferação celular. A ação sistêmica desse aminoácido ocorre nos rins no controle do equilíbrio acidobásico, sendo 
substrato na amoniogênese. No fígado, contribui como substrato gliconeogênico. No sistema muscular, representa 40-
60% do pool total de aminoácidos livres,
A utilização de glutamina como RE está fortemente associada a indivíduos com síndrome de overtraining, provocada 
pela sucessão de estímulos prolongados e intensos aliada a períodos de recuperação insufi cientes, diminuindo a 
capacidade de supercompensação celular às cargas efetivas de trabalho. Sintomas de fadiga crônica, distúrbios do 
sono, dentre outros fatores, são observados. 
As vias metabólicas associadas à ação de glutamina fornecem carbono e nitrogênio na síntese de alanina, citrulina e 
prolina, importantes componentes estruturais e metabólicos dos tecidos. As principais funções da glutamina são: 
Quadro 3 – Ações da glutamina. Fonte: Yesalis (2004).
Recursos ergogênicos e doping
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A glutamina tem sido indicada para indivíduos que apresentam caquexia e na terapia nutricional para prevenir perda 
muscular em casos de AIDS e câncer. 
AÇÃO DE RECURSOS ERGOGÊNICOS NO EMAGRECIMENTO
A obesidade, considerada como uma doença metabólica e neuroendócrina, resulta da inter-relação entre fatores 
ambientais obesogênicos e predisposição genética. Para seu controle ou tratamento, modifi cações do estilo de vida 
(MEV) propostas são fundamentais e podem ser efetivas, mas, em geral, o uso de um suporte farmacológico faz-se 
necessário para auxiliar a obter uma resposta mais abrangente e mais rápida.
No entanto, há inúmeras discussões sobre a aplicação da terapia medicamentosa. Isso porque os fármacos que 
apresentam respostas clínicas mais efetivas também desencadeiam efeitos adversos preocupantes. Além disso, o 
término do tratamento medicamentoso pode determinar novamente o ganho de peso, que pode até ultrapassar os 
valoresmáximos apresentados anteriormente pelo paciente. Isso porque, muitas vezes, ele não segue de forma correta 
a retirada do medicamento e porque não mantém as MEV (dieta e atividade física) de forma regular e até mais intensa, 
visto que deixou de usar o suporte químico oferecido pelo medicamento.
 
Figura 5 – Ação e drogas associadas ao emagrecimento. Fonte: http://obesidadebiobio.blogspot.com.br/2008/07/em-busca-de-um-corpo-ideal.html.
Recursos ergogênicos e doping
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O grande desafi o é conseguir o desenvolvimento de novos fármacos ou novas associações que consigam levar a 
melhores resultados com maior segurança. O entendimento mais profundo da regulação da ingestão alimentar em nível 
hipotalâmico tem criado novas frentes de pesquisa, mas, ainda assim, os fármacos de maior utilização atual (exceto o 
orlistate) ainda exibem como mecanismo de ação a interferência nos níveis de neurotransmissores monoamínicos nessa 
área, levando à exacerbação da transmissão noradrenérgica e/ou serotoninérgica.
Alguns fármacos de uso comum em outros países e no Brasil: 
• Orlistate 
O orlistate é considerado um tratamento de primeira linha para a obesidade, mesmo oferecendo resultados modestos. 
Ele inibe as lípases gástrica e pancreática, impedindo em até 30% a absorção de gorduras. Não desencadeia efeitos 
sistêmicos, pois sua absorção é praticamente nula. Pode ser usado na dose de até 360 mg/dia.
 
Figura 6 – Mecanismo de ação do orlistate. Fonte: http://www.folhadaregiao.com.br/jornal/1999/02/21/cidades.php. 
Mesmo não levando a efeitos colaterais sistêmicos signifi cativos, promove esteatorreia (diarreia gordurosa) e 
menor absorção de vitaminas lipossolúveis. Uma grande limitação acaba se relacionando às cólicas e à evacuação de 
emergência. Outro representante com o mesmo mecanismo de ação é o cetilistate.
• Sibutramina
A sibutramina teve seu uso descontinuado na Europa a partir de 2009, pelos problemas cardiovasculares 
desencadeados. No Brasil, é vendida sob prescrição médica com retenção da receita. Em março de 2010, a ANVISA 
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alterou a classifi cação da sibutramina da lista C1 (branca) para a lista B2, 
sendo vendida sob receituário azul numerado. Também estabeleceu a dosagem máxima de 15 mg por dia e a validade 
do receituário por 60 dias. Em 2011, ofi cializou que as prescrições devem estar acompanhadas de um termo de 
responsabilidade entre médico e paciente.
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Figura 7 – Fórmula química da sibutramina. Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422010000300031&script=sci_arttext. 
A sibutramina e seus metabólitos ativos (M1 e M2) inibem a recaptura neuronal de noradrenalina (NA), serotonina 
(5HT) e, em menor grau, dopamina (DA), elevando seus níveis centrais e periféricos. A perda de peso decorre do 
aumento da saciedade e da termogênese. A droga pode também reduzir a compulsão alimentar. Ela tem boa absorção 
oral e sofre extenso metabolismo de primeira passagem, pois exibe grande porcentagem de eliminação hepática 
(principalmente pela fração CYP 3 A4). Sua dose habitual é de 10 mg ou 15 mg/dia.
 
 Figura 8 – Efeitos colaterais do uso de anorexígeno. Fonte: http://www.bulas.med.br/bula/294810/cloridrato+de+sibutramina+monoidratado.htm. 
A elevação de NA promove taquicardia e vasoconstrição periférica, levando a elevação da pressão arterial. Isso 
pode favorecer desfechos mais graves, como acidentes vasculares e cardiopatias isquêmicas em pacientes vulneráveis. 
Também pode promover náuseas, boca seca, sudorese e constipação intestinal. Em nível central, favorece surgimento 
de delírios, ansiedade, insônia, alteração de humor e cefaleias. Suas contraindicações incluem: gravidez e lactação; 
idade inferior a 16 anos e superior a 65 anos; hipertensão moderada a grave; consumo de álcool; e uso associado a 
fármacos que aumentem também níveis ou ação de serotonina, como IMAO (inibidores da monoaminoxidase), ISRS 
(inibidores seletivos de recaptura de serotonina, como a fl uoxetina), opioides e triptanos.
Recursos ergogênicos e doping
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• Derivados anfetamínicos: anfepramona, femproporex e mazindol (derivado 
imidazólico)
Em 2011, a ANVISA emitiu uma resolução que proibia a comercialização desses fármacos. No entanto, em setembro 
de 2014, o Senado aprovou um Projeto de Decreto Legislativo que suspende essa resolução, permitindo sua produção, 
manipulação e venda. A proibição relacionou-se à discussão sobre sua baixa segurança clínica frente aos efeitos 
colaterais cardiovasculares desencadeados. Em contraposição, diferentes grupos questionaram essa decisão, alegando 
que a obesidade é um problema de saúde pública que necessita de suporte farmacológico; reiteraram que o maior 
problema não se deve aos fármacos, mas ao seu uso indevido e mal controlado.
 
Figura 9 – Estrutura química da anfetamina. Fonte: http://energycontrol.org/infodrogas/speed.html. 
Esses fármacos promovem aumento dos níveis centrais e periféricos de NA e DA. São considerados supressores de 
apetite. O aumento dos níveis de NA em nível periférico promove risco de elevação de pressão arterial (PA) e de suas 
complicações cardiovasculares; também causa constipação intestinal, midríase, sudorese, náuseas e secura na boca. 
Suas ações centrais levam a um quadro de maior excitabilidade, em que o paciente apresenta agitação, nervosismo, 
irritabilidade, euforia, maior estado de alerta e menor fadiga. Sua interrupção abrupta pode, no entanto, gerar fadiga e 
depressão severas. A elevação dos níveis de dopamina pode favorecer quadro de dependência física. 
São contraindicados no hipertireoidismo e no glaucoma, no histórico ou na presença de doenças cardiovasculares e, 
à semelhança da sibutramina, não podem ser usados em lactantes e gestantes. Não devem ser usados em associação 
a outros medicamentos que promovam efeitos cardiovasculares, principalmente elevação da PA, ou àqueles que elevem 
os níveis de noradrenalina e/ou dopamina.
• Fluoxetina e sertralina (ISRS)
São chamados de agentes serotoninérgicos, pois aumentam níveis centrais de 5-HT ao inibirem sua recaptura 
neuronal. Não são fármacos antiobesidade, mas sim antidepressivos. Podem ser de indicação para pacientes obesos 
com quadro associado de depressão. 
 
Recursos ergogênicos e doping
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Figura 10 – Estrutura química da fl uoxetina. Fonte: http://brainly.com.br/tarefa/555898. 
Em curto prazo, promovem anorexia, mas esse efeito não se sustenta com uso crônico. Seu maior benefício pode 
estar relacionado à redução da ansiedade, condição comum a muitos pacientes obesos. Podem causar náuseas, insônia, 
disfunção sexual, exantema e alterações da função hepática. Não devem ser usados em associação a outros fármacos 
que também aumentem os níveis centrais de 5-HT, incluindo a sibutramina. 
• Liraglutida (Victoza®)
É um fármaco antidiabético e não um agente antiobesidade. É um análogo do peptídeo incretínico GLP-1 (peptídeo 
semelhante ao glucagon), porém com maior tempo de meia vida. 
É de administração injetável (subcutânea); promove aumento da saciedade e lentifi cação do esvaziamento gástrico, 
além de elevar a liberação de insulina e relacionar-se ao melhor funcionamento das células beta pancreáticas. Pode 
causar náuseas e vômitos, e seu uso pode estar relacionado com casos de pancreatite e neoplasias pancreáticas, 
mesmo que muito raros. 
• Lorcaserina (Belviq®)
Fármaco aprovado pelo FDA em 2012 para o tratamento da obesidade que, no entanto, sofreu restrições na Europa 
e que no Brasil teve sua comercialização suspensa em 2013. É um agonista altamente seletivo do receptor 5 HT2C, que 
determina ativação do sistema POMC. Sua suspensão pela ANVISA baseia-se nos possíveis efeitos colaterais cardíacos, 
principalmente em relação ao comprometimento das valvas mitral e aórtica.
O desenvolvimento da lorcaserina deu-se frente aos resultados que o uso de fenfl uramina ou dexfenfl uramina promovia 
sobrea perda de peso (usados associados à fentermina). Esses fármacos foram retirados do mercado justamente pelo 
risco de valvulopatias, mas, como sua ação era menos seletiva, ou seja, atuavam sobre receptores 5-HT2B e 5-HT2A, 
foi desenvolvido outro altamente seletivo para 5-HT2C. A discussão sobre sua segurança ainda permanece.
Recursos ergogênicos e doping
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DOPING
O conceito de doping no esporte está associado ao uso proposital ou não intencional de substâncias ou métodos 
proibidos pelo COI que levam a vantagem desleal para melhoria do desempenho (ex: anabólicos esteroides). 
Possíveis efeitos colaterais à saúde são reportados quando não utilizados para fi ns terapêuticos, sendo considerados 
crime a venda, o transporte e a prescrição para fi ns estéticos, infelizmente muito observados na prática de atividades 
física. No âmbito do esporte de rendimento, essa é considerada uma atitude antidesportiva e antiética.
A utilização de agentes que pudessem contribuir com a melhora da performance no esporte ou na própria atividade 
da vida diária sempre fez parte historicamente da vida da humanidade. Encontramos citações de que, em 2700 a.C., os 
chineses utilizavam folhas de efedra para chás, permitindo melhora e sensação de bem-estar, sendo essa prática comum 
também na Grécia. Nas Olimpíadas da Grécia Antiga, testículos de boi eram consumidos pelo vigor que traziam aos 
competidores. Na América do Sul, o consumo de folhas de coca ocorre pela sensação de bem-estar para as atividades 
da vida diária diante da altitude. Durante a Segunda Guerra Mundial, o uso de anfetaminas e testosterona era comum 
pelas longas horas em vigília, além da agressividade gerada pela última.
Os relatos apontam o consumo de cocaína e efedrina como o primeiro caso de doping esportivo, no século XIX. 
Nas Olimpíadas de Londres (1948), foi reportado o uso de anabolizantes, e em 1960, nas Olimpíadas de Roma (1960), 
ocorreu a primeira morte de um atleta, um ciclista, por uso de substâncias químicas. Em 1964, nas Olimpíadas de 
Tóquio, tiveram início as primeiras ações médicas para realizar os primeiros testes antidoping, e, em 1967, o Comitê 
Olímpico Internacional criou uma comissão médica nesse sentido. O controle, os testes e as regras antidoping foram 
ofi cializadas nas Olimpíadas do México (1968). 
Com o intuito de melhorar o controle e as regras antidoping, foi criada a WADA (World Anti-Doping Agency), uma 
agência reguladora independente, com suporte fi nanceiro de países afi liados ao Comitê Olímpico Internacional. Ela 
passou a coordenar internacionalmente ações que visam educar, controlar e pesquisar as ações que envolvem novos 
agentes dopantes, bem como o consumo dessas substâncias entre atletas em todo o mundo, mesmo em períodos de 
treinamento. A WADA acompanha as politicas internacional antidoping de todos os esportes, fazendo cumprir o fair play 
e o Código Mundial Antidoping. 
O doping pode ser dividido em diferentes classes de agentes em função da organização funcional que apresentam as 
substâncias estimulantes: esteroides anabolizantes, diuréticos, narcóticos analgésicos e hormônios peptídicos. 
A ação dos estimulantes é diminuir a percepção de fadiga. São encontrados em praticantes de esportes coletivos e 
de provas de longa duração. Fazem parte desse grupo as anfetaminas, a efedrina e a cafeína. A cocaína também é uma 
integrante. 
Os narcóticos analgésicos não melhoram o desempenho, mas aliviam a dor associada, fato que contribui com a 
prática do esporte e do exercício. São utilizados por praticantes de várias modalidades. Exemplos incluem a metadona, 
a morfi na, a heroína e a fenazocina. 
Os diuréticos associam-se a duas condutas: A) reduzir o peso (no caso de modalidades divididas em categorias de 
peso e B) mascarar o doping, ao aumentar a excreção de volume de urina. O diurético pode contribuir com a redução de 
traços metabólicos de substâncias dopantes. Os exemplos mais frequentes são a bumetanida, a clopamida e o manitol. 
Recursos ergogênicos e doping
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Os esteroides anabolizantes são hormônios sintéticos associados a mudança no desempenho físico. São utilizados 
em esportes de força, em fi siculturismo e, mais recentemente, em programas de academias para efeitos estéticos.
Os hormônios peptídicos são substâncias naturais cuja molécula é formada por dois aminoácidos ligados (um 
peptídeo). Têm importância na fi xação de proteínas e são utilizadas em esportes que exigem o desenvolvimento de 
potência muscular ou força máxima. São exemplos gonadotrofi na, EPO, IGF-1. 
São encontrados efeitos positivos e colaterais gerais em cada uma das classes dos medicamentos, como segue 
abaixo.
 
Quadro 4 – Efeitos benéfi cos e contraindicações de agentes dopantes. Fonte: Produção do autor.
Existem várias posições de entidades científi cas nacionais e internacionais sobre o uso, os efeitos e a necessidade 
de banir o consumo de substâncias dopantes nos esporte. O American College of Sports Medicine (1987) publicou uma 
das mais importantes contribuições baseadas em uma análise cuidadosa dos efeitos ergogênicos e adversos do uso de 
esteroides androgênicos. O estudo mostra resumidamente: 
1. Na presença de anabólicos esteroides androgênicos e de uma dieta adequada pode haver contribuição 
para o aumento do peso corporal, frequentemente da massa corporal magra;
2. Os ganhos na força muscular atingida através de exercícios de alta intensidade e uma dieta apropriada 
podem ser aumentados pelo uso de anabólicos esteroides androgênicos em alguns indivíduos;
3. Anabólicos esteroides androgênicos não aumentam a potência aeróbica ou a capacidade muscular em 
exercícios; 
Recursos ergogênicos e doping
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4. Anabólicos esteroides androgênicos são associados com efeitos adversos no fígado, sistema 
cardiovascular, sistema reprodutor, e características psicológicas em tratamentos em um conjunto de 
pesquisas realizadas em atletas. Enquanto futuras pesquisas estão sendo realizadas, o potencial de 
perigo do uso de anabólicos esteroides androgênicos deve incluir aqueles encontrados nas ações 
terapêuticas;
5. O uso de anabólicos esteroides androgênicos por atletas é uma ação oposta às regras e princípios 
éticos da competição atlética como estabelecido por muitos dos comitês esportivos governamentais. O 
Colégio Americano de Medicina do Esporte apoia esses princípios éticos e lamenta o uso de esteroides 
anabólicos androgênicos por atletas.
Acrescentamos que o uso de esteroides anabólicos e substâncias psicoativas, realizado muitas vezes por praticantes 
de exercícios com objetivos estéticos, é totalmente contraindicado em função dos riscos cardiovasculares, hepáticos e 
endócrinos, como exaustivamente sustentado por evidências científi cas, que podem ocorrer em curto e médio prazos.
 
Figura 11 – Ação da testosterona na função corporal. Fonte: http://www.corpoideal.com.
br/blog/dieta-e-nutricao/como-aumentar-os-niveis-de-testosterona/. 
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Os efeitos positivos do uso de doping e dos anabólicos esteroides são contribuição para o aumento de peso corporal 
(massa magra) e redução da quantidade de gordura, bem como aumento da fração de síntese proteica pós-exercício, 
aumento da capacidade de sustentar atividade por mais tempo, reduzindo a fadiga muscular, menor liberação na 
concentração de cortisol, promovendo estado anabólico muscular e aumento da força muscular. Por outro lado, os 
efeitos colaterais do uso de doping e de anabólicos esteroides são: 
Quadro 5 – Efeitos colaterais de esteroides. Fonte: Yesalis (2004).
Os esteroides são drogas com características anabolizantes da testosterona (estimulação do crescimento), utilizados 
para aumento da massa corporal e muscular e do desempenho físico. Quimicamente, são lipídios, em que o colesterol 
é substância fundamental na sua formação. Eles desempenham papel fundamental na fi siologia humana.
Os esteroides apresentam uma estrutura química chamadaciclo-pentano-peridro-fenantreno, estando distribuídos 
no organismo nos hormônios sexuais, na vitamina D e nos esteróis, tais como o colesterol e a digitalina. 
Recursos ergogênicos e doping
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No uso farmacológico, os esteroides constituem os princípios ativos das pílulas anticoncepcionais ministradas 
oralmente. Também surgem nos anti-infl amatórios hormonais, usados no tratamento de diversas afecções, tanto em 
pomadas e soluções como em medicamentos de ação sistêmica (oral, inalatório, intramuscular e intravenoso). 
Embora se associem os esteroides à testosterona, uma das categorias é a cortisona, que apresenta efeito analgésico 
e anti-infl amatório. São usados como anabolizantes devido aos efeitos anabólicos esperados dos andrógenos (hormônios 
sexuais masculinos) no desenvolvimento de massa muscular, por exemplo.
Os compostos de estrutura tetracíclica (quatro anéis) com um ou mais grupos -OH são chamados esteróis. O esterol 
mais comum é o colesterol, oriundo das gorduras animais e não das vegetais. Apresentam quimicamente os efeitos 
anabólicos da testosterona, ativando o metabolismo proteico, retendo nitrogênio e aumentando a expressão do RNA. 
Outros hormônios produzidos pelo corpo, como a insulina, o glucagon e os hormônios da tireoide, têm o mesmo perfi l 
funcional. São relatadas três categorias de esteroides: os estrógenos, os andrógenos e a cortisona.
Estrógenos (hormônio feminino): são produzidos no ovário e responsáveis por produzir os caracteres sexuais 
femininos.
Andrógenos (hormônio masculino): são produzidos nos testículos e responsáveis pelas manifestações das 
características sexuais do homem. 
Esses dois hormônios são produzidos em homens e mulheres, havendo predominância dos estrógenos no sexo 
feminino e dos andrógenos no masculino.
Cortisona: é produzida em ambos os sexos, tem efeito analgésico e anti-infl amatório. 
Analisando a especifi cidade dos esteroides anabólicos, eles são classifi cados como um subgrupo dos andrógenos. 
Os esteroides estão presentes em todo o corpo e em pequenas quantidades já promovem efeito signifi cativo funciona 
e estrutural. Os esteróis, que contêm um grupo hidroxila, são os esteroides de maior prevalência. O esterol mais 
importante é o colesterol.
 
Figura 12 – Estrutura química do colesterol. Fonte: http://corticoides.wordpress.
com/2012/05/27/hormonios-esteroides-e-o-colesterol-qual-a-relacao/. 
Recursos ergogênicos e doping
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Embora o colesterol seja fabricado pelo corpo, pode ser obtido pela dieta. Esse lipídio é encontrado no cérebro e no 
tecido nervoso, sendo parte integrante da mielina, a membrana que reveste os neurônios. Porém a doença cardíaca e 
a hipertensão arterial podem estar associadas ao excesso desse composto, pela deposição do colesterol no interior das 
paredes dos vasos. Essa alteração leva a aterosclerose, que é uma forma de arteriosclerose associada ao nível elevado 
de colesterol no sangue. 
Os esteroides anabolizantes, como agentes farmacológicos, podem ser encontrados na forma oral e injetável. Os 
orais mais comuns são: mesterolona (Proviron), metandrostenolona (Dianabol), metiltestosterona, oxandrolona (Anavar) 
e estanozolol (Winstrol). A absorção intestinal é processada pelo fígado, responsável pela metabolização de todas as 
substâncias em excesso ou adversas ao organismo, de onde segue para a corrente sanguínea. Vários esteroides são 
destruídos por um processo conhecido como 17 alpha alcalinização, o qual promove um efeito adicional de sobrecarga 
e consequentemente dano hepático. 
Os injetáveis mais comuns são nandrolona (Deca-Durabolin), boldenone (Equipose - vt), estebolone acetato 
(Anatrofi n) e metandrostenolona (Dianabol). Os esteroides injetáveis apresentam efeito menos severo que os orais por 
terem menos tempo de alcalinização. Eles passam para a corrente sanguínea por via muscular, e umas das vantagens 
é a base oleosa permanecer na circulação por mais tempo. Porém deve-se observar que a ação dos anabolizantes 
injetáveis será mais danosa nos rins, além de causar desconforto no momento da aplicação. 
Considerando que a ação dos anabólicos esteroides ocorre no músculo, destacamos seu funcionamento:
1. Os anabolizantes promovem alterações no citoplasma por meio da penetração de água nas células por 
osmose. 
2. A dose exógena de hormônio aumentará o metabolismo celular, sendo entendido pela célula que deve 
acelerar todas as funções.
3. Em função do exercício e da propriedade elástica do tecido muscular, a célula aumenta seu volume, 
perfazendo o conhecido efeito hipertrófi co.
4. Os tendões são estruturas fi xas e rígidas e não conseguem suportar o súbito aumento da massa 
muscular e da tração exercida sobre eles, podendo apresentar rompimento ou lesões menores, levando 
a perda da condição funcional. 
 
Recursos ergogênicos e doping
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Figura 13 – Esquema da cascata hipertrófi ca. Fonte: http://www.proximus.com.br/news/node/323. 
O efeito hipertrófi co muscular ocorre por um conjunto de sinalizadores celulares, hormonais e enzimáticos que 
estimulam as células satélites a iniciarem os processos de proliferação celular, havendo, nesse caso, a necessidade de 
carga mecânica externa, ou seja, de uma prescrição adequada de treinamento. Nesse sentido, reforçamos que não 
adianta o consumo de RE sem uma correta periodização do treinamento. Dessa forma, identifi ca-se que o conhecimento 
científi co sobre esse tema, aliado a nutrição adequada (identifi cada por uma avaliação nutricional), será mais importante 
que o uso de RE, fi cando este como última decisão na prescrição do exercício.
Recursos ergogênicos e doping
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SUBSTÂNCIAS E MÉTODOS PROIBIDOS EM COMPETIÇÃO E FORA DE 
COMPETIÇÃO
A WADA tem buscado alternativas para reduzir o uso de agentes dopantes, os quais promovem um conjunto de 
alteração no desempenho físico. 
Em 2008, um conjunto de substâncias não aprovadas foi delineado com intuito de proteger a saúde de praticantes, 
tanto pelos efeitos colaterais que são cientifi camente conhecidos como para criar espírito de lealdade, igualdade e 
ética no esporte. As substâncias consideradas doping possuem ação farmacológica em terapêuticas para indivíduos 
que apresentam estado clinico ou pré-clínico relacionado a disfunções hormonais ou metabólicas. Entretanto, quando 
utilizadas no esporte, são entendidas como agentes dopantes, o que as torna proibidas em competições ou treinamento. 
Dessa forma, apresentamos a seguir a listagem ofi cial da WADA de substâncias e classes de funções encontradas nos 
esporte. A lista de substâncias dopantes é constantemente alterada (a cada ciclo olímpico e campeonatos mundiais), 
com inclusão ou eventualmente exclusão de agentes. 
A prescrição deve respeitar os princípios éticos médicos, sendo crime e exercício ilegal da profi ssão outros profi ssionais 
indicarem esses medicamentos sem caráter clínico ou pré-clínico. 
Agentes anabolizantes 
Os agentes anabolizantes são proibidos em todas as condições de aplicação do esporte.
a. Esteroides androgênicos anabolizantes exógenos
Androstenediol, androstenediona, bolandiol, bolasterona, boldenona, boldiona, calusterona, clostebol, danazol, 
dehidroclormetiltestosterona, desoximetiltestosterona, drostanolona, etilestrenol, fl uoximesterona, formebolona, 
furazabol, gestrinona, mestenolona, mesterolona, metandienona, metandriol, metasterona, metenolona, metildienolona, 
metilnostestosterona, metiltrienolona, metiltestosterona metribolona, metiltrienolona, mibolerona, nandrolona, 
norboletona, norclostebol, noretandrolona, oxabolona, oxandrolona, oximesterona, oximetolona, prostanozol, 
quinbolona, stanozolol, stenbolona, tetrahidrogestrinona, trenbolona.
b. Esteroides androgênicos anabolizantes endógenos (se administrados exogenamente) 
Androstenediol, androstenediona, dihidrotestosterona, prasterona, dehidroepiandrosterona-DHEA, androstenediona, 
epi-dihidrotestosterona, epitestosterona, etiocolanolona, keto DHEA, norandrosterona.c. Outros agentes anabolizantes, incluindo, mas não limitados, a: 
Clembuterol, moduladores seletivos dos receptores dos androgênios (SARMs), tibolona, zeranol, zilpaterol. 
Recursos ergogênicos e doping
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Hormônios peptídios, fatores de crescimento e substâncias relacionadas 
As seguintes substâncias e seus fatores de liberação são proibidos: 
1. Agentes Estimulantes da eritropoiese. [por ex. eritropoietina (EPO), darbopoietina (dEPO), estabilizadores dos 
fatores indutores de hipoxia (HIF), metoxi polietileno glicol-epoiteina beta (CERA), peginesatida (hematida)].
2. Gonadotrofi na coriônica (CG) e hormônio luteinizante (LH), proibidos apenas nos praticantes do sexo masculino.
3. Corticotrofi nas.
4. Hormônio de crescimento (hGH), fatores de crescimento fi broblásticos (FGFs), fatores de crescimento 
hepatocitários (HGF), fatores de crescimento insulina-like (IGF-1), fatores de crescimento mecânicos (MGFs), 
fatores de crescimento plaquetários (PDGF) e fatores de crescimento vasculoendoteliais (VEGF), assim como 
outros fatores de crescimento que afetem a síntese/degradação proteica, a vascularização, a utilização energética, 
a capacidade regenerativa ou a mudança de tipo de fi bra a nível do músculo, do tendão ou dos ligamentos
Inclui outras substâncias com estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similar(es). 
Beta-2 agonistas 
Todos os beta-2 agonistas, incluindo todos os isômeros óticos (por ex. d- e I-) quando relevante, são proibidos, 
à exceção do salbutamol (máximo de 1.600 microgramas num período de 24 horas), formoterol (máximo de 54 
microgramas num período de 24 horas) e salmeterol, quando administrado por via inalatória de acordo com o regime 
terapêutico recomendado pelo fabricante. 
A presença de salbutamol na urina numa concentração superior a 1.000 ng/mL ou do formoterol numa concentração 
superior a 40 ng/mL faz presumir que não se trata de um uso terapêutico da substância e será considerada como 
um resultado analítico positivo a não ser que o praticante desportivo prove, por meio de um estudo farmacocinético 
controlado, que o resultado anormal foi consequência de uma utilização terapêutica administrada por via inalatória 
dentro dos limites máximos acima indicados. 
Moduladores hormonais e metabólicos 
1. Inibidores da aromatase incluindo, mas não limitados a: aminoglutetimida, anastrozole, androsta-1,4,6-triene,-
3,17-diona (androstatrienediona), 4- androstene3,6,17 triona (6-oxo), exemestano, formestano, letrozole, 
testolactona.
2. 2. tamoxifeno, toremifeno.
3. 3. Outras substâncias antiestrogênicas, incluindo, mas não limitadas a: ciclofenil, clomifeno, fulvestrante.
4. Agentes modifi cadores da(s) função(ões) da miostatina, incluindo, mas não limitados a: inibidores da miostatina.
Recursos ergogênicos e doping
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5. Moduladores metabólicos: 
a) Insulinas 
b) Agonistas do receptor ativado por proliferadores peroxissomais (PPARδ) (por ex: GW 1516), 
agonistas do eixo da proteína quinase dependente do AMP (AMPK), (por ex: AICAR). 
Diuréticos e outros agentes mascarantes 
Os agentes mascarantes são proibidos. Incluem:
Desmopressina, diuréticos, expansores de plasma (por ex. glicerol; administração intravenosa de albumina dextran, 
hidroxietilamido e manitol) probenecide e outras substâncias com efeito (s) biológico(s) similares. A administração local 
de felypressin em anestesia dentária não é proibida. 
Os diuréticos incluem: 
Acetazolamida, ácido etacrínico, amiloride, bumetanida, canrenona, clortalidona, espironolactona, furosemida, 
indapamida, metolazona, tiazidas (por ex. bendrofl umetiazida, clorotiazida, hidroclorotiazida), triamtereno, e outras 
substâncias com estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similares (exceto a drosperinona, o pamabrom e a 
aplicação tópica de dorzolamina e de brinzolamida, que não são proibidas). 
O uso em competição e fora de competição, conforme aplicável, de qualquer quantidade de uma substância sujeita a 
um valor limite de detecção (por ex. formoterol, salbutamol, catina, efedrina, metilefedrina e pseudoefedrina) associado 
com um diurético ou outro agente mascarante requer a obtenção de uma isenção de uso terapêutico especifi camente 
para essa substância, para além da obtida para o diurético ou outro agente mascarante.
Dopagem genética 
Os seguintes métodos, com potencial para melhorar o rendimento desportivo, são proibidos: 
1. A transferência de polímeros de ácidos nucleicos ou de análogos de ácidos nucleicos.
2. O uso de células normais ou geneticamente modifi cadas.
O doping genético está inserido na lista da WADA por ser um método que permite, por meio de ações manipulativas, 
alterações no desempenho. Nesse sentido está a utilização da tecnologia de transferência genética para aumentar 
sensivelmente o rendimento esportivo, mesmo que o processo seja isento de efeitos colaterais.
Portanto, será considerado doping genético a utilização de técnicas de modifi cação biomeculares que promovam 
alteração em sequenciamento, localização ou isolamento de genes, bem como na estrutura do DNA e por conseguinte na 
ação do RNA. Ainda se considera que a manipulação de estruturas proteicas celulares, em conjunto com o treinamento 
físico, possam ampliar a capacidade adaptativa a sequencia genética do individuo. Por outro lado, as técnicas de 
Recursos ergogênicos e doping
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clonagem e terapias gênicas, que são de amplo conhecimento científi co, também poderiam contribuir com ampliação 
da resposta física do indivíduo, segundo determinação da WADA (2009).
A amplitude da atuação da terapia gênica no esporte parece não estar relacionada unicamente a melhoras ou 
ganhos em rendimento, mas também ao auxílio na recuperação tecidual (músculo, tendão e cartilagens) em relação 
aos esforços realizados, pois esses tecidos apresentam recuperação lenta perante as demandas do atleta/praticante. 
Assim, essa terapia poderia contribuir com maior velocidade de regeneração e, consequentemente, manutenção das 
cargas externas do treinamento.
Outras ações podem ser observadas na manipulação de fatores metabólicos associados a sinalização hipertrófi ca, 
como os fatores relacionados ao crescimento (IGF-1, bFGF, NGF, PDGF , EGF , TGF-alpha, TGF-beta, BMP-2), normalmente 
produzidas em função de dieta, exercício e expressão individual gênica. 
Os principais componentes biológicos que poderão sofrer manipulação genética (hipoteticamente até o presente 
momento) são:
• Eritropoietina (EPO), por ser o principal regulador da produção de células vermelhas, promovendo 
diferenciação eritrocitária e o início da síntese de hemoglobina.
• Fator de crescimento 1 semelhante à insulina (IGF-1), também conhecido como fator de 
crescimento muscular ou somatomedina, pois apresenta estrutura molecular semelhante à da insulina, 
que é importante na ação do hormônio de crescimento por ser mediador dos efeitos anabólicos.
• Miostatina (GDF-8), da superfamília do fator de crescimento humano, que tem ação em um grande 
número de fatores de crescimento e diferenciação que se manifestam na fase embrionária, fundamentais 
na regulação e na manutenção da homeostase tecidual em animais adultos. O GDF-8 é responsável 
pela codifi cação da miostatina, proteína controladora da manutenção da massa muscular esquelética.
Estimulantes 
Todos os estimulantes, incluindo todos os isômeros óticos (por ex. d- e I-) quando relevantes, são proibidos, exceto 
os derivados do imidazole utilizados por via tópica. Os estimulantes incluem: 
a: Estimulantes não específi cos: 
Adrafi nil; anfepramona; amifenazol; anfetamina; anfetaminil; benfl uorex; benzanfetamina; benzilpiperazina; 
bromantan; clobenzorex; cocaína; cropropamida; crotetamida; dimetilanfetamina; etilanfetamina; famprofazona; 
fencamina; fendimetrazina; fenetilina; fenfl uramina; 4-fenilpiracetam (carfedon); fenmetrazina; fenproporex; 
fentermina; furfenorex; mefenorex; mefentermina; mesocarbo; metanfetamina (D-); metilenedioxianfetamina;metilenedioximetanfetamina; p-metilanfetamina; prenilamina; modafi nil; norfenfl uramina; prolintano. 
b: Estimulantes específi cos 
Adrenalina; catina; efedrina; etamivan; etilefrina; estricnina; fembutrazato; fencafamina; fenprometamina; 
heptaminol; isometeptano; levmetanfetamina; meclofenoxato; metilefedrina; metilhexaneamina (dimetilpentilamina); 
metilfenidato; niketamida; norfenefrina; octopamina; oxilofrina (metilsinefrina); parahidroxianfetamina; pemolina; 
Recursos ergogênicos e doping
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pentetrazol; propilhexedrina; pseudoefedrina; selegilina; sibutramina; tuaminoheptano e outras substâncias com 
estrutura química similar ou efeito(s) biológico(s) similar(es). 
Narcóticos 
Os seguintes narcóticos são proibidos: 
Buprenorfi na; dextromoramida; diamorfi na (heroína); fentanil e os seus derivados; hidromorfona; metadona; 
morfi na; oxicodona; oximorfona; pentazocina; petidina. 
Canabinoides 
Os canabinoides naturais (por ex. canabis, haxixe, marijuana), o delta 9-tetrahidrocanabinol (THC) sintético e os 
canabimiméticos são proibidos. 
Glucocorticosteroides 
Todos os glucocorticosteroides são proibidos quando administrados por via oral, retal ou por injeção intravenosa ou 
intramuscular.
Álcool 
O álcool (etanol) é proibido somente em competição, em determinados esportes. A detecção será realizada pelo 
método de análise expiratória e/ou pelo sangue. O limite de detecção (valores hematológicos) para considerar um caso 
como positivo é 0,10 g/L. 
Betabloqueadores 
Os betabloqueadores são proibidos somente em competição nos seguintes desportos, exceto se especifi cado de 
outra forma: automobilismo (FIA); bilhar (todas as disciplinas) (WCBS); esqui/snowboard (FIS), saltos e estilo livre; 
golfe (IGF); tiro (ISSF, IPC) (proibido igualmente fora de competição); tiro com arco (FITA) (proibido igualmente fora 
de competição).
Betabloqueadores incluem, mas não são limitados aos seguintes: acebutolol; alprenolol; atenolol; betaxolol; 
bisoprolol; bunolol; carvediolol; carteolol; celiprolol; esmolol; labetalol; levobunolol; metipranolol; metoprolol; nadolol; 
oxprenolol; pindolol; propranolol; sotalol; timolol.
Considerando todos os pontos apresentados neste capítulo, devemos, indiscriminadamente, desestimular a utilização 
de agentes farmacológicos que podem promover efeitos colaterais severos na saúde das pessoas, independentemente 
Recursos ergogênicos e doping
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do contexto estético. Há evidente desconhecimento e muitas vezes desatenção em relação à necessidade nutricional 
e de suplementação, fato que cria confusão na conduta profi ssional, em especial pela forma que a cultura do corpo 
estético possui na sociedade ocidental. Não resta dúvida de que a ação educacional deve ser rigorosamente implantada 
nos locais de prática esportiva e nas academias, minimizando a manipulação de todos os envolvidos no contexto do 
exercício. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position stand on the use of anabolic-androgenic steroids in 
sports. Medicine and Science in Sports Exercise, v. 19, n. 5, p. 534-9, 1987. 
BROOKS, G. A. ; FAHEY, T. D.; BALDWIN, K. M. Fisiologia do exercício, bioenergética humana e suas 
aplicações. 4ª ed. São Paulo: Phorte, 2013.
HARGREAVES, M.; THOMPSON, M. Biochemistry of exercise. 2nd ed. Champaign, IL: Human Kinetics, 2009.
WORLD ANTI-DOPING AGENCY (WADA). 2009 world anti-doping code. Publicado em 1.jan.2009. Disponível 
em: https://www.wada-ama.org/en/resources/the-code/2009-world-anti-doping-code#.VDgybGddWg0, acesso em 
30.set.2014.
WILLIAMS, M. The ergogenics edge. Champaign, IL: Human Kinetics, 2008. 
WILLIAMS, C.; DEVLIN, J. T. Food, nutrition and sports performance. London: E& FN Spon, 2002.
YESALIS, C. E. Anabolic steroids in sports and exercise. 2nd ed. Champaign, IL: Human Kinetics, 2004.

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