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Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 1 O fígado é um órgão de irrigação dupla, recebe suprimento sanguíneo da veia porta e artéria hepática. Lobos do fígado: lobo direito, lobo esquerdo, lobo caudado e lobo quadrado. • Vesícula biliar localizada na face inferior do lobo direito. • Veia porta entra pelo hilo hepático e se divide em direita e esquerda para irrigar os 4 lobos, depois ela se ramifica em circulações independentes – Pode ser removido esses segmentos em casos de neoplasias malignas ou transplantes. • As ramificações da veia porta e artéria hepática acontecem até chegar na tríade portal. Sistema vascular eferente: constituído pelas veias hepáticas direita e esquerda (veias supra- hepáticas) que desembocam na veia cava inferior. DISTURBIO CIRCULATÓRIOS Tipos de distúrbio circulatório: podem ser de 3 tipos. I. PRÉ-HEPÁTICO: ocorre na veia porta e artéria hepática. II. HEPÁTICO: ocorre dentro do fígado/tríade portal – sinusóides – veia centrolobular. III. PÓS-HEPÁTICOS: ocorre nas veias hepáticas e veia cava inferior. A maioria desses distúrbios ocorre pela formação de trombos, com alterações na tríade de Virchow: • Estase sanguínea, Hipercoagulabilidade e lesão endotelial. COMPROMETIMENTO DA ARTÉRIA HEPÁTICA Raramente ela é comprometida por conta de trombos ou êmbolos. Normalmente isso ocorre devido uma neoplasia que comprime a artéria hepática ou algum de seus ramos, causando uma obstrução. Infartos hepáticos: são raro devido a circulação dupla do fígado. • Trombose ou compressão de um ramo intra- hepático da artéria hepática. É comum o infarto localizado (pode ser anêmico e claro ou hemorrágico) devido uma embolia, neoplasias, poliartrite nodosa ou sepse. Infartos por obstrução da artéria hepática: são hemorrágicos por conta da dupla circulação. Trombose da artéria hepática em transplantados: geralmente ocorre um infarto dos principais ductos da arvore biliar, já que seu suprimento sanguíneo é totalmente arterial. Causas: possui 4 principais causas. I. SEPSE OU ENDOCARDITE INFECCIOSA: envolve o desprendimento de êmbolos que podem comprimir essa artéria. II. FORMAÇÃO DE COÁGULOS: ocorre pela ativação do endotélio ou inflamação autoimune nos casos de poliartrite nodosa. III. OBSTRUÇÃO DA ARTÉRIA HEPÁTICA: pode ocorrer em pacientes cirróticos transplantados, no qual 50% das perdas se dão por uma oclusão nessa artéria. • Paciente cirrótico com hipertensão portal – Organismo faz shunts/derivações da veia porta direto para a VCI “pulando” o fígado – Pré- disposição a formação de trombos na artéria hepática (única irrigação pós transplante) – Mais sensíveis aos trombos. Fígado – Distúrbios circulatórios Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 2 • OBSTRUÇÃO/TROMBOSE DA VEIA PORTA A doença oclusiva da veia porta ou de suas raízes principais, causam dor abdominal e na maioria dos casos, outras manifestações de hipertensão portal, principalmente varizes esofágicas (propensas a ruptura). • Ascite não é comum (devido o bloqueio ser pré- sinusoidal), mas, quando presente, geralmente é maciça e intratável. Não são casos comum na população em geral, mas é comum em pacientes cirróticos devido a fibrose presente em fígados cirróticos, interferindo na difusão sanguínea. • Aumenta a congestão sanguínea (trânsito lento) na veia porta, levando a formação de trombo. Extra-hepática: obstrução nas veias porta, esplênica ou mesentérica. • Mais comum o trombo ocorrer na veia mesentérica inferior e esplênica inferior e se propagar pelo caminho. Patogênese extra-hepática: maioria dos casos são de causas idiopáticas, mas, existem algumas causas conhecidas. • ESQUITOSSOMOSE: ovos de parasitas entram pelas veias mesentéricas, se alojam e proliferam no fígado (nível de sinusóides ou ramificações da veia porta) e os obstrui. • HIPERCOAGULABILIDADE: pode ser adquirida ou congênita. Ocorrem alterações no fator V de Leiden ou fator X – Mutações no gene da protrombina. • SEPSE: citocinas inflamatórias chegam pela veia portal e fazem ativação do endotélio – Comum em RN por falta de descontaminação do cordão umbilical – Causa trombos. • CÂNCER: causa uma obstrução dos ramos ou invasão de células por carcinoma hepatocelular. Intra-hepática: obstrução antes de entrar no fígado. Patogênese intra-hepática: a causa mais comum de obstrução do fluxo é a cirrose – Em todos os casos a obstrução do fluxo sanguíneo pode levar a necrose maciça de hepatócitos e insuficiente hepática aguda. • Esquistossomose, doenças falciformes, CID (coagulação intravascular disseminada) e células neoplásicas metastáticas. • A microscopia mostra vários sinusóides contendo hemácias falciformes. • OBSTRUÇÃO DO FLUXO VENOSO HEPÁTICO SÍNDROME DE BUDD-CHIARI: caracterizada pela obstrução de veias hepáticas dentro do fígado até a junção com a VCI por trombos que causa um aumento do fígado (hepatomegalia), dor e ascite. • Hepatomegalia palpável e dor decorrente da fibrose no fígado. • DOR + ASCITE + HEPATOMEGALIA. Lesão hepática: acontece em decorrência do aumento da pressão intra-hepática. Fatores de risco: distúrbios na formação de veia hepáticas ou de Hipercoagulabilidade (fatores adquiridos ou hereditários/genéticos – FATOR V DE LEIDEN). Fígado congesto: da um aspecto de noz moscada. Morfologia macroscópica: fígado aumentado, vermelho/púrpura e com cápsula tensa. • Pode apresentar áreas de colapso hemorrágico alternando com as áreas de parênquima conservado ou em regeneração – O padrão é dependente de quais veia hepáticas são obstruídas (pequena ou grande). Morfologia microscópica: parênquima hepático afetado mostra congestão e necrose centrolobular severa. • Fibrose centrolobular em casos que a trombose evolui mais lenta. • Necrose de hepatócitos e fibrose. • Parênquima congesto com necrose. • Veias principais podem ter trombos totalmente oclusivos, oclusão subtotal ou em casos crônicos, trombos organizados aderidos. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 3 10% dos casos são idiopáticos e o restante pode ser proveniente de distúrbios trombogênicos (doenças mieloproliferativas ou doenças do sistema de coagulação). Sinais e sintomas: na fase aguda – náuseas, vômitos, hepatomegalia abrupta e dolorosa, ascite e em 1/3 dos casos icterícia. • Fase crônica – manifestações semelhantes às da cirrose – congestão centrolobular, necrose de hepatócitos e fibrose. • HIPERTENSÃO PORTAL A principal causa é a cirrose. O aumento da resistência do fluxo sanguíneo portal pode se desenvolver em diversas circunstâncias, que podem ser divididas em pré-hepáticas, intra- hepáticas ou pós-hepáticas. PRÉ-HEPÁTICA: trombose obstrutiva, estreitamento da veia porta antes da sua ramificação no interior do fígado ou esplenomegalia maciça com aumento do fluxo sanguíneo venoso esplênico. PÓS-HEPÁTICA: ICC severa, pericardite constritiva e obstrução do fluxo da veia hepática. INFRA-HEPÁTICA: cirrose representa a maioria dos casos. • Fígado cirrótica forma ilhas de compressão que permitem cada vez menos a passagem de sangue. Patogênese: tem 4 principais causas. RESISTÊNCIA MECÂNICA AO FLUXO PORTAL: ocorre mediante á fibrose e nódulos nos sinusóides aumentando a pressão portal. ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS ESTRELADAS: alteram os componentes vasoativos e ativam as células endoteliais sinusoidais que diminuem NO e aumentam endolina e angiotensinogênio, contribuindo para vasoconstrição. VASOCONTRIÇÃO: ela aumenta a pressão na veia porta (maior quantidade de sangue) de uma forma que gera estimula para anastomose e por isso ocorre a remodelação sinusoidal + derivações intra-hepáticas. • Como resultado temos um shunt na tentativa de diminuir a pressão, mas que na verdade causa um aumento da pressão em artérias hepáticas, aumentando mais ainda a pressão portal. DISTRIBUIÇÃO PORTAL: por fim ocorreuma distribuição da hipertensão portal para as mesentéricas, esplênicas e capilares, os quais se torna congestos, gerando um acúmulo de sangue no sistema arterial, de maneira que resulta em uma circulação esplâncnica hiperdinâmica (doença avançada). Resumo: aumento da resistência ao nível dos sinusóides por fibrose e nódulos, contração das células da m. lisa por diminuição de NO, aumento da ação endotelial e aumento de angiotensinogênio, remodelação sinusoidal + derivações intra-hepáticas por aumento da pressão no sistema venoso e circulação esplênica. Consequência: temos três principais consequências. I. ASCITE: altera as forcas de Starling e promove a saída do líquido para o espaço de Disse, de onde é removido pelos linfáticos promovidos por hipoalbunemia. • A vasodilatação arterial na circulação esplâncnica reduz a PA. Com o aumento da vasodilatação e FC, o DC não consegue manter Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 4 a PA e desencadeia a ativação do sistema renina-angiotensina (vasoconstritor) e aumenta a secreção do hormônio antidiurético • A combinação de hipertensão portal + vasodilatação + retenção de sódio e água aumenta a pressão de perfusão dos capilares intersticiais, causando o extravasamento de líquidos para a cavidade abdominal. • Aumento da PH, hipoalbunemia, circulação esplâncnica hiperdinâmica e capacidade dos ductos torácicos. II. DERIVAÇÕES POR TOSSITÊMICAS: são derivações de colaterais e desenvolvimento de novos vasos. Em outras palavras, são regiões de concomitância da veia porta e VCI – vasos venosos que drenam para elas e começam a fazer shunts para o sistema venoso sistêmico, levando a alta pressão da veia porta para outros vasos. III. ESPLENOMEGALIA CONGESTIVA: a congestão de longa duração pode causar isso. • Sinusóides esplênicos ficam congestos e aumentam o tamanho do baço e com isso o baço aumenta a Hemocaterese (processo que destrói hemácias velhas e o ferro é liberado no organismo), removendo grande quantidade de componentes químicos. • Isso repercute com anemia, trombocitopenia (pode formar petéquias) e leucopenia. • CONGESTÃO PASSIVA A congestão dos vasos hepáticos e portais podem induzir alterações patológicas do fígado, baço e TGI. O fígado aumenta de tamanho e peso devido a congestão passiva proeminente (maior em torno das veias centrais). • Na ICD grave de longa duração, a congestão se difunde para veia hepática, as áreas centrais pode se tornar fibróticas, culminando em cirrose cardíaca. Cardiopatas com manifestações hepáticas -> Drenagem incorreta do fígado -> Estase sanguínea -> Oxigenação de hepatócitos prejudicada -> Sinais de insuficiência hepática.
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