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D. Penal - Crimes em Espécie II Professora Rosa Lícia Rocha de Oliveira UNIFASB/UNINASSAU CRIMES CONTRA A FAMÍLIA ART. 235 DO CÓDIGO PENAL Bem Jurídico Instituição do casamento (Ordem Jurídica matrimonial), fundamentada no princípio monogâmico. Bem Jurídico Além do casamento, há a família como bem jurídico protegido, tendo em vista que o crime de bigamia se encontra dentro do capíturlo que prevê os crimes contra a Família. É importante destacar que a Constituição Federal em seu art. 226 alerta que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado, e uma dessas proteções estatais é realizada, justamente, por intermédio do Direito Penal. "O objeto jurídico é o interesse estatal na preservação da família como base da sociedade e do casamento monogâmico, eleito como a forma mais estável de constituição familiar." (NUCCI, 2020) Bem Jurídico Tipo Bigamia Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de dois a seis anos. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos (Figura especial privilegiada). § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime (Exclusão da tipicidade). Tipo Bigamia Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: O núcleo contrair tem o significado de formalizar oficialmente um novo casamento, sendo o agente já casado anteriormente. Código Civil Art. 1.521. Não podem casar: VI - as pessoas casadas. Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos O crime será cometido se a pessoa já for casado! Casamento: Conforme arts. 1525 a 1542 do Código Civil; Casamento religioso: Não caracteriza o delito, salvo se realizado na forma do art. 226, §2, da Constituição Federal Pessoa Separada Judicialmente: A separação judicial não extingue o casamento, mas apenas a sociedade conjugal, aquele que está separado judicialmente poderá cometer o crime. ATENÇÃO: Apenas o divórcio extingue o vínculo e abre a possibilidade de novo matrimônio lícito. E quem, não era casado, e casou com quem já era casado? Desconhecimento - O termo bigamia é dirigido somente àquele que, já sendo casado, contrai novo casamento. Isso significa que o outro cônjuge que contraiu casamento sem que, para tanto, houvesse qualquer óbice legal que fosse de seu conhecimento, até mesmo o status de casado do outro cônjuge, não pratica a infração penal em estudo. Pelo contrário, será considerado um dos sujeitos passivos do delito de bigamia (GRECO, 2022, p. 663). E quem, não era casado, e casou com quem já era casado? § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. E quem, não era casado, e casou com quem já era casado? Atenção!!! Exceção à Teoria Monista - Aplica-se a Teoria Dualista. Nulidade! Efeito ex tunc § 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime (Exclusão da tipicidade). Sujeito ativo e sujeito passivo Sujeito ativo: Crime próprio - O sujeito ativo é a pessoa casada, que contrai segund núpcias. sujeito passivo: Estado, que tem suas normas desconsideradas quando o agente, sendo casado, contrai novo casamento, burlando, dessa forma, a determinação monogâmica. O cônjuge do primeiro casamento e o contraente de boa-fé também podem ser considerados sujeitos passivos do delito em estudo. Tipo Subjetivo É o dolo, caracterizado pela vontade de o agente contrair novo casamento já sendo casado. Se o Sujetio ativo não tober CONSCIÊNCIA DESSE IMPEDIMENTO, o fato será atípico em razão do erro de tipo (art. 20 do CP). Não há previsão de elemento subjetivo especial e nem modalidade culposa. Consumação e Tentativa O crime estará consumado no momento que for celebrado o segundo casamento. É um delito Instantâneo de efeitos permanentes. Vide art. 1514 do Código Civil. Sobre a tentativa há divergência doutrinária: 1ª posição: Se o contraente, porém, já deu o sim, e o juiz levantou a solenidade antes de declarar casados os nubetens, por lhe ser denunciado que o contraente já era casado, houve tentativa, porque o crime só não se consumou por motivos alheios a vontade do agente (HUNGRIA, Comentários, Vol. VIII, p. 359-60). Consumação e Tentativa 2ª posição: " A tentativa é juridicamente impossível, em decorrência da condição de processabilidade prevista no art. 236, parágrafo único. A tentavia, ainda que fosse possível, seria impunível" (BITENCOURT, Tratado, vol. 4, 6ª ed., p. 215). Ação Penal Ação Penal é Pública incondicionada. Prescrição Antes de transitar em julgado a sentença final, a prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido, art. 111, IV, do Código Penal. IMPORTANTE Princípio da consunção ou absorção: STJ, 5ª T., HC 39583, j. 08/03/2005.