Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 1 Atendimento ao RN na sala de parto (recepção RN) (> 34 sem) -------------------------------- 2 Alojamento conjunto -------------------------------------------------------------------------------------- 5 Avaliação de vitalidade do RN ---------------------------------------------------------------------------- 5 - ballard e capurro - índice de apgar Circulação cardiopulmonar pós-parto ---------------------------------------------------------------- 11 Mecanismo da icterícia fisiológica do RN ------------------------------------------------------------ 14 Sofrimento fetal e perinatal (hipóxia) - Anóxia neonatal - Apneia primária e secund. ---- 16 Avaliação crescimento (score Z; percentil) ---------------------------------------------------------- 18 Dermatoses e condutas - Miliária, eritema tóxico, mílio, acne neonatal, impetigo ------- 20 Leite de amamentação ----------------------------------------------------------------------------------- 23 Pneumonia -------------------------------------------------------------------------------------------------- 28 Anemia ferropriva ----------------------------------------------------------------------------------------- 38 Diarreia ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 43 Puberdade -------------------------------------------------------------------------------------------------- 47 Puberdade precoce --------------------------------------------------------------------------------------- 62 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 2 ATENDIMENTO RN SALA DE PARTO - Preparo da sala de parto: organizar o ambiente e os materiais. A sala deve estar em um temperatura em torno de 26°c, separar os equipamentos de aspiração, para clampear o cordão, de oxigenação e ventilação, de intubação, berço aquecido, outros equipamentos básicos e medicamentos. - Primeira avaliação do RN realizada na sala de parto tem como objetivos determinar a vitalidade, fatores de risco, detecção precoce de malformações congênitas, traumas obstétricos e distúrbios cardiorrespiratórios que possam comprometer a saúde do neonato. - A avaliação inicial inclui a cor, atividade e reatividade à manipulação básica, FC e respiração - Gestação a termo? Respirando ou chorando ? tônus muscular bom/ em flexão? Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 3 • Ao nascer avalia-se se o RN ≥34 semanas começou a respirar ou chorar e se o tônus muscular está em flexão, se “sim” para ambas as perguntas é indicado o clampeamento tardio do cordão, independentemente do aspecto do líquido amniótico. É necessário receber o RN em campo estéril sob calor radiante, mantar a cabeça em leve extensão, secar cuidadosamente, fazer estimulação tátil. Então, se o RN é de termo, está respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, independentemente do aspecto do líquido amniótico, indica que possui boa vitalidade e deve continuar junto de sua mãe depois do clampeamento do cordão umbilical. Na sala de parto, enquanto o RN está junto à mãe, prover calor, manter as vias aéreas pérvias e ir avaliando a vitalidade de forma continuada - prosseguir com os passos de rotina (secar, manter aquecido, clampear cordão, identificar, manter vias aéreas pérvias, analisar presença de secreção na boca e nariz, levar para mãe). Além de em até 1 h após o nascimento ser indicado a aplicação intramuscular de vit.K1. • No entanto, diante de bebês que possuam alguma dessas características: pré-termo, respiração irregular, tônus muscular flácido, cianose, devem ser levados a mesa de reanimação e iniciar com os passos de estabilização em no máximo 30 segundos, que são promoção de calor, posicionar a cabeça em leve extensão, aspirar boca e narinas (se necessário) e secar. Avaliar a FC, respiração e cor. A respiração é avaliada pela expansão torácica ou presença de choro, sendo o adequado o mantimento da FC > 100, mas se apresentar padrões irregulares ou gasping e FC < 100, dar início a VPP (no 1 minuto), avaliando a saturação de O2 (monitor de saturação deve ser colocado no membro superior - sangue pré ductal) e monitor cardíaco. Se mantar a FC > 100 com respiração normal manter as medidas de rotina e avaliar de maneira contínua. Caso a FC < 60 iniciar RCP, ventilação e avaliar necessidade de IOT, se a FC continuar caindo prosseguir com adrenalina. - FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação; avalição: palpação do cordão umbilical, a ausculta do precórdio com estetoscópio, a detecção do sinal de pulso pela oximetria e da atividade elétrica do coração pelo monitor cardíaco. Auscultar por seis segundos e multiplicar o valor por 10, resultando no número de bpm considera-se adequada a FC >100. o acompanhamento da FC por meio do monitor cardíaco com três eletrodos parece o mais indicado para a condução da reanimação em sala de parto. Obs: A aspiração da hipofaringe deve ser evitada, pois pode causar atelectasia, trauma e prejudicar o estabelecimento de uma respiração efetiva Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 4 - O boletim de Apgar é determinado no 1º e 5º minutos de vida, não é utilizado para indicar procedimentos na reanimação neonatal, mas sua aplicação permite avaliar a resposta do paciente às manobras realizadas e a sua eficácia. Assim, se o Apgar é <7 no 5º minuto, recomenda-se realizá-lo a cada cinco minutos, até 20 minutos de vida • Desfrecho SP: Identificar RN – nome da mãe data do parto sexo. Peso, Estatura, PC, PT e PA à assim que condições permitirem Realizar Vitamina K Anotar na carteira de vacinação ou no prontuário do RN - ficha de atendimento Neonatal Alojamento Conjunto UCIN UTI neo transporte Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 5 ALOJAMENTO CONJUNTO - Sistema hospitalar onde a mãe e o RN ficam juntos logos após a liberação do centro obstétrico numa mesma área física - Objetivos : Psicológicos :estabelecer precocemente o vínculo afetivo mãe-bebe-pai-família e incentivar o aleitamento materno efetivo e duradouro; Educacional: dar aos pais a oportunidade de aprender os princípios corretos com relação aos cuidados do bebe; Físico: criar condições para redução de infecção hospitalar em especial em indivíduos sadios - Quem está apto: Mães com boas condições, RN com boa vitalidade, ser a termo ou pré-termo limítrofe, peso adequado para idade gestacional, mantendo controle térmico ,capacidade de sucção e deglutição. - Critérios de exclusão : Índice de Apgar <7 no 5º minuto de vida, prematuro, necessidade de suporte respiratório, depressão respiratória pelo uso de opioide pela mãe, malformação grave que impliquem em risco de vida, icterícia precoce, detecção de qualquer afecção do exame imediato ao nascer, recusa materna, peso ao nascer <2000g - Cuidados do RN em alojamento conjunto: Avaliação dos sinais fetais; Exame físico de forma minuciosa em sala de parto ou alojamento conjunto, avaliar a idade gestacional por Ballard, classificar conforme o peso de nascimento(nas primeiras 4 horas); estimular o aleitamento materno, vacinação. AVALIAÇÃO NEONATAL CLASSIFICAÇÃO QUANTO A I.G • Pré-termo < 37 sem • Pré-termo tardio: 34-36 sem • Pré-termo extremo < 28 sem Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 6 PESO • Baixo peso < 2500g • Muito baixo peso < 1500 g • Extremo baixo peso < 1000g RELACIONANDOI.G E P ESO AO NASCER • Adequado para I.G (AIG): peso entre os percentis 10-90 das curvas de crescimento intrauterino • PIG: peso < percentil 10 • GIG: peso > percentil 90 ÍNDICE DE APGAR - Escala de avaliação feita no 1° e 5° min. Pós nascimento para avaliar vitalidade fetal: FC, FR, tônus muscular, coloração da pele, reflexos à manipulação - Também é utilizado para avaliar a resposta do RN às manobras de estabilização/reanimação realizadas - Apgar < 7 no 5° min. deve-se realiza-lo a cada 5 min. por 20 min - índices de 0-3 no 5° min está relacionado a um maior risco de mortalidade Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 7 AVALIAÇÃO DA IDADE GESTACIONAL BALLARD Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 8 - Avalia 6 características somáticas e 6 neurológicas - New Ballard: adicionou -1 e -2 para prematuros - Bastante preciso quando aplicado até 12-20 horas após o nascimento, pode ser aplicado em prematuro extremo, requer pouca manipulação e sofre pouca influência por depressão neurológica. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 9 CAPURRO Utiliza apenas 5 (Capurro Somático) ou 6 características clínicas (Capurro Somatoneurológico) que deveriam ser analisadas idealmente nas 4-6 primeiras horas de vida em > 29 sem Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 10 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 11 CIRCULAÇÃO CARDIOPULMONAR PÓS NASCIMENTO Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 12 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 13 - Sangue oxigenado chega ao feto pela veia umbilical, a qual no fígado fetal entra no ducto veneno e vai para a veia cava inferior seguindo para o átrio direito (AD). O AD também recebe sangue da veia cava superior (pouco oxigenado) havendo mistura de sangue; esse sangue vai para o ventrículo direito (VD) e, devido ao forame oval, também vai para o átrio esquerdo (AE). No VD segue em direção as artérias pulmonares, mas como os pulmões estão colabados e cheios de líquido, há uma maior resistência, fazendo com que o sangue desvie das artérias pulmonares para a aorta, por meio do ducto arterial. O sangue que foi para o AE segue para o ventrículo esquerdo onde é ejetado para a aorta, seguindo até as artérias ilíacas internas e posteriormente para as artérias umbilicais em direção a placenta. - Após o nascimento, “shunts” (ducto venoso, forame oval, ducto arterial) da circulação fetal são fechados: Circulação placentária é interrompida com isso a resistência periférica se eleva subitamente, e o RN apresenta uma asfixia, devido a isso o SN emite sinais para início da respiração em virtude dessa falta de ar, assim o RN realiza vários movimentos respiratórios vigorosos e os pulmões se expandem (reduzindo a pressão intrapleural). Com essa expansão a resistência vascular pulmonar cai e o fluxo sanguíneo aumenta. O sangue que retorna dos pulmões aumenta a P no AE, causando o fechamento fisiológico (anatômico acontece depois) do forame oval. O ducto arterial, devido a maior concentração de O2 e bradicinina, entra em constrição minutos após o nascimento, formando o ligamento arterial. Outra alteração é a constrição do ducto venoso formando o ligamento venoso do fígado, e a atrofia da veia umbilical, a qual forma o ligamento redondo do fígado. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 14 ICTERÍCIA NEONATAL - Concentração sérica de bilirrubina indireta (BI) > 1,5 mg/ dL ou de bilirrubina direta (BD) > 1,5 mg/dL, desde que esta represente mais do que 10% do valor de bilirrubina total (BT). É visível na avaliação clínica quando o nível de BT sérica excede 5 mg/ dL, e se manifesta com coloração amarelada da pele e/ou conjuntivas • Bilirrubina indireta: lipossolúvel; não conjugada; precisa se ligar a albumina para ser transportada até o fígado; tem mais afinidade com o SNC, podendo atravessar a barreira hematoencefálica e em grandes quantidades causar kernicterus • Bilirrubina direta: conjugada; polar; hidrossolúvel (não tem afinidade com SNC); se elevada também é grave METABOLISMO BILIRRUBINA • A degradação da hemoglobina (grupo heme) leva a liberação da biliverdina, que pela ação da biliverdina-redutase a converte em bilirrubina indireta (BI). No sengue a BI se associa a albumina e é transportada até o fígado, onde por meio da proteína y (ligandina) é levada até o retículo endoplasmático liso local onde a glucuronil transferase a converte em bilirrubina direta (BD). A BD é liberada com a bile no intestino grosso tendo 2 destinos, sofre ação da β-glucoronidase e volta e ser BI indo para a circulação enterro-hepática, ou pela ação das bactérias da microbiota é transformada em estercobilinogênio que é elimina nas fezes como estercobilina ou vai para os rins sendo transformado em urobilinogênio que é eliminado na urina como urobilina HIPERBILIRRUBINEMIA INDIRETA - Em RN é normal esse icterícia pois alguns fatores aumentam a concentração de BI: adaptação neonatal ao metabolismo da bilirrubina; vida média das hemácias do neonato é menor, ou seja, há mais hemólise levando à uma maior produção de BI; nos primeiros dias de vida o RN possui pouca ligandina, que é a principal carreadora de BI no hepatócito. Assim esses fatores contribuem para um aumento na concentração sérica da BI. - Não é normal acontecer nas primeiras 24h - 36h Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 15 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 16 APNEIA NEONATAL - Apneia: pausa respiratória superior a 20 segundos ou superior 10-15 segundos acompanhada de bradicardia, cianose ou queda da saturação de oxigênio. - Primária/idiopática: causa idiopática, típica dos prematuros; pode apresentar um componente central, obstrutivo ou misto • Central: ausência de fluxo devido inicialmente por uma interrupção dos movimentos respiratórios sem associação a um processo obstrutivo alto; ocorre devido a uma imaturidade no SNC (centro respiratório) • Obstrutiva: quando a interrupção ao fluxo de ar acontece mesmo observando‑se movimentação da caixa torácica, ou seja, não há fluxo, mas persiste o esforço respiratório • Mista: há primeiro a interrupção do fluxo de ar devido um colabamento das vias aéreas superiores, seguindo‑se de pausa na movimentação da caixa torácica. - O sono REM também aumenta os episódios de apneia, pois há um relaxamento das estruturas laríngeas, facilitando a obstrução ao fluxo aéreo e uma exacerbação da respiração paradoxal (expansão abdominal e retração torácica na inspiração) com redução da PaO2. As apneias mistas correspondem a 50 a 75% dos casos, enquanto as obstrutivas, 10 a 20%, e as centrais, 10 a 25%. - Secundária: causas diversas como, metabólicas, respiratórias, cardiológicas, entre outras Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 17 EXAMES FÍSICOS E NEUROLÓGICOS NO RN NA 1 CONSULTA - A 1 consulta da criança deve ocorrer na 1 semana de vida (marcada pela ESF) - OMS preconiza que até os 2 anos a criança tenha realizado pelo menos 9 consultas em crianças sem risco (1 sem, 1 mês, 2 mês, 4 mês, 6 mês, 9 mês, 12 mês, 18 mês e 24 mês), e criançasde alto ou moderado risco que realizem 12 consultas no 1° ano e 4 no 2° ano. - Realizar a anamnese buscando avaliar e obter informações sobre as condições do nascimento da criança (tipo de parto, local do parto, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e em tratamento que foram tratamentos realizados) e os antecedentes familiares como as condições de saúde dos pais e dos irmãos, o número de gestações anteriores, o número de irmãos. Também é necessário realizar o EFG TESTE DE TRIAGEM DE DESENVOLVIMENTO DE DENVER (TTDD) - Objetiva acompanhar o desenvolvimento neuropsicomotor da criança de 0 a 6 anos, avaliando 4 categorias: motor grosso, motor fino-adaptativo, linguagem e pessoal-social - Avalia a condição atual do desenvolvimento maturacional da criança, não devendo ser utilizado como um instrumento diagnóstico Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 18 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO - Crescimento se refere ao aumento de peso e estatura de uma criança ao longo do tempo. - Avalia Peso X Idade, Estatura X Idade, Peso X estatura PESO • A criança dobra o peso de nascimento aos 4-5 meses, triplica aos 12 meses e quadruplica com 2-2 anos e seis meses. • De dois até oito anos, cada criança ganha em média 2 kg/ano. • Existe uma fórmula para cálculo aproximado do peso que pode ser usada para crianças de três até onze anos: ESTATURA • O comprimento médio das crianças ao nascimento é de 50 cm. - Primeiro semestre cresce 15 cm - Segundo semestre 10 cm - Ao final do primeiro ano a criança cresce 25 cm, ou seja, cerca de 50% do seu comprimento ao nascimento. • Com quatro anos a criança mede em torno de 1 metro. • Fórmula da altura de acordo com a idade de três aos 11 anos: Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 19 PERÍMETRO CEFÁLICO ESCORE Z - O escore Z é quanto uma medida se afasta da média em termos de desvio padrão • Compara a estatura - peso com a média populacional • Varia de -3 até +3 PENCENTIL - Os gráficos da OMS apresentam 5 percentis: 3, 5, 15, 50, 85, 97 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 20 DERMATOSES NEONATAIS - Transitórias decorrentes da maturação da pele ou permanentes - Maioria das dermatoses neonatais são benignas e transitórias - Obs: dermatoses que causam pápulas, vesículas, bolhas e pústulas: eritema tóxico e miliária ERITEMA TÓXICO - Erupção autolimitada, benigna e assintomática. Etiologia desconhecida, sugere-se fatores ambientais, irritação mecânica e/ou química. Melhora espontânea sem lesões e não precisa de tratamento - Diagnóstico é clínico; em caso de dúvida, pode-se realizar biópsia de pele, encontrando-se ao exame anatomopatológico infiltrado com eosinófilos e em outras ocasiões eosinofilia periférica - Geralmente aparece no 2 ou 3 dia de vida com uma involução de +- 7 dias - Lesões: vesículas, pápulas ou pústulas com halo eritematoso - Acomete de 20-60% do RN CISTOS DE MILIA - São pápulas de cor amarelada ou branca aperolada geralmente múltiplas e agrupadas. Não é necessário tratamento, desaparecem espontaneamente. Histopatologicamente observam-se Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 21 cistos epidérmicos, como resultado de retenção de queratina e material sebáceo dentro do folículo. MILIÁRIA - Ocorre devido a sudorese que está associada à obstrução das glândulas sudoríparas devido sua imaturidade. Mais comum em crianças de clima quente e piora com estresse térmico e roupas apertadas 1) Cristalina / Sudâmina: ocorre no nível intracórneo ou subcórneo com a obstrução por detritos de queratinócitos, resultando em vesículas pequenas, transparentes, superficiais, sem halo inflamatório e eritema. Início 6-7 dias de vida. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 22 2) Rubra: obstrução mais profunda na derme, manifesta-se como pápulas eritematosas ou pápulo-vesículas, devido a inflamação. Às vezes, as vesículas transformam-se em pústulas (miliária pustulosa). ACNE - Inflamação crônica dos folículos polissebáceos. No período neonatal pode ser fisiológica devido a estimulação das glândulas sebáceas por andrógenos e endógenos maternos. manifesta-se com múltiplas pápulas, comedões ou pústulas eritematosas inflamatórias no nariz, fronte e bochechas - Patogênese: hiperqueritinização folicular, aumento da produção de sebo, bactéria Propionibacterium acnes, liberação de mediadores inflamatórios - A bactéria P. acnes quebra o sebo em ácidos graxos livres liberando mediadores pró- inflamatórios que recrutam neutrófilos e complemento, levando a formação de pápulas, pústulas e nódulos inflamatórios IMPETIGO NEONATAL - lesões são pústulas e bolhas flácidas que aparecem principalmente ao redor do umbigo, área da fralda e dobras do pescoço e axila. Ocorre nas primeiras 2 semanas de vida, usualmente assintomáticas. - Os estafilococos do grupo fagos II 3a, 3b, 55 e 71 são os mais associados a este quadro. O foco de infecção localiza-se distante (conjuntivite, onfalite) de onde se libera a exotoxina, que atua à distância produzindo descolamento da capa granulosa da epiderme por efeito direto sobre os desmossomas (toxina esfoliativa). Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 23 IMPETIGO - Infecção superficial da pele, benigna e contagiosa, mais frequente em crianças. Isola-se frequentemente Staphylococcus aureus ou S. pyogenes 1) tipo bolhoso é mais comum em lactentes, com bolhas flácidas e superficiais, que se rompem facilmente, deixando áreas desnudas e colarete escamoso. 2) tipo crostoso é mais encontrado em escolares, muito contagioso, peri-orificial, principalmente no nariz e boca, com vesículas que se rompem facilmente e deixam crostas melicéricas (característico do impetigo estreptocócico). LEITE E AMAMENTAÇÃO - Importante pois: atende as necessidades nutricionais, metabólicas, imunológicas, é econômico, melhora a nutrição da criança e desenvolvimento da cavidade bucal, além do estimulo psicoafetivo entre mãe e bebê - Reduz: mortalidade infantil/neonatal, incidência de diarreia, infecções respiratórias, alergias, doenças crônicas (obesidade e diabetes). • AM exclusivo (AME): criança recebe só leite materno pode ser direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, mas sem outros líquidos ou sólidos • AM predominante: além do leite materno a criança recebe água, chás, sucos, frutas e outros fluidos. • AM complementado: recebe leite materno e alimentos sólidos ou semissólidos para complementar o leite materno. Leites de outras espécies não são considerados complementares. • AM misto ou parcial: recebe outros tipos de leite, a além do leite humano - CAUSAS DE DESMAME PRECOCE: Falta de informação, mães adolescentes, primeiro filho, gemelaridade, baixa escolaridade materna, prematuridade e baixo peso ao nascimento experiência prévia desfavorável com a amamentação, trabalho materno fora de casa, uso da chupeta. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 24 - OMS, MS e SBP recomendam a amamentação por 2 anos ou mais, sendo os 6 primeiros meses de forma exclusiva PRODUÇÃO DO LEITE 1) Mamogênse - desenvolvimento das mamas na adolescência 2) Mastogênese - desenvolvimentos das mamas na gravidez 3) Lactogênese: I (colostro), II (secreção de leite), III (manutenção da secreçãode leite) 2) Mastogênese - Na gravidez, estrogênio e progestogênio atuam para que as glândulas mamárias fiquem prontas para lactar. O progestogênio estimula que alvéolos e lóbulos mamários cresçam , o estrogênio estimula a proliferação e ramificação dos ductos lactíferos; também ocorre a deposição de gordura em torno do tecido glandular e acúmulo de líquido dentro das células. O lactogênio placentário, gonadotrofina coriônica e prolactina contribuem para o crescimento glandular. E mesmo que os níveis de prolactina estejam altos na gravidez, não há secreção de leite devido à inibição pelo hormônio lactogênio placentário. 3) Lactogênese I: No final da gestação, o desenvolvimento da mama é evidente e há a secreção do colostro II: Com o nascimento e dequitação, os efeitos inibitórios do progestogênio e lactogênio placentário sobre a prolactina cessam, e a secreção do leite aumenta; também se inicia a síntese de ocitocina que atuará na ejeção ou saída do leite. A sugação do bebê estimula os nervos somáticos dos mamilos que transmitem estímulos até o hipotálamo, onde os sinais neurais estimulam a secreção de PRL (fator de liberação de prolactina), levando a liberação de prolactina, que estimula os alvéolos mamários para produção de leite, e também libera ocitocina, que ao chegar nas mamas provoca a contração das células mioepiteliais ao redor dos alvéolos fazendo com que haja a ejeção de leite até os ductos. III: Manutenção da produção de leite, relacionada com a sucção dos mamilos e esvaziamento das mamas Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 25 • 3-4° dias pós-parto há a apojadura (descida do leite): não depende da sucção do mamilo; é devido a um controle hormonal - Colostro: secretado nos primeiros 3-5 dias pós-parto. Em relação ao leite maduro tem mais eletrólitos, proteínas, vitaminas lipossolúveis, minerais, maior concentração de IgA e lactoferrina, mas possui menos gordura e lactose - Leite de transição: produzido em torno do 6-10 dia até a 2 sem. pós-parto, possui menos Ig e vitaminas lipossolúveis, aumentando a concentração de vitaminas hidrossolúveis, lipídios e lactose - Leite maduro: produção a partir da 2 quinzena pós-parto, maior concentração lipídica e de lactose; menor quantidade de proteínas. O leite anterior (solução) é ralo e doce com mais proteína do soro e lactose. No meio da mamada (suspensão) é maior a quantidade de caseína. O leite posterior (emulsão) tem grande concentração de gordura, importante para saciar o lactente. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 26 PEGA ADEQUADA - Uma amamentação de boa qualidade é quanto não há desconforto para mãe nem para a criança, uma pega adequada é caracterizada pela boca do bebê bem aberta, englobando a maior parte da aréola, lábio inferior evertido, queixo tocando a mama, língua no bebê vai ficar sobre a gengiva inferior e bordar curvadas para cima, além da deglutição ser audível e visível. Há ainda, orientação básicas quanto ao posicionamento, sempre levando em consideração o conforto de ambos, o rosto do bebê de frente para a mama e com o nariz em oposição ao mamilo, cabeça e troco do bebê devem estar alinhados, corpo do bebê e da mãe devem estar próximos. COMPOSIÇÃO • Fatores protetores - IgA, IgM e IgG, Leucócitos (macrófagos, neutrófilos, linfócitos). - Fator bífido é um carboidrato substrato para o crescimento do Lactobacillus bifidus, bacilos anaeróbios que compõem a flora intestinal predominante em crianças amamentadas exclusivamente no peito. Constituem uma flora saprófita, impedindo a proliferação de micro- organismos patogênicos. Junto com a lactose, o fator bífido favorece a formação de ácidos orgânicos, que determinam um pH intestinal baixo (acidificação fecal) - Lisozima: ação bactericida e anti-inflamatória; é produzida por neutrófilos e macrófagos e age através da lise da parede celular de bactérias Gram-positivas e negativas. - Lactoferrina: ação bacteriostática; é uma proteína carreadora de ferro que, por quelação, diminui a biodisponibilidade deste mineral para os patógenos, em especial, Staphylococcus sp., E. coli. e Candida sp., e aumenta sua biodisponibilidade para o lactente, liberando-o em seu sítio de absorção no intestino delgado - Lipase: atua contra parasitas como Giardia lamblia e Entamoeba histolytica. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 27 - O leite materno contém baixas concentrações de vitamina K, vitamina D e ferro é recomendado suplementação das crianças amamentadas: vitamina K ao nascimento, vitamina D diária até os 18 meses para as crianças sem exposição regular ao sol, e ferro até os 2 anos de idade a partir da introdução da alimentação complementar em crianças nascidas a termo, ou antes em lactentes pré-termo. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 28 PNEUMONIA - Inflamação do parênquima pulmonar ocasionado na maior parte por agentes infecciosos, mas pode ocorre também por aspiração de alimentos, corpo estranho, drogas, radiação. • Etiologia: viral, bacteriana, parasitária, fúngica • Patologia: pneumonia lobar, broncopneumonia, intersticial, miliar - Em países desenvolvidos, a incidência de PAC é de 10 a 15/1.000 crianças/ano, e a taxa de internação é de 1 a 4/1.000 crianças/ano, ocorrendo sobretudo em menores de 5 anos. - Principais fatores de risco para PAC: desnutrição, baixa idade, comorbidades e gravidade da doença, que podem concorrer para o óbito. Outros fatores, como baixo peso ao nascer, Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 29 permanência em creche, episódios prévios de sibilos e pneumonia, ausência de aleitamento materno, vacinação incompleta, variáveis socioeconômicas e variáveis ambientais, também contribuem para a morbidade e a mortalidade. - Vírus é o principal agente em crianças até 5 anos: mais comum o SVR, seguido dos vírus influenza, parainfluenza, adenovírus e rinovírus. - Pneumonia bacteriana possui maior gravidade e mortalidade, sendo o Streptococcus pneumoniae ou pneumococo o principal agente • Classificação quanto ao local de aquisição - PAC: inflamação aguda do parênquima pulmonar de origem infecciosa, adquirida fora do hospital - Pneumonia associada a serviços de saúde ou nosocomial: surge 48h após internação e até 10 dias após a alta, não estando em incubação na admissão. Pneumonias adquiridas no hospital, Pneumonia associada ao ventilador, Pneumonia associada a cuidados de saúde Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 30 PAC • Agentes: Bac: Streptococcus pneumoniae (+50% PAC), Haemophilus influenzae, Mycoplasma pneumoniae, Chlamidia, C. psittaci, C. Trachomatis, Moraxella catarrhalis, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Mycobacterium tuberculosis. Vírus: VSR, Metapneumovirus, Rhinovirus, Influenza A e B, Parainfluenza, Adenovirus 3, 4 e 7 e Enterovirus QUADRO CLÍNICO • Bacteriana: tosse produtiva, febre alta, dor abdominal ou torácica, prostração, hiporexia. • Viral: início mais gradativo com cefaléia, mal estar, tosse não produtiva e febre. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 31 • Pneumonia afebril do lactente: Tem sua transmissão vertical periparto e o seu agente é a Chlamydia trachomatis. Suspeitar também nos casos em que o paciente e as pessoas que mantem contato, possuírem a mesma sintomatologia. Quadro arrastado + tosse + eosinofilia + conjuntivite.Precedida por um quadro de infecção viral alta. Taquipnéia fora do período febril: ▪ 2 meses: FR>60 irpm ▪ 2 a 12 meses: FR> 50 irpm ▪ 1 a 5 anos: FR > 40 irpm Sinais de desconforto respiratório : Tiragens, Batimento de asa de nariz, Retração de fúrcula, Uso de musculatura acessória Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 32 • Sinais de perigo: Menores de 2 meses: FR ≥ 60 irpm, tiragem subcostal, febre alta, recusa do seio materno por mais de 3 mamadas, sibilância, estridor em repouso, sensório alterado com letargia, sonolência anormal ou irritabilidade excessiva. Maiores de 2 meses: tiragem subcostal, estridor em repouso, recusa de líquidos, convulsão, alteração do sensório e vômito de tudo que lhe é oferecido. Segundo a OMS, crianças com PAC e tiragem subcostal são classificadas como portadoras de pneumonia grave, e aquelas com outros sinais de gravidade (recusa de líquidos, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, batimento de asa do nariz e cianose) são classificadas como portadoras de pneumonia muito grave. Menores de 2 meses sinais de doença muito grave: recusa alimentar, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, febre ou hipotermia, além da tiragem subcostal grave. • Indicação de internação: menores de 2 meses, presença de tiragem subcostal, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, ausência de ingestão de líquidos, sinais de hipoxemia, presença de comorbidades (anemia, cardiopatias, pneumopatias), problemas sociais, falha na terapêutica ambulatorial, complicações radiológicas (derrame pleural, pneumatocele, abscesso pulmonar). • Além do uso adequado dos antimicrobianos, são importantes: manter a alimentação da criança, particularmente o aleitamento materno, aumentar a oferta hídrica e manter as narinas desobstruídas. EXAME FÍSICO • Inspeção: Taquipneia, eventualmente tiragem, cianose e secreção nasal • Palpação: Aumento do frêmito tóraco-vocal • Percussão: Sinais de macicez • Ausculta: Estertores crepitantes ou sub-crepitantes, Pecteriloquia, Sibilos, Roncos • Diagnóstico confirmado por RX de tórax; RX permite confirmar a pneumonia, localizar e observar a sua extensão, acompanhar a evolução do quadro, detectar complicações, avaliar se Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 33 evoluiu para a cura ou se ficaram sequelas. Tem baixa acurácia para diagnóstico etiológico e não deve ser feito para controle de cura VIRAL - A maioria das pneumonias virais é precedida por vários dias de sintomas respiratórios, como tosse, coriza e obstrução nasal. Febre com temperatura mais baixa do que na pneumonia bacteriana (embora isso não seja critério absoluto). Se for uma infecção grave pode ser acompanhada de cianose e dificuldade respiratória. A maioria das crianças recupera-se sem intercorrências e não apresenta sequelas. RX: infiltrado difuso, podendo ser acompanhada de hiperinsuflação PNEUMONIA BACTERIANA - O leucograma, em geral, nas PAC bacterianas mostra leucocitose, neutrofilia e ocorrência de formas jovens. A eosinofilia ≥ 300 células/mm3 podem ocorrer na maioria dos pacientes com infecção por C. trachomatis. - A PAC bacteriana poderia ser suspeitada quando a proteína C reativa (PCR) for ≥ 40 a 100 mg ou quando houver níveis ≥ 0,75 a 2 ng/mL de procalcitonina. - Diagnóstico microbiológico só é indicado nos casos de PAC grave, em crianças internadas ou quando a evolução do paciente é desfavorável - Prevenção: vacinas pneumocócicas 13-valente (7 sorotipos + 1, 5, 7F, 3, 6A, 19A) e 10-valente (7 sorotipos + 1, 5, 7F), sendo a última disponível na rede pública de saúde. 1) Pneumocócica - Streptococcus pneumoniae - A leucometria está elevada para 15.000-40.000/ mm3, com predomínio de polimorfonucleares. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 34 • Lactantes: infecção leve do trato respiratório superior, com obstrução nasal, irritabilidade e redução do apetite; doença leve com duração de vários dias termina com o início abrupto de febre de 39ºC ou mais, inquietude, apreensão e dificuldade respiratória, manifestada por gemência, batimento de asas do nariz, retrações intercostais e subcostais, taquicardia e taquipneia. - Distensão abdominal pode estar presente, refletindo dilatação gástrica devido ao ar deglutido ou íleo paralítico. • Crianças e adolescentes: sinais e sintomas são semelhantes aos dos adultos. Há uma infecção respiratória alta leve e breve e segue com início de calafrios seguidos por febre de até 40,5ºC. Pode ter retrações torácicas, batimento de asas do nariz, macicez, murmúrio vesicular diminuído e estertores crepitantes no lado afetado. Os sinais clássicos de consolidação são observados do segundo ao terceiro dia da doença e se caracterizam por macicez à percussão, aumento do frêmito, sopro tubário e o desaparecimento dos estertores. Pode haver derrame pleural. BRONCOPNEUMONIA - Mais frequente nas pneumonias pelo Staphylococcus aureus; se dissemina pelas vias aéreas (árvore brônquica) e o aspecto é mais difuso e multifocal que na pneumonia lobar - Comum em: imunodeprimidos, , recém-nascidos, prematuros, lactentes menores do que um ano, desnutridos ou em pacientes com doença de base. - Quadro radiológico multiforme com lesões que não respeitam a segmentação pulmonar, podem ser únicas ou múltiplas, dispersas ou confluentes, de limites irregulares, uni ou bilaterais; tem aspecto algodonoso; não há broncograma aéreo Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 35 - Nos casos de pneumonia pelo estafilococo é comum o encontro de pneumatocele ou derrame pleural PNEUMONIA LOBAR/ SEGMENTAR - Processos inflamatórios comprometendo homogeneamente um lobo, lobos ou segmentos pulmonares. Causada pela disseminação interalveolar de exsudatos por meio dos poros de Kohn e canais de Lambert - Normalmente tem origem bacteriana. - Microorganismos responsáveis mais comuns: Streptococcus pneumoniae e Klebsiella pneumoniae. - Não costuma ocorrer em infecções virais. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 36 - Condensação homogenea, Bordos bem delimitados, Aerobroncograma, Ausência de perda de volume Opacidade em “toalha” da metade inferior do pulmão direito, delimitada superiormente pela pequena cisura com ligeiro repuxamento superior do diafragma homolateral Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 37 INTERSTICIAL ➢ Expressão radiológica das “pneumonias atípicas” (M. pneumoniae) e vírus. • Opacidades lineo/micronodulares dispersas/ (vidro fosco), Multi-segmentar, Pluri-lobar • Não há variação de volume - Apresenta-se com sinais de aumento da trama broncovascular, espessamento peribrônquico e hiperinsuflação. Progressivamente, podem ocorrer áreas de consolidação associadas ao aparecimento de atelectasias Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 38 PADRÃO MILIAR • Opacidades micronodulares dispersas • Ocorre na disseminação broncogênica como na tuberculose • Dependendo do grau de imunocomprometimento pode haver formação de granulomas, necrose caseosa e focos de necrose. ➢ Staphylococcus tendem a causar necrose e abcessos pulmonares ➢ Bacilos gram – (klebsiella) também podem originar abcessos ➢ Streptococcus pneumoniae quase nunca causam abcessos ANEMIA FERROPRIVA - Anemia (OMS): condição na qual a concentração sanguínea de hemoglobina seencontra abaixo dos valores esperados (inferior a -2DP), tornando-se insuficiente para atender as necessidades fisiológicas exigidas de acordo com idade, sexo, gestação e altitude. - A maior parte do ferro corporal se encontra na hemoglobina e na ferritina, e costuma ser mais absorvido no duodeno e no jejuno superior, por isso doenças que acometem essas regiões influenciam diretamente em sua absorção. O ferro heme (carnes) é mais facilmente absorvido pelo corpo humano, enquanto que o não-heme (férrico) precisa passar por algumas. O ferro férrico tem sua absorção prejudicada pela ingestão de fibras e uso de alguns antibióticos, mas ácido melhora sua absorção no trato gastrointestinal. Após absorvido, o ferro vai da mucosa intestinal via transferrina para os eritroblastos, fígado e placenta. Sendo que a transferrina aumenta durante a deficiência de ferro como tentativa de compensar o déficit. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 39 - A deficiência do ferro começa quando a demanda é maior que a oferta, sendo necessário a utilização das reservas de ferro na medula óssea o que causa uma depleção progressiva desse depósito. Se o déficit de ferro não for corrigido a produção de eritrócitos será afetada, gerando anemia. Se muito prolongada, a anemia pode causar disfunções nas enzimas celulares ligadas ao ferro. Diagnóstico anemia (Hb) Crianças menores de cinco anos e gestantes: hemoglobina < 11 g/dl Crianças de 5 a 11 anos: hemoglobina < 11,5 g/dl Adolescentes de 12 a 14 anos e para mulheres não-grávidas: hemoglobina < 12 g/dl Adultos do sexo masculino acima de 15 anos: hemoglobina < 13 g/dl. INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA • Período pré-natal: tem repercussões deletérias de longo prazo no desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e capacidades motoras das crianças • Infância: predispõe a cáries dentárias, alterações na imunidade inata, paladar e apetite (com associação a quadros de pica - alterações do sabor e apetite); resposta alterada ao estresse metabólico e desenvolvimento audiovisual. 3 FASES 1) Depleção de ferro: ocorre quando a oferta é incapaz de suprir as necessidades. Produz inicialmente redução dos depósitos, que se caracteriza por ferritina baixa, sem alterações no hemograma. 2) Eritropoiese ferro-deficiente: se o balanço negativo continua, instala-se a segunda fase, em que há diminuição do ferro sérico, saturação da transferrina abaixo de 16% e elevação da protoporfirina eritrocitária livre, aumento da capacidade total de ligação da transferrina (>250- 390μg/dl) Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 40 3) Anemia por deficiência de ferro: diminuição dos níveis séricos de hemoglobina, hematócrito e alterações hematimétricas. EXAMES ANEMIA • Baixo VCM (microcítica), Baixo HCM, Baixo CHCM (hipocromia), Alto RDW (anisocitose) • Leucopenia e plaquetose também podem ser indicativos do quadro de anemia e devem ser considerados Hb Crianças menores de cinco anos e gestantes: hemoglobina < 11 g/dl Crianças de 5 a 11 anos: hemoglobina < 11,5 g/dl Adolescentes de 12 a 14 anos e para mulheres não-grávidas: hemoglobina < 12 g/dl Adultos do sexo masculino acima de 15 anos: hemoglobina < 13 g/dl. Ferritina - Baixa ferritina indica depleção do depósito de Fe Menores de 5 anos < 12 μg/L Entre 5-12 anos < 15 μg/L Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 41 Fe sérico crianças entre 1-5 anos < 30 mg/dL Saturação de transferrina (ST): < 16 % Reticulócitos: - se relaciona à eritropoiese, uma vez que o volume de hemoglobina presente nos reticulócitos representa o volume de ferro disponível para a eritropoiese e é um indicador precoce da anemia ferropriva e déficit de hemoglobinização - Referência para crianças: do seu valor relativo é de 0,5% a 2%, e do valor absoluto de 25000-85000/mm3, devendo este último ser utilizado por ser mais fidedigno. SINAIS CLÍNICOS Redução da acidez gástrica, gastrite atrófica, sangramento da mucosa intestinal, irritabilidade, distúrbios de conduta e percepção, distúrbio psicomotor, inibição da capacidade bactericida dos neutrófilos, diminuição de linfócitos T, diminuição da capacidade de trabalho e da tolerância a exercícios, palidez da face, das palmas das mãos e das mucosas conjuntival e oral, respiração ofegante, astenia e algia em membros inferiores, unhas quebradiças e rugosas e estomatite angular PREVENÇÃO E TRATAMENTO • Incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês; a não utilização do leite de vaca no primeiro ano de vida; a suplementação medicamentosa profilática; a fortificação de alimentos de consumo massivo; o controle de infecções; acesso a água e esgoto adequados; estímulo ao consumo de alimentos que contenham ferro de alta biodisponibilidade na fase de introdução da alimentação complementar e em fases de maior vulnerabilidade a essa deficiência, como a Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 42 adolescência a suplementação profilática com dose de 1mg de ferro elementar/kg ao dia dos três aos 24 meses de idade • Suplementação - Lactentes pré-termo ou com baixo peso (menor de 1500g): suplementação com 2mg/kg/dia a partir do 30º dia até os 12 meses - Prematuros com baixo peso (entre 1000g e 1500g): suplementação é de 3mg/kg/dia até os 12 meses - RN com menos de 1000g: de 4mg/kg/dia Após o 1º ano de vida, a suplementação em todos os casos reduz-se para a dose de 1mg/kg/dia por mais 12 meses • Tratamento - Medidas de orientação nutricional e suplementação com ferro elementar oral na dose de 3 a 5mg /kg/dia, fracionado ou em dose única, antes das refeições, por 3 a 6 meses. Deve ser feito um hemograma completo a cada 30 a 60 dias, e dosagem de marcadores do estoque de ferro- ferritina, com 30 e 90 dias. O objetivo é a reposição dos estoques de ferro, o que varia entre dois a seis meses ou até obtenção de ferritina sérica maior que 15μg/dL Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 43 DIARREIA - Perda excessiva de água e eletrólitos através das fezes, devido a um desequilíbrio entre absorção e secreção de eletrólitos, resultando no aumento do volume e frequência de evacuações com redução da consistência fecal; quando há 3 ou mais evacuações amolecidas dentro de 24h • Diarreia aguda aquosa: diarreia até 14 dias com perda de grande volume de fluidos e pode causar desidratação; maioria das vezes de etiologia infecciosa • Diarreia Persistente: quadro superior a 14 dias, relacionada com algum fator que impediu a regeneração do enterócito após a diarreia a aguda • Diarreia crônica: quando o quadro se estende por mais de 30 dias • Disenteria: fezes com sangue e muco, associado a uma lesão do epitélio intestinal Diarreia aquosa: vírus, toxinas, coli, Cólera e Clostridium difficile. Diarreia com sangue: Shigella, Salmonella, Campylobacter, E. coli enterohemorrágica PATÓGENOS Vírus - rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus (em especial o norovírus) e astrovírus. Bactérias - E. coli enteropatogênica clássica, E. coli enterotoxigenica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia Parasitos - Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isosopora Fungos - Candida albicans Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 44 MECANISMO PATOGÊNICO • Osmótica - Quando há Presençade solutos osmoticamente ativos que não são absorvíveis pelo intestino, o que levando um acúmulo de líquidos e diarreia. - Rotavírus, E. coli Enteropatogênica Exemplos: uso de laxantes, deficiência de lactase, má absorção de glicose-galactose. • Secretora - Ocorre um aumento na secreção intestinal de água e eletrólitos devido a direta de patógenos ou toxinas sobre o enterócito, que provocam um aumento intracelular de nucleotídeos cíclicos (AMPc e GMPc) levando a essa elevação da atividade secretória. - Caracterizado por maior volume fecal, com sódio fecal elevado (> 70 mEq/L). A desidratação ocorre rapidamente. - Ativação AMPc: cólera, E. coli enterotoxigênica, Shigella, Salmonella, Campylobacter - Ativação GMPc: toxina E. coli, Yersinia - Mecanismo cálcio-dependente: toxina de C. difficile, neuroblastoma, tumor carcinoide • Invasiva / inflamatória - Lesão do enterócito provocando um reação inflamatória e aumento da secreção de eletrólitos, além de não conseguir absorver ou transportar açúcares, aminoácidos ou eletrólitos levando a diarreia. - Salmonella, Shigella, amebíase, Yersinia, Campylobacter Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 45 DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS DAS DEJEÇÕES E FREQUÊNCIA POR DIA - Alta: poucas dejeções ao dia, volume grande evacuado, presença de restos alimentares e ausência de muco. Geralmente acompanhada de cólicas abdominais; cessa após jejum. Proveniente do intestino delgado - Baixa: múltiplas dejeções ao dia, volume pequeno de fezes, sem restos alimentares e com presença de muco, pus e pode conter sangue. Geralmente acompanhadas de urgência e tenesmo. Proveniente do cólon. - Não-inflamatória: fezes aquosas, volumosas, sem sangue muco ou pus, geralmente sem febre. - Inflamatória: evacuações frequentes, pequeno volume, com muco ou pus, algumas com sangue. É comum febre, toxemia, dor abdominal intensa, tenesmo e leucocitose associada. - OBS: o intestino delgado absorve mais água do que o cólon, desordens absortivas do delgado provocam uma diarreia de grande volume, e no cólon com menor Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 46 DESIDRATAÇÃO Perda de peso de até 5% represente a desidratação leve Perda entre 5% e 10% a desidratação é moderada Perda de mais de 10% desidratação grave - Essa classificação proporciona uma estimativa do volume necessário para correção do déficit corporal de fluído em consequência da doença diarreica: Perda de 5%, ou seja, 50 mL/Kg Perda de 5 a 10%, ou seja, 50 a 100 mL/Kg Perda maior do que 10%, ou seja, mais de 100 mL/Kg Plano A Plano B Plano C Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 47 PUBERDADE EIXO HIPOTALÂMICO - HIPOFISÁRIO - GONADAL (HHG) - Puberdade: mudanças físicas; alterações biopsicossociais impulsionada por maturação do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal - Adolescência: mudanças físicas, corporais e psicológicas - Para a OMS a adolescência é dividida em três fases: Pré-adolescência - 10 aos 14 anos Adolescência - 15 aos 19 anos completos Juventude - 20 aos 24 anos. - ECA define adolescência como o período compreendido entre os 12 e os 18 anos. - O eixo HHG tem uma fase ativa durante o desenvolvimento fetal e neonatal, uma fase de repouso, que dura a infância, e na puberdade ocorre a reativação do sistema HHG. - Durante a infância, o hipotálamo simplesmente não secreta quantidades significativas de GnRH. Uma das razões para isso é que, durante a infância, pequena secreção de qualquer hormônio esteroide exerce efeito inibitório intenso sobre a secreção hipotalâmica de GnRH. Também, por motivos ainda não compreendidos na época da puberdade, a secreção de GnRH hipotalâmico supera a inibição infantil, iniciando a vida sexual adulta. ADRENARCA - A adrenarca ocorre por volta de 6-8 anos de idade, por estímulo do ACTH hipofisário. Os hormônios adrenais são então responsáveis pela modificação dos odores corporais, aumento da oleosidade da pele, pilificação axilar e pubiana. - Paralelamente ao início da secreção de GnRH, há ativação da zona reticulada das supras renais, o que é chamado de adrenarca dando início a secreção dos hormônios androgênicos suprarrenais, principalmente a deidroepiandrosterona (DHEA), o sulfato de Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 48 deidroepiandrosterona (DHEA-S), que contribuem para a desinibição do hipotálamo, permitindo assim, pulsos noturnos cada vez mais frequentes de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina - LHRH = GnRH) e posteriormente de LH. Ocorre também o aumento da atividade da 17 alfa hidroxilase e do P450 e 17. Observa-se o crescimento dos pelos pubianos (pubarca), dos axilares (axilarca) e a secreção das glândulas sebáceas. - Esteroides gonadais estimulam a secreção de GH e IGF-1, os quais agem sobre a cartilagem de crescimento proporcionando o alongamento ósseo. - A adrenarca ocorre geralmente dois anos antes do estirão de crescimento e da elevação das gonadotrofinas e dos estrogênios. Não depende de GnRH, de gonadotrofinas ou da função gonadal. Parece ser independente da ativação do eixo hipofisário-gônadas. - As manifestações clinicas da adrenarca: pelos pubianos, odor axilar, pelos axilares - ocorrem após as manifestações clinicas da gonadarca - telarca ou aumento do volume testicular. GONADARCA - Início da puberdade é marcado pela gonadarca que o é o aumento da secreção de GnRH e aumento gradual dos picos de LH e FSH, inicialmente durante a noite e depois durante todo o dia. O LH estimula as células da teca interna, que sintetizam os precursores androgênicos. O FSH aumenta a síntese de aromatase, que converte os precursores em estrogênio - Esse processo ocorre entre 8 - 13 anos no sexo feminino e entre 9 - 14 anos no sexo masculino. - No período que precede a menarca o aumento dos pulsos de FSH em intensidade e frequência, e o aumento da sensibilidade ovariana ao estímulo das gonadotrofinas , levam ao aumento da secreção de estradiol. Sob o estímulo estrogênico tornam-se evidentes os caracteres sexuais secundários e a sequência de eventos do desenvolvimento puberal: - Estirão de crescimento - Telarca / aumento testicular - Pubarca - Menarca Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 49 MUDANÇAS MULHERES E HOMENS - O primeiro sinal de puberdade masculina é o aumento do volume testicular (9-14 anos-volume de 4 ml), seguido da pubarca e aumento do pênis. A semenarca (primeira ejaculação) ocorre quando o volume do testículo é de cerca de 10 a 12 mililitros, e a concentração de espermatozoides costuma ser baixa nos primeiros dois anos. O surgimento dos pelos das axilas e pelos faciais coincidem com o III estágio de pelos pubianos, e o tom da voz muda com o V estágio. - A telarca (entre os 8 e os 13 anos - M2) é o primeiro sinal da puberdade feminina, seguida do aparecimento da pubarca e dos pelos nas axilas e depois da menarca, e o ciclo menstrual inicial geralmente é irregular, geralmente anovulatório, e o ciclo é mais longo. - Ritmo evolutivo dos sinais entre 2 estágios é em média de 1 ano, se for inferior a 6 meses deve ser considerado anormal - Menarca ocorre 2-2,5 anos após primeiros ciclos geralmente são anovulatórios e irregulares - Pelos pubianos 9 anos - Aumento do volume testicular por volta de 9,5 anos - Produção espermatozoides 13,5 - 14 anos, com volume testicular médio 10 ml, precede estirão - Surgimento de pelos pubianos: 12 anos. -Aparecimento de pelos axilares e faciais: 13 e 15 anos, respectivamente - Até os 4 anos, as meninas têm velocidade de crescimento discretamente mais elevada que os meninos. A partir daí ambos crescem a uma velocidade de 5 a 6 cm/ano até o início da puberdade, quando a velocidade de crescimento sofre uma aceleração, alcançando valores de 10 a 12 cm/ano no sexo masculino e 8 a 10 cm/ano nas meninas . Essa aceleração da velocidade de crescimento é imediatamente precedida por uma pequena redução da mesma. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 50 ESTIRÃO DE CRESCIMEN TO - É o desenvolvimento somático e acontece mais cedo nas meninas. Nessa fase há ganho de peso - Depende da ação conjunta do hormônio do crescimento (GH), dos estrogênios e do IGF-1. Estrogênio estimula o GH, que ativa o IGF-1, que é um mediador da ação do GH. - Baixas doses de estradiol estimulam o GH, porém altas doses o inibem, pela modulação do IGF- 1 - O estirão acontece de modo assimétrico, ou seja, as extremidades (mãos e pés, depois braços e pernas) crescem primeiro e o tronco se alonga no final. Esta característica confere ao adolescente uma aparência “desengonçada” bastante peculiar - A secreção do GH ocorre em pulsos, principalmente no início das fases III e IV do sono, com meia-vida de aproximadamente 20 minutos. Normalmente ocorrem 6 a 10 pulsos secretórios nas 24 horas, principalmente à noite - Duração é de 2 a 3 anos e a velocidade de crescimento de 9 a 10 cm/ano. Ocorre desaceleração do crescimento após a menarca, com ganho estatural médio de 6 cm • Meninas = início M2M3, após a menarca desaceleração de 8,5 -10 cm /ano, com total 25 cm Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 51 • Meninos = final G 4-5 (volume testicular 10-15) cresce 9,5-12 cm /ano, com total de 28 cm - A amplitude dos pulsos e a massa de GH secretada variam com a idade, aumentando durante a puberdade, período em que ocorre a maior secreção deste hormônio. GHRH e a grelina estimulam a secreção - Somatostatina exerce ação inibitória. - GH: Músculos - aumenta captação glicose e AA, sintese de proteina Tecido adiposo - diminui captação de glicose e aumenta a lipolise Condrocitos - captação AA, proteina, colágeno, aumenta tamanho e número de células Alargamento da placa epifisária e deposição da matriz óssea Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 52 TELARCA - Desenvolvimento mamário, que se inicia com o aparecimento do broto mamário por volta de 2 anos antes da menarca. Eventualmente pode ser precedida pela pubarca. PUBARCA - Caracteriza-se externamente pelo aparecimento dos pelos pubianos, seguidos dos axilares. O aumento da secreção das glândulas sebáceas confere à adolescente odor peculiar, além do surgimento da acne. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 53 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 54 MENARCA - Tempo médio decorrido entre o aparecimento do broto mamário e a menarca é de 2 a 3 anos. Geralmente a menarca ocorre após o pico do crescimento ponderal, com idade óssea igual ou maior que 13 anos, e com desenvolvimento mamário em estágio M4 e de pelos P4. MUDANÇAS MASCULINAS - As células de Leydig são praticamente inexistentes nos testículos durante a infância, época em que os testículos quase não secretam testosterona, mas elas são numerosas no recém-nascido do sexo masculino nos primeiros meses de vida e no homem adulto após a puberdade; em ambas épocas, os testículos secretam grande quantidade de testosterona. - A testosterona começa a ser produzida pelos testículos fetais por volta da 7 semana embrionária. O cromossomo sexual masculino tem o gene SRY que codifica a proteína chamada Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 55 de fator de determinação testicular (proteína SRY) a qual induz as células da crista gonadal a se diferenciarem em células secretoras de testosterona formando os testículos - Aumento do volume testicular por volta de 9,5 anos - Produção espermatozoides 13,5 - 14 anos, com volume testicular médio 10 ml, precede estirão - Surgimento de pelos pubianos: 12 anos. - Aparecimento de pelos axilares e faciais: 13 e 15 anos, respectivamente - Estradiol: fechamento das epífises, prevenção osteoporose, regulação do GnRH por retroalimentação Obs: a aromatase converte a testosterona (andrógeno) em estradiol (estrogênio); o excesso de carboidratos refinados aumenta a aromatase, desencadeando maior conversão de testosterona em estradiol - Ginecomastia: Estradiol (E2) estimula o desenvolvimento mamário triplica e a testosterona que antagoniza este efeito só apresenta um aumento significativo no fim da puberdade Ocorre por aumento da aromatase que pode piorar com a resistência insulínica que diminui o SHBG (proteína produzida pelo fígado e tem como principal função o transporte dos hormônios sexuais no sangue) e aumenta E2 livre - 5 alfa redutase (DTH - andrógeno): converte a testosterona, o hormônio sexual masculino, em um outro mais potente, a di-hidrotestosterona - crescimento dos pênis, pelos, glândula sebácea e calvície. Uma das causas de pseudo-hermafroditismo masculino (PHM) é a deficiência desta enzima, de herança autossômica recessiva, na qual a conversão da T em DHT é nula ou defeituosa. A DHT induz a virilização da genitália externa para formar o pênis, a uretra, a próstata e a bolsa escrotal durante a vida fetal e atua no desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários durante a puberdade. - Testosterona: crescimento laringe e mudança de voz, anabólico, espermatogênese e libido Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 56 • Mudanças durante a puberdade devido a testosterona: induz a formação das características sexuais secundárias masculinas 1) Distribuição de pelos - Induz o crescimento de pelos no púbis, para cima ao longo da linha alba do abdome, algumas vezes até o umbigo ou acima, na face, geralmente no tórax e menos frequentemente em outras regiões do corpo, tais como as costas. 2) Calvície: reduz o crescimento dos cabelos no topo da cabeça 3) Voz: causa hipertrofia da mucosa laríngea e alargamento da laringe, produzindo inicialmente uma voz dissonante 4) Pele - Aumenta a espessura e a rigidez dos tecidos subcutâneos - Aumenta a secreção de glândulas sebáceas, contribuindo para a acne 5) Aumenta a formação de proteínas e do desenvolvimento muscular 6) Osso - Aumenta a matriz óssea com o crescimento dos ossos e aumento de sua espessura e deposição de grandes quantidades de cálcio - Alonga a pelve dando uma forma afunilada 7) Metabolismo basal: a testosterona aumenta o anabolismo proteico elevado a quantidade de proteínas, principalmente enzimas, ou seja, aumenta a atividade celular 8) Estimula a eritropoiese, por isso há um aumento de células vermelhas Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 57 CONTROLE DAS FUNÇÕES SEXUAIS MASCULINAS - Com a secreção de GnRH pelo hipotálamo, há um estímulo hipofisário para liberação de hormônios gonadotrópicos como LH e FSH - O LH estimula a células intersticiais de Leydig a secretarem testosterona; a testosterona tem um efeito de feedback negativo sobre o hipotálamo reduzindo a liberação de GnRH, o que consequentemente reduz a secreção de LH e FSH pela hipófise levando a diminuição de testosteronapelos testículos, ou seja, controla níveis elevados de testosterona; Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 58 - Quando os níveis de testosterona estão baixos o contrário também ocorre, ou seja, há mais secreção de GnRH aumentando a de FSH e LH, consequentemente de testosterona. - FSH estimula as células de Sertoli a secretarem ABP (proteína ligante de andrógeno), e quando a testosterona vai para os túbulos seminíferos e se combina com a ABP, ela fica concentrada nos túbulos estimulando a espermatogênese - As células de Sertoli secretam inibina que faz um feedback negativo sobre a produção de FSH pela hipófise quando a espermatogênese está muito alta Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 59 MUDANÇAS FEMININAS - Sinal visível de puberdade é o broto mamário por volta 8-13 anos - Ritmo evolutivo dos sinais entre 2 estágios é em média de 1 ano, se for inferior a 6 meses deve ser considerado anormal - Menarca ocorre 2-2,5 anos após primeiros ciclos geralmente são anovulatórios e irregulares - Pelos pubianos 9 anos EFEITO ESTROGÊNIO - Provoca proliferação celular e crescimento dos tecidos e órgãos sexuais - Ovários, tubas e útero aumentam de tamanho - Genitália externa aumenta de tamanho com o depósito de gordura no monte pubiano e grandes lábios - Alteram o epitélio vaginal do tipo cuboide para o estratificado, pois é mais resistente a traumas e infecções - Proliferação acentuada do estroma endometrial e grande desenvolvimento das glândulas endometriais - Desenvolvimento dos tecidos estromais das mamas, crescimento de vasto sistema de ductos e depósito de gordura nas mamas - Início ao crescimento das mamas e produção de leite - Aumentam o depósito de gordura dos tecidos subcutâneos - Tem pouco efeito sobre a distribuição pilosa, quem atua mais nesse caso são os andrógenos formados pelas adrenais após a puberdade - Desenvolvimento de uma pele mais macia e lisa; faz com a pele se torne mais vascularizada, o que a deixa mais quente Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 60 EFEITOS PROGESTERONA - Promove alterações secretórias no endométrio uterino na última metade do ciclo menstrual, preparando o útero para a implantação - Reduz a frequência e intensidade das contrações uterinas - Desenvolvimento dos lóbulos e alvéolos das mamas Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 61 Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 62 PUBERDADE PRECOCE (PP) - Puberdade é considerada precoce quando há o desenvolvimento de caracteres sexuais secundários antes do 8 anos nas meninas e dos 9 em meninos: 1) Puberdade precoce verdadeira (completa, isossexual, central ou dependente do GnRH): - Decorrente da ativação precoce do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, levando à produção de esteróides sexuais pelas gônadas e desenvolvimento puberal precoce, porém com padrão semelhante ao da puberdade fisiológica. 2) Pseudopuberdade precoce (incompleta, periférica, iso ou heterossexual ou independente do GnRH): - Estímulo por esteróides sexuais, gonadais ou das suprarrenais, não associado à produção de gonadotrofinas hipofisárias. A secreção de esteroides ocorre independente da secreção das gonadotrofinas LH e FSH. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 63 • As variantes normais do desenvolvimento puberal incluem telarca precoce isolada, pubarca precoce isolada e menarca precoce isolada. Já os distúrbios patológicos da puberdade causam PP central ou PP periférica. TELARCA PRECOCE ISOL ADA - Na telarca precoce a menina apresenta desenvolvimento mamário unilateral ou bilateral isolado sem outros sinais de PP. Geralmente é uma condição benigna que ocorre desde o nascimento até os dois/três anos de idade. Apresenta uma regressão espontânea dentro de meses ou pode persistir até a puberdade. - As concentrações de gonadotrofinas e estrogênios estão dentro dos valores de normalidade pré-púbere, embora os níveis de FSH possam estar elevados. - Fisiopatologia não muito bem esclarecida, mas alguns fatores podem estar relacionados como secreção de estrogênio de um cisto ovariano, exposição à estrogênio materno e desreguladores endócrinos (DEs), por exemplo. - Alguns DEs são estruturalmente similares ao estrogênio permitindo que eles se liguem, ativem os receptores de estrogênio e desencadeiem resposta similar mesmo na ausência de estrogênio, que pode levar ao aparecimento de telarca precoce isolada, menarca precoce isolada ou PP periférica. DEs têm sido encontrados em vários produtos plásticos, retardadores de chama, pesticidas e muitos outros produtos de uso diário. PUBARCA PRECOCE ISOLADA - Aparecimento de pelos pubianos antes dos 8 anos em meninas e 9 anos de idade nos meninos. Pelos e odor axilar, acne, pequeno aumento da velocidade de crescimento e avanço discreto de idade óssea também pode ser observado em alguns casos, principalmente nos dois primeiros anos de evolução, mas a progressão da puberdade e a altura final são normais. Na pubarca precoce isolada os níveis séricos de androgênios adrenais são normais - Pubarca precoce tem sido associada também com a crianças PIG. O excesso de peso na infância pode predispor a pubarca precoce em indivíduos suscetíveis. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 64 MENARCA PRECOSE ISOLADA - Sangramento vaginal isolado antes dos 8 anos sem outros sinais de puberdade ou avança da idade óssea. Concentrações de gonadotrofinas e estradiol estão na faixa pré-puberal normal. PP CENTRAL - Ativação prematura do eixo HHG - Meninas: estradiol influência o desenvolvimento do tecido mamário e aumento da velocidade de crescimento - Meninos: aumento do volume testicular, aumento peniano pela influência da testosterona - Pubarca segue depois tanto para meninas como meninos - Pode apresentar alta estatura, mas devido à aceleração simultânea da maturação óssea ocorre fechamento precoce das epífises e a altura final adulta muitas vezes é reduzida, podendo ficar abaixo do terceiro percentil para a idade e sexo - Na PP a idade óssea geralmente é maior que a idade cronológica. Os níveis de estradiol (nas meninas) ou de testosterona (nos meninos) geralmente estão elevados para cronológica idade, mas correspondem ao estágio puberal. Testosterona sérica é marcador para PP central - As gonadotrofinas basais (LH e FSH) podem estar elevadas ou não já que sua secreção é pulsátil - USG pélvica mostra alterações uterinas e volume ovariano aumentado - Os objetivos do tratamento são interromper o desenvolvimento sexual até a idade normal de início da puberdade, desacelerar o crescimento e avanço de maturação esquelética, além de evitar problemas emocionais na criança, aliviar a ansiedade dos pais, atrasar o início da atividade sexual, prevenir a gravidez, reduzir o risco de abuso sexual e diminuir o risco de câncer de mama associado com a menarca precoce. Eduarda Oliveira Cochito Nascimento, crescimento e desenvolvimento Medicina Uniderp TXXIV – 2020 65 PP PERIFÉRICA - Ocorre antes e independentemente da maturação do eixo HHG. O eixo HHG é suprimido pela secreção anormalmente elevada de androgênios ou estrogênios. - As características sexuais secundárias aparecem devido ao aumento da produção de hormônios femininos ou masculinos. - Estrogênio induz PP isossexual (mudanças de acordo com o sexo) nas meninas e nos meninos PP heterossexual(mudanças discordantes do sexo). - Androgênios induzem PP isossexual em meninos e PP heterossexual em meninas. - Fatores relacionados: externos (ingestão terapêutica ou acidental de estrogênios ou androgênios) tumores, distúrbios da síntese de esteroides adrenais e, raramente, a síndrome de McCune-Albright ou a testotoxicose familiar (maturação precoce das cél. de Leydig)
Compartilhar