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EDEMA - Excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células (edema intracelular). Pode ocorrer em qualquer sítio do organismo, mas, do ponto de vista semiológico: foco no edema cutâneo, ou seja, a infiltração de líquido no espaço intersticial dos tecidos que constituem a pele e o tecido celular subcutâneo. - Como se forma: 1) Equilíbrio forças de Starling: Normalmente, a pressão hidrostática é maior na extremidade arteriolar do leito capilar, do que quando comparada com a pressão oncótica do plasma no mesmo ponto. Por esse motivo, a diferença entre essas pressões faz com que o líquido intravascular se direcione para o interstício. Ao longo do vaso, esse gradiente de pressões se reduz gradualmente. A saída do líquido intravascular faz com que a concentração de proteínas na luz do vaso se eleve e produza um aumento da pressão oncótica nesse meio. Essas alterações graduais se dão até que ocorra uma inversão do gradiente de pressão na extremidade venosa da rede capilar, momento em que a pressão oncótica supera a pressão hidrostática e, consequentemente, o líquido tende a voltar para o meio intravascular. Porém, nem todo fluido é novamente retido pelo sistema venoso: aquele excesso, que permanece no interstício, é drenado pelos vasos linfáticos, mantendo o equilíbrio dos fluidos, sem que haja formação de edema. 2) Alterações nas forças de Starling levam ao edema: Caso essas alterações ocorram de modo localizado, esse edema será restrito a uma localidade. As alterações a nível sistêmico provocam formação de grandes edemas, com mecanismos mais complexos. Nesse caso, haverá aumento do volume extracelular e do peso corpóreo. É importante lembrar também que eletrólitos como o sódio são importantes fatores que interferem na dinâmica dos fluidos, devido à osmolaridade do meio em que se encontram. Eduarda Oliveira Cochito Medicina Uniderp TXXIV LOCALIZAÇÃO E DESTRIBUIÇÃO - Analisar se é um edema generalizado ou localizado INTENSIDADE - Técnica: com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face. Havendo edema, ao ser retirado o dedo vê-se formação da fóvea. Estabelece- se a intensidade do edema referindo-se à profundidade da fóvea graduada em cruzes (+, + +, + + + e + + + +). CONSISTÊNCIA - Mesma técnica utilizada para verificar a intensidade. grau de resistência encontrado ao se comprimir a região edemaciada ELASTICIDADE - É a sensação percebida pelo dedo que comprime, mas principalmente observando-se a volta da pele à posição primitiva quando se termina a compressão. TEMPERATURA DA PELE CIRCUNJACENTE - Utiliza-se o dorso dos dedos ou as costas das mãos, comparando-se com a pele da vizinhança e da região homóloga. SENSIBILIDADE DA PELE CIRCUNJACENTE - Por meio da digitopressão da área que está sendo investigada. Doloroso é o edema cuja pressão desperta dor, e indolor, quando tal não ocorre. Edema doloroso é o inflamatório. ALTERAÇÕES PELE ADJACENTE - Mudança de coloração: palidez, cianose ou vermelhidão. A palidez atinge maior intensidade nos edemas que se acompanham de transtorno da irrigação sanguínea. A cianose é indicativa de perturbação venosa localizada, mas pode ser parte de uma cianose central ou mista. Vermelhidão indica processo inflamatório. - Textura e a espessura da pele: pele lisa e brilhante acompanha o edema recente e intenso; pele espessa é vista nos pacientes com edema de longa duração; pele enrugada aparece quando o edema está sendo eliminado. FISIOPATOLOGIA E CAUSAS • Causas do edema: 1) Aumento da pressão hidrostática vascular. 2) Diminuição da pressão oncótica, regulada pelas proteínas plasmáticas (albumina). Ex.: Diminuição da síntese proteica, Aumento da degradação proteica, desnutrição... 3) Aumento da permeabilidade vascular, geralmente causada pelas substâncias vasodilatadoras, ex.: bradicinina na inflamação. 4) Alteração na drenagem linfática, ex.: com a remoção de um linfonodo, vai perder a função de drenar a linfa daquela região. 5) Retenção de Na+ (aldosterona) e H2O (ADH). Regulação renal tanto na pressão quanto na volemia, retenção de H2O e Na+ GENERALIZADOS EDEMA RENAL - Devido a retenção de água e sal que não são eliminados convenientemente - Característica: edema renal é mole, inelástico, indolor, e a pele adjacente mantém temperatura normal ou discretamente reduzida. Edema generalizado, predominantemente facial, acumulando- se nas regiões subpalpebrais, sendo mais evidente no período matutino, e os pacientes costumam dizer que “amanhecem com os olhos inchados ou empapuçados”. - Observado na síndrome nefrítica, na síndrome nefrótica e na pielonefrite. • Síndrome nefrítica e Pielonefrite: discreto ou moderado (+ a + +). - Edema nefrítico: Na Síndrome Nefrítica além da retenção de sódio e água por desequilíbrio glomerulotubular, outro fator que se destaca é o aumento da permeabilidade capilar - quanto maior for a redução da TFG terá uma diminuição muito grande da carga filtrada de sódio, Assim, a pequena oferta distal de sódio vai permitir que haja reabsorção quase total do Na+ tubular no nefro distal, cai a excreção renal de sódio levando a retenção de Na+ e água, levando a um edema e hipertensão arterial. Lembrando que o edema dependerá da associação entre a redução da TFG, a redução na carga excretada de sódio e o aporte de sódio na dieta. • Síndrome nefrótica: edema é intenso (+ + + a + + + +) e se acompanha frequentemente de derrames cavitários - O edema ocorre pela redução na pressão oncótica do plasma, o que leva a uma menor reabsorção do fluido intersticial, na extremidade venosa do leito capilar EDEMA CARDÍACO - Ocorre devido à queda do débito cardíaco, em consequência de problema no miocárdico. Como resultado, eleva-se a pressão venosa sistêmica ao mesmo tempo em que se reduz o volume arterial efetivo de sangue - A queda do DC na insuficiência cardíaca congestiva (ICC) acarreta uma elevação da pressão venosa sistêmica e distúrbio do equilíbrio das forças de Starling nos capilares periféricos. Prevalecendo a pressão hidráulica intravascular na extremidade venosa do capilar, fica dificultado o retorno do líquido intersticial para o capilar, e água acumula-se no interstício. Essa redistribuição do fluido extracelular concorre para a formação de edemas - Característica: intensidade (+ a + + + +), é mole, inelástico, indolor, e a pele adjacente pode apresentar-se lisa e brilhante quando o edema é recente; mas, se for de longa duração, ela adquire o aspecto de “casca de laranja”, consequência de seu espessamento - Inicialmente se localiza nos membros inferiores devido a ação da gravidade, iniciando-se em torno dos maléolos, e devido a essa ação gravitacional esse edema aumenta durante o dia, por isso é chamado de edema vespertino. Conforme progride alcança pernas e coxas - Acúmulo de líquido não se restringe ao tecido subcutâneo, podendo acumular-se, também, nas cavidades serosas, seja no abdome (ascite), no tórax (hidrotórax), no pericárdio (hidropericárdio) e na bolsa escrotal (hidrocele). - Acamados ou lactentes, predomínio do edema: região sacral, glútea, perineal e parede abdominal • Insuficiência cardíaca direita: sangue não consegue ser bombeado adequadamente para os pulmões através das artérias pulmonares. Assim, uma síndrome congestiva se dá em direção as veias cavas por mecanismo de enchimento retrógrado, uma vez que o sangue não consegue avançar de forma adequada. A congestão do sistema venoso aumenta a pressão hidrostática no sistema venoso, dificultando o retorno do líquido do terceiro espaço novamente para a circulação na periferia e, consequentemente, tem-se a formaçãode edema. Na insuficiência cardíaca direita, os pacientes se apresentam com edema periférico, principalmente em membros inferiores, que tende a piorar ao longo do dia com a ortostase. 1) Elevação da pressão hidrostática nos capilares venosos constitui um dos fatores que aumentam a passagem de água para o interstício, no qual vai acumular-se 2) Aumento de produção de aldosterona (regula a retenção de sódio e a eliminação de Potássio). O aumento de pressão venosa nos rins e a diminuição da volemia devido a saída de líquido do meio intravascular para o intersticial estimulam o aumento da secreção de aldosterona, a qual provoca retenção ativa de sódio pelos rins. Esse sódio por sua vez, eleva a pressão osmótica intravascular, fator sensíveis os osmorreceptores hipotalâmicos, que assim, induzem a produção de hormônio antidiurético, responsável pela retenção de água pelos rins para restabelecer o volume sanguíneo circulante. Desse modo, ao lado da elevação da pressão hidrostática, tem papel importante na formação do edema cardíaco a retenção de sódio. EDEMA CIRRÓTICO - Característica: generalizado, mas quase sempre discreto (+ a + +). Predomina nos membros inferiores, sendo habitual a ocorrência de ascite concomitante. É mole, inelástico e indolor EDEMA DA DESNUTRIÇÃO PROTEICA / CARENCIAL OU DISCRÁSICO - Características: generalizado, predominando nos membros inferiores. É mole, inelástico, indolor e não costuma ser de grande intensidade (+ a + +). - Ocorre devido a diminuição da pressão osmótica das proteínas plasmáticas devido a sua ingestão. Por isso, é designado também edema da fome crônica. EDEMA ALÉRGICO - Características: Instalação súbita e rápida fazendo com que a pele fique lisa e brilhante, podendo também apresentar aumento da temperatura e eritema; é um edema mole e elástico. - Ocorre devido ao aumento da permeabilidade capilar, onde em uma reação antígeno-anticorpo há liberação de substâncias, como histamina e as cininas alteram a permeabilidade capilar, permitindo a passagem de água para o interstício entre as células. - Esse tipo de edema pode ser generalizado, mas costuma restringir-se a determinadas áreas, principalmente a face. EDEMA MEDICAMENTOSO - Causa principal é devido a retenção de sódio; predomínio em membros inferiores, mas pode ser intenso ao ponto de atingir a face LOCALIZADOS - Principais causas: EDEMA VARICOSO - Características: localização em membros inferiores, tendo predominância em uma ou outra perna: esse edema acentua-se se houver longa permanência na posição de pé; não é muito intenso (+ a + +); a princípio é de consistência mole, porém, nos casos muito antigos, torna-se cada vez mais duro; é inelástico, e, com o passar do tempo, a pele vai alterando sua coloração, até adquirir tonalidade castanha ou mais escura. Pode tornar-se espessa e de textura grosseira EDEMA DA TROMBOSE VENOSA - Características: mole, chega a ser intenso, e a pele costuma estar pálida. Em certos casos, adquire tonalidade cianótica. Classicamente essas condições são chamadas flegmasia alba dolens e flegmasia alba cerulea. - O mecanismo básico na formação do edema varicoso e da trombose venosa: aumento da pressão hidrostática, seja por insuficiência das valvas das veias, seja por oclusão do próprio vaso. EDEMA DA FLEBITE - Devido da inflamação que aumenta a permeabilidade capilar e também das alterações já assinaladas no caso de varizes e de tromboses venosas. - Como os demais edemas inflamatórios, características: localizado, de intensidade leve a mediana (+ a + +), elástico, doloroso, com a pele adjacente se apresentando lisa, brilhante, vermelha e quente. EDEMA POSTURAL - Ocorre nos membros inferiores das pessoas que permanecem por longo tempo na posição de pé ou que ficam com as pernas pendentes por várias horas, como acontece em viagens longas. Decorre de aumento da pressão hidrostática. - Característica: É localizado, discreto (+ a + +), mole, indolor e desaparece rapidamente na posição deitada. - A obesidade predispõe à formação do edema postural. • Linfedema: edema originado nas afecções dos vasos linfáticos. Depende da obstrução dos canais linfáticos (pós-erisipela, filariose) e caracteriza-se semiologicamente por ser localizado, duro, inelástico, indolor, e com francas alterações da textura e da espessura da pele, que se torna grossa e áspera. Nos casos avançados, configura o quadro chamado de elefantíase • Mixedema: forma particular de edema observado na hipofunção tireoidiana. Não se trata de uma retenção hídrica conforme ocorre nos edemas de maneira geral. No mixedema, ha deposição de substancia mucopolissacaridica (glicoproteínas) no espaço intersticial e, secundariamente, retenção de água. É um edema pouco depressível, inelástico, não muito intenso, e a pele apresenta as alterações próprias da hipofunção tireoidiana.
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