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Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Doença inflamatória intestinal Gastrenterologia e cirurgia Introdução Definição o Grupo de afecções inflamatórias intestinal crônicas e idiopáticas Retocolite ulcerativa (RCU) Doença de Chron (DC) o Obs: 10 a 15% dos pacientes não tem como diferenciar = diagnóstico de colite indeterminada Epidemiologia o Dois picos de incidência 15 – 15 anos (mais importante) 55 – 80 anos o Países desenvolvidos Áreas urbanas Melhores condições socioeconômicas o Tabagismo Fator de risco – DC “Fator protetor” – RCU o Apendicectomia Fator de risco – DC (pode se confundir com apendicite aguda) Fator protetor – RCU o História familiar positiva Mutações no gene NOD2/CARD15 (DC) – 5 a 10% dos casos Etiologia o Microbiota + células imunes + células epiteliais intestinais Fatores ambientais e genéticos Inflamação crônica a nível intestinal o Não se sabe ao certo os mecanismos, por isso = idiopática Patologia DC RCU Acomete da boca ao ânus de maneira descontínua Acomete reto e cólon de maneira contínua Transmural - todas as camadas da parede do TGI Restringe-se apenas à mucosa RCU Tipos o Proctite distal o Proctite total Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Retossigmoidite distal o Colite esquerda (até o ângulo esplênico) o Pancolite (até o ceco) o Pancolite sem ileite o Pancolite com ileite de refluxo Íleo afetado por continuidade com o cólon quando este está totalmente inflamado 40 – 50% = envolvimento do reto ou do sigmoide 30 – 40% = além do sigmoide 20% = pancolite O que eu consigo ver na colonoscopia? o Eritema o Edema o Perda do padrão vascular (áreas esbranquiçadas) o Friabilidade da mucosa o Sangramentos o Pseudopólipos – mais comuns na RCU, mas não exclusivos o Erosões o Ulcerações Biopsia de mucosa o Inflamação restrita à camada mucosa/submucosa superficial o Abscessos de criptas – frequentemente citado nas questões o Perda da arquitetura das criptas o Plasmócitos e múltiplos agregados de linfoides basais DC Acomete da boca ao ânus Descontínuo Transmural SEGMENTO MAIS ACOMETIDO – ÍLEO TERMINAL Epidemiologia da localização das lesões Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o 30 – 40% = apenas ID o 40 – 55% = ID + IG o 15 – 25% = apenas IG o 1/3 = doença perianal (acometimento do reto é incomum na DC, mas o acometimento perianal é comum) O que consigo ver na colonoscopia? o Úlceras aftoides o Fístulas o Fissuras o Abscessos o Estenoses o PADRÃO EM PEDRAS DE CALÇAMENTO – ÁREAS AFETADAS ENTREMEADAS POR SADIAS Biopsia o Inflamação transmural + fissuras, fístulas ou abscessos o Ulceras aftoides também são vistas o Granulomas NÃOOO caseosos - agregados de histiócitos epitelioides circundados por linfócitos e células gigantes (típico de DC, mas não exclusivo) o Agregados linfoides submucosos e subserosos + fibrose Manifestações clínicas Paciente típico de prova para DII o Jovem o Diarreia crônica com muco e sangue (diarreia inflamatória) o Anemia o Perda de peso o Massa em fossa ilíaca direita (DC) o Aumento de VHS e/ou PCR o Exame endoscópico com alterações DC RCU Dor abdominal, perda de peso, fadiga, adinamia e atraso puberal (crianças) RETO ORAL Tenesmo, sangue nas fezes (Hematoquezia) e urgência Ulcerações dolorosas na mucosa CÓLON GASTRODUODENAL Diarreia sanguinolenta + cólicas Náuseas, vômitos, dor epigástricas SÍNTOMAS SISTÊMICOS ÍLEO Febre, fadiga e perda de peso Diarreia, cólica, perda de peso e massa em FID Obs: sem fístulas e doença perianal significativa JEJUNOILEAL Esteatorreaia e deficiências nutricionais CÓLON Diarreia, hematoquezia e cólica PERIANAL Fístulas, fissuras e abscessos Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Manifestações extraintestinais o Reumatológicas Artrite periférica (15 – 20%) – mais comuns Grandes articulações Poliarticular/ assimétrico/ migratório Associa-se à atividade intestinal Artrite axial Sacroilíte podendo ou não haver espondilite anquilosante 2/3 – HLA-B27 (DII e EA) Não se associa à atividade intestinal o Dermatológicas (10 – 15%) Pioderma gangrenoso (+RCU) Pústula inicial que evolui para úlcera Bordas violáceas Não se associa à atividade intestinal Eritema nodoso (+DC) Nódulos eritematosos e dolorosos Porção anterior MMII Associa-se à atividade intestinal o Oftalmológicas Uveíte Fotofobia, dor ocular, visão turva RCU e DC Não se associa à atividade intestinal Episclerite Ardência ou queimação ocular Mais comum na DC Associa-se à atividade intestinal Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB o Hepatobiliares Colangite esclerosante primária Inflamação dos ductos biliares intra e extra-hepáticos RCU (90%) Icterícia + colangite episódica (tríade de Charcot) Aumento de BB, AST/ALT, FA, p-ANCA + Não se associa à atividade intestinal Colangioressonância ou CPRE o “Colar de contas” – dilatações + estenoses o Ósseas o Urológicas o Tromboembólicas Complicações Sangramento (+RCU) Megacólon toxico (+RCU) o Critérios diagnósticos de Jalan et al, 1969 Distensão do cólon > 6cm (raio x) Pelo menos 3 dos abaixo o T > 38,5° o FC > 120bpm o Leucocitose à custa de neutrófilos o Anemia (Hb < 60% do valor basal normal) Pelo menos 1 dos abaixo o Desidratação o Alteração do nível de consciência o Distúrbio hidroeletrolítico o Hipotensão o Tratamento NÃO FAZER COLONO PELO RISCO PERFURAÇAO Estabilização + reposição volêmica com cristaloides (SF ou ringer) Corticosteroides ATB de amplo espectro (metro + algum) Muitos casos: cirurgia (colectomia total com ileostomia e preservação do reto – pode ser feita a Hartmann) Estenose (+DC) Fístulas e abscessos (+DC) o Fístulas – passagem ou comunicação anormal que conecta um órgão a outro Mais comum TGI + TGU o Fístulas enterovaginais, retovaginal, colovesicais e enterovesicais CA colorretal (+RCU) o Fator mais importante para determinar o fator de risco para CA – duração da doença + atividade inflamatória o Agressivo e pouco diferenciado o Indicação de colonoscopia (sociedade americana de CA) Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB A cada 2 anos após 8 anos de detecção da pancolite ou a partir de 45 anos, o que vier mais cedo Diagnóstico Exames laboratoriais o Anemia, VHS e PCR aumentados o Plaquetose o Hipovitaminose o Calprotectina e lactoferrina fecais aumentados o ASCA em 50 a 70% (+DC) e p-ANCA em 60 a 70% (RCU) Exames endoscópicos o Retossigmoidoscopia o Ileocolonoscopia o EDA o Cápsula endoscópica Avaliação de porções do ID inacessíveis por outros métodoso Cápsula é eliminada nas fezes o Classificação da RCU segundo achados endoscópicos Leve – eritema, discreta friabilidade e redução do padrão vascular Moderada – eritema acentuado, ausência de padrão vascular, erosões e friabilidade Grave – úlceras e sangramento espontâneo o Achados endoscópicos na DC Lesões ulceroaftoides descontínuas Fístulas, fissuras e abscessos Reto geralmente preservados Avaliação da gravidade Determinar a atividade da doença = guia o tratamento o Dados clínicos, laboratoriais e endoscópicos Índice de atividade de RCU (colégio americano de gastrenterologia) o Leve: < 4 evacuações/d, pouco sangue nas fezes, ausência de febre, FC normal, anemia leve e VHS < 30 o Moderado: entre os extremos o Grave: >6 evacuações/d, sangramento intenso nas fezes, T > 37,5°, FC >90, Hb =< 75% do normal e VHS > 30 Remissão Leve Moderada- severa Fulminante Evacuações/dia Fezes formadas <4 >6 >10 Sangue nas fezes Ausente Intermitente Frequente Sempre UrgênciaAusente Ocasional Frequente Sempre Hemoglobina Normal Normal < 75% do normal Transfusão necessária VHS <30 <30 >30 >30 PCR Normal Elevada Elevada Elevada Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Calprotecina fecal <150-200 >150-200 <150-200 >150-200 Endoscopia (Escore de Mayo) 0-1 1 2-3 3 UCEIS (índice de severidade) 0-1 2-4 5-8 7-8 Índice de atividade da DC o O que ele avalia? Dor abdominal, número e aspecto das evacuações, sensação de bem estar, número de complicações, massa abdominal, hematócrito e perda de peso o Esse escore não cai nas provas por ser muito complexo Índice de Harvey-Bradshaw (DC – simplifica o escore acima) o DC em remissão: 4 pontos ou menos o Não vou descrever esses escores mais complexos porque são para especialistas Classificação da DC o Leve: estado geral preservado, boa aceitação alimentar, menos de 10% de perda de peso, sem desidratação, sem febre e sem complicações o Moderada o Grave: estado geral ruim, caquexia, vômitos persistentes, febre, desidratação, presença de complicações e necessidade de internação Tratamento Clínico o Dieta o Agentes anti-inflamatórios Aminossalicilatos (com sulfa ou sem) e corticoides o Imunomoduladores Tiopurina, MTX, ciclosporina e tacrolimo o Terapia biológica “-mabes” Cirúrgico o Indicações na RCU Falha no tto medicamentoso Megacólon toxico Sangramento colônico maciço Displasia ou carcinoma Má nutrição e atraso puberal o Indicações na DC – retirar o mínimo de intestino pelo risco de sd do intestino curto Falha no tratamento medicamentoso Obstrução Fístulas e abscessos Colite fulminante CA Megacólon tóxico Pedro Macedo – Turma IX – Medicina UFOB Retardo de crescimento em crianças
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