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Gestão de estoques e armazenagem: análise e desenvolvimento da logística e distribuição física Renato Jardim Parducci Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Simone M. P. Vieira - CRB 8ª/4771) Parducci, Renato Jardim Gestão de estoques e armazenagem: análise e desenvolvimento da logística e distribuição física/Renato Jardim Parducci – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2023. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-4093-5 (ePub/2023) e-ISBN 978-85-396-4094-2 (PDF/2023) 1. Administração de materiais 2. Armazenagem e almoxarifado 3. Gestão de estoques I. Título II. Série. 23-1878s CDD – 658.785 BISAC BUS087000 Índice para catálogo sistemático 1. Armazenagem e almoxarifado: Administração de materiais 658.785 GESTÃO DE ESTOQUES E ARMAZENAGEM: ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DA LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Renato Jardim Parducci Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho Gerente/Publisher Luís Américo Tousi Botelho Coordenação Editorial Ricardo Diana Prospecção Dolores Crisci Manzano Administrativo Verônica Pirani de Oliveira Comercial Aldair Novais Pereira Coordenação de Arte Antonio Carlos De Angelis Coordenação de E-books Rodolfo Santana Coordenação de Revisão de Texto Janaina Lira Acompanhamento Pedagógico Otacília da Paz Pereira Designer Educacional Ágatha Veiga Revisão Técnica Gabriel Nickolas Cazotto Preparação Cibele Machado Silvana Gouvea Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica e Ilustrações Alexandre Raphael Albuquerque de Brito Gabriel Dantas Arrais Johnny Santos de Melo Imagens Adobe Stock Photos Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823 – Prédio Editora – Jurubatuba – CEP 04696-000 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: https://www.editorasenacsp.com.br/ © Editora Senac São Paulo, 2023 Sumário Capítulo 1 Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos, 7 1 Estoque, 8 2 Estoque, oferta e demanda, 14 3 Estoque na cadeia de suprimentos, 18 4 Ponto ótimo do estoque, 21 Considerações finais, 24 Referências, 25 Capítulo 2 Estoque no ambiente produtivo, 27 1 Estoque e produção, 28 2 Filosofia de estoque just in time, 30 3 Nível de serviço e prioridades competitivas, 32 4 Estoque e nível de serviço, 34 5 Planejamento das necessidades de materiais, 36 Considerações finais, 42 Referências, 43 Capítulo 3 Métricas de estoques, 45 1 Gráfico dente de serra, 46 2 Estratégias de estoque, 47 3 Curva ABC, 49 4 Lote econômico de compra, 51 5 Custos de estoques, 53 6 Indicadores de desempenho na gestão de estoques, 59 Considerações finais, 62 Referências, 63 Capítulo 4 Armazenagem, 65 1 Armazenagem, 66 2 Evolução histórica da armazenagem, 67 3 Princípios e processos básicos da armazenagem, 68 4 Tipos de armazéns, 70 5 Técnicas de armazenagem, 74 6 Equipamentos de armazenagem, 75 Considerações finais, 80 Referências, 81 Capítulo 6 Segurança, 101 1 Segurança no armazém, 102 2 Características das cargas e riscos, 103 3 Medidas de segurança, 108 4 Medidas preventivas, 111 5 Qualidade na armazenagem, 114 Considerações finais, 115 Referências, 116 Capítulo 7 Embalagem, 117 1 Embalagem, 118 2 Concepção da embalagem, 121 3 Tipos de embalagem, 125 4 Unitização, 129 5 Marcação e identificação, 131 Considerações finais, 133 Referências, 134 6 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Capítulo 8 Tecnologia da informação aplicada à gestão de estoques e armazenagem, 135 1 Tecnologia da informação, 136 2 Automação do armazém, 140 3 Automação na codificação, 142 4 Automação na movimentação, 145 5 Sistema de gerenciamento de armazém, 148 Considerações finais, 151 Referências, 152 Sobre o autor, 155 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos A cadeia de suprimentos é a rede formada por fornecedores, fabri- cantes, distribuidores, revendedores, clientes e consumidores. É nela que se encontra a solução para garantir o abastecimento de produtos, cada vez mais diversos, acompanhados dos serviços ao consumidor. Os fornecedores são aqueles que suprem insumos e matéria-pri- ma para a produção de bens pela indústria do campo ou manufatura; considerando-se insumos tudo aquilo que é consumido e não incor- porado ao produto final, por exemplo, lubrificantes para máquinas de uma indústria. 8 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Fabricantes são de diversos segmentos: artesanal, no qual o proje- to e a execução da fabricação são unitários; manufatura discreta com base em linhas de montagem; manufatura contínua, típica de indústrias químicas nas quais não existem montagens de peças, mas um fluxo contínuo de fabricação, com ou sem controle de lotes de produção, de modo que essas fabricações podem ser puxadas por demandas comer- ciais ou empurradas para formar estoques que permitirão regular ofer- tas e preços. Distribuidores incluem os provedores de espaços de armazenamento e operadores de transportes de produtos acabados para alcançar os cen- tros de consumo nos quais estão os vendedores ou revendedores que comercializam as mercadorias para os clientes e consumidores finais; ressaltando que clientes são os que pagam para ter um produto, e os consumidores são os que usufruem do bem (consomem). 1 Estoque Armazéns são áreas físicas destinadas a guardar mercadorias, e estoques são controles internos físicos ou virtuais aplicados sobre os materiais armazenados para organizá-los, facilitar o acesso correto, permitir o gerenciamento adequado da conservação e ter cuidados es- pecíficos de movimentação. Por exemplo, quando guardamos uma mesa de jantar em uma loja varejista de móveis, dizemos que essa mesa está no estoque de produ- tos acabados, a qual, por sua vez, está guardada fisicamente no arma- zém geral da empresa, na periferia de uma cidade. Em termos de armazenamento, materiais são estocados conforme suas necessidades de espaço (volume unitário e quantidade), conser- vação e requerimentos de movimentação física. As separações dos armazéns são organizadas por almoxarifados, que são subdivisões do 9Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo.espaço que o armazém dispõe, ficando cada almoxarifado responsável pela estocagem e movimentação de determinado(s) material(is). 1.1 Tipos de estoques Existem diversos tipos de estoques nos almoxarifados das empre- sas, entre eles: • Matéria-prima: contém mercadorias que serão aplicadas na ma- nufatura de produtos finais para consumo e agregam valor a ele. Exemplos: peças de montagem de computador e ingredientes químicos de uma fábrica de medicamentos. Os materiais ficam, em geral, embalados. • Insumo produtivo: contém materiais que são empregados na manufatura, mas não são agregados ao produto final porque se desgastam e desaparecem no processo produtivo. Exemplos: óleos lubrificantes e combustíveis de fornos. Os materiais ficam, em geral, embalados. • Material de consumo geral não produtivo: contém materiais que são consumidos no dia a dia da empresa sem a finalidade de atender a manufatura ou outro processo da cadeia de suprimen- tos de valor ao cliente. Exemplos: folhas de papel, lápis, caneta, lâmpadas para escritórios. • Manutenção, peças e ferramentaria: contém peças de reposição e para reparo de linhas de produção da manufatura. Exemplos: componentes de esteiras de transporte, mancais, pistões e veda- ções de compressores. Os materiais ficam, em geral, embalados, mas podem estar dispostos a granel, ou seja, fora das embala- gens, em repositórios de peças identificados. • Produto acabado: contém os produtos finais de um processo de manufatura, os quais serão alvo de comercialização e entrega para 10 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .clientes e consumidores. Exemplos: refrigeradores prontos, micro- computadores montados e frascos de shampoo preenchidos, rotu- lados e lacrados. Os materiais ficam, em geral, embalados. • Inspeção: isola materiais que estão em processo de avaliação de conformidade de fornecimento. Serve para investigar se os materiais estão completos, corretos e íntegros, no caso de maté- rias-primas, produtos acabados, insumos ou peças de manuten- ção. Embalagens de mercadorias são abertas e seu conteúdo é verificado. • Em separação: contém materiais que foram selecionados para uso, seja no caso de matérias-primas e insumos a serem movi- mentados para uma linha de produção, seja um produto acaba- do que aguarda para ser estocado ou que foi retirado do estoque para ser embarcado em um veículo de transporte. Os materiais ficam, em geral, embalados, mas, principalmente no caso de par- tes e peças de reparo, podem estar a granel (peças avulsas). • Material em processo: consiste no controle de materiais durante o processo produtivo (manufatura) e inclui todo tipo de material aplicado na produção e os próprios produtos semiacabados. O controle é feito por item/granel e o estoque movimenta-se dentro do processo de manufatura. Em geral não estão embalados. • Reparo/retrofit (quarentena): dedica-se a guardar materiais que apresentam algum tipo de falha, com ou sem defeito identifica- do, e que precisam passar por um trabalho de reparação e testes para serem liberados novamente para a cadeia de suprimentos. Em geral não estão embalados. • Obsoleto: guarda os materiais que entraram em desuso por per- da de validade ou obsolescência tecnológica, não sendo mais possível o seu emprego em processo produtivo ou em comercia- lização. Podem ou não estar embalados. 11Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Descarte/sucata: guarda os materiais que estão disponíveis para descarte por serem irrecuperáveis por um reparo ou estarem ob- soletos e inutilizados. • Material em trânsito: consiste no controle de materiais de qual- quer natureza que estejam em movimentação entre fornecedor e manufaturador, entre armazéns distribuidores ou entre o distribui- dor e o cliente. Em geral esses materiais estão embalados e são associados a eles o meio de transporte que os estão guardando durante o trânsito (por exemplo, o estoque é identificado em um caminhão, navio ou aeronave). • Material de terceiros (consignado ou em comodato): controla quais materiais que estão em poder de uma empresa, mas per- tencem a outra(s). Muitas empresas realizam parte da manufa- tura ou armazenamento de seus produtos e os entrega por meio de parceiros terceirizados que precisam controlar quais merca- dorias são de quais empresas de origem. Por exemplo, uma fá- brica de TV chinesa que produz várias marcas de TVs europeias, inglesas, norte-americanas e brasileiras precisa saber quais ma- teriais são de quais contratantes da produção. Outro exemplo: um marketplace digital que vende mercadorias e intermedia as entre- gas de várias empresas varejistas precisa manter controle sobre o que pertence a cada um dos seus fornecedores. • Reservado: é um estoque usado para isolar os produtos acaba- dos e materiais produtivos ou de consumo que já estão identifi- cados para serem separados e movimentados para um destino de uso. Em alguns casos, esses estoques são físicos (as mercadorias ficam fisicamente separadas), em outros, podem ser virtuais (as mercadorias não ficam separadas fisicamente, mas são distinguidas em sistemas de informação). 12 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Estoques de reservados, materiais de terceiros, materiais em trân- sito, obsoleto e em processo são, em geral, controles lógicos, ou seja, marcações de status nos materiais fisicamente armazenados. Exemplo: uma caixa de laranjas estocada como produto acabado está identifica- da como vencida, tornando-se obsoleta. Assim, ela pode vir a ser movi- mentada para uma área física de almoxarifado de produtos obsoletos ou diretamente para uma área de descarte. Um fogão que já foi empe- nhado para venda pode ganhar o status de estoque reservado, apesar de permanecer fisicamente por algum tempo no estoque de produtos acabados, até que seja feita a sua separação física para embarque com destino ao cliente. Figura 1 – Exemplo de possível controle de estoques em uma empresa de serviços de telecomunicações Material recebido Material em inspeção Prpduto em estoque Material em separação para instalação Material em trânsito Material em Processo de instalação Produto instalado Material em processo de desinstalação Material em trânsito Material em reparo/retrofit Em uma empresa de manufatura, diferentemente da de serviços, os materiais sofrem transformação, ou seja, o produto final estocado, que será comercializado, não é o mesmo material que a empresa recebe como matéria-prima. Por exemplo, em uma fábrica de TVs, o display, a placa de processamento de vídeo, os fios, os conectores, os parafusos e a caixa da TV são partes e peças que são matérias-primas. Fios de solda, lubrificantes e produtos de limpeza de eletrônicos são insumos. Soldadores, chaves de fenda e chaves allen são ferramentas (estoque de ferramentaria). Quando os materiais (matéria-prima, insumo, ferra- mentas) estiverem na linha de fabricação (em uso) são considerados13Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. estoque em processo. Os produtos finais, ou seja, os televisores acaba- dos são estoque de produto acabado (figura 2). Figura 2 – Exemplo de possível controle de estoques em uma empresa de manufatura de TVs Material recebido Material em inspeção Matéria-prima em estoque Material em separação para produção Insumo em estoque Estoque de produto acabado Material em processo de fabricação Produto reservado por venda Material em trânsito para cliente Material em separação para expedição Já em uma empresa de comércio, diferentemente da de serviços ou de manufatura, os produtos acabados são comprados, estocados e re- vendidos. Em alguns casos, os produtos podem ser emprestados para avaliação de um cliente antes de uma compra (remessa para demons- tração); em outros casos, produtos de terceiros podem ser oferecidos em uma loja (vendas de mercadorias novas ou usadas com intermedia- ção comercial da loja), e as mercadorias devem ser controladas como produtos de terceiros em consignação ou empréstimo, devendo retor- nar ao seu proprietário original caso não sejam vendidos, ou caso seja expirado o prazo legal para permanência da mercadoria em poder de terceiro (figura 3). Figura 3 – Exemplo de controle de estoque no varejo Material recebido Material em inspeção Estoque de produtos acabados próprios Material reservado por venda Estoque de produtos consignados Material em trânsito para cliente Material em separação para expedição por venda Material em separação para retorno Material em trânsito para retorno ao parceiro 14 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .Dentro de uma distribuidora, o foco é receber, armazenar e remanejar mercadorias, intermediando o fluxo de materiais entre o produtor e o cliente final, tendo um fluxo de logística diferente dos casos de empre- sas de serviços, manufatura ou comércio (figura 4). Figura 4 – Exemplo de controle de estoques em distribuidora Material recebido Material em inspeção Estoque de mercadorias Material em trânsito entre armazéns Material em separação para expedição para transferencia Material em separação para cliente Material em separação para expedição para cliente 2 Estoque, oferta e demanda Com o advento do comércio eletrônico, o acesso dos consumidores e clientes às informações de produtos e serviços foi exponencialmente ampliada em relação ao comércio tradicional e empresas foram obri- gadas a repensar seus modelos de produção e abastecimento para ga- nhar velocidade de entrega e ocupar mercados antes dos concorrentes. Segundo Bowersox e Closs (2014), na década de 1990, o tempo mé- dio para levar uma mercadoria de um estoque até o cliente era entre 15 e 30 dias. Isso ocorria tanto por conta do trâmite de informações entre clientes, produtores e fornecedores – que se dava por meios de comunicação muito menos dinâmicos que os sistemas digitais atuais – como pelos modelos de transporte e formação de estoques que eram o padrão do século XX. A era digital, determinante das relações do século XXI, proporcionou a criação de uma nova ordem mundial de relações entre fornecedores, 15Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. produtores, distribuidores e revendedores, construindo parcerias não antes imaginadas e gerando rapidez no planejamento de demanda e oferta, escalonamento de produção e programação de movimentação de cargas. Esse mercado de comércio e comunicação digital gerou migração dos modelos tradicionais, baseados no abastecimento de centros de comércio, para o modelo de entrega na porta do consumidor, primando pela conveniência, que provocou a criação de novas alianças estraté- gicas e desenvolvimento de canais de armazenamento e distribuição (figura 6). Hoje as empresas utilizam diversos modais de transporte (embarcações, aviões, trens, caminhões, vans e até veículos particula- res) e de armazenamento (centros de distribuição, galpões, lojas, porto seco, entre outros) e essa cadeia de suprimentos precisa de modelos de gerenciamento ajustados para a atual realidade. Segundo Bowersox e Closs (2014), a gestão da cadeia de suprimen- tos é a realização de atividades colaborativas entre empresas para me- lhorar a eficiência operacional e o posicionamento estratégico. Essa co- laboração envolve a troca de informações, o planejamento, a execução, a monitoração e o controle das atividades da cadeia de suprimentos que contemplam fornecimentos de matéria-prima e insumos, produção, armazenagem, distribuição e entrega para as redes de varejo, atacado ou diretamente para o cliente consumidor. Os processos da cadeia de suprimentos podem ser puxados ou empurrados. O empurrado é aquele no qual a produção e o abasteci- mento de estoques acontecem primeiro e depois a venda (figura 5). A venda tenta reduzir o estoque disponível. No processo puxado, primeiro acontece a venda para depois ocorrer a produção e o abastecimento (figura 6). Cada um desses cenários tem seus riscos e benefícios. Por um lado, em um cenário de suprimentos puxados, fornecedores e produtores podem executar seus gastos conforme suas receitas de vendas forem 16 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .incorporadas, criando uma linha de financiamento de operações por meio da antecipação de compromissos de vendas com os clientes. Por outro, esse modelo dificulta a acomodação de demandas de pico, que podem sobrecarregar a produção. Já no cenário de suprimentos em- purrados, fornecedores, fabricantes e distribuidores podem acumular estoques que vão regular a oferta, permitindo acomodar picos, porém, se essa estocagem não for acompanhada de vendas que reduzam o acúmulo excessivo de produtos, a empresa pode enfrentar custos ope- racionais que irão superar suas receitas e levá-la ao prejuízo. Figura 5 – Cadeia de suprimentos empurrada EstocarVender Entregar ao consumidor Distribuir Produzir Formar estoque de materiais Comprar material para produção Prever demanda Figura 6 – Cadeia de suprimentos puxada Vender Comprar material para produção Formar estoque de materiais Produzir Entregar ao consumidor Distribuir Cada modelo de cadeia de suprimentos tem sua aplicação. Em es- pecial, produtos customizados para os clientes são mais bem acomo- dados em modelos puxados; e os produtos de massa padronizados são mais bem atendidos por modelos empurrados. Em situações de desabastecimento ou iminência disso acontecer, produtos alternativos – que tem funções semelhantes, mas não idên- ticas ao produto originalmente planejado para fornecimento – e subs- titutos – que atendem exatamente as mesmas exigências do produto original– podem ser empregados. 17Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Detalhando um pouco mais cada etapa da cadeia de suprimentos, temos: • Prever demanda: quando a empresa que produz a mercadoria a ser abastecida planeja o quanto acredita que venderá, dentro de um período (semanas, meses, anos). • Comprar material para produção: quando a empresa que produz a mercadoria de interesse do consumidor contata seus fornece- dores e fecha acordos de provimento de insumos e matérias-pri- mas a serem empregadas na manufatura; podem ser necessá- rios estoques desses materiais para suprir a demanda produtiva sem interrupção (formar estoques de materiais). • Produzir: contempla as atividades de manufatura que consomem insumos e agregam componentes e materiais (matérias-primas) a um produto acabado, objeto de interesse do consumidor. • Estocar: implica no armazenamento do produto acabado, devida- mente acondicionado para garantir sua durabilidade e adequação ao consumo (com especial atenção para produtos perecíveis ou que dependam de climatização). • Distribuir: envolve as atividades de manuseio e transporte dos produtos por meio de um ou mais espaços de estocagem, pos- sibilitando aproximar o produto do seu mercado de consumo, carregando uma certa quantidade de mercadorias de uma região para outra de uma cidade, estado, país ou globalmente. • Vender: atividades relacionadas à divulgação e negociação de produtos com clientes e consumidores. • Entregar ao consumidor: estabelece a conexão final, disponibili- zando o objeto de desejo ao comprador. O desafio da cadeia de suprimentos é manter uma equação de sa- tisfação plena da necessidade de consumo mediante o menor custo 18 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .operacional, lembrando que ela envolve o fornecimento de materiais para produção, a produção, o armazenamento, a distribuição e a entrega. 3 Estoque na cadeia de suprimentos A operação de armazenamento e estocagem objetiva fundamental- mente o abastecimento das demandas de compras e consumo, respei- tando uma expectativa de resultado financeiro para o provedor da merca- doria e serviços associados. Estoques dão fôlego às vendas, funcionando como um pulmão (de mercadoria em vez de ar) para atender à demanda; também podem ser usados para especular preços: uma empresa pode segurar estoque para esperar o momento do melhor preço para vender; pode também ser usado para garantir uma relação de custos de estoca- gem versus faturamento que viabilize a estratégia de negócio. Considerando o ponto de vista do cliente, um abastecimento satisfa- tório é aquele que entrega o pedido completo e correto (in full), no prazo (on time) e no preço (on budget) combinados. Essa combinação é co- nhecida nas empresas por on time, in full, on budget (Otifob). Importante ressaltar que uma empresa de manufatura que compra matérias-primas, uma loja atacadista que compra de um fabricante, uma loja varejista que compra de uma atacadista ou um consumidor que compra do varejo podem ser considerados clientes. Perceba que a relação cliente-fornecedor se estende por toda a cadeia de suprimentos. Segundo Bowersox e Closs (2014) existem diversos fatores que po- dem comprometer o alcance desses objetivos do abastecimento, entre os principais: • entrega de itens errados; • quantidade fornecida incorretamente; 19Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • atraso de entrega (ou adiantamento que, em alguns casos, gera problemas de estocagem para quem compra); • documentação incorreta (como no caso de uma nota fiscal com problemas); • cobrança incorreta pelo produto ou com encargos e tributos não notificados previamente ao comprador; • itens danificados; • endereçamento da entrega para local errado; • falha ou falta de comunicação do momento da encomenda ao momento da entrega da mercadoria. Os processos de abastecimento de uma empresa vão promover uma percepção no cliente. Conforme Bowersox e Closs (2014), essa percepção pode implicar em uma lacuna de interpretação quanto à re- alidade dos fatos, ou seja, uma empresa pode ter um desempenho de entrega que cumpre com compromissos, mas o cliente não percebe assim ou, em vez disso, o cliente encanta-se com o abastecimento de uma empresa que não tem processos tão precisos a ponto de garantir qualidade recorrente. Existem algumas formas de segmentar os clientes para que se pos- sa planejar adequadamente os processos e custos da cadeia de abas- tecimento, de forma a manter a melhor relação custo-benefício para as duas partes: fornecedor e cliente. A primeira forma é segmentar clien- tes pela rentabilidade que proporcionam quando compram determina- dos produtos. Nesse caso, a empresa pode empregar modais de trans- porte e estruturas de armazenamento que conservem produtos e suas embalagens de forma mais adequada, garantindo o abastecimento do cliente o mais rapidamente possível. Já clientes que geram baixa rentabilidade implicam em atendimento logístico e armazenamento com custo mais baixo, podendo a estratégia 20 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .de suprimento ser pensada com um tempo de suprimento mais longo. Outra forma de segmentar é pelo volume de compra. Quanto mais pro- dutos são movimentados para um mesmo destino, mais fácil é a sepa- ração de materiais para compor uma carga, mais rápido é o embarque (que pode muitas vezes ser feito com pallets contendo várias caixas do produto juntas), permitindo com certa frequência fechar carga (ter um veículo de transporte dedicado para um abastecimento de um único cliente), tudo isso implicando em redução de custos, que podem ser repassados parcialmente como descontos para os clientes, e incenti- vando esse tipo de comportamento de consumo. Os clientes que compram pouco ou fracionam muito suas compras em um período de tempo geram ciclos de separação, carregamento e transporte mais complexos, que demandam mais tempo e tem custos elevados, reduzindo a margem de lucro e, portanto, implicando na redu- ção ou não aplicação de incentivos para eles. Mais uma forma de segmentar clientes é pela sua localização. Clientes que estão mais próximos de centros de distribuição da empre- sa podem ser atendidos por modais de entrega mais pontuais, econô- micos e rápidos. Muitas empresas de comércio eletrônico estão inves- tindo em armazéns que estoquem os produtos mais consumidos em cada região de uma cidade, estado ou país, e contratando parceiros ou desenvolvendo os próprios meios de transporte que permitam flexibili- zação de carga e entregas de grandes a pequenas quantidades de pro- dutos para diversos clientes. Empresas têm investido cada vez mais em sistemas de informa-ção que permitam compreender os perfis dos clientes quanto aos seus comportamentos de demanda, logística de abastecimento requerida e pagamentos praticados – os customer relationshop management (CRM), ou gestão de relacionamento com o cliente –, além de sistemas de informação gerenciais; business inteligence (BI), ou sistemas de inte- ligência de negócios; e data science, ou ciência de dados. 21Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sintetizando as análises, segundo Ballou (2011), a figura 7 explica a relação entre os interesses do cliente e dos operadores da cadeia de suprimentos: Figura 7 – Triângulo de planejamento das atividades da cadeia de suprimentos Estratégia de transporte ï Fundamentos de transporte ï Decisões de transporte Estratégia de localização ï Decisões de localização ï O processo de planejamento da rede Objetivos do serviço ao cliente ▪ O produto ▪ Serviços logísticos ▪ Sistemas de informação Estratégia de estoque ï Previsão ï Fundamentos de estocagem ï Decisões de estocagem ï Decisões na programação de compras e de suprimentos Fonte: adaptado de Ballou (2011). 4 Ponto ótimo do estoque A dinâmica da estocagem de materiais precisa ser planejada, execu- tada, monitorada e controlada de forma a trazer a melhor relação custo- -benefício para o negócio. Quanto mais próximos ao local de manufatura, os fornecedores de materiais produtivos permitem otimizar os níveis de estoques, trabalhan- do com sistemas de abastecimento de suprimentos sincronizadamente com a produção, dentro de uma proposta conhecida como just in time (JIT), ou no momento certo. Neste sistema, os fornecedores repõem seus materiais de forma simultânea com a manufatura da empresa que compra esses materiais e, no caso de cadeia de suprimentos puxada, 22 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo .as sincronizações de produção e abastecimento são alinhadas com as vendas do produto final ao cliente/consumidor. Comparativamente, o ma- nufaturador pode atuar em relação ao cliente ou consumidor final criando processos altamente responsivos. A escolha de canal pode ser entre o abastecimento por estoque ou abastecimento por pedido (BALLOU, 2011). O fornecimento ou abastecimento por estoque busca garantir se- gurança de abastecimento e economia de escala nos transportes dos materiais. Nesse modelo são estabelecidos níveis de estoque de segu- rança, que trabalha com: • ponto de reposição: nível que garante o melhor uso do espaço de armazenamento disponível com capacidade de abastecer mate- riais dentro de um horizonte de tempo definido como interessan- te para a empresa (por exemplo, pode ser estabelecido que seja necessário um estoque de 3.200 parafusos de determinado tipo para suprir a produção por 15 dias sem interrupção); • estoque mínimo: limite da quantidade de material que implica em sincronização entre abastecimento e manufatura, sem saldo de segurança ou com saldo de segurança no qual cada peça for- necida a mais no estoque é consumida em um curto espaço de tempo, próximo do imediato; • estoque máximo: indica a quantidade de estocagem de um ma- terial que, caso excedida, implicará em locação de novos arma- zéns por esgotamento da capacidade de estocagem da empresa, implicando em custos extras e redução da eficiência de negócio; • estoque ideal: indica a quantidade de estocagem que oferece a melhor mitigação de risco de desabastecimento mediante o me- nor custo operacional. É estimado por cálculo de ponto ótimo operacional; 23Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • estoque de segurança: trata de uma reserva de materiais que não se pretende usar e serve para contingenciar situações de os- cilação não prevista de demanda. É estimada com base no risco de desabastecimento. A gestão de canal com fornecimento por estoque demanda compar- tilhamento de planos de vendas e produção com os fornecedores, de forma a dar previsibilidade às partes. Em situações de demandas de consumo muito instáveis ou impre- visíveis, o melhor modelo de canal é o de fornecimento por pedido, que aguarda os pedidos serem confirmados ou pelo menos estarem prati- camente fechados para poder disparar o planejamento de produção e de fornecimentos. O canal de estoque tem relação com o modelo de cadeia de supri- mentos empurrada e o canal por pedido tem relação com a cadeia de suprimentos puxada. Quando a manufatura precisa de uma nova matéria-prima, que pas- sou por um processo de pesquisa e desenvolvimento recente, ou quan- do está lidando com um novo produto que fabrica e oferece para um público cujo comportamento de consumo é desconhecido, tem-se um cenário de instabilidade e o modelo de canal por pedido passa a ser interessante para reduzir a estocagem de materiais com risco de baixo consumo ou escassez de fornecimento. Para escolher os fornecedores é necessário definir o modelo de ca- nal que será empregado e a localização da manufatura. Os fornecedores que conseguem entregar as mercadorias no menor prazo, com o menor custo operacional e na quantidade necessária serão os selecionados. Lógica semelhante vale para o posicionamento da planta fabril e seus estoques e as plantas de distribuição física dos produtos acabados até pontos próximos aos mercados de consumo. 24 Gestão de estoques e armazenagem Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D ist ân ci a da R ed e Se na c EA D, d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, so b as p en as d a Le i. © E di to ra S en ac S ão P au lo . Considerações finais É possível perceber, com base no que foi apresentado nesse ca- pítulo, que os estoques têm uma grande influência sobre a cadeia de suprimentos e trazem um impacto especial quanto ao atendimento da expectativa de prazo pelo recebimento de mercadorias por parte dos compradores, ou seja, afetam a percepção do nível de serviço. A cada ano o ciclo de abastecimento está reduzindo e novas empre- sas surgiram e se destacaram no cenário mais recente por meio de efi- cientes sistemas de armazenamento e distribuição física de produtos, que em sua grande maioria ou totalidade não produzem, mas comer- cializam produtos de terceiros. Dentro deste âmbito estão os sites de comércio eletrônico e marketplaces, espaços nos quais as empresas anunciam e comercializam seus produtos e serviços, criando verdadei- ros shopping centers virtuais. Atualmente é possível adquirir produtos nacionais ou importados pela internet e recebê-los em poucos dias ou até mesmo no mesmo dia, caso o operador logístico possua o item em um estoque próximo do comprador. Fica claro que o planejamento da cadeia de suprimentos alinhado à análise do perfil de consumo permitem operar a cadeia logística com diferenciação competitiva agregando grande valor para o cliente e o consumidor final, podendo ser adotadas as estratégias de cadeia de su- primentospuxada ou empurrada. A atualidade das relações sociais e do consumo, as facilitações de relações inter e intracontinentais e as novas tecnologias que surgem a cada dia, as quais intensificam e aceleram informações e fomentam in- teresses antes não existentes pelo consumo de determinados produtos, obriga as empresas e seus negócios a transformações imediatas. Segundo Harmon (1993), fornecedores reduzirão seu tempo de ci- clo de processamento e entregarão produtos de forma cada vez mais 25Estoque do atendimento da demanda e seu impacto na cadeia de suprimentos M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. correta, completa e rápida; clientes compartilharão dados das suas ope- rações no sentido de otimizar abastecimentos por seus fornecedores, reduzindo picos sazonais; informações serão trocadas de forma cada vez mais completa, ágil e segura entre empresas, com clientes e gover- no, por via digital. Neste cenário de transformação, temos o grande desafio de estudar e evoluir continuamente os processos da cadeia de suprimentos, con- trolando adequadamente os abastecimentos e iniciando por garantir que a manufatura tenha condições de produzir aquilo que é objeto de venda. Referências BALLOU, R. H. Logística empresarial, transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 2011. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Gestão logística da cadeia de suprimentos. São Paulo: McGrawHill, 2014. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planeja- mento e operações. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2016. HARMON, R. L. Reinventando a distribuição – logística de distribuição classe mundial. São Paulo: Editora Campus, 1993. PORTER, M. E. Estratégia competitiva – técnicas para análise da indústria e da concorrência. São Paulo: Editora Atlas, 2005.