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28 A U L A O grÆfico de uma funçªo Freqüentemente vocŒ se depara com tabelas e grÆficos, em jornais, revistas e empresas que tentam transmitir de forma simples fatos do dia-a-dia. Fala-se em elevaçªo e queda da Bolsa de Valores, de lucros de empresas, de inflaçªo, e apresenta-se um grÆfico. Fala-se tambØm em mÆximos e mínimos, variaçªo lenta, variaçªo rÆpida. Tudo isso, a partir da leitura de grÆficos. Quem nªo estiver familiarizado com essas interpretaçıes perde muitas das informaçıes fornecidas. Nas Aulas 8, 9 e 12 jÆ falamos sobre alguns desses tópicos. Portanto, Ø interessante que vocŒ leia novamente essas aulas, que podem ajudÆ-lo a compreender melhor o conteœdo desta aula. Vamos retomar o estudo de grÆficos, mas agora ligado às funçıes, que vocŒ acabou de estudar na aula anterior. Acompanhe os exemplos a seguir. EXEMPLO 1 Observe o grÆfico ao lado, que foi montado a partir de dados levantados pelo IBGE. Para cada faixa etÆria (de 7 a 9 anos, de 10 a 19 anos, de 20 a 29 anos etc), temos uma coluna que representa o nœmero de analfabetos naquela faixa, na regiªo urbana de Sªo Paulo. Assim, por exemplo, entre 10 e 19 anos, o nœmero de analfabetos Ø um pou- co superior a 100 mil pessoas. Temos uma funçªo que associa a cada faixa etÆria o nœmero correspondente de analfabetos. As variÆveis da nossa funçªo sªo: x = faixa etÆria e y = n” de analfabetos. Note que y = f(x), ou seja, y Ø funçªo de x (o n” de analfabetos depende da faixa etÆria). O domínio dessa funçªo sªo as faixas etÆrias: 7 a 9, 10 a 19, 20 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59 e 60 anos ou mais. Esse conjunto (domínio) possui, entªo, 7 elementos. A imagem da nossa funçªo Ø fomada pelas quantidades de analfabetos encon- trados em cada faixa. 28 A U L A Introduçªo Nossa aula Estado de São Paulo Analfabetos na área urbana 600 500 400 300 200 100 idade 7 a 9 10 a 1 9 20 a 2 9 30 a 3 9 40 a 4 9 50 a 5 9 60 o u + mil pessoas Fonte: IBGE, PNAD. 1987 28 A U L A EXEMPLO 2 Num exercício da aula anterior, vocŒ viu que o perímetro de um quadrado Ø funçªo da medida do lado do quadrado. A equaçªo que associa o perímetro y à medida do lado x Ø : y = 4x Vamos considerar quadrados com lados medindo nœmeros inteiros varian- do de 1 cm a 10 cm e construir uma tabela e o grÆfico desta funçªo. Para isso, vamos usar um papel quadriculado para representar o plano cartesiano (ver Aula 8). No eixo horizontal, tambØm conhecido como eixo x ou eixo das abscissas, vamos marcar os valores de x (medi- da do lado) que constam na tabela. No eixo vertical, tambØm conhecido como eixo y ou eixo das orde- nadas, vamos marcar os valores de y (valor do perímetro) para cada valor de x. Este Ø o grÆfico da funçªo f de A em B definida pela equaçªo y = 4x. Neste caso, estamos considerando: Domínio = A { 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10} e, assim a imagem Ø: Imagem = B { 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28, 32, 36, 40} Isso significa que calculamos apenas o perí- metro dos quadrados cuja medida do lado Ø um nœmero natural entre 1 e 10. No entanto, vocŒ sabe que podemos cons- truir quadrados com outras medidas, como por exemplo: 0,5 cm; 7,8 cm; 2 ; etc. A œnica restriçªo Ø para quadrados com lado menor ou igual a zero. Dessa forma, amplia- mos o domínio da nossa funçªo para: D = conjunto dos nœmeros reais positivos. E, nesse caso, Ø fÆcil concluir que a ima- gem dessa funçªo Ø tambØm o conjunto dos nœmeros reais positivos. I = conjunto dos nœmeros reais positivos. O grÆfico fica como a figura ao lado: em vez de pontos isolados, temos uma semi-reta. x y = 4x 1 4 2 8 3 12 4 16 5 20 6 24 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 x y 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 x y 28 A U L AEXEMPLO 3 Observe agora o grÆfico da dívida externa brasileira. Esta funçªo relaciona a dívida com os anos. Assinalamos no grÆfico as informaçıes que temos a cada cinco anos. Os pontos foram ligados por segmentos de reta que representam a continui- dade da funçªo a cada cinco anos. Nªo temos dados para saber se a evoluçªo se deu desse modo, mas o fato de unirmos pontos isolados de um grÆfico auxilia a visualizaçªo e a anÆlise da funçªo. Observando atentamente esse grÆfico, podemos concluir que: l A dívida externa cresceu menos entre 1955 e 1960 e manteve-se constante no qüinqüŒnio seguinte. l A dívida cresceu mais na dØcada de 1970 e nos cinco anos seguintes, sendo a maior taxa verificada entre 1980 e 1985. Mas o que Ø taxa de crescimento? Em MatemÆtica, taxa Ø a medida de uma variaçªo. Numa funçªo, vocŒ jÆ sabe, temos duas variÆveis. Para calcular a taxa de variaçªo, verificamos como y varia em funçªo de x. No nosso exemplo, para um mesmo período de tempo, a maior taxa de crescimento ocorre onde o y cresce mais rapidamente. Veja, na próxima pÆgina, o cÆlculo da taxa de crescimento entre dois pontos de um grÆfico. Isso Ø feito dividindo-se a diferença dos valores de y pela diferença dos valores de x. 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 ano 2,5 3,4 5,33,4 21,0 53,8 95,8 100,0 bilhões de dólares 28 A U L A de 1955 a 1960 : 3 4 2 5 1960 1955 0 9 5 0 18, , , ,− − = = de 1960 a 1965 : 3 4 3 4 1965 1960 0 5 0, ,− − = = de 1965 a 1970 : 5 3 3 4 1970 1965 1 9 5 0 38, , , ,− − = = de 1970 a 1975 : 21 0 5 3 1975 1970 15 7 5 3 14, , , ,− − = = de 1975 a 1980 : 53 8 21 1980 1975 32 8 5 6 56, , ,− − = = de 1980 a 1985 : 95 8 53 8 1985 1980 42 0 5 8 4, , , ,− − = = de 1985 a 1990 : 100 95 8 1990 1985 4 2 5 0 84− − = = , , , Assim, podemos comparar os crescimentos em períodos diferentes. Con- cluímos, atØ mesmo, que o crescimento mais rÆpido da dívida externa brasileira se deu entre 1980 e 1985. Nesse período, o crescimento foi, em mØdia, de 8,4 bilhıes de dólares por ano. No grÆfico, com o auxílio de uma rØgua, vocŒ pode observar que o segmento que estÆ mais inclinado, ou seja, o que faz um ângulo maior em relaçªo ao eixo horizontal Ø o que tem maior taxa de crescimento. EXEMPLO 4 Observe os trŒs grÆficos acima. Eles mostram duas funçıes no mesmo plano cartesiano: a precipitaçªo de chuvas no primeiro eixo vertical e a temperatura no segundo eixo vertical, ambas durante todos os meses do ano. O grÆfico das chuvas estÆ representado por barras e o da tempera- tura, por uma linha contínua. Zona da Mata Nordestina Sert‹o baiano Regi‹o Sul 100 200 300 400 500 600 30 25 20 15 10 5 J F M A M J J A S O N D Precipita•‹o (mm) Temperatura ( C) 100 200 300 400 500 600 30 25 20 15 10 5 J F M A M J J A S O N D Precipita•‹o (mm) Temperatura ( C) 100 200 300 400 500 600 30 25 20 15 10 5 J F M A M J J A S O N D Precipita•‹o (mm) Temperatura ( C) 28 A U L AVocŒ deve estar se perguntando por que foram utilizadas formas diferentes de representaçªo. A resposta estÆ na própria maneira das variÆveis dessas duas funçıes se relacionarem. A quantidade de chuva Ø medida durante certo período de tempo e a temperatura pode ser medida a cada instante. Assim, para cada mŒs (x) temos um índice pluviomØtrico (y). Esses grÆficos (climogramas) sªo muito utilizados para explicar o clima de uma regiªo e seu potencial agrícola, por exemplo. É fÆcil observar que, dessas trŒs regiıes, a que possui maior variaçªo de temperatura Ø a regiªo Sul e a que possui maior variaçªo de precipitaçªo Ø a Zona da Mata nordestina. Podemos tambØm falar das noçıes de mÆximo e mínimo de uma funçªo. Nas representaçıes grÆficas da precipitaçªo, vemosque o mÆximo, ou seja, o maior índice pluviomØtrico, ocorre em meses diferentes para cada regiªo: Vamos exemplificar agora os pontos mínimos atravØs do grÆfico da temperatura: Com esses exemplos, vocŒ jÆ deve estar bem mais seguro para ler e interpretar grÆficos. Assim, pode compreender melhor as funçıes que apare- cem no nosso dia-a-dia. Para vocŒ saber mais Na Aula 27 vocŒ aprendeu que, para qualquer funçªo, Ø necessÆrio que a cada valor x do domínio corresponda apenas um valor de y, que farÆ parte do conjunto imagem. Observe os grÆficos abaixo. Eles nªo sªo grÆficos de funçıes, pois, para um mesmo valor de x, encontramos mais de um valor para y . REGIˆO ZONA DA MATA SERTˆO BAIANO REGIˆO SUL PRECIPITA˙ˆO M`XIMA MAIO FEVEREIRO JUNHO REGIˆO ZONA DA MATA SERTˆO BAIANO REGIˆO SUL TEMPERATURA M˝NIMA JUNHO JULHO JUNHO y 2 y x x y 1 y x x y 1 y 2 y3 y 2 y x x y 1 28 A U L AExercícios 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 1970 1975 1980 1985 na terra no mar Produ•‹o Mundial de Petr—leo REGIˆO METROPOLITANA GRANDE BELÉM GRANDE FORTALEZA GRANDE RECIFE GRANDE SALVADOR GRANDE BELO HORIZONTE GRANDE RIO DE JANEIRO GRANDE SˆO PAULO GRANDE CURITIBA GRANDE PORTO ALEGRE 0POPULA˙ˆO 01.334.460 02.294.524 02.859.469 02.472.131 03.461.905 09.600.528 15.199.423 01.975.624 03.015.960 `REAS METROPOLITANAS Exercício 1 O grÆfico de barras ao lado mos- tra a produçªo mundial de petró- leo extraído na terra e no mar. Observando este grÆfico, respon- da: a) A produçªo Ø maior na terra ou no mar? b) Qual delas tem crescido mais? c) Qual Ø o domínio da funçªo? d) Qual o valor mÆximo da produ- çªo na terra, aproximadamente? e) Em que ano a produçªo no mar foi maior? Exercício 2 Elabore um grÆfico de barras, utilizando os dados da tabela abaixo. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 milh›es de habitantes em bilhões de barris 28 A U L AExercício 3 a) Elabore um grÆfico que represente a balança comercial brasileira, utilizando os dados fornecidos pela tabela a seguir. BALAN˙A COMERCIAL BRASILEIRA ANO IMPORTA˙ÕES EXPORTA˙ÕES (BILHÕES DE DÓLARES) (BILHÕES DE DÓLARES) 1978 15 12,6 1981 24 23,2 1984 15,2 27 1987 16,5 26,2 1988 16 33,8 1990 20,4 31,4 b) Quantas funçıes estªo representadas nesse grÆfico? Quais sªo elas? c) Calcule as taxas de crescimento das importaçıes para cada um dos períodos. Qual a maior taxa? Qual a menor? d) Calcule as taxas de crescimento das exportaçıes para cada um dos períodos. Qual a maior taxa? Qual a menor? e) Sabendo que a balança comercial Ø calculada pela diferença entre importaçıes (I) e exportaçıes (E), construa a tabela e o grÆfico da funçªo B = I - E. Exercício 4 Para x variando no intervalo de 1 a 8 ( 1 £ x £ 8), faça um grÆfico da funçªo: y = 4 x Sugestªo: Organize uma tabela com alguns valores de x no intervalo dado. Calcule os valores correspondentes de y, assinale esses pontos e desenhe uma curva passando por eles. 40 30 20 10 0 1978 1981 1984 1987 1988 1990 ano valores (em milh›es de d—lares) Balan•a comercial brasileira valores (em bilhões de dólares) 28 A U L A Exercício 5 Use sua mÆquina de calcular para construir o grÆfico da funçªo y = x para 0 £ x £ 9. Exercício 6 Observe o grÆfico da funçªo desenhado abaixo: Domínio: 1 £ x £ 10 Imagem: a) O valor mínimo da funçªo ocorre para x = .... b) O valor mÆximo da funçªo ocorre para x = .... c) O valor mínimo da funçªo Ø y = ..... d) O valor mÆximo da funçªo Ø y = .... e) A funçªo Ø crescente no intervalo ..... £ x £ ..... f) A funçªo Ø decrescente nos intervalos .... £ x £ .... e ..... £ x £ ..... . Exercício 7 Observe os climogramas abaixo: a) Qual o valor mínimo da temperatura no oeste do Rio Grande do Sul e em que mŒs ocorre? b) E no norte do ParanÆ? c) Qual das regiıes possui um índice pluviomØtrico mais estÆvel? d) Em que meses ocorre uma maior variaçªo na precipitaçªo de chuvas no norte do ParanÆ? e) Qual o mŒs mais quente nas duas regiıes? 1 6 1 3 8 10 y x 100 200 300 400 500 600 30 25 20 15 10 5 J F M A M J J A S O N D Precipita•‹o (mm) Temperatura ( C)Oeste do Rio Grande do Sul 100 200 300 400 500 600 30 25 20 15 10 5 J F M A M J J A S O N D Precipita•‹o (mm) Temperatura ( C)Norte do Paran‡ 1£ y £ 6