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NUTRIÇÃO E HEPATOPATIAS SABRINA FARIA NUTRIÇÃO CLÍNICA FÍGADO Os nutrientes absorvidos pelo intestino chegam ao fígado pela via linfática, são metabolizados, e acumulados. FÍGADO- funções: - Hematopoiese: juntamente com a medula óssea e o baço, participa da produção de células sanguíneas. - Hemocaterese: participa da destruição das hemácias envelhecidas (fagocitose). - Emulsificação de gorduras da digestão secretando bile como produto final. - Armazenar e metabolizar vitaminas. - Armazenar e metabolizar glicose. - Sint de ptns plasmáticas. -Produção de precursores de plaquetas. -Desintoxicação de toxinas internas e externas. -Elimina toxinas através da bile. - Conversão de amônia em uréia. É responsável também pela produção da bile, glicogenese, neoglicogênese (gliconeogenese), glicogenólise, metabolismo do colesterol, síntese de ureia e de proteínas plasmáticas, armazenamento de ferro, vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitamina B12. FÍGADO Os principais agentes etiológicos das doenças hepáticas crônicas sao (VASCONCELOS, 1998 apud JESUS et al., 2014): Virais: vírus B (VHB), vírus C (VHC), vírus D (VHD), vírus E. Distúrbios metabólicos: doença de Wilson, hemocromatose, galactosemia. Químico: álcool. Doenças secundárias: cirrose biliar primária, colangite esclerosante e fibrose cística. Doença Hepática Crônica (DHC) Hepatite, insuficiência hepática e cirrose são doenças que compoem um quadro clínico de DHC, sendo esta última, a doença mais grave de dano hepático. DHC - há comprometimento tanto da estrutura hepática como da capacidade funcional do órgão. Cerca de 40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos, e apresentam prognóstico grave (JESUS et al., 2014). As alteraçoes metabólicas que mais ocorrem nas DHC são (JESUS et al., 2014): I- Metabolismo energético: Pacientes com cirrose apresentam um aumento de 30% em relação a indivíduos normais, no uso do tecido adiposo como fonte energética em jejum breve. Tal fato se dá porque esses pacientes tem baixa adaptabilidade ao jejum, em função da redução das vias glicogenolíticas para fornecimento rápido de glicose. II- Metabolismo protéico: em função da alteração no metabolismo energético, pode haver maior mobilização da oxidação muscular de aminoácidos cetogenicos (a exemplo da leucina) para fornecimento de energia. A perda de proteínas via intestinal ocorre em cerca de 40% dos pacientes. Além disso, o fígado reduz a síntese de proteínas plasmáticas e hepáticas, metabolização de aminoácidos aromáticos, e destoxificaçao de amônia inadequada. III- Metabolismo lipídico: dentre várias alterações metabólicas,ocorre, por exemplo, aumento da lipogenese hepática e redução da oxidação hepática de ácidos graxos, que podem levar ao desenvolvimento de esteatose hepática. IV- Metabolismo de vitaminas e minerais: as deficiências de vitaminas e minerais são comuns entre pacientes com DHC, principalmente naqueles que fazem uso de álcool.As principais são: - Cirrose alcoólica: vitaminas A, C, D, E, K, B9, B12, B6, B7, B1, B2, B5, B3. Entre os minerais, as maiores deficiências podem ser encontradas com o ferro, cálcio, zinco, magnésio e selênio. - Cirrose não alcoólica: exceto a vitamina B7, as deficiências são as mesmas da cirrose alcoólica. - Hepatite crônica: vitaminas K, B9, B12. DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA DHGNA / NAFLD / NASH Acúmulo de lipídios no interior dos hepatócitos, excedendo 5%* do peso do fígado Esteatose hepática Doença Hepática alcoólica Doença Esteatótica Não Alcoólica Esteatose Esteato-Hepatite Cirrose Principais Fatores de Risco: Bellentani et al., 2010 ❑ Sexo; ❑ Idade; ❑ Obesidade; ❑ Resistência à insulina; ❑ Síndrome Metabólica Indivíduo metabolicamente obeso Eutróficocom Alto % gordura corporal / visceral Variação de sintomas: De assintomático à fadiga; Hepatomegalia ~50% casos; Sintomas associados a características da SM: DHGNA: CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Hiperpigmentação da pele » ↑ [insulina] Pescoço, axilia, virilha, umbigo ESTIMA-SE QUE 60% DOS TRIGLICERÍDEOS ACUMULADOS NO FÍGADO COM DHGNA SÃO PROVENIENTES DOS ÁCIDOS GRAXOS DO TECIDO ADIPOSO Vias de acúmulo de gordura hepática RESISTÊNCIA AINSULINA LIPOGÊNESE (síntese de ácidos graxos a partir de precursores não lipídicos) Síntese TG Obesidade Hiperinsulinemia PoolAG Estoque Ex.: indivíduo IMC normal + dieta hiperglicídica = hiperinsulinemia pós prandial = lipogênese Excesso Carboidrato Lipídio LIPOGÊNESE Oxidação: β- oxidação mitocondrial, peroxissomal, (exportar) VLDL Donely et al., 2005 Importante: Captação de glicose pelo fígado não é dependente de insulina ; ✓↑ [glicose] sérica ↑ captação hepática; Estímulo da lipogênese de novo mediada pela insulina: ↑ da conversão de glicose a ácidos graxos AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA ▪ IMC; ▪ PERÍMETRO DO PESCOÇO- homem- ATÉ 37cm e mulher- até 34cm. Homem- 94cm perímetro de cintura Mulher- 80 cm DOENÇA GORDUROSA HEPÁTICA ALCOOLICA (DGHA) Os principais fatores que aumentam a suscetibilidade a DHA são (adaptado de JESUS et al., 2014. p. 417): - Ingestão alcoólica diária prolongada, em torno de 15 a 20 anos. - Ingestão esporádica de grandes volumes de álcool: “farras” alcoólicas. - Ingestão de bebidas alcoólicas sem alimentação. - Fatores genéticos. - Gênero feminino – mais suscetível ao dano alcoólico. - Consumo de bebidas alcoólicas com alta concentração de etanol: destilados. - Ingestão de bebidas alcoólicas de diversos tipos. Para pacientes com doença hepática compensada: - 0,8 a 1,0 g/Kg de peso atual ou ideal/dia, a fim de promover balanço nitrogenado positivo. - 1,2 a 1,8g/Kg de peso atual ou ideal /dia, para melhorar a retenção nitrogenada. A suplementação nutricional é indicada para prevenir ou recuperar o estado nutricional adequado; Em alcoólicos crônicos ou portadores de hemocromatose, o uso de alimentos fontes de ferro, deve ser reduzido. Na presença de restrição hídrica, o sódio deve ser limitado. CONDUTA DIETOTERAPICA CÁLCULO DE SÓDIO Em casos de edemas, por exemplo, o sódio pode ser restringido a 2,5 g/dia, o que equivale a 6 g de sal. Para pacientes com restrição hídrica severa, devem ter seu consumo máximo de sódio em torno de 250 a 500 mg/dia. Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Doença hepática crônica que causa lesão celular, cicatrização (fibrose e regeneração celular), transformação da arquitetura normal do fígado, ↓ progressiva da função hepática. Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, Editora Rubio CIRROSE HEPÁTICA Cirrose O uso do dinamômetro para avaliar a força muscular, é uma ferramenta útil para avaliação da resposta a terapia nutricional proposta. Em relação aos métodos clínicos, a classificação da hepatopatia pode ser feita pelos parâmetros de Child- Pugh, que considera o grau de disfunção hepática. Interpretação PONTOS CLASSE SOBREVIDA EM 1 ANO SOBREVIDA EM 2 ANOS 5-6 A 100% 85% 7-9 B 81% 57% 10-15 C 45% 35% AVALIAÇÃO- CIRROSE Na avaliação clínica: membros inferiores, tríceps e bíceps, face e tronco, a fim de identificar perda de massa muscular. O edema, a ascite e as deficiências nutricionais devem ser considerados. EXAMES Os indicadores bioquímicos mais utilizados, além da alanina aminotransferase (ALA), aspartato aminotransferase (AST), fosfatase alcalina, gama glutamiltransferase (gama-GT), albumina, pré albumina, transferrina, proteína carreadora de retinol, contagem de linfócitos totais são: ferro, ferritina, magnésio zinco, cálcio, fósforo, vitamina B12, B9, índice de creatinina por altura (ICA), BN (para pacientes hospitalizados), perfil lipídico, perfil glicídico e ácido úrico. Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Xarope de milho com alto teor de frutose • Historicamente: Passado: Consumo de frutoseadvinha do consumo de frutas e vegetais (~15%/dia) x Atualmente: consumo dissimulado do xarope de milho em produtos industrializados (~ 81 g/dia). • O xarope de milho com alta concentração de frutose é 1,5 vezes + doce que a sacarose – incorporada no preparo de frutas enlatadas, geleias, doces em pasta, pudins, pó para bebidas, refrigerantes, pães, fast-food, iogurte com geléia de frutas, etc. Gaino e Silva, 2011 FRUTOSE X DHGNA Xarope de milho rico em frutose (HFCS)* X DHGNA Frutose pode aumentar: TG, síntese de novo de ácidos graxos, e a resistência à insulina ✓World J Gastroenterol, 20(7):1757-67, 2014 TRATAMENTO NUTRICIONAL DADHGNA Perda de peso; Distribuição de macronutrientes; Lipídios: ômega-3 Carboidratos; Vitaminas E e D; Probioticos e prebioticos Funcionais A perda de peso deve ser gradativa, com terapia nutricional específica por 6 meses, dieta hipocalórica (cerca de 25 Kcal/Kg de peso/dia), normoproteica, normoglicidica, e hipolipídica. TRATAMENTO Resistência à insulina (RI), gordura visceral, transaminases hepáticas, esteatose hepática. Wang et al, 2003; Clark et al., 2006; Promrat et al, 2010 BENEFÍCIOS DA PERDA DE PESO NA DHGNA : BENEFÍCIOS DA PERDA DE PESO NA DHGNA: • Perda de peso de, no mínimo, 3 a 5% do peso atual parece ser necessária para melhora da esteatose, porém perda superior a 10% é necessária para melhora do processo inflamatório. o Restrição calórica (não exceder 1Kg/semana); o Baixa ingestão de carboidratos: 40-45% VET; o 20% de proteinas; o < 30% de lipídios: < 10% de gordura saturada (entre 6-10%), MUFA > 25% The role of diet and nutrient composition in nonalcoholic fatty liver disease. J Acad Nutr Diet. 2012; 112:401–409; Medical nutrition therapy in non-alcoholic fatty liver disease – a review of literature . Journal of Medicine and Life Vol. 8, Issue 3, July-September 2015, pp.258-262; Efeito do Ácido Graxo ômega-3 na DHGNA Pontos-chave: • A suplementação de ômega-3 reduz a esteatose hepática; • Benefícios da suplementação com doses ≥ 0,83g/dia-4g/dia. Dieta de baixo carboidrato - LOW CARB Definição: dietas cuja ingestão de CHO é inferior as recomendações (45-65%). Dietas pobre em Carboidrato: o Carboidrato (26-45% do VET); o Baixo carboidrato: < 26% VET ou < 130g CHO/dia; o Dieta de muito baixo CHO (cetogênica): 20-50g de CHO/dia ou < 10% de uma dieta de 2000 Kcal. Alguns tipos de Dieta LCHF: Atkins, Banting, Paleo, South Beach, etc. Foco: consumir alimento não processado, crucíferos, vegetais, frutas oleaginosas cruas, sementes, ovos, peixe, laticínios, carne animal, gorduras (abacate, coco, azeite). Evidence that supports the prescription of low-carbohydrate high-fat diets: a narrative review. Br J Sports Med 2016;51:133–139 LOW CARB Dois mecanismos explicam como a dieta pobre em carboidrato reduz peso corporal, apesar do aumento do consumo de alimentos com gordura: 1. Aumenta a saciedade, permitindo menor ingestão energética e fome; 2. Vantagens metabólicas específicas: (aumento do efeito termogênico da ingestão de proteína, maior turnover proteico para gliconeogênese) Evidence that supports the prescription of low-carbohydrate high-fat diets: a narrative review. Br J Sports Med 2016;51:133–139 LOW CARB 10 estudos foram incluídos na meta-análise; Achados indicaram que a dieta com baixo carboidrato (< 50% VET) na DHGNA: o Reduziu a quantidade de gordura do fígado, por reduzir a lipogênese; o Não reduziu as concentração sérica de enzimas hepáticas Fibras • Aveia (farelo): Reduz o colesterol total e absorção de glicose, respaldado pela ANVISA e FDA; Recomendação de 5 a 10g/dia de fibra solúvel Fibra: -glucana Vitamina E ( -tocoferol) administrado na dose de 800 UI/dia melhora a histologia hepática em adultos não diabéticos com esteatohepatite comprovado por biópsia e deve ser considerada como farmacoterapia de primeira linha Hepatology 55(6):2005-2023, 2012; Curr Opin Clin Nutr Metab Care 15:641-49, 2012; Aliment PharmacolTher, 38:134-43, 2013; Int J Mol Sci 15:7352-79;2014 VITAMINA D X DHGNA Deficiência de vitamina D tem sido relacionado com a gravidade e fibrose na DHGNA. Contribui para RI, gravidade da esteatose, inflamação. Doses de suplementação- indefinidas! Probioticos reconhecidos pela ANVISA Lactobacillus acidophilus Lactobacillus casei shirota Lactobacillus casei variedade rhamnosus Lactobacillus casei variedade Lacto defensis bacillus paracasei Lactococcus lactis Bifidobacterium bifidum Bifidobacterium animallis (incluindo a subespécie B. lactis) Bifidobacterium longum Enterococcus faecium Evidências do uso de probióticos na NAFLD/ NASH Lactobacillus acidophilus; Lactobacillus casei variedade rhamnosus; L plantarum; L salivarius; L bulgaricus. L casei, B lactis, Bifidobacterium breve, Bifidobacterium bifidum; S thermophilus, Bifidobacterium longum, Bifidobacterium infantis Tempo de tratamento 2-7 meses “Probióticos devem ser considerados como uma terapia complementar em pacientes com NAFLD”. Ano: 2016 Revisão sistemática e Meta-análise A meta-análise demonstrou que o probiótico promoveu melhorias nos seguintes parâmetros: HOMA, colesterol total, HDL-c, e TNF-α nos pacientes com DHGNA. Não houve melhora no IMC, glicose e insulina nos adultos com DHGNA. CURCUMINA X DHGNA Modelo animal: Curcumina melhora sensibilidade à insulina, reduz lipogênese, o conteúdo de gordura no fígado, e atenua a inflamação e estresse oxidativo. Agentes citoprotetores hepáticos: reduzem a inflamação, estresse oxidativo e fibrose. 1) EfeitoAOX; 2) Reduz a progressão da fibrose CAFÉ X DHGNA 3) Reduz concentração sérica de aminotransferases; 4) Melhora a resistência à insulina e tolerância à glicose em animais. Reviewconclui queo cafépode reduziro risco deDHGNA • Não demonstrou-se efeito + na DHGNA para o café expresso. Increased caffeine consumption is associated with reduced hepatic fibrosis, Hepatology, 2010; Oily fish, coffee and walnuts: Dietary treatment for nonalcoholic fatty liver disease, World J Gastroenterol, 2015 X DHGNA MUFA predominante nas amêndoas, castanha de caju, avelã, macadamia, noz, pistache; PUFA predominantemente nas nozes e pinhão. Ricas em vitamina E e fibras o Ricas em fitosterol (Reduzem LDL-C) e polifenóis (reduzem Estresse Oxidativo). Em pacientes com DHGNA a ingestão de nozes associou-se com redução da AST, ALT, GGT aos 3 e 6 meses de suplementação; Dose: 100 g/dia Oily fish, coffee and walnuts: Dietary treatment for nonalcoholic fatty liver disease, World J Gastroenterol, 2015 ABACATE X DHGNA Rico em MUFA, rico em fibras, vitamina E e tem grande poder sacietógeno. ❑ Fibras: aproximadamente 70% de insolúveis e 30% de solúveis. ½ abacate ou 68g/dia tem sido associado a efeitos benéficos de redução do CT, LDL e TG. - Estudo NHANES com 17567 adultos demonstrou que o consumo regular de abacate está associado a melhora no peso, IMC, CC e HDL. Oily fish, coffee and walnuts: Dietary treatment for nonalcoholic fatty liver disease, World J Gastroenterol, 2015 SILIMARINA A silimarina é um flavonóide, extraído dos frutos e sementes do Silybum marianum, sendo considerado um composto de várias flavolignanas, dentre as quais a principal é a silibina. ✓ Nomes: Sylibum mariano, Milk Thistle ou cardo mariano. FINTELMANN; WEISS, Manual de Fitoterapia, 2010 AÇÕES DA SILIMARINA NADHGNA o Redução da resistência à insulina; o Propriedade antioxidante (alto conteúdo fenólico); o Imunomoduladoras; o Propriedade antifibrótica; o Estímulo à regeneração hepática. FINTELMANN; WEISS, Manual de Fitoterapia, 2010 Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Disfunção hepática, que afeta o Sistema Nervoso Central (SNC). O fígado não consegue eliminar e/ou transformar produtos tóxicos sintetizados pelo próprio fígado ou proveniente da alimentação, ou porque o sangue advindo do sistemadigestório é direcionado diretamente a circulação geral (HEPCENTRO, 2005). Os sintomas incluem mudanças neurológicas e psiquiátricas, podendo levar ao coma (GLUUD et al., 2017). ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ IMPORTANTE: -Recuperar a perda ponderal, evitar o jejum, regular a síntese entérica de amônia e, controlar o catabolismo proteico muscular. De uma forma geral, além de limitar a ingestão de proteínas de origem animal, o tratamento nutricional é composto: (JESUS et al., 2014): -Aminoácidos de Cadeia Ramificada (AACR). -Terapia redutora de amônia, a exemplo da lactulose*, um dissacarídeo não absorvível. - Nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes. - Fibras alimentares. - Probióticos e simbióticos. * A lactulose pode provocar efeitos colaterais indesejáveis, como distensão e dor abdominal, e sua eficácia tem sido discutida. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Tratamentos alternativos para EH tem sido aceitos baseados na literatura científica, destacando-se a administração de (JESUS et al., 2014): - AACR. - Ornitina. -Aspartato. - Suplementaçao de zinco. - Benzoato de sódio. - Acarbose. - Probióticos. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ A fim de evitar agravamento, pacientes com cirrose hepática e insuficiência hepática, tem recomendação de maior aporte protéico, desde que sejam priorizados os AACR e que os lipídios sejam: os ácidos graxos monoinsaturados e poli- insaturados. O plano alimentar deve ser elaborado com base nos alimentos permitidos para uma dieta rica em AACR. Somente para casos em que o paciente seja intolerante grave a proteína (estágios III e IV da EH), o consumo protéico deve ser reduzido por um curto período. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJENCEFALOPATIA HEPÁTICA- ALIMENTOS PERMITIDOS Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Os alimentos contra-indicados para a elaboração de um plano alimentar para pacientes com EH são: queijos amarelos; gema de ovo; carne bovina; carne suína; frango e derivados (JESUS et al., 2014). ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ ENCEFALOPATIA HEPÁTICA- ESTÁGIOS Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Por que as carnes bovinas, suínas e de frango são contra- indicadas? O que muda na metabolização destas carnes, em relação as carnes de cordeiro e caprinas? ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Embora sejam necessários mais estudos para a redução da hiperamonemia - o uso dos aminoácidos L-ornitina e L- aspartato (LOLA), são utilizados juntos e com bons resultados, para os estágios I e II da EH. Essa junção permite a síntese de glutamato no músculo esquelético, e este é convertido em glutamina, promovendo assim, maior depuração muscular da amônia circulante. ENCEFALOPATIA HEPÁTICA No fígado sadio, a amônia proveniente da circulação porta será convertida em uréiae glutamina, sendo excretada pelo rim, não alcançando a circulação sistêmica Ocorre aumento da concentração de aminoácidos de aromáticos (triptofano, tirosina e fenilalanina) e redução dos aminoácidos de cadeia ramificada (valina, isoleucina e leucina) no sistema nervoso central (SNC) . Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, Editora Rubio; https://www.google.com.br/search?q=imagem+cerebro&rlz Aumenta no cérebro a concentração de aminoácidos de cadeia aromática http://www.google.com.br/search?q=imagem+cerebro&rlz http://www.google.com.br/search?q=imagem+cerebro&rlz Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Acúmulo de líquido no interior da cavidade peritoneal HIPOALBUMINEMIA - pressão oncótica; HP - pressão hidrostática Acúmulo de líquido cavidade peritoneal Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, Editora Rubio ASCITE e DOENÇA HEPÁTICA QUANDO APLICAR RESTRIÇÃO DE LÍQUIDOS NA CIRROSE? Restrição hídrica recomendada quando o paciente tem hiponatremia: Concentração sérica de sódio < 130 mEq/l (hiponatremia) AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL Apresenta limitações: Presença de edema e ascite - Peso Corporal, IMC da síntese de proteínas viscerais (albumina, pré-albumina, transferrina, proteína carreadora de retinol): Deixam de refletir o EN e tornam-se índice de prognóstico da doença Balanço Nitrogenado Mesmo na presença de ascite ou edema periférico: a) PCT, PCB, PCSE ; b) CB – CMB; c) ASG. DIAGNÓSTICO DA DESNUTRIÇÃO: Classificar o EN segundo percentil, Frisancho (1981) PCT / CMB: Idade: 18-74 anos: PERCENTIL ≤ 5 ► Desnutrição grave; Idade > 74 anos: PERCENTIL ≤ 10 ► Desnutrição grave; Campillo et al., 2005, Tsiaousi et al., 2008 Nutritional assessment in cirrhotic patients wtih hepatic encephalopaty, 2015 Condição Calorias (kcal/kg/dia) Cirrose compensada (sem EH) 25-35 Intolerância a glicose (sem EH) 25 Desnutrição 30-40 Encefalopatia I-II-III-IV 35-40 Utilizar o peso ideal para cálculo das necessidades energéticas na cirrose Guideline on nutritional management in Japanese patients with liver cirrhosis from the perspective of preventing hepatocellular carcinoma, 2012; Hepatic Encephalopathy in crhonica liver disease,2014 Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, Editora Rubio Condição Proteína (g/kg/dia) Cirrose compensada (sem EH) 1,2-1,5 Intolerância a glicose (sem EH) 1,2-1,5 Desnutrição (sem intolerância a proteína) 1,2-1,5 Encefalopatia I-II III-IV 0,5-1,2 0,5-0,7 Se houver intolerância a proteína ofertar 0,5-0,7 g/Kg/dia + suplemento ou solução enteral enriquecida com BCAA(ACR) Guideline on nutritional management in Japanese patients with liver cirrhosis from the perspective of preventing hepatocellular carcinoma, 2012; Hepatic Encephalopathy in crhonica liver disease,2014 Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, Editora Rubio DIETA RICA EM PROTEÍNAS VEGETAIS NA CIRROSE Tratamento adjuvante para EH, pela modulação da microbiota intestinal. Proteínas vegetais são mais bem toleradas por cirróticos do que as animais. Suplementação com AACR (BCAA) é recomendado na cirrose em vários guidelines: Melhora o metabolismo energético, diminui a ocorrência de EH, aumenta a síntese de albumina e outras proteínas, diminui a ocorrência de óbito, e melhora a glicemia na cirrose Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, EditoraRubio AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA NACIRROSE HEPÁTICA Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ Muto et al. (2005) “long term survival study (LOTUS)”: Grande estudo multicêntrico controlado e randomizado: Suplementação dietética com AACR 12 g / dia por 2 anos* x suplemento sem AACR Resultados: GRUPO AACR: Aumentou albumina, redução óbito, ↓ câncer e < rompimento de varizes *Melhor palatabilidade (grânulos Livact -Ajinomoto) Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ ASPEN E ESPEN: • BN (+) alcançado c/ suplementação oral de AACR (0,25 g/Kg/dia). Proteínas totais e aminoácidos ramificados (BCAA) em alimentos fontes. Alimento Ptn total isoleucina leucina valina BCAA total Leite desnatado-100ml 3,55g 222mg 344mg 240mg 806mg Filet de peixe-100g 12,48g 756mg 1,25g 794mg 2,75g Carne vermelha (alcatra)-100g 21,25g 982mg 1,54g 1,04g 3,56g Frango sem pele (peito)-100g 25g 1,08g 1,49g 1,01g 3,58g Ovo inteiro-100g 12,4g 700mg 1,6g 950mg 2,91g Clara de ovo-100g 10,2g 698mg 950mg 842mg 2,48g Queijo cottage-100g 11,9g 1,85g 2,68g 1,97g 6,5g Queijo muçarela-100g 25,13g 1,83g 2,67g 1,97g 6,47g Queijo prato-100g 24,87g 1,85g 2,68g 1,97g 6,5g Lipídios: 25-30% do VET Verificar tolerância individual. Encefalopatia Grau I-II-III-IV: 25% do VET Priorizar PUFA n-6, n-3 e MUFA Restrição de lipídios fundamentada em pacientes c/ colestase, esteatorréia ou insuficiência pancreática associada .Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, EditoraRubio DOENÇAS HEPÁTICAS E VESÍCULA BILIAR *** Colestase : redução do fluxo biliar. CIRROSE COM COLESTASE Oferta de 20-25% VET na forma de lipidios Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, EditoraRubio Indica-se um fornecimento de 25% a 50% dos lipídios prescritos - na forma de TCM para pacientes com má-absorção de gordura por colestase. o TCM é utilizado em situações tais como ressecção total ouparcial do esôfago ou estômago, atresia biliar, icterícia obstrutiva, cirrose biliar primária, pancreatite, fibrose cística e pancreatectomia. Wilza Peres et al., 2015, livro: Nutrição e Fisiopatologia das Doenças Hepáticas, EditoraRubio TRIGLICERÍDEOS DE CADEIAMÉDIA (TCM) NACOLESTASE MICRONUTRIENTES FERRO o Excesso de ferro na dieta leva a depósito de ferro no fígado, causando estresse oxidativo e, predispondo ao câncer hepático. o Ferro ≤ 7 mg/dia*, se a concentração de ferritina for superior ao limite de referência do exame *Exceto se observar anemia ZINCO Suplementação de zinco pode melhorar a hiperamoniemia e reduzir a ocorrência de carcinoma hepático. Atenção ao aporte de zinco na dieta VITAMINA B1 • Pode ocorrer deficiência de tiamina na doença hepática alcoólica, em decorrência: • Baixa ingestão; • Decréscimo da absorção intestinal da tiamina causada pelo álcool. Profa. Wilza Arantes Ferreira Peres UFRJ NO LANCHE NOTURNO E NO DESJEJUM: 8g de AACR no lanche noturno + 4 g no desjejum Aumento razão AACR/AAA, BN e aumento albumina* Estimula síntese hepática de albumina PÓS-TRANSPLANTE Espen (2006): 12/24h – alimentação normal ou NE (nasogástrica ou jejunostomia) TRANSPLANTE HEPÁTICO CALORIAS E PROTEINA: PRÉ-OPERATÓRIO: Seguir recomendação para cirrose PÓS-OPERATÓRIO: ENERGIA: 35-40 Kcal/kg/dia PROTEÍNA; 1,2 – 1,5 g/Kg/dia Espen, 2006 Transplante hepático (TxH) O transplante é indicado quando os pacientes se encontram em estágio final da hepatopatia ou doença hepatobiliar. Uma doença que pode levar o indivíduo a necessitar de um TxH, é a hepatite autoimune. A terapia nutricional no TxH é dividida em duas fases: pré e pós TxH. Na fase pré TxH, o foco é na recuperação do estado nutricional do paciente. EXEMPLO Um paciente com encefalopatia hepática grau 2, com peso de 62 Kg, deve ter sua distribuiçao de macronutrientes e VET em quais valores? A recomendação, para EH grau 2 deverá ser de: 1 a 1, 2 g/Kg/dia de proteína = 62 a 74,4 g /dia. 25 a 40 Kcal/Kg/dia de energia = 1.550 a 2.480 Kcal/dia. 75% de carboidrato em relaçao ao VET:1.162,50 a 1.860 Kcal/dia. 25 % de lipídio em relaçao aoVET: 387,5 a 620 Kcal/dia. CA HEPÁTICO O câncer de fígado pode ser de dois tipos: primário (que começa no próprio órgão) e secundário ou metastático (tem origem em outro órgão e, com a evolução da doença, atinge também o fígado). O tipo secundário é mais frequentemente decorrente de um tumor maligno no intestino grosso, ou no reto. Dentre os tumores iniciados no fígado, o mais comum é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular. Existem também o colangiocarcinoma (originado nos dutos biliares do fígado), o angiossarcoma (câncer raro que se origina nos vasos sanguíneos do fígado), e o hepatoblastoma, tumor maligno raro que atinge recém-nascidos e crianças, nos primeiros anos de vida. CA HEPÁTICO O tabagismo e a poluição ambiental da fumaça, influenciam no risco. Hepatocarcinoma Cerca de 50% dos pacientes com hepatocarcinoma apresentam cirrose hepática, doença grave associada ao alcoolismo ou à hepatite crônica. O causador predominante da hepatite crônica é a infecção pelos vírus da hepatite B ou C, também relacionados ao desenvolvimento de câncer de fígado. Em áreas endêmicas, a esquistossomose (doença conhecida por barriga d’água) é considerada fator de risco. Atenção especial deve ser dada à ingestão de grãos e cereais. Quando armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser contaminados pelo fungo aspergillus flavus, que produz a aflatoxina, substância cancerígena. CA HEPÁTICO CA HEPÁTICO Hepatocarcinoma, colangiocarcinoma ou metástases hepáticas Os sintomas mais comuns são: dor abdominal, massa abdominal, distensão abdominal, perda de peso inexplicada, perda de apetite, mal-estar, icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos) e ascite (acúmulo de líquido no abdômen). A remoção cirúrgica (ressecção) do câncer é o tratamento mais indicado quando o tumor está restrito a uma parte do fígado (tumor primário), e também nos tumores hepáticos metastáticos, em que a lesão primária foi ressecada. CONDUTA NUTRICIONAL ENERGIA- DE ACORDO COM ESTADO NUTRICIONAL LEVEMENTE HIPERPROTEICA NORMOGLICIDICA HIPOLIPIDICA MELO, P. C. L. de; PEREIRA, M. L.; SAMPAIO, H. A. C. de. Aspectos fisiopatológicos e nutricionais da doença hepática gordurosa naoalcoólica (DHGNA). Rev. Bras. Nutr. Clín., v. 28, n. 1, p. 54-60, 2013. Disponível em: ttp://www.braspen.com.br/home/wp-content/ uploads/2016/12/09-Aspectos- fisiopatol%C3%B3gicos-e-nutricionaisda-doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica- gordurosa-n%C3%A3oalco%C3%B3lica.pdf>.Acesso em: 20 maio 2018. GLUUD, L. L. et al. Branched-chain amino acids for people with hepatic encephalopathy.The Cochrane Library, 2017. HEPCENTRO. J., S. G. Colangite Esclerosante Primária. 2007. Disponível em: <http://www.hepcentro.com.br/colangite_esclerosante.htm>. Acesso em: 1 jun. 2018. JESUS, R. P. et al. Doenças hepáticas. In: CUPPARI, LILIAN, Nutrição clínica no adulto, Sao Paulo: Manole, 2014, cap. 17, p.413-454.MARCHESINI, G. et al. Nutritionalsupplementation with branched-chain amino acids in advanced cirrhosis: a doubleblind, randomized trial. Gastroenterology, v. 124, n. 7, p. 1792- 1801, 2003. REFERÊNCIAS MARCHESINI, G. et al. Nutritional treatment with branched-chain amino acids in advanced liver cirrhosis. Journal of gastroenterology, v. 35, p. 7-12, 2000. METCALFE, E. 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