Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 6 – do crime parte III 14.10.2020LEGENDA Conceito Prazo Destaque Cai em prova Jurisprudência/súmula Antijuridicidade: relação de contrariedade existente entre um fato e o ordenamento jurídico vigente. Regra: fato típico tem sua ilicitude presumida = presume-se a ilicitude do fato até prova em contrário. A possibilidade de não haver ilicitude é excepcional. “Um fato típico é presumidamente antijurídico”. Não é exclusiva do direito penal. Espécies: criticada pela doutrina mais moderna (mas ainda adotada) · Ilicitude formal: relação de contrariedade entre conduta e norma · Ilicitude material: é a conduta que causa lesão ou expõe a lesão um bem jurídico tutelado Fases de evolução do tipo penal (para entender a ilicitude) · 1ª fase: função descritiva do tipo penal (Binding) · Teoria da autonomia ou absoluta independência: a tipicidade não geral qualquer juízo de valor na ilicitude = são substratos autônomos. · Está no causalismo (Von Beling) · O tipo penal tem como única função descrever uma conduta proibida ou mandada = não haveria nenhuma relação entre tipo penal e ilicitude · Teoria do tipo avalorado: não tem nenhum valor ligado a ilicitude, pois apenas descreve a conduta · Teoria do tipo acromático: tipo sem cor (sem a cor da ilicitude) · 2ª fase: função indiciária do tipo penal ou teoria da ratio cognoscendi (Mayer): · O tipo penal realmente descreve uma conduta, mas essa não é a única função · O tipo penal tem a função de indiciar uma conduta · Tipo e ilicitude são coisas diferentes mas a tipicidade funciona como um indício da ilicitude (não certeza) = é possível haver tipo penal sem ilicitude · Teoria da indiciariedade = é a adotada no Brasil · Fundamento: teoria do reconhecimento das normas de cultura = a cultura exerce grande influência sobre as normas de estado e, por isso, a cultura é levada para a ordem jurídica · Toda legislação que separa condutas proibidas de condutas permitidas está determinando qual norma de cultura foi adotada · Se a conduta é proibida pelo direito penal já há indícios de que ela contraria as normas de conduta = se ela fosse lícita não estaria prevista no tipo penal como proibida · A ilicitude se faz presente quando for praticado um tipo penal = a preocupação é quando a ilicitude está ausente = causas excludentes de ilicitude · Indiciar uma conduta: inverte-se o ônus da prova nas descriminantes (o MP só precisa comprovar a tipicidade, pois esta presume a ilicitude)) · 3ª fase: confusão entre tipo penal e ilicitude (Mezger) · Teoria da ratio essendi ou da absoluta dependência · A ilicitude confirma a tipicidade, servindo como sua essência = o fato só será típico se for também ilícito · Nasce a teoria do tipo total de injusto: fato típico + ilícito · Tipo penal e ilicitude são a mesma coisa · Trouxe a ilicitude para dentro do tipo penal, um a razão de ser do outro · A exclusão da ilicitude acarreta na exclusão da tipicidade · 4ª corrente: teoria dos elementos negativos do tipo · Mesma conclusão anterior mas por outros caminhos · O tipo penal é composto de elementos positivos (explícitos) e elementos negativos (implícitos) · Os positivos tem que ocorrer para que o fato seja típico · Os negativos não podem ocorrer para o fato continue sendo típico · O ônus da prova da não ocorrência dos elementos negativos é do MP Causas de exclusão da ilicitude/causas de justificação ou descriminantes: um fato típico será lícito = art. 23, CP = “não há crime” Nomes: · Causas excludentes da ilicitude · Causas de justificação · Justificantes · Descriminantes Causas legais: art. 23, CP · I – estado de necessidade · II – legítima defesa · III – estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito Outras causas legais: · CP, parte especial. Ex: art. 128, 142 · Legislação especial: lei 9.605/98 Causas supralegais: não estão na lei. Legítima defesa: quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem (art. 25, CP) Fundamento: · Princípio da autoproteção: estado não pode proteger todos em todas as horas (espécie de autotutela) · Reafirmação do direito: a pessoa que se defende reafirma o seu direito de não ser lesionado ou morto · Legítima defesa não se submete à ponderação de bens jurídicos · Legítima defesa a lesão de bem mais valioso do que o defendido (diferente do estado de necessidade Teorias da legítima defesa: · Teoria da coação moral (Puffendorf): quem se defende frente a um perigo iminente não pode ser responsabilizado pois age em um estado de insanidade ou perturbação mental · Estado de inimputabilidade · Propter pertubationem animi · Teoria da escusa legal (Geyer): ideia da retribuição do mal pelo mal. Compensação de um mal por outro mal e não pode ser punida, ainda que reprovável · Teoria do exercício de um direito (Kant): legítima defesa é um direito a ser exercido por uma pessoa que sofre uma agressão injusta · É a que mais se aproxima da adotada pelo direito penal brasileiro · Teoria da delegação do poder público (Callón): defesa privada é um substitutivo da defesa pública · Teoria do interesse preponderante (Merkel): colisão de interesses entre o do agressor e do ofendido, e o do ofendido prepondera Nenhuma teoria foi adotada, mas a de Kant é a que mais se aproxima (teoria do exercício de um direito). Elementos: · Agressão (elemento objetivo): · Agressão humana: é a conduta humana capaz de gerar perigo a determinado bem jurídico = agressão deve ser humana · Agressão de animal não é humana (não cabe na legítima defesa). Mas se o animal atacou a mando do dono (humano), pode se falar em legítima defesa (presentes os demais requisitos), visto que o animal é o instrumento da agressão humana = a conduta humana está na ordem emanada para ataque do animal · Agressão injusta · É a agressão não autorizada pelo ordenamento jurídico · Se a agressão é lícita (ex: cumprimento de mandado de prisão legítimo) não cabe legítima defesa · Agressão atual ou iminente · Atual: agressão presente, que está acontecendo · Iminente: agressão que está prestes a ocorrer (análise do caso concreto) · Agressão futura: não cabe legítima defesa = deve recorrer às autoridades públicas para providências, pois não existe legítima defesa antecipada · Agressão em defesa de direito próprio ou alheio: é possível legítima defesa de terceiro · Meios (elemento objetivo): uso moderado dos meios necessários · Meios necessários: ligados à qualidade da defesa. São os meios disponíveis em poder do agredido e que causarão o menor dano possível. Para a análise do caso concreto deve-se analisar: · Princípio da proporcionalidade · Condições do agressor e agredido · O meio de defesa pode ser mais grave, desde que seja o único que o agredido tenha à disposição · Meios moderados: ligados à quantidade da defesa. O uso dos meios deverá ser realizado apenas até que a agressão cesse · Uma vez repelida a agressão com sucesso, o agredido deve parar, sob pena de incorrer em excesso · Consciência sobre todos os elementos objetivos (elemento subjetivo): agente deve saber que está agindo em legítima defesa contra agressão humana, injusta, atual ou iminente, através de meios necessários e moderados · Inevitabilidade do comportamento lesivo · Uso moderado dos meios necessários · Não se exige o commodus discessus: não se exige a saída pelo meio menos lesivo Excesso de legítima defesa: Excesso punível: caso o agredido não atue de forma moderada poderá incorrer em excesso. · Doloso ou culposo: o excesso surge da utilização de meios desnecessários ou utilização de meios imoderados · Excesso por causas emocionais: · Causas astênicas: ligadas ao medo, susto, perturbação · Causas estênicos: ligados à irritação, ódio, cólera Modalidades de excesso (grancursos): · Excesso doloso ou voluntário: · Doloso: o agente em legítima defesa se excede de forma voluntário no uso dos meios de defesa = responde pelo crime doloso que praticou ao se exceder · Excesso involuntário: agente se excede mas não teve a intenção = deve verificar se o erro que causou o excessoera evitável ou inevitável · Erro inevitável: agente não responde pelo excesso, nem de forma dolosa nem culposa · Erro evitável: o agente responde culposamente = excesso culposo · Excesso exculpante: praticado por autor que se encontrava com o ânimo perturbado de tal forma que não poderá ser responsabilizado · É uma situação que, regulamente, seria um excesso punível, mas em razão do ânimo perturbado do agente, será caracterizado como excesso exculpante, e não haverá responsabilização penal = é a inexigibilidade de conduta diversa (não é razoável esperar outra conduta do indivíduo) · Excesso extensivo: ocorre após cessada a agressão = iniciada a ação reativa à injusta agressão e cessada com sucesso a agressão, o agredido persiste na reação e acaba por se tornar ilegítima · Excesso extensivo doloso: não há erro, o agente atua de forma proposital = responde pelo crime que praticou em excesso na forma dolosa · Excesso extensivo doloso (com erro): o agente pensava que poderia estar agindo com excesso: · Erro inevitável: agente é isento de pena · Erro evitável: agente é punido mas com pena diminuída · Excesso extensivo culposo/involuntário: o agente se excede com erro, imaginando ainda estar sendo agredido. · Erro inevitável: agente não é punido · Erro evitável: agente pode ser punido, mas na forma culposa · Excesso intensivo: ocorre o excesso quando a injusta agressão ainda persiste, continua em curso, mas o agredido, dispondo de meios suficientes ou mais adequados para fazer cessar a agressão, opta por utilizar meio mais gravoso · Excesso intensivo doloso: não há erro, o agente atua de forma proposital = responde pelo crime que praticou em excesso na forma dolosa · Excesso intensivo doloso (com erro): o agente pensava que poderia utilizar o meio gravoso: · Erro inevitável: agente é isento de pena · Erro evitável: agente é punido mas com pena diminuída · Excesso intensivo culposo/involuntário: o agente errou na gravidade ou no grau de reação · Erro inevitável: agente não é punido · Erro evitável: agente pode ser punido, mas na forma culposa Modalidades de legítima defesa: · Real: contra agressão atual, humana, injusta, etc · Legítima defesa putativa: agente que imagina estar sendo vítima de injusta agressão, ou estar na iminência de ser, mas na verdade não está = o perigo aqui é imaginado. · Erro inevitável: diante das circunstâncias, o erro é justificado = exclui o dolo e culpa (a conduta é atípica) = é a legítima defesa putativa (art. 20, §1º - indivíduo é isento de pena) · Se a questão falar que a conduta é atípica = está certa · Se a questão falar que o agente ficará isento de pena = está certa (literalidade do artigo) · Erro evitável: diante das circunstâncias, era de se esperar mais cautela do agente = exclui o dolo, mas permite a punição na forma culposa, se o crime praticado permitir a punição na forma culposa · Legítima defesa sucessiva: indivíduo que inicia uma injusta agressão, mas é contido e passa a ser vítima de excesso tem direito de se defender = legítima defesa sucessiva. É a legítima defesa do agente que causou a agressão injusta em primeiro lugar, contra o agredido que se excede em sua legítima defesa. · · Legítima defesa do agente de segurança pública: repelir agressão a vítima refém durante prática de crime · Sempre existiu, só foi explicitada · É a legítima defesa específica Classificações doutrinárias: · Quanto à forma de reação: · Legítima defesa defensiva/passiva: a que se limita a conter a agressão de alguém sem caracterizar um fato típico · Legítima defesa agressiva/ativa: a reação consiste em um fato previsto em lei como crime ou contravenção penal · Quanto à titularidade do bem jurídico protegido · Própria: aquela em que o sujeito defende bem jurídico de sua titularidade · De terceiro: o sujeito defende bem jurídico de outro que não precisa ter vínculo algum (princípio da solidariedade humana) · Quanto ao aspecto subjetivo de quem se defende: · Real: aquela em que se reúnem no caso concreto todos os elementos do art. 25. A agressão injusta existe · Putativa: a agressão foi imaginária ou fantasiosa. Por erro, o agente supõe que os requisitos estão presentes · Teorias: · Teoria limitada da culpabilidade: a descriminante putativa pode ser erro de tipo ou erro de proibição · Teoria normativa pura extremada: a descriminante putativa será sempre erro de proibição indireto · Legítima defesa subjetiva: é o excesso exculpável na legítima defesa, caso em que qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias, se excederia · Elimina a culpabilidade, não a ilicitude · É aquele em que o agente, por erro escusável/inevitável excede os limites da legítima defesa · É o excesso exculpante: caso supralegal de inexigibilidade de conduta diversa, e exclui a culpabilidade · Legítima defesa presumida: não é admitida, pois toda legítima defesa deve ser provada no caso concreto, sendo o ônus da defesa · Legítima defesa sucessiva: reação ao excesso do agente agredido inicialmente · Há duas legítimas defesas uma após a outra, não concomitantes · É possível porque o excesso na legítima defesa é uma agressão injusta · Legítima defesa recíproca: legítima defesa da legítima defesa · Não cabe legítima defesa contra agressão proveniente de estado de necessidade, pois essa agressão não é injusta · Cabe legítima defesa real contra legítima defesa putativa · Legítima defesa específica: a do agente de segurança pública Legítima defesa subjetiva: o agredido reagiu à injusta agressão e a fez cessar, mas de forma justificável acredita que a agressão inicial continua em curso, motivo pelo qual se excede ao reagir – art. 20, §1º, 1ª parte = é diferente da legítima defesa putativa porque na legítima defesa subjetiva há, de fato, uma agressão injusta inicial, o que é imaginado é que a agressão não cessou. Legítima defesa x legítima defesa · Possível: · Legítima defesa sucessiva · Legítima defesa real x legítima defesa putativa (essa é injusta) · Legítima defesa putativa x legítima defesa putativa · Impossível: · Legítima defesa real x legítima defesa real Estado de necessidade: art. 24 = quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Dois bens jurídicos em conflito e a lei permite sacrificar um em detrimento do outro. Natureza jurídica: duas correntes · Faculdade do agente (não direito): não é direito porque para cada direito haveria um dever, dever da pessoa que o bem foi sacrificado, de sujeitar-se a esse sacrifício · Cesar Bittencourt · Direito do agente: direito não em face da pessoa que teve o bem sacrificado, mas frente ao Estado, que tem o dever de reconhecer o estado de necessidade caso estejam presentes os requisitos legais. · É a majoritária Teorias do estado de necessidade · Teoria unitária: para essa teoria, se o bem sacrificado for um bem de menor ou igual valor em relação ao bem salvo, temos um estado de necessidade justificante · Estado de necessidade exclui a ilicitude · Só se reconhece o estado de necessidade justificante · Se o bem sacrificado for de maior valor que o bem salvo, não há estado de necessidade e há crime (pode ser causa de diminuição de pena de 1/3 a 2/3) · Adotado pelo CP · Teoria diferenciadora: o estado de necessidade pode funcionar como excludente da ilicitude ou excludente da culpabilidade. Há dois estados de necessidade · Estado de necessidade justificante: se o bem protegido vale mais que o bem sacrificado · Exclui a ilicitude · Estado de necessidade exculpante: se o bem protegido vale menos ou igual ao bem sacrificado · Exclui a culpabilidade · Adotado pelo CPM Ambas foram adotadas pelo direito brasileiro, a unitária pelo direito penal comum, a diferenciadora pelo direito penal militar. Elementos do estado de necessidade · Ameaça a direito próprio ou alheio: defesa de si ou de terceiro em perigo · Não há injusta agressão, mas sim um perigo atual que ameaça bem jurídico · É possível alegar estado de necessidade diantede um terceiro inocente (o que não é possível na legítima defesa) · Situação de perigo não causada voluntariamente pelo sujeito · Causador voluntário que age com dolo (provoca o perigo dolosamente · Se o agente causa o perigo culposamente: há divergência doutrinária, mas prevalece que o causador culposo pode se valer do estado de necessidade · Perigo atual: que está acontecendo · Não há previsão de estado de necessidade no caso de perito iminente · É necessário que o perigo se concretize · Pode advir da natureza, do homem ou de animal · Não tem destinatário certo · Inevitabilidade da ação lesiva: a ação é a única alternativa · Se há outra alternativa para fazer cessar o perigo, a conduta lesiva não pode ser praticada = ela deve ser o último recurso disponível para salvar o direito · O sacrifício ao bem jurídico não pode ser o meio mais cômodo, mas sim o único meio ou o meio necessário · Não há opção de escolha: sempre deve seguir o caminho menos gravoso (ao contrário do que ocorre na legítima defesa, onde há valoração dos meios escolhidos) · Commodus discessus e caráter subsidiário: · É a saída mais cômoda: não é aceita quando há uma forma menos lesiva · Inexigibilidade de sacrifício do direito ameaçado: o autor deve praticar a conduta lesiva apenas se a opção de sacrificar o bem jurídico em perigo não for razoável, de acordo com as circunstâncias do caso concreto · Há a comparação do bem jurídico lesado com o bem jurídico que se pretendeu proteger · Análise da proporcionalidade entre o bem protegido e o bem sacrificado (entram as teorias unitária x teoria diferenciadora) · A lei não traz quais bens jurídicos são mais valiosos = a análise é casuística (a previsão da análise é genérica) · §2º, art. 24 = embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 = mesmo o indivíduo que não sacrificar um direito ameaçado, o qual seria razoável exigir o sacrifício, poderá ter sua pena reduzida · Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: agentes com dever legal de enfrentar o perigo no exercício de atividade não podem alegar estado de necessidade · Dever legal em sentido amplo · Conhecimento da situação de fato justificante: requisito subjetivo · Ciência do perigo atual · Consciência e vontade de salvar de perigo atual · Por esse requisito prevalece que não é possível estado de necessidade em crime habitual ou permanente Furto famélico · Constitui estado de necessidade desde que: · Seja praticado para mitigar a fome · Seja o único comportamento do agente · Haja subtração de coisa capaz de diretamente mitigar a fome · Insuficiência ou inexistência de recursos Modalidades/espécies de estado de necessidade: · Quanto à titularidade: · Estado de necessidade próprio: agente protege direito próprio · Estado de necessidade de terceiro: agente protege direito de terceiro · Quanto ao elemento subjetivo do agente: · Estado de necessidade real: existe, de fato, um perigo ameaçando direito · Estado de necessidade putativo: não existe situação de perigo, mas o agente acredita que sim · Quanto ao terceiro que sofre a ofensa: · Estado de necessidade agressivo: estado de necessidade praticado contra terceiro inocente · É lícito penal, mas ilícito civil · Estado de necessidade defensivo: estado de necessidade praticado contra terceiro que ajudou a produzir a situação de perigo · É lícito penal e lícito civil · Quanto ao bem sacrificado: · Estado de necessidade justificante · Estado de necessidade exculpante Estrito cumprimento do dever legal: agente que age cumprindo dever importo por lei · Não há norma que define e delimita elementos · Dois requisitos objetivos: · Estrito cumprimento: prática somente dos atos estritamente necessários para a realização da conduta · Dever legal: dever previsto na norma jurídica · Apenas os funcionários públicos no exercício de função pública · Dever moral ou religioso: não exclui a ilicitude, apenas o dever previsto em lei · Requisito subjetivo: consciência de que está agindo em estrito cumprimento do dever legal · Fundamento: contextualização do ordenamento jurídico em sua totalidade = é incoerente impor deveres e ao mesmo tempo considerá-los como crimes · Intervenção na esfera de pessoas para assegurar o cumprimento da lei, dentro de limites aceitáveis · Outros requisitos: · Razoabilidade · Proporcionalidade · Legalidade (lei em sentido amplo) · Indispensabilidade e proporcionalidade no desempenho da atividade · Consciência do fato justificante · Incompatibilidade com crimes culposos: nenhuma lei pode obrigar uma pessoa a ser negligente, imprudente ou imperita · *Se adotada a teoria da tipicidade conglobante, o estrito cumprimento do dever legal é uma excludente de tipicidade: é um ato normativo determinado por lei e, portanto, não pode ser proibido Exercício regular de direito: há norma que torna permitia a conduta pelo agente. Ex: intervenção cirúrgica que causa lesão corporal, mas praticada por médico no exercício regular de direito. Ex: violência esportiva. Ofendículos. · Agente que pratica fato típico no desempenho de um direito assegurado pelo ordenamento · Fundamento: direito uno · Não há norma que define e delimita elementos · Dois requisitos objetivos · Direito: não é um dever, mas direito de agente (público, privado ou extrapenal) · Exercício regular: estritamente os atos necessários para o exercício do direito · Indispensabilidade · Proporcionalidade · · Elemento subjetivo: consciência de que está agindo em exercício regular do direito · Lesões em atividades esportivas: só é possível quando as regras e limites são regularmente observados · Espécies: · Pro magistratu: situações em que o estado não pode estar presente para evitar a lesão ao bem jurídico ou recompor a ordem. Nesse caso o cidadão está autorizado a agir · Direito de castigo: corresponde ao dever de educação no exercício do poder familiar · Exercício incentivado (fomentado) por lei · Exercício permitido por lei · Se adotada a teoria da tipicidade conglobante, é uma excludente de tipicidade: é um ato normativo permitido por lei e, portanto, não pode ser proibido · Zaffaroni: · Se é um direito fomentado por lei: exclui a tipicidade · Se é um direito permitido por lei: exclui a ilicitude Ofendículos · Conceito: obstáculos ou aparatos para fins de proteção. Meios predispostos de proteção da propriedade ou outros bens · Cachorro: se for de guarda pode ser considerado · Cerca elétrica: visível e conter avisos inclusive para pessoas analfabetas · Lei 13.477/17: regulamenta a instalação e uso da cerca elétrica · Defesa mecânica pré-disposta: parte da doutrina defende que é espécie de ofendículo oculto · Natureza jurídica: 3 correntes · Exercício regular de direito: minoritária · Legítima defesa: majoritária. Defesa do patrimônio e vida · Dupla natureza jurídica, no primeiro momento exercício regular de direito, e no segundo legítima defesa: minoritária · Excesso: · Excesso crasso: desde o início o agente atua fora dos limites legais e fora da proporcionalidade · Excesso extensivo (ou excesso na causa): agente reage antes da efetiva agressão (futura e certa ou futura e esperada) · Excesso intensivo: agente inicialmente agia dentro do direito mas diante do contexto intensifica a ação e ultrapassa os limites legais · Excesso acidental: agente reage moderadamente mas causa lesão além da reação Excesso: · Art. 23, §ú: em qualquer hipótese do artigo = das excludentes de ilicitude · Nas hipóteses: · Exercício regular de direito: há excesso quando o agente extrapola os limites (exercício não regular) · Estrito cumprimento de dever legal: agente vai além do estrito cumprimento · Legítima defesa: agente emprega meios desnecessários ou falta moderação dos meios necessários · Estado de necessidade: agente possuía outro meio para evitar o perigo mas preferiu sacrificar bem jurídico alheio · Excesso é a intensificação desnecessária de um fato típico inicialmente acobertado por uma excludente de ilicitude · Pode ser: · Doloso (consciente): excesso voluntário e proposital · Agenteresponde pelo crime doloso que praticou · Culposo (inconsciente): excesso que resulta de imprudência, negligência ou imperícia · Agente responde pelo crime culposo se previsto em lei · Fortuito (acidental): excesso que emana de caso fortuito ou força maior. É o excesso imprevisível/inevitável · Agente não responde pois é penalmente irrelevante · Exculpante: excesso que decorre de medo/perturbação ou alteração de ânimo do agente no caso concreto · COM: art. 20, §6º = não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face da situação · Intensivo (próprio): é o que ocorre quando ainda estão presentes os requisitos da excludente de ilicitude · Extensivo (impróprio): aquele que ocorre quando não mais estão presentes os requisitos da excludente · Prevalece que constitui crime autônomo Descriminantes putativas: excludente de ilicitude que deriva de erro = se equipara ou ao erro de tipo ou ao erro de proibição Formas de fantasiar uma descriminante: · Agente supõe agir sob o manto de uma justificante em razão de erro quanto a sua existência ou seus limites · Erro recai sobre: · A existência da descriminante: erro de proibição indireto · Os limites da descriminante: erro de proibição indireto · O agente conhece a situação de fato mas ignora a ilicitude · Agente se engana quanto aos pressupostos fáticos do evento · Agente supõe estar diante de uma situação de fato que, na verdade, não existe · Erro recai sobre: a situação de fato (há discussão) · Teoria extremada: erro de proibição · Se inevitável: isenta de pena · Se evitável: diminui pena · Teoria limitada: erro de tipo = é o erro de tipo permissível (parece majoritária) · Se inevitável: exclui dolo e culpa · Se evitável: exclui dolo e responde por culpa Correntes: · Teoria limitada da culpabilidade: erro sobre os pressupostos fáticos equipara-se a erro de tipo · Parece majoritária: · Adotada na exposição de motivos da parte geral · Posição topográfica do artigo · “Isenção de pena” também abrange exclusão de dolo e culpa · Teoria extremada da culpabilidade: erro sobre os pressupostos fáticos equipara-se a erro de proibição · Teoria extremada sui generis: art. 20, §1º, 1ª e 2ª partes · Quando inevitável: isenta de pena · Quando evitável: diminui pena Causas supralegais de exclusão de ilicitude Consentimento do ofendido · Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão da ilicitude · Conceito: é uma renúncia do titular do direito tutelado a essa tutela · Elementos: · Bem disponível: não abrange a vida ou bens ligados ao Estado · Bem próprio do ofendido: não há consentimento sobre bem alheio · Consentimento válido: não pode ter obtido o consentimento com vício de vontade (ameaça, fraude, constrangimento, mediante erro, etc) · Capacidade para consentir: em regra, maior de 18 anos e mentalmente são (titular do bem) · Consentimento antes ou durante a prática do delito: após a prática do ato não é consentimento, é conformismo · Se for depois pode configurar renúncia ou perdão do ofendido, em regra apenas para crimes de ação privada · Ciência da situação de fato que autoriza a justificante · Consentimento expresso do ofendido · Quando o consentimento for elementar do tipo exclui a tipicidade formal · Ex: estupro, violação de domicílio Colisão de deveres · Natureza jurídica: causa supralegal de exclusão de ilicitude · Exemplo: bombeiro chamado para dois incêndios ao mesmo tempo em prédios distantes · No que ele não vai morre uma pessoa: responde pelo homicídio · Há dois deveres colidindo: o agente não responde pelo resultado do outro dever de agir que não pode cumprir · Parece estado de necessidade mas não é: no estado de necessidade não há o dever de sacrificar um bem para salvar outro, mas sim uma permissão e faculdade · É um dever de agir, não uma permissão · O agente é obrigado a escolher, a sacrificar um · Espécies: · Dever de agir x dever de agir · Um dos deveres de agir é superior ao outro · Ex: médico atende paciente com doença com potencial de epidemia e genocídio · Deveres: sigilo médico x comunicar a autoridade sanitária · Deve cumprir o dever superior e quanto ao dever inferior, não responde pelo crime pela excludente de colisão de deveres · Os dois deveres são equivalentes · Ex: médico deve salvar dois pacientes · Agente pode cumprir qualquer um deles · Chance de sobrevivência não influencia = são duas vidas humanas iguais · Dever de agir x dever de omitir · Um dos deveres de agir é superior ao outro · Cumpre o dever superior e quanto ao inferior não responde pelo crime · Os dois deveres são equivalentes · Doutrina alemã sustenta que prevalece o dever de omitir
Compartilhar