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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI HISTÓRIA DA ARTE GUARULHOS – SP 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 2 HISTÓRIA DA ARTE ............................................................................................... 5 2.1 A arte na Pré-História ....................................................................................... 6 2.2 Pintura pré́-histórica ........................................................................................ 10 2.3 Esculturas e monumentos pré-históricos ........................................................ 16 3 ARTE EGEIA E GRÉCIA....................................................................................... 18 3.1 Arte arcaica grega .......................................................................................... 21 3.2 Arte clássica grega ......................................................................................... 24 4 ROMA ................................................................................................................... 26 4.1 Arquitetura romana ......................................................................................... 28 4.2 Aquedutos romanos ........................................................................................ 28 4.3 Templos romanos ........................................................................................... 29 4.4 Teatros romanos ............................................................................................. 31 5 EGITO ................................................................................................................... 32 5.1 Arquitetura Egípcia ......................................................................................... 33 5.2 Templos Egípcios ........................................................................................... 35 5.3 Pinturas egípcias ............................................................................................ 37 6 PÉRSIA ................................................................................................................. 38 6.1 Arte persa ....................................................................................................... 40 Figura 10 – ruinas da ................................................................................................ 40 7 IMPÉRIO BIZANTINO ........................................................................................... 41 7.1 Arte bizantina .................................................................................................. 44 7.2 Estilo ítalo-bizantino ........................................................................................ 47 8 IMPÉRIOS DA CHINA .......................................................................................... 47 8.1 As dinastias imperiais chinesas ...................................................................... 49 3 8.2 A arte na dinastia Xia ...................................................................................... 52 8.3 A arte na dinastia Shang ................................................................................. 53 8.4 A arte na dinastia Zhou ................................................................................... 54 8.5 A arte na dinastia Qin ..................................................................................... 56 8.6 A arte na dinastia Han e as seis dinastias ...................................................... 57 8.7 A arte na dinastia Tang ................................................................................... 61 8.8 A arte na dinastia Song................................................................................... 64 8.9 A arte na dinastia Yuan................................................................................... 66 8.10 A arte na dinastia Ming ................................................................................... 68 8.11 A arte na dinastia Qing ................................................................................... 71 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 74 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 HISTÓRIA DA ARTE De acordo com Gombrich (2015), a arte é uma atividade humana que está intrinsecamente relacionada a manifestações de ordem estética. Ela surge a partir de percepções, emoções e ideias do artista, com o objetivo de estimular percepções em outras pessoas. Em geral, cada obra de arte possui um significado único, embora possa ser entendida de formas diferentes por pessoas de outras culturas. Assim, a arte é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua cultura e, consequentemente, sua história. ALBUQUERQUE, (2018, 2020), se refere a arte como uma faculdade ou ato pelo qual o homem, ao trabalhar a matéria, a imagem ou o som, cria algo considerado belo ao dar expressão ao material bruto, ou imaterial, que o inspira como base para sua realização. Assim, intrinsecamente, a arte contém valores estéticos de seu autor, tais como beleza, harmonia e equilíbrio, que são característicos de uma sociedade e estão relacionados ao seu estado de evolução social. Alguns pensadores, Arnold (2008), Janson (2001), Proença (2011), definem a arte como uma imitação da realidade, ou, como a exacerbação da condição atípica inerente à realidade. A dificuldade em definir a arte está em sua relação direta e dependência com a conjuntura histórica e cultural na qual está́ inserida. Isso acontece porque, quando um estilo é criado e estabilizado, ele quebra com os sistemas e os códigos sociais previamente estabelecidos. Arte é um termo que vem da palavra latina ars, que significa técnica ou habilidade. A definição de arte pode variar de acordo com a época e a cultura. A arte pode ser percebida como sendo rupestre, artesanal, da ciência, da religião e da tecnologia. Neste início de século XXI, a arte é usada como atividade artística, ou produto da atividade artística. A arte é uma criação humana com valores esté- ticos, como beleza, equilíbrio e harmonia, os quais representam um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras. Gombrich (2015). Para os povos primitivos, a arte, a religião e a ciência se confundiam, e, originalmente, a arte poderia ser entendida como o produto, ou o processo, no qual o conhecimento era usado para realizar determinadas habilidades. Para os gregos, havia a arte de fazer esculturas, pinturas, sapatos ou até mesmo navios. 6 Metaforicamente, a arte éum reflexo do ser humano e, muitas vezes, representa a sua condição social e a sua essência de ser pensante. A história da arte é uma ciência que estuda os movimentos artísticos, as modificações na valorização estética, as obras de arte e os artistas. Wölfflin (2000), explica que esta análise é feita de acordo com a vertente social, política e religiosa da época em que é estudada. Várias outras ciências servem de auxílio para a história da arte, como a numismática, paleografia, história, arqueologia etc. Por meio da história da arte é possível aprender um pouco sobre o ser humano, através da evolução das diversas expressões e manifestações artísticas. A arte apresenta-se de diversas formas, como plástica, música, escultura, cinema, teatro, dança, arquitetura, entre outras. Existem várias expressões que conseguem descrever diferentes manifestações de arte, por exemplo: artes plásticas, artes cênicas, arte gráfica, artes visuais etc. Embora não haja consenso, uma classificação aceitável sobre as artes contemporâneas é que ela pode estar relacionada a: música; dança / coreografia; pintura; escultura; teatro; literatura; cinema; fotografia; história em quadrinhos; jogos de computador e de vídeo; arte digital. 2.1 A arte na Pré-História Na concepção de Prince (2000), a Pré́-História é uma forma simplificada de se referir à história anterior à escrita, que se desenvolveu antes do surgimento das primeiras civilizações. Conhecido como o mais extenso período da história humana, o Paleolítico, ou Idade da Pedra Lascada, abrange uma datação bastante variada, que vai de 5 milhões de anos a.C. até́ 10 mil anos a.C.). O período Mesolítico surgiu de 10.000 a.C. até 8.000 a.C. Ocorreu durante o domínio do fogo, com o qual era possível afugentar animais, cozinhar, iluminar ambientes e aquecer do frio. O homem passou a desenvolver a agricultura e a domesticar animais, diminuindo sua dependência da natureza e podendo se fixar nos locais, o que gerou o sedentarismo. O período Neolítico, ou Idade da Pedra Polida, surgiu cerca de 8.000 a.C. e durou até 3.000 a.C. Nesse período desenvolveu-se a metalurgia, tornando possível 7 a criação de objetos de metais, como lanças e ferramentas como machados, o que melhorou a caça e os trabalhos da agricultura. Assim, o homem pôde estocar alimentos para as épocas de estiagem. Houve o crescimento das populações, o que levou à necessidade de trocas de produtos entre as diversas comunidades e ao surgimento dos trabalhadores especializados. E por que são chamados de homens das cavernas? Desprovidos de técnicas muito sofisticadas, os grupos humanos dessa época desenvolviam hábitos que facilitavam sua sobrevivência, como o fato de morar em cavernas em meio às hostilidades impostas pela natureza, seja pelas baixas temperaturas ou por ataque de animais. Para fabricar suas armas e utensílios, os homens faziam uso de ossos, madeira, marfim e pedra. Eles eram praticantes do nomadismo, isto é, não tinham habitação fixa, e utilizavam os recursos naturais existentes à sua volta. Depois de consumi-los, migravam para regiões que apresentavam maior disponibilidade de alimentos, como frutas, caça e pesca. Sem dúvida, o fogo foi uma das mais importantes descobertas da época, porque os homens alcançaram melhores condições de sobrevivência mediante às severas condições climáticas. Os bens de produção eram de propriedade e uso coletivo. Para Prince (2000), o homem das cavernas tinha sua própria produção cultural, por meio da comunicação visual com a confecção de desenhos primitivos. Os exemplos de sua produção variam, de marcas de mãos nas paredes até verdadeiras histórias em quadrinhos, que serviam como manual de caça. A arte não era algo que pudesse ser separada das outras esferas da vida da época, ou seja, da economia, religião e política. Tudo tinha que ser arte, ter estética, porque nada era puramente utilitário. Figura 1 – Divisão do período Paleolítico. Linha do tempo dividindo o Paleolítico em duas categorias: inferior e superior. No superior, o destaque é a expressão artística do homem das cavernas através da pintura, da escultura e da arquitetura (construção de templos e monumentos). 8 Fonte: historiadasartes.com Figura 2 – Cena típica do dia a dia de uma comunidade dos nossos ancestrais pré-históricos: um homem estabelecendo moradia. Fonte: super.abril.com.br 9 Arte rupestre, originária da palavra latina rupes, que significa rochedo, é o termo mundial- mente aceito para designar os desenhos feitos pelo homem nas rochas. As mais antigas obras de arte feitas pelo ser humano, que datam de 35 mil anos, são consequência de milhares de anos de lento amadurecimento. Os homens da caverna distinguem-se em dois grupos, derivados de descobertas arqueológicas importantes: os Aurinhancenses (de Aurignac, França); os Madalenianos (de La Madeleine, França. Prince (2000). As obras mais impressionantes da arte paleolítica são as representações de animais nas superfícies internas de cavernas. O bisão ferido de Altamira, no norte da Espanha (15.000 a 10.000 a.C.), é a imagem de um animal abatido no chão, com a cabeça tombada para ainda tentar se defender do ataque humano. Sem dúvida, é uma imagem viva e realista com traçado vigoroso. Os animais selvagens descobertos em Lascaux, na região de Dordogne, na França, apresentam- se em pinturas menos elaboradas, mas que trazem vida e movimento. As técnicas para realizar o registro na rocha são, principalmente, a gravura e a pintura. A técnica para fazer gravuras corresponde à retirada de matéria da superfície rochosa por meio de uma ferramenta. A pintura, ao contrário da gravura, adiciona matéria à superfície. Na Europa e na Austrália, por exemplo, há sítios com pinturas rupestres de mais de 30 mil anos. A produção artística era muito variada, feita por povos diferentes, em locais diversos, mas com algumas características em comum. Por exemplo, os aspectos de destaque são: utilidade (ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça), material, cotidiano ou mágico-religioso. Mas por que a expressão mágico-religiosa? Prince (2000), explica que, para surpresa de muitos, as cenas de caça representadas em cavernas não descreviam, na verdade, uma situação vivida pelo grupo; possuíam caráter de treino e de busca por “boas energias”, preparando as pessoas para esta tarefa que lhes garantiria a sobrevivência. Outra versão aceita é a de que se o “caçador-pintor” conseguisse pintar cenas de abate de animais nas paredes internas das cavernas, estas imagens criariam o “efeito mágico” de previamente já dominar e vencer os animais. No caso das pinturas confeccionadas no interior profundo das cavernas, demonstrando grupos de animais correndo em liberdade, a explicação reside no desejo dos seres humanos primitivos de que uma energia vital oriunda do seio da 10 Terra auxiliasse na fecundidade e na proliferação dos animais. Os desenhos mais antigos de que se tem conhecimento foram encontrados na antiquíssima cidade de Çatal Hüyük, na Turquia, e datam de cerca de 6.200 a.C., e estão pintados em uma parede. As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa, especialmente na Espanha, no sul da França e no sul da Itália, e datam de aproximadamente de 25.000 a.C., portanto, do período Paleolítico. 2.2 Pintura pré́-histórica De acordo com Arnold (2008), a França e a Espanha guardam o maior número de obras pré-históricas, que, até́ hoje, estão em bom estado de conservação, como as cavernas de Lascaux, Altamira e Castilho. Na caverna de Lascaux, as pinturas foram achadasem 1942, e estima-se que tenham 17.000 anos. A cor preta, por exemplo, contém carvão moído e dióxido de manganês. Nela estão representados bovinos, cavalos, cervos, cabras e felinos. Na Europa, existem nas seguintes localidades: ➢ Altamira e Castilho (Espanha); ➢ Lascaux (França) ➢ Cornwall e Wiltshire (Reino Unido); ➢ Oliveira dos Frades (Portugal); ➢ Alta (Noruega) As descobertas nas cavernas de Altamira ocorreram em 1879 e representam obras do período Paleolítico. A obra mais importante é o Bisonte Encolhido 11 turomaquia.com As pinturas não devem ser completamente dissociadas das gravuras, porque há esboços gravados sobre as paredes, o que sugere que os artistas gravavam antes de pintar. A quantidade de cores utilizadas é grande. Tem-se o preta, extraído do carvão vegetal, de ossos calcinados e triturados ou da fumaça e da gordura queimada; o vermelha e o marrom, provenientes do óxido de ferro; e o branco, obtido a partir do caulim e do excremento de animais, do látex ou de óxidos de zinco. Na África, as gravuras de contornos profundamente entalhados estavam relacionadas a finalidades religiosas, enquanto os desenhos feitos com ranhuras mais delicadas teriam finalidade pedagógica. Neste continente, por exemplo, existem pinturas rupestres nas seguintes localidades. ➢ Cederberg (Figura 1.1), ➢ Drakensberg (Figura 1.2) e Gifberg Mountains (Figura 1.3) (República da África do Sul); ➢ Montanhas Akakus (Figura 1.4) (Líbia); ➢ Twyfelfontein (Figura 1.5) (Namíbia). 12 Figura 1.1- Pintura rupestre em caverna de Cederberg, República da África do Sul. vidadeturista.com Figura 1.2 - Pintura rupestre de rinoceronte em caverna nas montanhas de Drakensberg, República da África do Sul. istockphoto.com Figura 1.3 - Pesquisador em área externa, analisando pinturas nas montanhas de Gifberg Mountains, próximo a Wanrhynsdorp e Cederberg, República na África do Sul. 13 vidadeturista.com Figura 1.4 - Pintura rupestre encontrada nas montanhas de Akakus (Saara, Líbia). turomaquia.com 14 Figura 1.4 - Pintura rupestre mostrando leões, equinos e bovinos (Twyfelfontein, Namíbia). turomaquia.com Em consonância com o mesmo autor, o conceito de “Pré-História”, quando aplicado ao continente americano, tem significado diferente daquele trabalhado em outros continentes. A definição de Pré-História na América tem como referência tradicional o período anterior à chegada dos espanhóis, no final do século XV. No continente americano, existem nas seguintes localidades: ➢ Tierradentro (Colômbia); ➢ Trujillo (Peru); ➢ Cidade do México (México); Patagônia (Argentina); Parque Nacional de Mamute (Kentucky, EUA: célebre porque nele se encontra grande parte da mais extensa e intrincada rede conhecida de cavernas do mundo, com 591 quilômetros explorados). Nos locais de acampamento encontram-se instrumentos de pedra de tipos bem definidos, como batedores, alisadores, raspadores, facas, buris, pontas de projétil e também sovelas de osso, agulhas e espátulas. Essa intensa diversificação é atestada e corroborada pelo descobrimento de vários sítios arqueológicos, que se estendem de norte a sul da América, sendo o artefato mais comum as pontas 15 lanceoladas, com lados paralelos e uma base reta, ou no formato oval, estreito e alongado. Outra evidência da cultura americana são as pinturas rupestres, muito bem representadas, indicando alto grau de desenvolvimento. Na Patagônia (sul da Argentina) foram encontrados pinturas rupestres, restos de fogueira e pontas de lança, os quais evidenciam a chegada do homem à esta região há mais ou menos 11.500 anos. Assim como no litoral brasileiro, a Patagônia é marcada pela existência de depósitos calcários, também conhecidos como sambaquis. O nome sambaqui vem da língua tupi e significa um “amontoado de mariscos”. No Brasil, é possível relacionar algumas localidades que possuem vestígios dos nossos ancestrais e de seus hábitos: ➢ Naspolini e Florianópolis (Santa Catarina); ➢ Lagoa Santa (suas pinturas de animais, conhecidas desde 1834, têm entre 2.000 e 10.000 anos de idade), Varzelândia, Diamantina, Unai (Gruta do Gentio – restos de seres humanos), Barão dos Cocais (Sítio Arqueológico da Pedra Pintada – desenhos semelhantes aos famosos de Altamira e Lascaux), Matozinhos (a Lapa da Cerca Grande é o único sítio arqueológico no Brasil tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN). A riqueza da região foi descoberta pelo renomado cientista dinamarquês, Peter Lund (Minas Gerais). ➢ Coronel José Dias e São Raimundo Nonato (Parque Nacional Serra da capivara – Piauí, com pinturas rupestres datando de mais de 10 mil anos a.C.) e Parque Nacional das Sete Cidades (Piripiri), no Piauí; ➢ Parque Nacional do Catimbau (Pernambuco – segundo em importância após a Serra da Capivara); ➢ Chapada Diamantina (Serra das Paridas – Bahia): as figuras representam pessoas – parto de uma mulher de cócoras (que originou o nome do lugar), animais pré-históricos (que parecem extraterrestres) e figuras geométricas. ➢ Vale dos Dinossauros (área superior a 700 km2, cidade de Sousa), Pedra Lavada do Ingá (Cariri) e Pedra Pintada (Paraíba – complexas inscrições rupestres produzidas em alto e baixo relevo com cerca de 11 mil anos de idade); 16 ➢ Lajedo de Soledade (Chapada do Apodi – Rio Grande do Norte); ➢ Cavernas de Monte Alegre (Pará); ➢ Serranópolis (Goiás); ➢ Caverna do Diabo (Eldorado, São Paulo). O Parque Caverna do Diabo, criado em 1969, é a segunda maior unidade de conservação do Estado de São Paulo, com área total de aproximadamente 150.000 hectares. Abriga grandes extensões de mata atlântica e outros ecossistemas em seu interior. 2.3 Esculturas e monumentos pré-históricos Berenson (2010), pontua que na África, as descobertas arqueológicas têm cerâmicas e objetos de osso e metal encontrados na região do Saara, que demonstram a ligação entre os povos pré-islâmicos e as áreas culturais que se estendem até o Nilo e o deserto líbio. São estatuetas de argila cozida, como ornatos corporais das estatuetas, formas de vasos, braceletes, arpões, ossos, pontas de flechas e facas de arremesso. Além dos desenhos, estudos arqueológicos destacam a arte em cerâmica por meio da confecção de armas e utensílios feitos com pedra, ossos e metais rudimentares. A pintura e a escultura também estão representadas como descobertas arqueológicas. Na pintura, as cores já eram utilizadas para incrementar a comunicação visual. Albuquerque (2020), aponta que outra manifestação artística, diferente da pintura, é a escultura. Animais e utensílios de caça eram a preferência dos nossos artistas ancestrais. E em relação aos seres humanos? Quem era o principal modelo? Homens ou mulheres? Havia mais esculturas de mulheres (nota-se a ausência de figuras masculinas). Predominam figuras femininas com a cabeça surgindo do prolongamento do pescoço, com seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas. Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf (estatueta com 11,1 cm de altura), encontrada na Áustria. Estas foram criadas principalmente com pedra calcária, utilizando ferramentas de pedra pontiaguda. As esculturas das Vênus esteatopígicas, também conhecidas como mãe- terra, apresentavam sentido religioso e de respeito à fertilidade humana feminina. Arqueólogos acreditam que essas estatuetas sejam emblemas de segurança e 17 sucesso, ícones de fertilidade ou de pornografia, ou ainda, que sejam representações diretas de deusas locais. Eram feitas empedra ou marfim e demonstravam figuras femininas estilizadas, com formas muito acentuadas. Figura 3- Vênus da Pré-história representa a figura de uma mulher pré- histórica. Fonte: revistagalileu.globo.com Monumentos eram utilizados como moradia pelas civilizações antigas, e demonstravam a tecnologia que possuíam. No México, a utilização de pedras era predominante na construção de pirâmides e, no Peru, utilizava-se também argila para a construção de muros e edificações. A arquitetura da época preocupava-se com a criação de obras feitas de pedras, que auxiliavam a marcação do tempo (calendário), a demarcação de lugares, a homenagem aos mortos e a criação de abrigos. Essas construções monumentais eram feitas de pedras que pesavam toneladas. Eram câmaras mortuárias ou de templos, e raramente serviam de habitação. Existe uma classificação para esses monumentos feitos de rocha (megalíticos): 18 ➢ Dólmens: galerias para acessar tumbas; ➢ Menires: grandes pedras cravadas no chão de forma vertical; ➢ Cromeleque: menires e dólmens organizados em círculo. O mais famoso cromeleque é o de Stonehenge (Inglaterra). Na planície de Salisbury, ao sul da Inglaterra, ergue-se esse estranho e indecifrável complexo monolítico, chamado Stonehenge, um enigma tão grande quanto o das pirâmides. Stonehenge é o monumento pré-histórico mais importante da Inglaterra, e não há nada semelhante a ele em todo o mundo. Este altar de pedras tem sido usado há́ 5.000 anos e, até hoje, não se sabe ao certo qual era sua finalidade. Rituais druidas, cerimonias em homenagem ao Sol ou portal para seres de outros planetas são algumas das possibilidades já́ comentadas. Os saxões chamavam o grupo de pedras eretas de “Stonehenge”, ou “Hanning Stones” (pedras suspensas), enquanto os escritores medievais se referem ao monumento como “Dança de Gigantes”. Albuquerque (2020). O mesmo autor esclarece que as “pedras azuis” usadas para construir Stonehenge foram trazidas de 400 quilômetros de Distância, das montanhas de Gales, com direito à travessia marítima, quando faltavam pedreiras na vizinhança. Algumas pesam 50 toneladas e tem 5 metros de altura. Ao traçar uma linha no chão, passando no meio do círculo formado pelas pedras, forma-se uma linha que aponta para a posição do nascer do sol no verão. 3 ARTE EGEIA E GRÉCIA Povo cicladense De acordo com Albuquerque (2020), Este povo viveu na época da Alta Idade do Bronze (3.500 a 2.200 a.C.), representando a cultura cicládica. Localizava-se em um grupo de ilhas chamadas Ciclases, ao norte de Creta. Como característica geral, as casas eram simples e retangulares. As aldeias eram feitas de pedra e tijolos tipo adobe (argila com fibras). Os moradores enterravam seus mortos em túmulos de pedras e, junto com eles, prestavam uma homenagem à deusa da fertilidade, 19 representada pela figura de uma escultura em mármore. Os jarros e as loucas comuns, com bico, eram usuais no estilo cicladense de pintura fosca. Em termos de produção artísticas, construíam pecas em cerâmica, como vasos, tacas e cálices decorados com motivos geométricos lineares, espirais ou curvilíneos. Também construíam pequenos ídolos em mármore, até o tamanho natural. Criavam também pequenas figuras representando homens tocando lira ou flauta e mulheres segurando crianças de colo. Em 1.400 a.C., foram domina- dos pelo povo micênico. Povo minoico De acordo com Arnold (2008), este povo viveu na época da Média Idade do Bronze (2.200 a 1.650 a.C.), sendo representante da cultura cretense, ou minoica. Localizava-se na extremidade oriental da ilha de Creta. Como características gerais, seu maior governante foi o rei Minos, de onde deriva o nome Minoico. Sua principal lenda é o labirinto do Minotauro, referente ao palácio de Cnossos e seus incontáveis cômodos. Outros palácios representativos dessa fase histórica, além do Cnossos (o maior), são Faístos e Mália. Os palácios causaram uma revolução, tanto em termos arquitetônicos quanto sociais. Os muros de pedra eram reforçados com vigas de madeira para dar flexibilidade em caso de terremotos. Abrigavam o governante principal e seu séquito, e serviam de centro administrativo, religioso e fabril (metalurgia). A olaria cretense mais refinada é chamada de louça de casca de ovo, decorada segundo o estilo Kamarés (policromado sobre fundo preto). Sua produção artística, relacionada a esculturas, constituía-se de pequenas figuras de animais, deusas e sacerdotisas, feitas de argila ou terracota (argila cozida). Suas pinturas tinham cores vivas e movimentos ondulatórios, representando cenas da vida nos palácios, procissões, esportes, danças, flores e animais. As ilhas Cíclades de Paros e Naxos eram ricas em mármore. Os ancestrais gregos começaram a usar a rocha calcária mais frequentemente em 600 a.C., devido à suavidade e à facilidade de esculpir. As colunas começaram a ter formatos padronizados e tornaram-se peças decorativas, principalmente em templos. O 20 mármore é uma rocha metamórfica, é a forma compacta e mais resistente do calcário. Foi primeiramente utilizada na Grécia, em esculturas de deuses e deusas. Nas ilhas de Milo e Tera havia a obsidiana (espécie de vidro vulcânico), utilizada como base para a fabricação de ferramentas e armamentos com extremidades cortantes. A obsidiana é uma rocha ígnea extrusiva com composição química variável. Forma-se quando a lava vulcânica, que esfria velozmente, em vez de produzir um rochedo, resulta em um vidro estruturado naturalmente. As fraturas apresentadas na obsidiana têm o formato de conchas. O principal palácio da ilha de Creta, Cnossos, tinha 25 mil m2, com 1.300 quartos conectados por meio de corredores de vários tamanhos e direções. Dentre os vários cômodos estavam os armazéns, os quais abrigavam grandes recipientes de barro contendo petróleo, grãos, peixe seco, feijão e azeitonas. Os palácios possuíam grandes áreas de paredes livres para a arte da pintura em afresco. Os afrescos mais famosos apresentavam cenas naturalistas (flores e animais), que também relatavam a vida marinha e desenhos de touros, tidos como sagrados, em “jogos”. O esporte ou ritual da tauromaquia (luta com touro) acontecia nos pátios dos palácios, e era representado em diversas expressões artísticas. Os artistas gregos foram os primeiros a conseguir representar a figura humana tal como ela era observada pela visão. E, para isso, recorreram à perspectiva e ao profundo conhecimento da anatomia humana – os quais observavam em repouso e em movimento. Nos casos da arte egeia, as representações humanas diferenciavam a mulher por uma tonalidade mais clara de pele e cintura mais fina. Também como expressão artística e cultural, eram utilizados recipientes de argila para armazenamento em geral. Faístos (em inglês, Phaistos) foi um dos mais importantes centros da civilização minoica. Era a cidade mais rica e poderosa, ao sul da ilha de Creta. Foi habitada desde o período Neolítico até a fundação e o desenvolvimento dos palácios minoicos, no século 15 a.C. O palácio da Faístos situa-se na extremidade leste de Kastri, colina localizada no final da planície Mesara, no centro sul de Creta. O palácio de Mália, construído cerca de 1.900 a.C., é o terceiro maior da ilha de Creta. Mália está localizada 37 quilômetros a leste de Heraclião. Está localizado em um cenário maravilhoso, próximo ao mar. 21 Povo micenense Arnold (2008), descreve que este povo viveu na época da Média Idade do Bronze (1.650 a 1.100 a.C.), sendo representante da cultura helênica, ou micênica. Localizava-se a sudeste do continente grego. Como características gerais, viviam em diversospovoados, e seus moradores ficaram conheci- dos como micenenses, nome originário do maior desses povoados, o de Micenas. A arte dos micenenses era pouco expressiva e se resumia a cerâmicas e armamentos em metais. Os artesãos micênicos trabalharam tanto com metais comuns quanto preciosos, e criaram armas e armaduras (de bronze) e objetos de luxo (de prata e ouro). As obras de destaque são: ➢ Vasos repuxados de ouro de Váfio, com base, por exemplo, na captura de touros; ➢ Vasos de prata, por exemplo, Rhyton del Sitio, encontrado na IV Tumba Circular de Micenas. 3.1 Arte arcaica grega Figura 4 - Templo Partenon Fonte: arteref.com 22 Berenson (2010), pontua no sentido mais amplo, que o termo arcaico pode ser aplicado a todas as formas de arte grega, a partir do colapso dos povos anteriormente citados. Na linha do tempo, esse período de seis séculos abrange de 1.100 a.C. até 479 a.C. (invasões persas). Os principais monumentos da arquitetura arcaica grega são: ➢ Templos: o mais importante é o Partenon, situado na cidade de Atenas. O Partenon é uma homenagem à deusa Palas Atena, protetora da cidade de Atenas. Construído entre 447 a.C. e 438 a.C., é uma obra retangular de estilo dórico, que fica na acrópole (cidade elevada, em grego). Tem- se, também, o templo de Apolo na cidade de Delphi (Delfos). ➢ Teatros: construídos em lugares abertos (encosta), eram compostos de três partes: a cena, para os atores; a orquestra, para o coro; e a arquibancada, para os espectadores. Um exemplo típico é o Teatro de Epidauro, construído no século IV a.C., ao ar livre, composto por 55 degraus divididos em duas ordens e calculados de acordo com uma inclinação perfeita. Chegava a acomodar 14.000 espectadores, e ganhou fama por sua acústica perfeita. O teatro Odeon (Odeão) era um pequeno anfiteatro utilizado em competições musicais. ➢ Ginásios: edifícios destinados à cultura física. ➢ Praças: a “ágora” era um espaço aberto no qual os gregos se reuniam para discutir os mais variados assuntos, entre eles, filosofia. As edificações que despertam mais interesse são os templos. A característica mais evidente dos templos gregos é a simetria entre o pórtico de entrada e o dos fundos. A utilização de colunas de pedra é uma das características marcantes da arquitetura grega, sendo responsável pelo aspecto monumental das construções. Os templos eram normalmente construídos sobre uma plataforma de um metro de altura, chamada estereóbato. O urbanismo aparece estreitamente ligado à arquitetura, já que se baseava em estudos sociológicos relativos às diferenciações e às diversas exigências da população, segundo o tipo de trabalho e as características de uma determinada categoria social. Hipódamo de Mileto considerava perfeita uma comunidade de não 23 mais de 10 mil habitantes. Um exemplo de obra pública que levava em conta os princípios do urbanismo foi o teatro de Siracusa, que remonta ao século IV a.C. Acolhia 15 mil espectadores em apresentações musicais e espetáculos cênicos. O fim do século VII a.C. foi muito importante para a Arquitetura porque registrou o domínio de materiais nobres e a conquista do espaço e dos volumes. Nas construções, adotou-se a pedra cortada, a qual substituiu materiais perecíveis, como madeira, argila e palha. Isso permitiu o desenvolvimento de templos religiosos cercados de colunas isoladas. O destaque principal é a simetria que existe entre o pórtico de entrada, conhecido como pronau, e o dos fundos, chamado de pórtico. A arquitetura grega influenciou outras regiões como na atual Itália. A criação da coluna levou à definição das dimensões e das formas do fuste, do capitel e da arquitrave, que constituíram as primeiras classes arquitetônicas. Elas se diferenciavam principalmente pelo feitio do capitel das colunas: ➢ Dórica: (típica do continente grego, de Creta e das colônias ocidentais): traços de elegância e beleza; ➢ Jônica: (característica de algumas ilhas egeias e da Asia Menor): funcionalidade e rigor das formas; ➢ Coríntia: abundância e riqueza de detalhes. Os vasos tornaram-se objetos artísticas a partir de quando passaram a revelar forma equilibrada e trabalho de pintura harmonioso. As pinturas dessa época chegaram até́ nós por meio dos vasos feitos em olaria. De todas as formas de arte, a cerâmica pintada foi a que mais resistiu à ação do tempo. Restam-nos numerosos exemplos de todos os estilos e períodos artísticas. A confecção dos vasos seguia, em geral, o seguinte procedimento: primeiro, a argila era preparada e o pote era moldado, em partes separadas, em uma roda simples de oleiro, que girava com a ajuda do próprio ceramista ou de um ajudante. Depois de secarem durante algum tempo ao ar livre e serem novamente levadas à roda, para dar a forma final, as peças eram unidas com argila liquida, as alças eram colocadas e as superfícies eram alisadas. Berenson (2010), considera que a técnica de pintura mais difundida em peças de cerâmica era a seguinte: o corpo dos vasos e taças eram cobertos com esmalte negro, e as partes decoradas ficavam com a cor natural da argila, adicionando os 24 detalhes em uma linha característica, em relevo. A ânfora e a hidra eram recipientes de armazenagem (para vinho, azeite ou cereais); a cratera, a emoção, o cálice e o skýphos, uma espécie de canecão, eram utilizados em refeições festivas; o lécito, o alabastro e o aríbalo guardavam azeite ou perfume para higiene pessoal; e o lutróforo era usado somente em alguns rituais das cerimônias de casamento. Os pintores gregos representavam cenas cotidianas, batalhas, religiões, mitologias e outros aspectos da cultura grega. Uma obra importante que representa essa técnica é o “Vaso de Eufrônio”, que está à mostra no Metropolitan Museum, em Nova Iorque (EUA). A pintura grega encontra-se na arte cerâmica, e a escultura está presente no uso do mármore e do bronze, assim como na confecção de mosaicos. Buscava-se o equilíbrio de sua forma, mas também a harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para ornamentação. As estátuas adquiriram, além do equilíbrio e da perfeição das formas, o movimento. O bronze começou a substituir o mármore por ser mais resistente e por poder fixar o movimento sem quebrar pernas e braços. Ao retratar o homem, as estátuas gregas exibiam personagens belos, rostos serenos, fortes emoções, corpos perfeitos e farta decoração. Diz-se até que as criações de pedra eram tão harmoniosas que chegavam a ganhar vida própria. A representação do ser humano na arte grega correspondia à visão ideal do homem que eles tinham à época. A busca da perfeição, da harmonia e da proporcionalidade – traduzidas no “cânone” (a regra) – condiciona certo realismo da arte grega pela necessidade de representar arquétipos perfeitos, no sentido de alcançarem, afinal, o belo ideal. Berenson (2010). Os primeiros mosaicos decorados na Grécia datam do período Clássico, iniciado em meãdos do século V a.C. Conjuntos importantes dessa fase foram encontrados em vários locais, como Peloponeso, Olímpia e Ática, sendo impossível assinalar um centro de origem e irradiação. Seus desenhos mostram figuras humanas, animais e vegetais delineados com simplicidade. Sua origem pode ter sido oriunda de pequenas peças de terracota (argila) ou de seixos de rio. As paredes também serviam como espaço de manifestação artística. Pintura de afrescos, artesanato em bronze e esculturas em formato de mural são alguns exemplos. 3.2 Arte clássica grega 25 A arte clássica grega ocupa o período que começou com a derrota dos exércitos invasores persas e seguiu até a ascendência de Alexandre Magno (330 a.C.). O primeiro templo erigido depois da guerrafoi o de Zeus, em Olímpia (470 a 456 a.C.). Os escultores fizeram pleno uso do conhecimento do corpo humano. A obra Apolo, exposta no Museu Nacional de Atenas, é um estudo sobre como uma leve assimetria partilha um equilíbrio perfeito. Na cidade de Tarquinia, com vista para o mar Tirreno, existem famosas pinturas em túmulos e ruínas. Janson (2009), salienta que numa profundidade de alguns metros no subsolo, há um grande número de túmulos (cerca de 6 mil), escavados em pedra calcária (“macco”), e aproximadamente 60 delas contêm pinturas murais importantes. Os seguintes túmulos têm a maior riqueza de pinturas: Augurs (530 a.C.), Baron (final do século VI a.C.), Cardarelli (final do século VI a.C.), Leoas (final do século VI a.C.), Leopardos (470 a.C.), Touros (530 a.C.), Tufão (150 a.C.), flores de Lótus (primeira metade do século VI a.C.) e Caça pavilhões (entre os séculos VI e V a.C.). Na Tumba Cardarelli (510-500 a.C.), as pinturas nas paredes mostram jogadores de kottabos. Neste jogo, os jogadores deveriam atirar a última gota restante do vinho na taça em direção a uma chapa de ferro equilibrada no topo de uma vara. Quem fizesse o prato cair no chão seria o vencedor. O nome do túmulo não está relacionado à pintura, mas é uma homenagem ao poeta italiano Vincenzo Cardarelli, que nasceu em Tarquinia. Em cada caso, as pinturas reproduzem cenas de caça, banquetes, jogos, animais, elementos florais, corridas de cavalos, demônios, e assim por diante. As ruínas gregas de Rhamnus localizam-se nas montanhas de Ática, na região central da Grécia. O local era conhecido na Antiguidade pela presença do santuário de Nemesis. Omphalos são rochas em formato oval que possuem esculturas em relevo de rede de corda ao seu redor. Havia várias possibilidades de finalidades para esse objeto peculiar, por exemplo: funcionou como um funil para a fumaça do Oráculo de Delfos, para obter visões; ou como um presente da deusa Rhea (mãe dos deuses) para Cronos (seu irmão e marido), em um esforço para impedi-lo de comer o filho recém-nascido que tiveram juntos, Zeus. Na escultura, o antropomorfismo – esculturas de formas humanas – foi insuperável. Figuras femininas esculpidas em mármore serviram de suporte de 26 templos, com a função de colunas, e ficaram conhecidas como cariátides, nome originário das “moças de Karyai” (antiga cidade do Peloponeso). Berenson (2010), também ressalta que as cariátides eram colunas com forma de mulheres, as quais suportavam na cabeça todo o peso da cobertura do templo Erecteion. Representavam a imortalidade e as virtudes em forma de jovens mulheres, com rostos suaves ou graves; por vezes, estavam sorridentes, e sempre vestidas com roupas longas e flutuantes, recobertas por um manto; típica visão de divindade. A história das antigas moedas gregas pode ser dividida em três períodos: o Arcaico, o Clássico e o Helenístico. Todas as moedas gregas eram feitas à mão. No período Arcaico, utilizavam desenhos geométricos ou símbolos que indicavam sua cidade natal. No período Helenístico, foram utilizados retratos de pessoas da época, especificamente reis. . 4 ROMA Figura 5 – Exercito romano Fonte: historiadomundo.com.br Dentre as artes de datas mais remotas, a romana é a que mais se destaca na cultura do século XXI. Para Janson (2009), na linha do tempo, ela está posicionada entre o final do reinado etrusco e o estabelecimento da República Romana no ano de 27 509 a.C. O estilo romano e sua temática pagã continuaram sendo representados durante séculos, reproduzidos frequentemente por meio de imagens cristãs. Janson (2009), explica que as manifestações artísticas de Roma são divididas em dois períodos: ➢ República (509 a.C. – 27 a.C.): arte realizada na cidade de Roma, que conserva o rastro do seu passado etrusco, com foco em esculturas e pinturas. ➢ Império (27 a.C. – 476 d.C.): a expansão pela Itália e pelo Mediterrâneo permitiu a assimilação de traços de outras culturas, principalmente a grega. A expansão romana deve-se, especialmente, a algo que nenhuma outra civilização da época possuía: a arte de guerrear extremamente avançada. A organização militar de Roma foi o ponto chave que tornou este um dos maiores e mais poderosos impérios do mundo. A divisão básica do exército romano foi uma criação local, e foi a grande responsável pelo sucesso das campanhas militares de Roma. A Legião Romana era a divisão fundamental do exército, composta basicamente por soldados denominados legionários e auxiliares. O chefe de cada legião era um representante do imperador, livremente nomeado e destituído. Ainda, segundo o autor, a lealdade das tropas romanas aos seus estandartes, nos quais estavam a águia e as letras SPQR (Senatus Populusque Romanus – Senado e Povo de Roma), era inspirada pela influência conjunta da religião e da honra. A águia que reluzia à frente da legião tornava-se objeto da mais profunda devoção; era considerado tão ímpio quanto ignominioso abandonar essa insígnia sagrada em momento de perigo. A pluralidade da cultura romana pode ser percebida, por exemplo, na construção dos templos romanos. A maioria dos templos foi concebida pela combinação de elementos gregos e etruscos. Os templos eram compostos de planta retangular, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas livres uma escada na fachada, dando acesso ao pódio ou à base. A admiração romana levou à conservação das ordens gregas (dórica, jônica e coríntia). A arte romana contribuiu com mais duas ordens: a toscana (similar à ordem dórica, porém, sem estrias no fuste) e a composta (com um novo capitel criado a partir de elementos jônicos e coríntios). 28 Um aspecto curioso é o pouco conhecimento dos nomes de artistas e arquitetos. Isso acontecia porque o destaque era direcionado aos nomes dos mecenas homenageados ou dos que pagavam para ter uma escultura. Na cidade de Roma, dentre os destinos mais visitados estão os Museus Capitolinos (Piazza del Campidoglio) criados em 1471, quando o Papa Sisto IV presenteou a cidade com famosas estátuas de bronze, dentre elas a estátua da loba que amamenta Rômulo e Remo, uma referência ao momento de fundação da cidade. Outro exemplar da estátua de bronze da loba localiza-se na Basílica de Aquileia (Basílica de Santa Maria Assunta), localizada na comuna italiana da região de Friuli-Venezia Giulia, província de Udime. Essa basílica foi construída em 313 d.C. e restaurada posteriormente, em 1031 d.C. e 1381 d.C. Possui uma torre com sino de 73 metros de altura e mosaicos em ótimo estado de preservação, Janson (2009). 4.1 Arquitetura romana De acordo com Janson (2001), as estradas, que eram feitas de pedra, eram importantes rotas para o comércio e deslocamentos do exército, pois ligavam várias cidades, regiões e províncias. Eram tão resistentes que muitas delas existem até hoje. A mais conhecida foi a Via Ápia. 4.2 Aquedutos romanos Janson (2009), descreve que os aquedutos romanos eram arcos com canaletas que conduziam a água dos reservatórios para as cidades. Eram feitos de pedra e representavam um avanço na canalização e distribuição de água na Antiguidade. A Pont du Gard é um antigo aqueduto romano (100 d.C.) que atravessa o rio Gardon, no sul da França. Faz parte do aqueduto de Nimes. É o mais alto de todos os aquedutos romanos porque o terreno entre os dois pontos é montanhoso, e possui uma rota longa e sinuosa para atravessar o desfiladeiro do Gardon (50 quilômetros de extensão). O aqueduto de Segóvia (Espanha) foi inaugurado no século II d.C., tendo 29 metros de altura e 728 metros de comprimento. A ponte do aqueduto de Segóvia, 29 composto de 167arcos feitos de blocos de granito encaixados, é uma prova viva da criatividade e da engenhosidade humanas, porque permanece de pé graças a um notável equilíbrio de forças. Quando ainda era utilizado, trazia água do rio Frio para a cidade de Segóvia, distantes um do outro 16 quilômetros, Janson (2009). 4.3 Templos romanos Figura 6 – Templo de Júpiter Fonte: apaixonadosporhistoria.com.br De acordo com Proença (2011), os templos romanos eram construídos em homenagem aos deuses. Por isso, precisavam ser luxuosos e bem iluminados. Possuíam apenas um portal de entrada com escada de acesso. Apesar de os templos romanos não possuírem uma estrutura que servisse como modelo, a maioria deles contava com uma planta retangular. No pórtico de entrada havia uma escadaria, as laterais se diferenciavam da entrada e não tinham a mesma simetria. O referido auto, explica que o Templo de Júpiter foi uma homenagem ao governante dos deuses, por isso era aclamado como Júpiter Optimus Maximus; ao lado das deusas Juno e Minerva, formaram a tríade central do Império Romano. O edifício media 52 metros frontais e 62 metros de comprimento, e tinha 40 metros de altura. 30 O Templo de Vesta era um edifício localizado em Roma, dentro do Fórum Romano. O templo é dedicado a Vesta (em grego, Héstia), a deusa do lar. O templo existente é redondo e foi construído sobre um pódio de 15 metros de diâmetro, com entradas de frente para o leste para simbolizar a conexão entre o fogo de Vesta e o sol como fonte de vida. Utilizou-se a arquitetura grega, com colunas de mármore em estilo coríntio, Proença (2011). A estrutura restante indica que havia 20 colunas coríntias. O telhado, provavelmente, tinha uma abertura no ápice para permitir a liberação de fumaça de uma lareira (fogo sagrado). As guardiãs do templo, as seis virgens vestais, ou sacerdotisas, mantinham o fogo sagrado, que acreditava-se representar a resistência e a força do Estado Romano. O Templo de Marte foi feito em homenagem ao deus romano da guerra durante a batalha de Filipos, em 42 a.C. O Fórum de Augusto foi construído para abrigar esse templo e para fornecer espaço para atividades judiciais. Era comum que os generais militares partis- sem do Templo de Marte, depois de terem participado de uma cerimônia. Outras cerimônias aconteceram no templo, como a inclusão de novos soldados, a reunião do Senado e a comemoração de batalhas vitoriosas, com a exposição das armas e outros bens tomados do inimigo derrotado. O Panteão de Roma (Panteão de Agripa), construído em 27 a.C., durante a República Romana, é o único edifício construído na época greco-romana que, atualmente, encontra-se em perfeito estado de conservação. Desde que foi construído, manteve-se em uso: primeiro como templo dedicado a todos os deuses do panteão romano (por isso a origem do seu nome) e, desde Século VII, como templo cristão. É famoso pela cúpula com abertura zenital, por onde passam raios solares e chuva. A Maison Carrée é uma construção antiga em Nimes, no sul da França. para Proença (2011), é um dos mais bem preservados templos romanos que pode ser encontrado em qualquer lugar do território do antigo Império Romano. Foi construído em 16 a.C. O Templo de Augustus e Lívia é muito bem preservado e está situado em Viena. Porém, o primeiro templo deve ter sido provavelmente construído em algum momento entre 20 a.C. e 10 d.C. O Ara Pacis é um altar, cercado por um muro de mármore, dedicado por Otávio Augusto à deusa Pax (Paz), em 9 a.C., para celebrar o período da Pax 31 Romana. Este monumento, uma obra-prima da arquitetura romana, representa um dos mais significativos testemunhos da arte da época de Augusto. O conjunto foi criado sobre uma base de mármore com degraus. Tanto o altar como sua estrutura envolvente foram ricamente ornamentados com temas ligados à fertilidade e à pujança de Roma, sem se esquecer da oferta de sacrifícios. Está localizado na periferia, ao norte da cidade de Roma, no Campo de Marte, a uma milha (1.472 metros) dos limites sagrados da cidade. Fica em vasta planície delimitada de um lado pelo rio Tibre, ao norte do Quirinal e do Capitólio. 4.4 Teatros romanos Figura 7 - Coliseu Fonte: pixabay.com De acordo com Proença (2011), o teatro Coliseu de Roma recebeu este nome por causa da expressão latina Coliseus, devido à estátua colossal do imperador romano Nero. O nome oficial é Amphitheatrum Flavium, construído no período da Roma Antiga. Estima-se que sua capacidade original seria de abrigar 50 mil pessoas e tinha 48 metros de altura. Durante os quatro séculos em que esteve em funcionamento, sua utilização foi muito variada. Nele, presenciaram-se desde atividades culturais até competições esportivas mortais. 32 O Teatro de Marcellus, localizado na zona meridional do Campo de Marte, parece uma pequena cópia do Coliseu. Porém, é diferente porque foi construído 83 anos mais tarde, utilizando-se de uma estrutura semicircular, enquanto o Coliseu é redondo (anfiteatro) e o mais antigo teatro, inaugurado em 11 a.C. Até hoje está em condições de uso. Nele, apresentam-se artistas italianos e estrangeiros do mais alto nível, Gombrich (2015). 5 EGITO A cultura egípcia Fonte: testahy.com.br Prince (200). Em seus estudos, afirma que o Egito (3000 a.C. até o século IV d.C.), foi a civilização antiga que durou mais tempo dentre as que floresceram em torno do Mediterrâneo e, principalmente, ao longo do Rio Nilo. A agricultura “ganhava chuvas” de junho a setembro (período das cheias), quando o rio Nilo transbordava e ocorria o “milagre” de banhar e fertilizar o deserto, depositando matéria orgânica (húmus) e permitindo o cultivo de alimento e a criação de animais. Os peixes eram abundantes no rio, e serviam para o comércio e a alimentação do próprio povo. A regularidade desses ciclos naturais e o constante amanhecer-anoitecer dos dias eram considerados presentes dos deuses às pessoas do Egito. O pensamento, 33 a cultura e a moral egípcios eram fundamentados em um profundo respeito pela ordem e pelo equilíbrio. Os faraós, reis no antigo Egito, que eram considerados deuses vivos, podiam agir como intermediários entre os deuses e a população egípcia. Para o povo, a felicidade do monarca era de fundamental importância, pois dessa forma as colhei- tas teriam bom desempenho e nenhuma calamidade atingiria a população. O papel dos faraós, segundo o autor, na sociedade também era muito importante para a administração financeira, porque os impostos arrecadados no Egito concentravam-se em suas mãos. No antigo Egito trabalhava-se com trabalho servil, e o Estado era o único proprietário de terras, responsável pela condução das atividades agrícolas de toda a nação. Prince (2000), esclarece que o faraó realizava o planejamento estratégico e a execução das obras, graças a um grande contingente de funcionários públicos e militares. Era de fundamental importância que o faraó estivesse ciente de todas as informações necessárias para a condução de seu governo. Cabia a ele orientar quais seriam as obras públicas e demais construções a serem executadas pelos servos, inclusive orientações sobre a construção de sua própria pirâmide e túmulo. Como os egípcios acreditavam na vida após a morte, a pirâmide servia para guardar, em segurança, o corpo mumificado do faraó e seus tesouros. No sarcófago colocava-se também o livro dos mortos, contando todas as coisas boas que o faraó fez em vida. 5.1 Arquitetura Egípcia Figura 8 - Pirâmide de Quéops Fonte: segredosdomundo 34 No Egito, as manifestações artísticas eramsempre envoltas por alguma concepção espiritual. A crença na vida após a morte motivou a temática mortuária e impulsionou a construção de tumbas, templos, mastabas e pirâmides. Curiosamente, as tumbas egípcias construídas para personalidades importantes ou faraós reproduziam, no início, suas respectivas residências. Os templos dos faraós e aqueles destinados a deuses deveriam ser grandiosos, mostrando a importância dos seus homenageados. O faraó representava os homens junto aos deuses e os deuses junto aos homens, assim como era responsável pelo bem-estar do povo, sendo considerado também como um próprio deus. As características gerais da arquitetura egípcia são: solidez e durabilidade; sentimento de eternidade; aspecto misterioso e impenetrável. Os tipos de colunas dos templos egípcios são divididos conforme as características de seu capitel: palmiforme – flores de palmeira; papiri- forme – flores de papiro; e lotiforme – flor de lótus. A Pirâmide de degraus de Djoser foi a primeira pirâmide do Egito. De acordo com Prince (2000), foi construída em Saqqara aproximadamente 4.700 anos atrás, durante o século XXVII a.C., para o enterro do Faraó Djoser por Imhotep sobre uma base quadrada. Começou como uma tumba mastaba – estrutura de telhado plano com lados inclinados – e, através de cinco expansões construídas umas sobre as outras (que eram claramente revisões e desenvolvimentos do plano original), evoluiu para uma pirâmide de 62 metros de altura. Quantas pirâmides foram descobertas no Egito? Cerca de cem! A mais célebre é a de Quéops – nome em homenagem ao mais rico dos faraós do Egito antigo, a única das sete maravilhas antigas que resiste ao tempo. A pirâmide de Quéops foi construída por volta de 2.550 a.C. A experiência foi passada de geração para geração – Quéfren, filho de Quéops, e Miquerinos, seu neto, concluíram as três pirâmides de Gizé. As pirâmides de Gizé ficam próximas aos subúrbios do Cairo. A pirâmide mais impressionante, devido a suas dimensões, é a de Quéops, cujo lado mede 230 metros e tem 146 metros de altura. A Grande Pirâmide de Gizé era originalmente revestida de pedra calcária polida. Esse acabamento deu um “efeito visual”, porque a pirâmide brilhava quando exposta ao Sol. Na área ocupada pela 35 Grande Pirâmide caberiam oito campos de futebol. Para rodeá-la, é necessário caminhar quase um quilômetro. A Grande Esfinge é a figura de um leão em repouso com o rosto de um homem, provavelmente o de Quéfren. Ela foi esculpida inteiramente a partir de um único afloramento de rocha de calcário, e está voltada para o nascer do Sol. Nas tumbas de diversos faraós foram encontradas várias esculturas de ouro. Os artistas egípcios conheciam muito bem as técnicas de trabalho artístico em ouro e faziam estatuetas representando deuses e deusas da religião politeísta egípcia. O ouro também era utilizado para fazer máscaras mortuárias, que serviam de proteção para os rostos das múmias. O interior da pirâmide era um verdadeiro labirinto, que levava à câmara funerária, local onde estava a múmia do faraó e seus pertences. 5.2 Templos Egípcios Figura 9 - Templo de Luxor Fonte: got2globe.com Os templos egípcios, por sua monumentalidade, espelhavam o poder do faraó e dos deuses. Os sistemas de construção desses templos expressam, pelo uso da linha e de ângulos retos, o conceito de equilíbrio inspirado pelo meio geográfico em que viviam. A escultura, os baixos relevos e as pinturas dos túmulos, que 36 representavam o morto, correspondem à crença na vida no Além, ideia reforçada pelo efeito da conservação que o clima do local exercia sobre os cadáveres. O tamanho das pessoas e dos objetos não caracterizava necessariamente a distância de um ao outro, e sim a importância do objeto, seu poder e nível social. O templo de Luxor é um dos mais fascinantes do Egito. Situado à margem oriental da cidade de Luxor, estende-se do Norte para sul. Foi construído pelo rei Amenhotep III (Neb-Maat-Ra), que era um dos grandes monarcas da 18º dinastia, reinando entre 1397 e 1360 a.C. O templo de Karnak foi dedicado a uma família sagrada de egípcios, conhecida como Tríade Tebana, formada pelos deuses Amon (pai), Mut (mãe) e Khosu (filho. A construção mais importante do conjunto de Karnak é o grande templo de Amon-Rá, cujo plano, muito complexo, testemunha numerosas vicissitudes da história dos faraós. O grande eixo este-oeste é balizado por uma série de pátios e pilones; medindo 103 metros de largura por 52 metros de profundidade, a célebre sala hipóstila contém 134 colossais colunas em forma de enormes papiros. Com 21 metros de altura e 4 metros de diâmetro, essas colunas, apesar de maciças, não passam a impressão de serem pesadas. Segundo Arnold (2008), o templo de Karnak foi ampliado por reinados egípcios ao longo de mais de 1.700 anos, sendo o maior do mundo. O complexo contém um grupo de templos, como o Grande Templo de Amon-Rá, o templo do Khonso, o templo IPT, o templo de Ptah, o templo de Montho e o templo do deus Osíris. O templo de Filas, dedicado à deusa Ísis, está localizado na ilha Agilikanum, em um belo cenário natural. Suas várias capelas e santuários incluem o Vestíbulo de Nectanebos I, usado como entrada da ilha. O templo de Kom Ombo localiza-se na cidade de mesmo nome. É o único templo duplo egípcio, assim chamado por ser dedicado a duas divindades: um lado do templo é dedicado ao deus crocodilo Sobek, deus da fertilidade e criador do mundo; e o outro é dedicado ao deus Falcão Hórus. O complexo do templo de Dendera, que contém o templo de Hathor, é um dos mais bem preservados de todo o Egito. Todo o complexo cobre cerca de 40 mil metros quadrados e é cercado por um robusto muro feito de tijolos de barro. Hathor era a deusa do amor, da alegria e da beleza. Talvez por isso o lugar encante com a música das centenas de pássaros que utilizam pequenas rachaduras e buracos como poleiro. 37 O hieróglifo é um tipo de escrita pictórica (pictograma ou pictógrafo), isto é, as ideias são transmitidas através de desenhos ou símbolos. A palavra geralmente se refere à antiga escrita do Egito, mas é também utilizada para designar a escrita dos astecas e de outros grupos indígenas primitivos americanos. A palavra grega hieróglifo significa “entalhe sagrado ou sacerdotal”. Os gregos acreditavam que apenas os sacerdotes egípcios compreendiam e valiam-se desse sistema de escrita. Pensavam que os hieróglifos representavam alguma sabedoria secreta, mágica, e que era preciso compreender o seu significado mágico para entender a escrita que o representava. 5.3 Pinturas egípcias revistagalileu.globo.com Grande parte das pinturas era feita nas paredes das pirâmides e retratava a vida dos faraós, as ações dos deuses, a vida após a morte, entre outros temas da vida religiosa. Esses desenhos eram feitos de maneira que as figuras eram mostradas de perfil, pois os egípcios não trabalhavam com a técnica da perspectiva (imagens tridimensionais). Os desenhos eram acompanhados de textos, feitos em escrita hieroglífica (as palavras e expressões eram representadas por desenhos). As tintas eram obtidas na natureza (pó de minérios, substâncias orgânicas etc.). 38 Tendo funções para além do simples deleite estético, a arte dos povos egípcios era bastante padronizada e não valorizava o aprimoramento técnico, nem o desenvolvimento de um estilo autoral. Geralmente, as pinturas e baixos relevos apresentavam uma mesma representação do corpo, pela qual o indivíduo tinha seu tronco colocado de frente e os demais membros desenhados de perfil. No estudo da arte, essaconcepção ficou conhecida como a lei do frontalidade, Janson (2001). 6 PÉRSIA Janson (2001), explica que estudar a Pérsia antiga significa estudar as origens históricas do atual Irã. O país que conhecemos como Irã nos dias atuais foi chamado de Império Persa até 1935. Os persas eram um povo seminômade até que, aproximadamente em 550 a.C., o rei Ciro conquistou a Babilônia, dando início a um dos maiores impérios da Antiguidade. O termo “Pérsia” é originário de uma região do sul do Irã, conhecida como Persis ou Parsa. O Império Persa, herdeiro do antigo reino Assírio, teve seu apogeu durante os reinados de Dario I e de Xerxes. Os persas formaram uma importante civilização na Antiguidade oriental, ocupando a região da Pérsia (atualmente, Irã, Iraque e Turquia). Este povo dedicou-se às atividades comerciais, fazendo desta a principal fonte de desenvolvimento econômico. Ciro, que adotou o nome de rei da Babilônia, foi o fundador da dinastia Aqueménida. Estas conquistas de Ciro foi possível mediante uma política de respeito aos costumes das populações dominadas. Esta dinastia terminou com a conquista da Pérsia por Alexandre, o Grande, em 331 a.C. Ciro conquistou o reino da Lídia em 546 a.C., e o da Babilônia, em 539 a.C. Assim, o Império Persa tinha o poder dominante da região. Cambises, filho e sucessor de Ciro, deu continuidade ao processo de ampliação dos territórios persas. Em 525 a.C. conquistou o Egito – na Batalha de Peleusa e anexou os territórios da Líbia, Janson (2001). A prematura morte de Cambises, no ano de 522 a.C., deixou o trono persa sem nenhum herdeiro direto. Depois de uma reunião entre os principais chefes das grandes famílias persas, Dario I foi eleito o novo imperador persa. Em seu governo, 39 foram observadas diversas reformas políticas, as quais fortaleceram a autoridade do imperador e permitiram a conquista das planícies do rio Indo e da Trácia. Essa sequência de conquistas militares só foi interrompida em 490 a.C., quando os gregos venceram a Batalha de Maratona. Enquanto era imperador, reformou o sistema administrativo e dividiu o reino em 20 satrapias, cada uma com um administrador: o sátrapa, escolhido a dedo por Dario e com sucessão hereditária. Esses homens de confiança garantiram a continuidade do crescimento interno do reino. De acordo com Janson (2001), foi durante o reinado de Dario que a Pérsia passou pela unificação do sistema monetário, com a implantação do dárico, cunhado em ouro, que virou a moeda oficial do Império Persa. Dario também incentivou o comércio externo do reino, liderando expedições para abrir novas rotas comerciais. Dario I subiu ao trono em 521 a.C., e governou o Império Persa de 521 a 486 a.C. Seu filho e sucessor foi Xerxes I. Em 466 a.C., Xerxes I foi assassinado em Persépolis, juntamente com seu filho primogênito. Em seu lugar, assumiu outro herdeiro, Artaxerxes I, que tratou de firmar um acordo de paz com os gregos. Durante o reinado de Artaxerxes I, segundo filho de Xerxes, os egípcios se rebelaram com a ajuda dos gregos. Embora a revolta tenha sido contida em 446 a.C., ela representou o primeiro ataque importante contra o Império Persa, assim como o começo de sua decadência. Finalmente, Alexandre Magno anexou o Império Persa ao seu domínio mediterrâneo depois de derrotar as tropas de Dario III em uma série de batalhas, entre 334 e 331 a.C. Dario também mudou a capital de Pasárgada para Persépolis, iniciando grandes obras de infraestrutura na cidade. Ordenou também a abertura da Estrada Real, que ia de Sardes, na Lídia –, que fica na Ásia Menor – até Susa e Persépolis, já no centro do Império. Esta estrada tinha dezenas de postos de controle e era muito usada para transmitir mensagens pelo reino de forma rápida para os padrões da época. Excêntrico, antes de sua morte, Xerxes I mandou construir inúmeros palácios, monumentos e complexas obras arquitetônicas na cidade de Persépolis, contribuindo para sua beleza. Os povos dominados pelos persas podiam conservar seus costumes, suas leis, sua religião e sua língua. Eram obrigados, porém, a pagar tributos e a servir o exército persa. A religião persa, no início, era caracterizada pelo seu caráter 40 eminentemente politeísta. No entanto, entre os séculos VII e VI a.C., o profeta Zoroastro empreendeu uma nova concepção religiosa na população. O pensamento religioso de Zoroastro negava as percepções ritualísticas encontradas nas demais crenças dos povos mesopotâmicos. Em vez disso, acreditava que o posicionamento religioso do indivíduo consistia na escolha entre o bem e o mal. Esse caráter dualista do zoroastrismo pode ser mais bem compreendido com o Zend Vesta, o livro sagrado dos seguidores de Zoroastro. Janson (2001), salienta que segundo essa obra, Ahura-Mazda era a divindade representativa do bem e da sabedoria. Além dele, havia o deus Arimã, representando o poder das trevas. Sem contar com grande número de seguidores, o zoroastrismo ainda sobrevive em algumas regiões do Irã e da Índia. Os reis persas eram monoteístas (seus rituais religiosos eram realizados em altares de fogo, ao ar livre) e manifestavam publicamente seu poder com a construção de grandes palácios e túmulos. Em termos artísticos, a cultura persa revelou influências muito diversas, constituindo-se como uma síntese das manifestações estéticas dos povos conquista- dos. Com especial desenvolvimento no campo da arquitetura monumental, a arte persa conheceu também notável qualidade expressiva e estética em termos da produção de objetos utilitários e ornamentais 6.1 Arte persa Figura 10 – ruinas da cidade de Persépolis Fonte: em.com.br 41 A arte persa recebeu grande contribuição dos estilos mesopotâmicos e egípcios. A arquitetura persa teve, contudo, caráter bastante original com a harmoniosa combinação dos elementos estrangeiros, com o luxo da decoração e com a grandiosidade das estruturas. Segundo Janson (2001), não se pode considerar a arquitetura persa como arte popular. Ela foi, sobretudo, uma criação dos reis para a sua própria exaltação. Um exemplo de tamanha glorificação é a cidade de Persépolis, hoje Irã, construída em 520 a.C., que foi uma das grandes capitais do Império Persa. A existência de cidades como Pasárgada e Susa demonstraram claramente – com seus imensos palácios e salões magníficos, sustentados por colunas de estilo extremamente original e pelos capitéis com motivos baseados em cabeças de cavalo, águia ou touro – a arte dos grandes soberanos persas. As grandes construções continham revestimento de ladrilhos esmaltados em tonalidades vivas, que geravam grande efeito ornamental. O bronze marchetado era usado nas portas. O ouro e a prata foram também cuidadosamente trabalhados. Os artistas persas esculpiram utilizando ouro, prata e pedras decorativas, principalmente para adornar seus palácios. Os imperadores mandavam construir grandes esculturas de si mesmos, para demonstrar seus poderes. Os relevos decorativos e as pinturas persas retratavam aspectos sociais, grandes vitórias e con- quistas militares, pois demonstravam a grandeza do império e de seus imperadores. 7 IMPÉRIO BIZANTINO Cultura no Império Bizantino Segundo Berenson (2015), no ano de 330 d.C. o imperador Constantino (Flávio Valério Aurélio Constantino) transferiu a capital do Império Romano, que estava em crise, para a cidade de Bizâncio, no Oriente Médio, que mais tarde passou a ser chamada de Constantinopla, hoje denominada Istambul. Essa porção do Império Romano era inicialmente conhecida como Império Romano do Oriente. Essa significativa parte sobreviveu à fragmentação e ao colapso doImpério Romano do Ocidente no século V, e continuou a prosperar, existindo por mais mil anos, até sua queda diante da expansão dos turcos otomanos, em 1453. 42 O Império foi dividido em dois, a partir de 395 d.C.: o império do Ocidente, englobando a Itália, a Gália, a Espanha e a África do Norte, no qual o latim era a língua oficial; e o império do Oriente, abrangendo o Egito, a Palestina, a Ásia Menor, a Grécia e a Macedônia, região em que se falava grego. Nos dois impérios, a partir de 380 d.C., o cristianismo tornou-se religião de Estado. Constantino, que concedeu aos cristãos, em 313 d.C., a liberdade de culto e sua proteção oficial, não imaginava que a tradição intelectual bizantina não morreria em 1453. Isso pode ser explicado por dois motivos: ➢ Os eruditos bizantinos que visitaram a Itália durante os séculos XIV e XV exerceram forte influência sobre o Renascimento italiano; ➢ Os otomanos mantiveram muito da estrutura urbana das cidades bizantinas, como as igrejas, transformando algumas em mesquitas, mas modificando-as muito pouco. Permitiram também que os que professavam a religião cristã- ortodoxa e falavam o idioma grego mantivessem suas tradições, sendo liderados pelo patriarca de Constantinopla, que respondia diretamente ao sultão. Berenson (2015), ressalta que sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga. No Império Bizantino, as dinastias Constantiniana e Justiniana são as mais relevantes, porém, existiram outras. A seguir, estão listadas as dinastias Constantiniana (324-363), Valentiniano-Teodosiana (364-457), de Lion ou Trácia (457-518), e Justiniana (518-602). Dinastia Constantiniana (324-363), fundada por Constantino I, em 324: ➢ Constantino I (306-337); ➢ Constâncio II (337-361); » Juliano, o Apóstata (361-363) – filho de Constantino I. Não dinástico: Dinastia Valentiniano-Teodosiana (364-457): 43 ➢ Valente (364-378) – Batalha de Adrianópolis – marco histórico utilizado para iniciar a Idade Média; ➢ Teodósio I (379-395); ➢ Arcádio (395-408) – filho de Teodósio – primeiro imperador do Oriente; ➢ Teodósio II (408-450) – filho de Arcádio; ➢ Marciano (450-457) – filho de Arcádio e irmão de Teodósio II. Dinastia Lion ou Trácia (457-518): ➢ Leão I (457-474); ➢ Zeno (474-491) – filho de Leão I; ➢ Isauricus Anastásio (491-518) – filho de Leão I. Dinastia Justiniana (518-602) ➢ Justino I (518-527); ➢ Justiniano (527-565); ➢ Justino II (565-578); ➢ Tibério II (578-582); ➢ Mauricio I (582-602). De acordo com Berenson (2015), após a morte de Constantino, a disputa entre os herdeiros ao trono imperial, as sucessivas invasões bárbaras e a grave crise financeira do Império aceleraram o processo de separação entre o Ocidente e o Oriente. Com a morte de Teodósio I, em 395 d.C., o império foi separado oficialmente entre os seus dois filhos: Honório (imperador do Ocidente) e Arcádio (imperador do Oriente). Com a queda do império do Ocidente, o império do Oriente tentou reunir todo o Império Romano sob o seu poder, esforço alcançado apenas parcialmente com Justino I, fundador da dinastia Justiniana. A harmonia entre a Igreja e a autoridade imperial, instituída por Constantino I, dominou e caracterizou toda a história do poder imperial bizantino, até sua queda, em 1453, perante os turcos. 44 7.1 Arte bizantina Figura 11 – Mosaico bizantino Fonte: culturagenial.com Segundo Albuquerque (2018), a arte bizantina, eminentemente cristã, nasceu no Império Romano do Oriente e foi influenciada por Roma, Grécia e pelo Oriente, principalmente pelos persas. Essa mescla de formas gerou um estilo novo, rico e colorido. Sempre vinculada ao Cristianismo, privilegiou o espiritual em detrimento do material, destacou o conteúdo, não a forma, e enveredou por um caminho místico. O mosaico é sua expressão mais conhecida, mas sua função principal não era decorativa, e sim educativa, para instruir os fiéis mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores aos quais se atribuíam poderes divinos, pois o regime político vigente era a teocracia. O mosaico bizantino possui uma técnica diferente do mosaico romano. Por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas, para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o dourado são demasiadamente utilizados devido à associação com o maior bem existente na terra: o ouro. 45 Figura – 12 Mosaico romano Fonte: arteespana.com Os mosaicos romanos tinham como principais motivos cenas da natureza e mitológicas, além de temas geométricos. No entanto, durante a cristianização do baixo Império Romano, algumas formas de expressão artística, como a estatuária, perderam bastante importância, enquanto outras ganharam enorme relevância, entre as quais podemos citar os mosaicos. Seus principais temas, desse modo, passaram a ser religiosos. Ainda assim, cenas da corte, dos imperadores e seus próximos, e mesmo motivos mitológicos, continuaram a ser retratados. A arquitetura bizantina teve lugar de destaque, herdou o arco, a abóbada e a cúpula, mas também utilizou o plano centrado, de forma quadrada ou em cruz grega, com cúpula central e absides laterais. Toda essa tecnologia foi amplamente aplicada em igrejas e basílicas. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos e chão de mármore polido. A Igreja de Santa Sofia (Sofia = sabedoria), na atual Istambul, foi um dos maiores triunfos da nova técnica bizantina, projetada pelos arquitetos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto. Possui uma cúpula de 55 metros, apoiada em quatro arcos plenos. Esse método construtivo tornou a cúpula extremamente elevada, sugerindo, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. 46 Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel rica- mente decorado com mosaicos e chão de mármore polido. Toda essa atração por decoração, aliada à prevenção que os cristãos tinham contra a estatuária que lembrava de imediato o paganismo romano, afasta o gosto pela forma e, consequentemente, a escultura não teve tanto destaque neste período. O que se encontra restringe-se a baixos relevos acoplados à decoração. A arte bizantina teve seu apogeu no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano. Porém, logo sucedeu um período de crise, chamado de iconoclastia. Nos séculos VIII e IX, o mundo bizantino foi dilacerado pela questão da iconoclastia, uma controvérsia em relação ao uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa. Toda representação humana que fosse realista poderia ser considerada uma violação ao mandamento de não adorar imagens esculpidas. Em 843, essa lei foi revogada. A igreja do Santo Salvador, em Chora, é considerada um dos mais belos exemplos sobre- viventes de arte bizantina em igrejas. A igreja é situada em Istambul, no bairro de Edirnekapi, que fica na parte ocidental do município de Fatih. Os romanos bizantinos se especializaram na técnica do mosaico, enriquecendo-a com um estilo hierático característico e com materiais finos, como ouro e pedras preciosas. Apesar de terem ficado conhecidos por aqueles que estão em igrejas e catedrais, os mosaicos bizantinos continuaram a decorar espaços laicos, como prédios públicos, moradas aristocráticas e palácios imperiais. Porém, estes não sobreviveram ao desaparecimento do império bizantino. Os artistas bizantinos eram chamados para lugares como Itália, Palestina e Rússia para decorar igrejas e palácios. A história deste
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