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BABESIOSES ORDEM PIROPLASMIDA - Protozoários que não produzem esporos, não tem flagelos, cílios ou formam pseudópodes - Reprodução assexuada ocorre por fissão binária ou esquizogonia em eritrócitos ou outras células sanguíneas de mamíferos - Apresentam complexo apical - Duas famílias: Babesiidae e Theileriidae Parasitam eritrócitos, linfócitos, eritroblastos ou outras células sanguíneas - Parasitam vários tecidos dos carrapatos, onde há esquizogonia e gamogonia - Ambas as famílias são transmitidas por carrapatos - Possuem como sintomas gerais: febre, fraqueza, apatia, anemia e hemoglobinúria - Diferença entre as famílias: Babesiidae: parasitam apenas hemácias Theileriidae: possuem fase inicial em macrófagos e monócitos, e posteriormente parasitam hemácias Babesiidae Theileriidae Babesia bigemina Cytauxzoon felis Babesia bovis Rangelia vitalii Babesia caballi Theileria equi Babesia canis Theileria ovis Babesia capreoli Theileria parva Babesia divergens Babesia gibsoni Babesia major Babesia microti Babesia ovis ESPÉCIES MAIS IMPORTANTES: - Bovinos: B. bovis e B. bigemina; T. parva e T. mutans - Equinos: B. cabali, T. equi - Ovinos e caprinos: B. capreoli, B. ovis - Cães: B. canis, B. gibsoni, Rangelia rangeli, R. vitali - Gatos: Cytauxzoon felis, B. felis - Babesia: merozoítos grandes, ocupando grande parte da hemácia - Theileria: merozoítos menores e com tendência de apresentar-se na forma de cruz de malta - Esquizogonia na família Theileriidae ocorre em células macrofágicas e em Babesiidae não há registros desse processo - Merogonia de ambas famílias ocorre em eritrócitos e a gamegonia e esporogonia em carrapatos vetores - Em todos ocorre transmissão transestadial; - Apenas as espécies de B. canis, B. caballi e B. bigemina são observadas a transmissão transovariana São mais evoluídos, então mais disseminados CICLO DINÂMICA DA BIOLOGIA E MODO DE TRANSMISSÃO TRANSMISSÃO TRANSESTADIAL: Invasão de todos os tecidos do carrapato intestino médio larvas, ninfas e adultos glândulas salivares esporozoítos infectantes TRANSMISSÃO OVARIANA: Invasão de todos os tecidos do carrapato intestino médio larvas, ninfas e adultos (passam para os ovos larva) glândulas salivares esporozoítos infectantes PRINCIPAIS ESPÉCIES - Espécies com localização viscerotrópica exibem patogenicidade mais acentuada e cursos clínicos mais agudos PATOGENIA - Pode variar de acordo com: 1. Idade do hospedeiro: idosos são mais suscetíveis; animais jovens desenvolvem resistência natural - quadro de menor intensidade (anemia e duração da parasitemia) anticorpos no colostro 2. Estado nutricional 3. Estado imunológico 4. Grau de infestação 5. Virulência do agente 6. Associação com outros patógenos PATOFISIOLOGIA DAS ANEMIAS: PATOGENIA X IMUNIDADE DE PRESENÇA - Imunidade de presença depende da presença de carrapatos. E a sua variação de intensidade é fator importante. A infecção depende que animais sejam permanentes expostas à babesia. Se a população é reduzida ou mesmo eliminadas, os animais deixam de ser expostos e a imunidade desaparece. - A patente de imunidade contra babesia é de curta duração (cerca de 18 meses), onde os animais perdem a capacidade de resposta e podem adoecer. - Se a população de carrapatos for muito elevada, o desafio será superior a capacidade de resposta dos animais, que também poderão adoecer POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA DE SURTOS: - Regiões (sul) onde os carrapatos não transmitem babesia durante o ano todo (tem estacionalidade) - Variação na população de carrapatos em função do clima: ↑ população de carrapato, ↑ possibilidade de surto - Propriedades com intensivo controle de carrapatos (animais não tem exposição previa ou contínua) - Bezerros criados confinados (animais sem exposição previa aos vetores) e são transferidos para o pasto geralmente depois da queda da imunidade passiva pelo colostro: ↑ possibilidade de surto - A exposição é desejável, mas se for muito intensa pode causar doença clínica RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS PIROPLASMIDA - Imunidade humoral e celular - Resposta humoral: importância limitada Anticorpos: neutralizam esporozoítos e merozoítos livres mas não agem sobre parasitas no interior dos eritrócitos ou macrófagos - Resposta celular: Baço: órgão importante na defesa Células: linfócitos B, T, natural killer (NK), macrófagos Não há evidências de que as células lisam diretamente os parasitas livres ou no interior dos eritrócitos. Citocinas devem ser responsáveis pela degeneração do parasita - Imunidade não duradoura: é necessário o contato com o agente. Animal imune mas sem contato com a babesia por mais de 8 meses se torna suscetível Por este motivo, a imunidade de presença é fundamental em áreas com equilíbrio enzootico (ver premunição) - A imunidade cruzada entre as espécies é limitada e pouco efetiva SINTOMAS DA BABESIOSE Agudos: - Febre, inapetência, dispneia - Edema, icterícia, prostração - Hepatomegalia e esplenomegalia - (menos frequentes em áreas endêmicas) Subagudos: - Mesmos de agudos mas com manifestação menos intensa e intermitente Crônicos: - O quadro mais comum, com sinais inespecíficos - Em determinadas situações pode haver manifestações clinicas, além da anemia, tais como comprometimento hepático, pulmonar, renal combinado com manifestações nervosas - Bem como, frente a essas alterações, distúrbios hemodinâmicos e hemostáticos, incluindo síndrome da CID e intensa desidratação por desequilíbrios eletrolíticos BOVINOS BABESIA BIGEMINA - Induz anemia severa - Há alta parasitemia, intensa lise de hemácias na corrente sanguínea - Anemia severa, icterícia, hemoglobinúria, acidose metabólica - Acomete uma grande variedade de ruminantes: cervídeos, búfalos, além dos bovinos - Mortalidade em animais não tratados de 50 a 90% BABESIA BOVIS - Manifesta de forma visceral, com tropismo pelo cérebro, baço e fígado - Pode ocorrer diarreia, abortamentos, sintomas neurológicos (parasita nos capilares cerebrais), agressividade ou apatia extrema, paresia e convulsões - Distúrbios de coagulação (metabolismo de fibrinogênio); hipercoagulabilidade e CID - Causa sintomatologia mesmo com baixa parasitemia, o que torna difícil a detecção das formas parasitárias nos esfregaços sanguíneos - Como é viscerotrópica, deve dar preferência por amostras de ponta de orelha e do focinho, pois as hemácias dessas áreas parasitadas reduzem ou mesmo são sequestradas pelo endotélio capilar, ficando retidas - Considerando que os antígenos depositados nas membranas dos eritrócitos infectados favorecem essa adesão no capilar, as células e receptores endoteliais vão sequestrar essas hemácias parasitadas e, com isso, a ocorrência de alterações na hemodinâmica havendo a formação de trombos nas vísceras, com desencadeamento de CID THEILERIA PARVA - Ainda não foi diagnosticada no Brasil - Causa alta mortalidade em bovinos - “Doença do corredor”: búfalos africanos são os reservatórios, ocorrendo em áreas que o gado tem contato próximo; animais morrem antes de ser visualizados os merozoítas -Problemas: difícil diferenciar esquizontes e merozoitos das diferentes espécies de Theileria EQUINOS - Babesia também denominada de piroplasmose equina ou nutaliose - A doença é o principal impedimento para o transito internacional de cavalos Países que possuem uma indústria equina importante estão livres da doença (Japão, Canadá, EUA e Austrália) Brasil apresenta problemas na exportação de equinos BABESIA CABALLI - Parasitemias baixas < 1% - Portadores por 1 a 3 anos tende a ser menos patogênica - Sintomas menos severos - Período de incubação entre 10 a 30 dias THEILERIA EQUI (SIN. BABESIAEQUI) - Infecções persistentes por toda a vida: o animal perpetua o agente CANINOS - Babesiose nos cães pode ser confundida com erliquiose diagnóstico laboratorial necessário - Formas grandes: Babesia canis - Formas pequenas: Babesia gibsoni Portador assintomático pode reverter para quadros agudos ou subagudos em situações de estresse ou doenças intercorrentes BABESIOSE CANINA - Frequente em cães jovens e com mais de 2 anos de idade - Sintomas: relacionados com a intensidade de parasitemia Doença hemolítica, anemia progressiva, pode ocorrer choque endotóxico e alterações da coagulação - Babesiose cerebral pode ser observada - Formas hiperagudas se caracterizam por choque hipovolêmico (palidez de mucosa, cianose, taquicardia, pulso fraco, fraqueza e depressão), febre pode estar presente, porém, no quadro de choque pode haver hipotermia - Devido a hemólise, pode ocorrer hemoglobinúria, hipóxia e extenso dano tecidual, com anuria ou oligúria, disfunção neurológica e estresse respiratório Morte ocorre se não houver tratamento suporte - Em formas menos severas podemos encontrar animais portadores assintomáticos RANGELIA SPP - Os achados laboratoriais são anemia macrocítica hipocrômica, mas pode ocorrer anemia normocitica normocrômica - Em esfregaço sanguíneo pode-se observar anisocitose, policromasia, metarrubricitemia e corpúsculos de Howell- Jolly - Também podem ser observados esferócitos e aglutinação eritrocitária - A leucocitose pode estar ou não presente e a trombocitopenia pode ser acentuada, a tal ponto para justificar as hemorragias na pele e mucosas - A urina pode apresentar-se escurecida devido a presença de urobilinogênio e bilirrubina excretadas FELINOS: CYTAUXZOON FELIS - Infecta macrófagos e eritrócitos - Relacionada as espécies de babesia - Se diferencia dos outros theilerideos pois a esquizogonia ocorre nos histiócitos, enquanto os outros nos linfócitos - Transmitida por Dermacentor, no entando ainda não podemos descartar a possibilidade de transmissão por outros gêneros de carrapatos Suspeitas que Amblyomma seja o transmissor no Brasil - Se caracteriza por febre, anemia, anorexia, letargia, icterícia pronunciada, dispneia e dores generalizadas - Trombocitopenia, hiperglobulinemia, hiperbilirubinemia, pancitopenia, aumento nos níveis das enzimas hepáticas, acidose metabólica - Podem ocorrer sintomas neurológicos, o que dificulta o diagnóstico clínico - Pode haver similaridades morfológicas com B. felis (trofozoíto menor), porém sua ocorrência no Brasil ainda não foi documentada DIAGNÓSTICO - Clínico: sintomatologia - Métodos diretos: Esfregaço sanguíneo (fase aguda) PCR Necropsia (lesões e histopatológico) - Métodos indiretos: Testes sorológicos (úteis na fase crônica ou em animais assintomáticos baixa parasitemia) ELISA, imunofluorescência indireta - Esfregaço sanguíneo é a técnica de escolha. Um bom esfregaço corado é muito eficiente para o diagnóstico dos merozoitos nos eritrócitos e esquizontes em linfócitos/monócitos - Em caso de necropsia, além das coletas habituais, recomenda-se a impressão de órgãos (citologia), pois esquizontes podem ser vistos em macrófagos no fígado, baço e aspirados de linfonodos TRATAMENTO: - Suporte: hidratação, antitérmicos e transfusão sanguínea em casos graves Em casos de anemia e desidratação severa, o suporte é de maior prioridade do que a curativa, pois a medicação curativa pode contribuir para a morte visto que o animal estará com condições fisiológicas comprometidas - Dipropionato de imidocarb (imidocarb – imizol) e diaminazene (ganaseg, beroseg) - Em cães, os derivados de diminazeno são tóxicos (3,5mg/kg), então, assim como em equinos, a droga mais usada é o dipropionato de imidocarb - Cães: dipropionato de imidocarb 5mg/kg por via subcutânea com intervalos de 14 ou 15 dias entre as aplicações Efeitos colaterais podem ocorrer: mais comum dor no local da aplicação - Cuidado com superdosagens e há efeitos colaterais - Além da dor localizada, é comum salivação excessiva, secreção ocular, diarreia e depressão após o uso das drogas necessário observação do animal após a aplicação CYTAUXZOON: - Cloroquina não funciona CONTROLE - Como se tratam de doenças que necessitam do vetor para infectarem os animais, o foco está em manter vigilância nos vetores Animais de produção tem que manter uma população residual para assegurar a exposição permanente do agente e assim garantir a imunidade - Área em equilíbrio enzoótico: deve ser mantido pela presença do carrapato em níveis baixos - Áreas de instabilidade enzoótica (sofrem súbitos aumentos da quantidade de carrapatos: controle estratégico - Vacinas: ainda não disponíveis PREMUNIÇÃO: - Clássica: inoculação de sangue de animal contaminado monitorar a infecção Desvantagens: inóculo desconhecido (quantidade, virulência) e pode transmitir outras doenças - Moderna: uso de inóculos padronizados - Ação profilática - Avaliação clínica dos animais antes do procedimento - A temperatura corporal deve ser determinada duas vezes ao dia, exames de esfregaços de sangue periférico e avaliação do volume globular - Objetivo: provocar deliberadamente a infecção controlada para gerar uma resposta imune primária MODERNA: - Utilização de inóculos padronizados de cada agente (A. marginale, B. bigemina e B. bovis), em geral congelados em nitrogênio líquido ou resfriados (2-3 dias)
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