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João Manuel – Medicina Nove de Julho FÍGADO INTRODUÇÃO Circulação do Fígado: Órgão de circulação du- pla, recebendo suprimento sanguíneo de veia porta e artéria hepática. Veia porta entra pelo hilo hepático e se divide em direita e esquerda para irrigar os 4 lobos (direito, esquerdo, caudado e quadrado), sendo que depois ela se ramifica em circulações inde- pendentes - segmentos hepáticos virtualmente independentes (8). Isso é importante no ponto de vista cirúrgico pela possibilidade de remoção de segmentos para neoplasias malignas ou transplantes hepáticos. As ramificações de veia porta e artéria hepática se dão até chegar na região de tríade portal. Veias hepáticas tributam na VCI. Distúrbios circulatórios: Possui 5 distúrbios, sendo eles, obstrução da artéria hepática; obs- trução da veia porta; obstrução intra-hepática; obstrução da veia hepática, congestão passiva. Os quais podem ser classificados da seguinte maneira: • Pré-hepáticos: veia porta e artéria he- pática. Pode ser causada por embolia, ne- oplasia, poliartrite nodosa, sepse. • Hepáticos: dentro do fígado / tríade portal - sinusoides - veia centrolobular; • Pós-hepáticos: veias hepáticas e VCI. A maioria desses distúrbios se dá pela forma- ção de trombos, com alteração da tríade de Virchow: • Estase sanguínea; • Hipercoagulabilidade; • Lesão endotelial. Tem-se como repercussão edema pelo aumento da pressão hidrostática (ascite - hipertensão portal). O bloqueio na circulação gera um au- mento na pressão portal. COMPROMETOMENTO DA ARTÉ- RIA HEPÁTICA Raramente é comprometida por conta de trom- bos ou êmbolos. Quando acontece é com a pre- sença de neoplasia que comprime a artéria he- pática ou algum de seus ramos e causa a obstru- ção, ou outras possibilidades. Sepse ou endo- cardite infecciosa envolve o desprendimento de êmbolos que podem comprimir essa artéria. Formação de coágulos por ativação do endoté- lio/inflamação autoimune – poliarterite nodosa. João Manuel – Medicina Nove de Julho Infartos hepáticos são raros, graças ao supri- mento sanguíneo duplo para o fígado. Entre- tanto, trombose ou compressão de um ramo in- tra-hepático da artéria hepática por embolia, neoplasia, poliarterite nodosa ou sepse pode re- sultar em um infarto localizado, que pode ser anêmico e claro ou hemorrágico, como resul- tado da sufusão do sangue portal. É comum se ter distúrbio da artéria hepática em transplantes com pacientes com cirrose - 50% das perdas se dão por oclusão dessa artéria → paciente cirrótico com hipertensão portal → organismo faz shunts / derivações da veia porta direto para VCI, “pulando” o fígado → predispo- sição à formação de trombos (artéria hepática como a única de irrigação pós transplante - mais sensível aos trombos). Hemorrágico pela dupla circulação do fígado OBSTRUÇÃO/TROMOBOSE DA VEIA PORTA A doença oclusiva da veia porta, ou de suas raí- zes principais, tipicamente produz dor abdomi- nal e, na maioria dos casos, outras manifesta- ções de hipertensão portal, principalmente vari- zes esofágicas propensas à ruptura. A ascite não é comum (porque o bloqueio é pré-sinusoidal), mas, quando presente, geralmente é maciça e in- tratável. Pode ser extra-hepática (veias porta, esplênica ou mesentérica) ou intra-hepática (antes de entrar no fígado). Mais comum de ocorrer trombo na veia mesen- térica inferior, esplênica inferior também, e se propagar pelo caminho. Principal problema é a hipertensão portal, causando dor abdominal. Esse quadro não é comum em população nor- mal, mas sim em pacientes cirróticos. Isso de- vido à fibrose presente em fígados cirróticos, in- terferindo na difusão sanguínea. Assim, au- menta-se a congestão sanguínea (trânsito lento) na veia porta, levando à formação de trombo. Cirrose: fator de risco à trombose da veia porta devido à congestão sanguínea. Essa congestão se dá desde a ramificação da veia porta, pas- sando pelo hilo, até chegar no sistema porta, ou seja, pode ser extra ou intra-hepática. Extra-hepática: Maior parte dos casos são idio- páticos. Porém tem algumas causas associadas, sendo; Esquistossomose – larvas entram pelas veias mesentéricas e se proliferam no fígado a nível de sinusoides ou ramificações da veia porta; Problemas de hipercoagulabilidade ad- quiridas ou congênitas (alterações de fator V ou fator X / mutações no gene da protrombina); Sepse – citocinas inflamatórias indo pela veia porta provocando ativação endotelial. Comum de acontecer em RN por falta de descontamina- ção do cordão umbilical, podendo gerar trom- bos; Câncer – obstrução de ramos ou invasão de células. Intra-hepática: A obstrução da veia porta tam- bém pode ser intra-hepática - sinusoides: es- quistossomose, doenças falciformes, CID (co- agulação intravascular disseminada), células neoplásicas. A evolução da obstrução da veia porta pode ser rápida ou lenta, a depender do local de obstrução. João Manuel – Medicina Nove de Julho OBSTRUÇÃO DO FLUXO VENOSO HEPÁTICO Síndrome de Budd-Chiari: A obstrução de duas ou mais veias hepáticas maiores por trom- bos produz aumento do fígado (hepatomegalia), dor e ascite. A lesão hepática é a consequência do aumento da pressão intra-hepática; 10% dos casos são idiopáticos. A cirrose não é fator de risco, mas sim distúrbios na formação de veias hepáticas ou de hipercoa- gulabilidade (fatores adquiridos ou hereditários / genéticos - fator V de Leiden). A oclusão da veia hepática pode se dar em dife- rentes regiões. As repercussões também podem ser agudas ou crônicas, a depender da oclusão. Hepatomegalia palpável e dor decorrente da fi- brose no fígado. Fígado congesto à fígado de noz moscada. Bloqueio na veia hepática à congestão difusa. Quando chega a oclusão na veia centrolobular (local de congestão), nota-se os pontos averme- lhados como também hepatócitos em degenera- ção com um aspecto mais pálido. Morfologia: Na síndrome de Budd-Chiari, o fí- gado é aumentado e vermelho-púrpura, e a cápsula é tensa. Pode haver áreas diferenciais de colapso hemorrágico alternando com áreas de parênquima conservado ou em regeneração, os padrões são dependentes de quais veias he- páticas pequenas e grandes são obstruídas. Mi- croscopicamente, o parênquima hepático afe- tado revela congestão e necrose centrolobu- lar severas. Uma fibrose centrolobular se de- senvolve nos casos em que a trombose evolui mais lentamente. Congestão com necrose da centrolobular Aspectos clínicos: Na fase aguda à náuseas, vômitos, hepatomegalia abrupta e dolorosa, as- cite e, em um terço dos casos, icterícia. Na fase crônica à manifestações semelhantes as da cir- rose. HIPERTENSÃO PORTAL A principal causa é a cirrose. O aumento da re- sistência ao fluxo sanguíneo portal pode desen- volver-se em uma variedade de circunstâncias, que podem ser divididas em causas pré-hepáti- cas, intra-hepáticas e pós-hepáticas. Patogênese/Causas: Resistência mecânica mediante à fibrose e nódulos nos sinusoides au- João Manuel – Medicina Nove de Julho mentando a pressão portal. Ativação das célu- las estreladas começando a alterar componen- tes vasoativos / células endoteliais - diminuição de NO e aumento de endotelina e angiotensino- gênio. Com isso há alta pressão na veia porta (onde se tem maior quantidade sangue), de forma a gerar estímulo para anastomose (com a artéria hepática por exemplo) , ou seja, há uma remodelação sinusoidal + derivações intra-he- páticas. Como resultado tem-se um shunt na ten- tativa de diminuir pressão, quando na verdade ocorre um aumento da pressão em artérias he- páticas, aumentando ainda mais a pressão na veia porta.Ainda começa a ocorrer uma distri- buição da hipertensão portal para mesentéricas, esplênicas e capilares, os quais se tornam con- gestos, gerando um acúmulo de sangue também no sistema arterial, de maneira a resultar em uma circulação esplâncnica hiperdinâmica - doença avançada. SRAA: sistema renina angiotensina aldosterona. ADH ou vasopressina. Representam tentativas de recuperar volume sanguíneo - controla-se a ativação desses siste- mas pelo uso de diuréticos, já que pouco sangue chega devido à obstrução hepática. Ao longo do tempo também se observa danos renais. Fígado cirrótico: ilhas de compressão, tendo cada vez menos a passagem de sangue. Consequências: • Ascite pelo aumento da pressão hi- drostática. Definida pelo acúmulo de lí- quido na cavidade peritoneal. Vasos lin- fáticos e ducto torácica cheios de linfa, o que contribui para se ter síndrome hepa- topulmonar - extravasamento do líquido do peritônio para cavidade torácica. • Derivações portossistêmicas - ex: ca- beça de medusa. Regiões de concomi- tância da veia porta e VCI - vasos venosos que drenam para elas começam a fazer shunts / derivações para sistema venoso sistêmico, levando a alta pressão da veia porta para outros vasos → ligação com vasos da parede abdominal. • Esplenomegalia congestiva: Sinusói- des esplênicos ficam congestos, au- mentando o tamanho do baço (espleno- megalia). Assim, o baço aumenta a he- mocaterese (hiperesplenismo), remo- vendo grande quantidade dos compo- nentes sanguíneos. Isso repercute com anemia, trombocitopenia (pode formar petéquias) e leucopenia. João Manuel – Medicina Nove de Julho CONGESTÃO PASSIVA A congestão dos vasos hepáticos e portais pode produzir alterações patológicas no fígado, baço e trato GI. O fígado geralmente aumenta em ta- manho e peso (hepatomegalia congestiva) de- vido a uma congestão passiva proeminente, maior em torno das veias centrais. Na insuficiência cardíaca direita grave de longa duração, a congestão se difunde para a veia he- pática, as áreas centrais podem tornar-se fibró- ticas, eventualmente culminando em cirrose cardíaca à cardiopatas com manifestações he- páticas à não tem correta drenagem do fígado à estase sanguínea à oxigenação de hepatóci- tos prejudicada à sinais de insuficiência hepá- tica. Aspecto noz moscada Congestão de sinusóides centrolobulares
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