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Natália Barone Spachi Estudo Bovinos - Ernani - P1 VET 374 ● Observações sobre a fisiologia dos bovinos (ruminantes): ○ Alimentos concentrados → no rúmen, aumentam a produção dos AGVs propionato e butirato ○ Alimentos volumosos → no rúmen, geram maior quantidade de acetato. ○ O Rúmen não tem capacidade de secretar enzimas digestivas. Dessa forma os microrganismos presentes no ambiente ruminal são os responsáveis pela produção de enzimas para fermentação anaeróbica dos alimentos ingeridos pelo ruminante. Isso faz do rúmen uma câmara de fermentação com ambiente favorável à fermentação. ○ Há uma relação de simbiose entre ruminantes e microrganismos ruminais: Interação benéfica entre duas espécies (microrganismos e animal ruminante). ■ O ruminante, tendo essa flora microbiana consegue digerir celulose do capim, sendo benéfico para ele. Para as bactérias é benéfico pois elas vivem em um ambiente favorável para sua nutrição e sobrevivência. Relação simbiótica ruminantes-microbiota ruminal Fatores que os ruminantes oferecem para os microrganismos ruminais Fatores que os microrganismos ruminais oferecem para os ruminantes ● Local com condições ideais para viverem; ● Remoção dos AGVs produzidos na fermentação; ● Fornecimento contínuo de alimentos/substratos para a fermentação. ● Digestão da celulose e da hemicelulose; ● Produção de fonte de energia advinda da fermentação (AGVs); ● Produção de proteína microbiana de alta qualidade; ● Suprimento de vitaminas do complexo B; ● Detoxificação de compostos nocivos ao hospedeiro. ○ Existem condições necessárias para que ocorra a fermentação microbiana no rúmen: ■ Anaerobiose; ■ Temperatura de 39ºC; ■ pH ruminal entre 5,5 e 7; ■ Suprimento de nutrientes (alimentação do ruminante fornece substrato para as bactérias ruminais); ■ Remoção dos produtos da fermentação. ○ Metabolismo dos carboidratos em bovinos: ■ “ Os AGV, produtos finais da fermentação ruminal, são absorvidos através da parede ruminal. A maioria do acetato e todo o propionato são transportados para o fígado, mas a maioria do butirato é convertido na parede ruminal em corpos cetônicos, sendo o principal o β-hidroxibutirato. As cetônas são importantes fontes de energia para a maioria dos tecidos do corpo. As cetonas são derivadas do butirato que é produzido no rúmen, mas no início da lactação, elas também são produzidas na queima de gordura pelo animal. Bach (2005), comenta que os microrganismos ruminais utilizam carboidratos (CHOs) e proteínas como fontes de energia. Os carboidratos são a principal fonte de energia para as bactérias, embora possam ser utilizados como esqueletos carbônicos para a síntese protéica em combinação com a amônia. A síntese de proteína ruminal depende do suprimento de quantidades e formas adequadas de CHOs como fontes de energia para a síntese de corpos peptídicos. Carboidratos rapidamente fermentáveis, como amido e açúcares, são mais efetivos que outras fontes de carboidratos, como a celulose, na promoção do crescimento microbiano”.(SALAZAR, Diego Reynaga; CORTINHAS, Cristina Simões; Natália Barone Spachi FREITAS JR., José Esler. Sincronismo energia - proteína: assimilação de nitrogênio e síntese de proteína microbiana em ruminantes. PUBVET: Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, USP, Pirassununga, SP - Brasil, v. 2, n. 15, Abril 2008.) (SALAZAR; CORTINHAS; FREITAS JR., 2008) ● Assunto 1 P1 bovinos: Período de transição e doenças da produção ○ Período de transição: ■ É o período que compreende 15 a 21 dias antes do parto até 15 a 21 dias após a parição. ■ Nesse período a vaca passa do status de vaca seca para vaca em lactação com alta demanda de produção ○ O período de transição é uma fase muito crítica da vida da vaca leiteira na qual se instala o BEN. A imunidade da vaca cai muito e ela fica extremamente suscetível à doenças. Essas doenças deixam sequelas que acabam afetando toda a vida do animal em âmbitos reprodutivos e produtivos. ■ Doenças da produção que impactam na lucratividade da atividade leiteira: ● Cetose (1º LUGAR em doenças relacionadas ao período de transição); ● Hipocalcemia (2º LUGAR em doenças relacionadas ao período de transição); ● Mastite; ● Metrite; ● RMF (retenção de membranas fetais); ● DA (deslocamento de abomaso); ● SARA (acidose ruminal subclínica) ○ Leite de transição: Esse termo trata da transição da vaca, ou seja, do ajuste fisiológico pelo qual a vaca passa por conta da transição da produção de colostro para produção do leite Natália Barone Spachi comum em alta quantidade. Nesse intervalo de tempo de produção de colostro, leite de transição, até chegar no leite comum a vaca tem alta demanda energética para produção de leite. ○ Importância das doenças relacionadas ao período de transição: ■ São doenças de alta incidência que afetam vacas, de forma clínica ou subclínica, até os primeiros 60 dias pós parto; ■ Ocorrem no momento mais crítico para produção e reprodução da vaca, no qual há grande aumento da produção de leite simultaneamente com involução uterina para preparação do sistema reprodutor para uma futura prenhez; ■ São doenças que deixam um legado de problemas no rebanho (mastites; problemas reprodutivos; deslocamento de abomaso etc.) ○ Surgimento das doenças da produção: ■ Em busca do resgate da lucratividade com a produção de leite objetivou-se intensificar o sistema de produção de leite, ou seja, elevar a produtividade por área, produzindo mais em menor espaço (produção em grande escala). ■ As doenças da produção surgiram em consequência dessa maior tecnificação dos sistemas de produção, que foi necessária devido à maior exigência produtiva e reprodutiva. Com isso, o sistema de criação, que era extensivo, passou a ser semiconfinado. Propriedades menores tinham então, que com poucos animais, conseguir uma produtividade suficiente para geração de lucro. ○ Vacas em fazendas intensificadas e o ciclo de produção das vacas de leite: ■ Nas grandes fazendas a vida dos animais confinados é extremamente monótona, perigosa e estressante. A vaca fica sujeita a diversos fatores que podem predispor a diversas doenças. ■ Nessas propriedades as vacas ou estão deitadas, ou comendo ou sendo ordenhadas ■ Vacas de antes x Vacas dos sistemas intensificados atuais: VACAS DE ANTES VACAS DO SISTEMA INTENSIFICADO ● Antes da intensificação a vaca passava por duas fases distintas e bem definidas: Período seco e Período de lactação ● Na vacas atuais, dentro dessas duas fases distintas (período seco e período de lactação) foram incluídas diversas subfases: PERÍODO SECO (60 dias pré parto) Far-off ou Far-dry (39d) → primeiras 5-6 semanas de gestação. Close-up (21d) → últimas 3 semanas de gestação; → animal sob o estresse do parto. PERÍODO DE LACTAÇÃO (Duração de 305 dias) Fresh-cow (14d) → vaca recém parida, até 2 semanas pós parto. → alta produção de leite. Início da lactação e pico de produção de leite (42d) → duração da 2ª até a 8ª semana; → Ocorre perda de condição corporal por conta da demanda energética para produção de leite. Meio da lactação e pico de ingestão de alimento (144d) → a partir do pico de produção de leite até 200 dias pós parto. Natália Barone Spachi Terço final e fim da lactação (105d) → do dia 200 até o 305 de lactação. → A vaca já está prenha novamente; produzindo um menor volume de leite e com menor estresse. O período de transição compreende o período em que a vaca passa de um período de não produção de leite (período seco) para um período de intensa produção de leite (período de lactação) últimas 3 semanas do período seco (Close-up) + parto + até as primeiras 3 semanas pós parto (Fresh cow e início da lactação) = período de transição ○ Problema da intensificação da produção: 1. Quanto maior a intensificação, maior a necessidade de que sejam vacas de maior produção; 2. Quanto maior a produção, maior a discrepância fisiológica entre o período seco e o de lactação; 3. Quanto maior essa discrepância, mais estressante é a transição metabólica de seca para lactante;4. Quanto mais estressante a transição, maior é o risco de ocorrerem falhas/desequilíbrios; 5. Quanto mais falhas/anormalidades nessa fase, maior o risco de outros sistemas orgânicos serem afetados (sistema reprodutivo, digestivo, saúde do úbere); 6. As doenças da produção culminam com baixa produção de leite que resulta em redução da lucratividade. ○ Composição do leite de vaca: Componentes Porcentagem média Água 87,0% Sólidos Totais 13,0% Gordura 3,9% Proteínas 3,4% Lactose 4,8% Minerais 0,8% ○ Metabolismo fisiológico da produção de leite: ❖ A glândula mamária precisa de substratos para produzir o leite em seu parênquima. Os substratos são provenientes da fermentação ruminal, de nutrientes que passam pelo rúmen e são absorvidos e da reserva corporal do animal. Componente do leite que é produzido a partir dos substratos em questão Substratos Gordura do leite ● Ácido Acético (AGV) ● Ácido Butírico (AGV) ● Gordura corporal (AGNEs) Natália Barone Spachi Proteína do leite ● Proteína microbiana (síntese de AAs) ● Musculatura corporal Minerais do leite ● Alimentação ● Sal mineral ingerido ● Cálcio e minerais dos ossos do animal Lactose ● Proveniente da GLICOSE oriunda da GLICONEOGÊNESE que ocorre no organismo da vaca (a glicose não está presente em grande quantidade na alimentação da vaca de forma pronta para ser utilizada pela gl. mamária ● O principal substrato para fabricação da glicose por gliconeogênese é o Ácido Propiônico (AGV). ○ Ác. propiônico e lactato são transformados em glicose no fígado. A glicose é direcionada para a glândula mamária para produção de lactose do leite. ● ○ Metabolismo de transição ➢ Ao final da gestação a vaca cursa com intensa redução de apetite e com isso ingere menor quantidade de matéria seca. Esse fato gera redução dos substratos necessários para produção de leite, o que acaba promovendo mobilização de reservas corporais. Essa mobilização configura o metabolismo de transição das vacas leiteiras, que é um mecanismo de uso de reservas corporais para fabricar mais glicose para ser ofertada para a gl. mamária no intuito de manter a alta produção de leite. ➢ “Embora haja certa adaptação fisiológica a alta demanda de nutrientes para a produção de leite é superior à curva de ingestão de alimentos, colocando a vaca em uma situação denominada Balanço Energético Negativo (BEN). O BEN pode ser mais ou menos agravado de acordo com o status nutricional da vaca no parto e com a capacidade de contornar os problemas metabólicos. Devido à grande mobilização das reservas corporais, ocorre o aumento da concentração de ácidos graxos não esterificados (AGNE), que parte segue para a glândula mamária e parte é oxidada no fígado. Dependendo da quantidade de nutrientes exigida, há intensa mobilização das reservas e essa quantidade de AGNE aumenta muito, o que acaba sendo acumulado no fígado, causando a esteatose hepática. A oxidação dos AGNE é limitada, no entanto pela quantidade de propionato (energia ingerida pelo animal via dieta). Na ausência desse componente, que está em falta no período de transição, os AGNE são oxidados a corpos cetônicos, como o beta-hidroxibutirato (BHBA) e a vaca apresenta o quadro de cetose.” Natália Barone Spachi (https://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/bovinocultura-de-leite/o-que-e-o-periodo-de-transicao-e-por-que-ele-e-t ao-importante.html) ➢ “A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos voláteis (AGV), que são produzidos no rúmen através da fermentação microbiana de carboidratos e, em alguns casos, da proteína, sendo os principais o acético, propiônico e butírico. A catabolização da gordura dá origem ao glicerol e ácidos graxos não esterificados podendo ser utilizados no ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs) como fonte de energia, mas não para produção direta de glicose. Os animais inapetentes apresentam menor disponibilidade de substrato ruminal para produção de ácido propiônico, precursor da glicose. Desse modo, o oxaloacetato, que é parte integral do ciclo do ácido cítrico, é removido do ciclo e convertido em glicose. A depleção de oxaloacetato inibe a função normal do ciclo do ácido cítrico, impossibilitando a utilização de AGL. À medida que o pool de AGNE aumenta, eles são convertidos em corpos cetônicos ou reintegrados às lipoproteínas (Pugh, 2005). Durante o balanço energético negativo (BEN) ocorre a mobilização de gordura para que o organismo tenha fonte de energia, através de ácidos graxos não esterificados e glicerol. No fígado o glicerol pode atuar na produção de glicose ou ser recombinado com AGV e AGNE para a síntese de triglicerídeos (MacLachlan e Cullen, 1998). Através da excessiva transformação de triglicerídeos em ácidos graxos livres, pela beta-oxidação e produção excessiva de acetil-CoA, que supera a utilização no ciclo dos ácidos tricarboxílicos, o resultado é o acúmulo de corpos cetônicos (acetoacetato, β-hidroxibutirato e acetona), fato que leva ao aumento da sua concentração e excreção nos fluidos corporais, evidenciando um quadro de cetonemia, cetonúria e cetoláctia, com esgotamento do glicogênio hepático e hipoglicemia (Ortolani, 2003; González e Silva, 2006; Bruss, 2008). O excesso de acetil-CoA não é completamente oxidado até a formação de corpos cetônicos. Os triglicerídeos para atingirem a circulação deixam o fígado como lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), que são complexos solúveis de fosfolipídeos, colesterol, triglicerídeos e apoproteínas no plasma. Assim a lipidose hepática ocorre quando a velocidade de formação de triglicerídeos hepáticos excede a oxidação dos AGNE e a formação e liberação das VLDL para a https://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/bovinocultura-de-leite/o-que-e-o-periodo-de-transicao-e-por-que-ele-e-tao-importante.html https://ruralpecuaria.com.br/tecnologia-e-manejo/bovinocultura-de-leite/o-que-e-o-periodo-de-transicao-e-por-que-ele-e-tao-importante.html Natália Barone Spachi circulação periférica, ocorrendo deposição de lipídeo no fígado (MacLachlan e Cullen, 1998). Durante a lactação ocorre a mobilização de gordura corporal que induz o aumento de AGNE no plasma que são absorvidos pelo fígado, este aumento é um fator determinante do acúmulo de triglicerídeos no fígado (Petit, 2009). Fisiologicamente o fígado em vacas sadias possui ≤1% de TG com base no seu peso total (Jorritsma et al., 2001). Durante o início do pós-parto, 5 a 10% das vacas podem apresentar lipidose hepática severa caracterizada pelo acúmulo de TG > 10%. A lipidose hepática moderada, com acúmulo de 5-10% de TG, ocorre em 30 a 40% dos animais (Bobe et al., 2004).” (https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2013/12/lipidoseNatalia.pdf ) ➢ No metabolismo de transição a musculatura e o tecido adiposo do animal sofrem mobilização: ○ Musculatura sofre mobilização para liberação de aminoácidos, que entram em várias rotas metabólicas para produzir glicose. ○ Gordura sofre mobilização para auxílio na produção de glicose quando a mobilização da musculatura ainda não foi suficiente para suprir a demanda energética. ■ A gordura é formada por glicerol ligado a 3 ácidos graxos (figura abaixo). O glicerol é precursor de glicose e os ácidos graxos não esterificados (AGNEs) liberados da quebra da molécula de gordura são encaminhados para o fígado onde são metabolizados para posteriormente formarem ATP fornecendo energia ao animal. ➢ Os órgãos protagonistas do metabolismo de transição, responsáveis pela tentativa de adaptação do animal ao período em questão são Rúmen, Musculatura, Tecido Adiposo, Glândula mamária e Fígado. Órgão Ações Rúmen ● Aumento de tamanho; ● Aumento da capacidade absortiva; ● Aumento da taxa de absorção de nutrientes. Musculatura ● Redução da utilização de glicose; ● Redução da síntese de proteínas; ● Aumento da degradação de proteínas. Tecido Adiposo ● Aumento da lipólise; ● Redução da síntese de gordura; ● Redução da absorção de ácidos graxos pré formados; ● Redução da reesterificação dos ácidos graxos. Glândula Mamária ● Aumentode células secretórias; https://www.ufrgs.br/lacvet/site/wp-content/uploads/2013/12/lipidoseNatalia.pdf Natália Barone Spachi ● Aumento do uso de nutrientes; ● Aumento do suprimento sanguíneo. Fígado ● Aumento de tamanho; ● Aumento da taxa de gliconeogênese ● Aumento da síntese de proteína ● Aumento da cetogênese ➢ Além da atuação dos órgãos mencionados acima durante o período de transição ocorre também a adaptação do corpo à necessidade crescente de cálcio através do paratormônio, promovendo o aumento da mobilização de cálcio dos ossos, aumento da reabsorção de cálcio nos rins e aumento da absorção intestinal de cálcio da dieta. ➢ Ocorrem também outros mecanismos endócrinos de adaptação ao período de transição em relação ao controle de consumo durante o periparto, mas estes mecanismos ainda são pouco compreendidos em detalhes. Normalmente a vaca consegue se adaptar metabolicamente e passar pelo período de transição retornando ao equilíbrio (através de mobilização energética e retorno gradual do apetite). Quando há falha no mecanismo de adaptação da vaca no período de transição e ela não dá conta de se estabilizar energeticamente, surgem as doenças da produção. ○ Curvas de produção de leite, consumo de matéria seca e variação no peso vivo (mobilização) durante o período periparto (de transição) https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/127914/1/Cap-6-Lv-2015-Sustentabilidade-Topicos.pdf - ADAPTADO https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/127914/1/Cap-6-Lv-2015-Sustentabilidade-Topicos.pdf Natália Barone Spachi ○ Doenças da produção (CETOSE E HIPOCALCEMIA PUERPERAL - tabela) CETOSE Conceito ● O nome cetose é atribuído à patologia em questão por conta da alta quantidade de Corpos Cetônicos (CCs) circulantes no organismo da vaca, em decorrência do baixo consumo e alta demanda energética para lactação no período de transição. ● Apesar do nome só fazer referência aos CCs, a vaca com cetose apresenta um quadro metabólico de baixa glicose (hipoglicemia), altos níveis de ácidos graxos não esterificados circulantes e altos níveis de CCs. ⇩glicose ⇧CCs E AGNEs ● Por conta do consumo de alimento do animal em período de transição não aumentar de acordo com a elevação na demanda energética para produção de leite crescente, o organismo passa a mobilizar energia de diversos tecidos para suprir tal déficit energético. A grande mobilização de gordura libera uma quantidade de AGNEs na circulação que ultrapassa o limite de processamento do fígado dessas substâncias. Com essa concentração de AGNEs além do que o fígado consegue processar para geração de energia ocorre acúmulo dos mesmos nos hepatócitos gerando um quadro de esteatose hepática. Mecanismo Observação: A molécula de gordura é composta por glicerol, que é precursor de glicose, e ácidos graxos, que não formam glicose. Esses ácidos graxos liberados da quebra da molécula de gordura entram em beta oxidação e formam CO2 e Água, não contribuindo para a formação de glicose. Apesar de não formar glicose, o ácido graxo produz ATP, que auxilia na saída do BEN, mas não na produção da lactose do leite, por não formar glicose. Vacas que parem muito gordas têm maior dificuldade de retornar a se alimentar em quantidade suficiente ao passar pelo período de transição, e por conta disso têm maior dificuldade de sair do BEN. Com isso ocorre muita mobilização de gordura para produção de energia. O glicerol auxilia na produção de glicose, mas os AGs Natália Barone Spachi começam a se acumular. O acúmulo de AGs no fígado ocasiona uma esteatose hepática, o que dificulta o processo de gliconeogênese no fígado. ■ Isso gera aumento dos corpos cetônicos (compostos de 2 carbonos) que acabam se acumulando no organismo além de instaurar um quadro de hipoglicemia. Sinais Clínicos ● O animal com cetose normalmente não apresenta sinais clínicos. Apesar disso, a parição com escore corporal alto é um fator de risco importante para desenvolvimento da cetose. ● O histórico de vaca de alta produção com redução de apetite e grande perda de escore corporal pós parto é indicativo da afecção. Diagnóstico ● O diagnóstico de desequilíbrio energético se faz pela dosagem sérica de Glicose, AGNEs e CCs. Com a dosagem de CCs circulantes no sangue podemos diagnosticar a Cetose. ● O diagnóstico da cetose é realizado a partir da dosagem de corpos cetônicos presentes no sangue. CCs sérico ≥ 10 mg/dL ou 1 mmol/dL = CETOSE SUBCLÍNICA CCs sérico ≥ 30 mg/dL ou 3 mmol/dL = CETOSE CLÍNICA (Acometimento de Sistema Nervoso!!!) → diferencial com Raiva ● A dosagem de CCs pode ser feita com amostra de sangue, leite ou urina, porém a urina pode gerar resultado falso positivo por conta da sua alta concentração. ● Vacas no período de transição (até 8 semanas pós parto) têm recomendação de serem monitoradas quanto a concentração de CCs circulantes. ● Na prática, em suspeita de cetose podemos testar e quantificar CCs ou já iniciar tratamento em caso do animal se enquadrar em: ○ estar em até 8 semanas pós parto; ○ ter parido com ECC>3,5; ○ estar produzindo aquém do esperado; ○ estar com hiporexia e perda de peso pós parto; ○ ter mastite ou qualquer outra afecção que possa ser oportunista Efeitos no animal/produção 1. Redução na produção de leite pela falta de lactose; 2. Predisposição à instalação de outras doenças:O animal fica imunossuprimido por conta dos baixos níveis de glicose circulantes. Neutrófilos e macrófagos, que são células de defesa, utilizam glicose para oxidação e depleção de microrganismos invasores. Uma quantidade insuficiente de glicose reduz a função destas células. Além deste fator da imunossupressão, ocorre aumento da produção de espécies reativas do oxigênio, juntamente com a queda na ingestão de antioxidantes pela alimentação no período de transição. Com isso a capacidade antioxidante do organismo é excedida e se instala um quadro de estresse oxidativo 2.1.) Mastite: Altos níveis de CCs dificultam a ação das células de defesa nas glândulas mamárias, predispondo a vaca à mastites, principalmente por E. coli. A E. coli produz LPS (lipopolissacarídeos) que ativam cascatas inflamatórias que inibem ainda mais o consumo da vaca e que além disso podem se acumular no líquido folicular, prejudicando a ovulação. Os LPS também podem se acumular na hipófise, prejudicando a produção de hormônios reprodutivos. 2.2.) Doenças uterinas: Alta concentração de CCs circulantes predispõem o animal à metrites e mastite. Essas afecções promovem redução da interferon Tau, que resulta em baixa qualidade embrionária e o tamanho do concepto fica reduzido. Natália Barone Spachi 2.3.) Doenças infecciosas em geral 2.4.) Deslocamento de abomaso: Vacas com cetose apresentam de 3 a 8 vezes mais risco de deslocamento de abomaso 3. Descarte do animal acometido: Vacas com cetose possuem 2 a 3 vezes maior probabilidade de descarte durante a lactação. 4. Comprometimento do bezerro nascido da vaca com cetose: Em vacas com cetose, a alta quantidade de AGNEs antes do parto influenciam na capacidade do bezerro de responder à doenças durante sua vida pós natal. 5. Interferência severa na reprodução: Se a vaca não consegue ultrapassar o NADIR energético (ponto mais negativo do BEN) a ovulação não ocorre (por mudanças na composição do fluido folicular e atraso na sinalização para desenvolvimento folicular e ovulação) Altos níveis de AGNEs comprometem a qualidade do ovócito e o desenvolvimento embrionário subsequente. Tratamento ● Em resumo: O tratamento da cetose é feito com glicose intravenosa associada a drenches com alto teor de glicose e aumento de densidade energético do alimento (fazendo com que pouca quantidade de comida supra as demandas corporais da vaca). Vacas com cetose sem sinais clínicos Vacas com cetose com sinais clínicos (tratamento de choque!) → Administração de drenches com propilenoglicol, 1-2x ao dia por 5 dias. O propilenoglicol é gliconeogênico. É usado, portanto, na tentativa de restabelecer a glicemia. → Se necessário, pode-se realizar a administraçãode glicose IV associada. → Monitorar o animal dosando CCs até a concentração normalizar. → Entrar direto com glicose IV para restabelecer a glicemia e debelar os sinais clínicos. → Monitorar o animal dosando CCs até a concentração normalizar. ● Estudos mostram que o oferecimento de vitamina B12 ao animal pode auxiliar na prevenção da cetose, já que a substância auxilia o propionato a adentrar no ciclo de krebs para produção de glicose. HIPOCALCEMIA PUERPERAL Conceito ● Alimento e sal mineral são fontes importantes para produção do cálcio do leite da vaca. Com a diminuição de consumo pela vaca no período de transição, ocorre déficit de cálcio e com isso o organismo faz mobilização de reserva de cálcio dos ossos para o sangue. ● Para realizar a retirada de cálcio das reservas ocorre a ação do PTH e da vitamina D retirando o cálcio das reservas e os levando para o sangue para suprir as necessidades de produção. Mecanismos de mobilização de cálcio no organismo no intuito de elevação da concentração sérica 1. PTH e vitamina D aumentam a mobilização de cálcio dos ossos; 2. Vitamina D aumenta a absorção intestinal de cálcio da dieta; 3. PTH e vitamina D promovem aumento da reabsorção de cálcio pelos rins. Natália Barone Spachi ● No período seco, a vaca não demanda muito cálcio e a demanda é suprida facilmente com alimentação. Com isso, a vitamina D e o PTH não estão sendo estimulados. Mecanismo ● Na transição do período seco para o período de lactação pós parto a demanda da vaca por cálcio aumenta drasticamente e muitas vezes não há tempo hábil para a ativação do PTH e da vitamina D (quiescentes durante o período seco) e portanto para o aumento do cálcio sérico. A quantidade de cálcio VITAL no sangue é 10mg/dL. Ou seja, essa é a quantidade mínima de cálcio para manter a estabilidade de membranas celulares, fazer a liberação de neurotransmissores e para contração muscular. A demora para aumento dos níveis séricos de cálcio juntamente com a alta demanda na lactação promove quadro de hipocalcemia puerperal. ● Com a queda do cálcio, a vaca perde a estabilidade das membranas das células do corpo o que promove sinais clínicos clássicos como tremedeira e decúbito. Sinais Clínicos ● A hipocalcemia puerperal possui forma clínica e forma subclínica: ○ Clínica: hipocalcemia que ocorre nas primeiras 48h pós parto (hipocalcemia puerperal clínica) ○ Hipocalcemia subclínica (dificuldade de consumo) → vaca fica com diversos sistemas orgânicos afetados (fraca, com timpanismo, trânsito TGI fica mais lento), mas não chega a apresentar sintomas relativos ao déficit de cálcio. A hipocalcemia subclínica promove queda de desempenho da musculatura lisa do organismo, o que reduz a motilidade do TGI aumentando a chance de deslocamento de abomaso e queda mais pronunciada de CMS, predispondo à instalação de um BEN mais intenso e de Cetose, que determinam queda da produção de leite no rebanho. Além disso, a redução da função da musculatura lisa reduz a imunidade e a motilidade uterina, predispondo à doenças reprodutivas que culminam com a diminuição da fertilidade no rebanho. ● Sinais clínicos hipocalcemia puerperal (forma clínica): Duração Posição do animal Sinais Estágio I (Ca sérico cai de 10 para 6-7 mg/dL) 1 a 2 h Animal em pé ● Tremores musculares; ● Excitabilidade; ● Hiperestesia; ● Ranger de dentes; ● Andar cambaleante; ● Ataxia; ● Tropeços e dificuldade de visão. Estágio II (Ca sérico cai de 6-7 para 5 mg/dL) 1 a 12h Decúbito esternal ● Depressão/sonolência; ● Dilatação de pupila com redução de reflexo à luz; ● Taquicardia e hipofonese; ● Estase do TGI, timpanismo leve e constipação. Natália Barone Spachi Estágio III (Ca sérico cai de 5 para menos de 3,5 mg/dL) - Decúbito lateral ● Taquicardia severa e hipofonese; ● Perda de consciência → coma; ● Paralisia respiratória; ● Morte. Diagnóstico ● O diagnóstico é realizado a partir do histórico do animal e analisando-se aos fatores de risco presentes: ○ Fatores de risco para desenvolvimento de hipocalcemia puerperal: ■ Vacas que já tenham apresentado a doença na lactação anterior; ■ Vacas mais idosas (perda/desgaste dos receptores de cálcio); ■ Vacas com mais de uma lactação (produzem mais leite e portanto têm maior demanda por cálcio); ■ Vacas nas primeiras 48 horas após a retirada do colostro (o hormônio PTH ainda está pouco ativo nesse período); ■ Vacas das raças Jersey e Guernsey (maior propensão) e em menor magnitude as das raças Holandesa e Pardo; ■ Vacas gordas (têm maior redução de apetite e maior BEN). Efeitos no animal/ produção 1. Pode levar a óbito (requer tratamento emergencial!) 2. Prejuízo de funcionamento de musculatura lisa no geral: a. rúmen e TGI com motilidade reduzida promovendo maior chance de deslocamentos de abomaso, maior redução de consumo de matéria seca (o que promove maior chance de instalação de cetose e BEN) 3. Queda de fertilidade e imunidade uterina também pelo prejuízo do funcionamento muscular Tratamento ● A hipocalcemia puerperal requer tratamento IMEDIATO/DE URGÊNCIA! ● O tratamento da hipocalcemia puerperal é realizado com REPOSIÇÃO DE CÁLCIO. ○ O cálcio administrado não pode ser puro. É administrada uma solução de borogluconato de cálcio 23%, sendo que o borogluconato possui 8% de cálcio em sua composição. ○ Deve-se ter cuidado para não administrar quantidade excessiva de cálcio, pois se torna tóxico! ■ na prática: 1 frasco de 500ml (9,5g de Ca) por vaca, administração IV lenta. ■ NÃO ULTRAPASSAR 2 FRASCOS ● Tratamentos para evitar recidiva são muito importantes principalmente para vacas com histórico de hipocalcemia em parto anterior ou em vacas com demais fatores de risco para a hipocalcemia puerperal: ○ administração de drenches com propionato de cálcio acrescidos de sulfato de magnésio (o magnésio é necessário para que haja perfeito acoplamento entre PTH e seu Receptor) ○ ingestão de sal mineral na alimentação. ● Assunto 2 P1 bovinos: Glândula mamária, úbere e tetos ○ Considerações sobre a Mastite em vacas Leiteiras: ■ A mastite é a principal afecção da glândula mamária em vacas leiteiras. Pode ser clínica (subdividida em leve, moderada ou grave/severa) ou subclínica/contagiosa. ■ E. coli (1º lugar) e Klebsiella (2º lugar) são os principais agentes associados à mastites ambientais (clínicas): Natália Barone Spachi E. coli Klebsiella ● Bactéria Gram negativa; ● Estimula muito os mecanismos de defesa da glândula mamária. A glândula mamária responde à invasão por E. coli muito rapidamente, com isso a bactéria é eliminada logo. Apesar disso, os efeitos deixados pela bactéria são prolongados. ● Bactéria Gram negativa; ● Produz biofilme; ● Está no grupo dos coliformes e é responsável pela instalação de mastites crônicas, podendo levar o animal à descarte. ○ mastites crônicas:São refratárias a tratamentos. A única solução é a destruição do quarto mamário acometido através da secagem do quarto. ■ Os agentes S. aureus, E.coli e/ou Clostridium produzem toxinas necróticas que afetam a irrigação do tecido acometido. Com isso ocorre a gangrena do mesmo (Mastite Gangrenosa). ■ A mastite em vacas leiteiras é um problema mundial, sendo a doença mais prevalente na pecuária leiteira e a que causa maior perda de lucratividade para o produtor e maior utilização de antimicrobianos (problemas surgem: resíduos de antibióticos no leite, surgimento de bactérias multirresistentes na cadeia de produção leiteira, etc). ○ Considerações sobre a atividade leiteira no Brasil: ■ É uma atividade de retorno baixo (aproximadamente 6% ao ano . O retorno é superior à 15% ao ano apenas para as fazendas dentro do top 100); ■ É uma atividade dependente do preço dos insumos provindos do mercado externo (mercado sensível a commodities - sementes, fertilizantes, etc); ■ O leite é uma economia de escala (quanto mais produzido, mais barato fica o produto). Com isso, grandes produtores têm vantagem sobre os pequenos. A atividade leiteira exige tecnificação e escala de produção para o produtor se manter!!!■ Do ponto de vista do mercado interno e principalmente exportações, a qualidade do leite é um ponto MUITO importante: ● CCS ainda é um problema → mastite impacta muito a produção de leite. Devido a isso e a outros fatores, nosso status (Brasil) ainda é de importador de leite, embora nossa produção seja alta. ■ A atividade leiteira exige cuidados e muita reflexão, principalmente para quem vai iniciar no ramo. Exige conhecimentos, dedicação e muita disposição para o trabalho. ○ Mastite em vacas leiteiras: ■ A mastite é caracterizada como uma doença da produção pois ocorre em relação com o período da transição (queda na imunidade) no período de lactação da fêmea. A mastite causa enormes prejuízos através da redução da produção de leite, perda na qualidade do leite e descarte prematuro ou morte do animal acometido pela afecção. ■ O tripé do fracasso para a cadeia leiteira é composto por Mastite, Problemas reprodutivos e Claudicação. ● Saúde mamária, Reprodução e Saúde do sistema locomotor devem estar em harmonia para que se possa obter lucro e continuação da produção da cadeia leiteira. Essa harmonia é possibilitada pelo tripé do sucesso, composto por Nutrição, Raça (genética) e manejo dos animais. ■ Prejuízos advindos da mastite: Prejuízos para a saúde pública ➢ ⇧ da resistência a ATBs na população (ciprofloxacina e fluorquinolonas em geral) ➢ ⇧ de produção de resíduos tóxicos Natália Barone Spachi Prejuízos para a indústria de laticínios ➢ ⇧ na rancidez, ⇧ enzimas proteolíticas e sais (alteração de sabor) ➢ ⇩ do rendimento ( por ⇩proteínas, ⇩ gordura e ⇩lactose do leite produzido); ➢ ⇩ da aptidão para fabricação de queijo e ⇩ da estabilidade térmica do leite; ➢ ⇧ CCS, o que reduz a vida de prateleira de todos os produtos. Prejuízos para a fazenda ou granja leiteira ➢ Impacto na produção do leite (a mastite reduz desastrosamente a quantidade de leite produzido), na qualidade do leite e na reprodução dos animais acometidos; ➢ É uma das principais fontes de prejuízos leiteiros (principalmente a mastite silenciosa/subclínica. Para cada caso de mastite clínica existem de 15 a 40 vacas em estágio subclínico da doença); ➢ É uma das “últimas palavras” para definir a lucratividade da propriedade e determina a permanência ou saída da mesma do ramo leiteiro. A redução extrema na quantidade de leite produzida é o fator que determina realmente o menor lucro do produtor (maior impacto financeiro é, então, causado pela redução na produção ocasionada pela mastite) ○ Linhas de defesa da glândula mamária contra a entrada de microrganismos: Linha de defesa Explicação 1ª Teto A primeira barreira de defesa da glândula mamária contra patógenos é a estrutura do teto como um todo: Essa linha de defesa é composta: 1) Pela camada de queratina ao redor do teto (barreira física e possui ácidos graxos e proteínas de ação germicida); 2) E pelo esfíncter do canal do teto, que mantém o canal fechado no período entre as ordenhas impedindo a penetração de agentes. “Os tecidos que circundam o canal do teto são a primeira linha de defesa contra os microrganismos causadores da mastite, uma vez que este é o caminho principal pelo qual os patógenos penetram no interior da glândula mamária. As estruturas responsáveis por impedir a invasão da glândula mamária por microrganismos patogênicos são: o tampão de queratina e o músculo do esfíncter do teto” (CAVEN, 1985; CAVEN & WILLIAMS, 1985) 3) Além disso, ao entrarem no úbere e se fixarem, colonizando os tecidos, as bactérias encontram leucócitos naturais da glândula mamária que atraem mais leucócitos na tentativa de destruição dos agentes invasores. Se o combate é efetivo, a infecção cessa por aí. “O epitélio da mucosa da roseta de Furstenberg pode ser estratificado cuboidal ou colunar com a presença de infiltrados intraepitelial de linfócitos e monócitos e subepiteliais de polimorfonucleares, monócitos e células de defesa, sendo que, na porção superior da roseta, existem agregações de tecido linforeticular na forma de nódulos linfóides o que comprova a função de proteção contra bactérias da estrutura”.(SISSON e GROSSMAN, 1986; SISSON e GROSSMAN, 2000; FRANDSON et al., 2005). 2ª Leucócitos Lesões celulares ocasionadas pela fixação de patógenos aumentam a permeabilidade dos tecidos. Com isso, mais leucócitos, além dos locais, são atraídos para o local de infestação. Esses leucócitos se infiltram pelas células danificadas e atingem o alvéolo. Fluidos, minerais e fatores de coagulação são direcionados à área afetada. Coágulos de leite podem fechar os ductos e isolar o local e o influxo de leucócitos podem acabar por combater a infecção. Se a infecção for debelada, os ductos obstruídos são reabertos e a composição e produção do leite retornam à normalidade dentro de alguns dias. 3ª Destruição do tecido secretório e substituição do mesmo por tecido cicatricial Se a infecção bacteriana persiste (não é combatida nem pela linha primária nem pela linha secundária), ocorre destruição do tecido alveolar: Os ductos mamários permanecem obstruídos e o leite retido provoca uma reversão das células secretórias de um estado produtivo para um estado de descanso (não produção), que promove atrofia alveolar. Natália Barone Spachi Ao mesmo tempo, substÂncias liberadas pelos leucócitos destroem o alvéolo e ocorre substituição do tecido alveolar por tecido conjuntivo cicatricial (afuncional). ○ Classificação das mastites: ■ Quanto à Manifestação: ● i.i) Mastite Clínica ○ i.i.i) Mastite Clínica Leve (50 a 70% dos casos) → Alteração no leite somente (presença de grumos, coágulos, flocos e aspecto aguado. ○ i.i.ii) Mastite Clínica Moderada (20 a 40% dos casos) → Alteração no leite e no quarto afetado (sinais de inflamação no úbere, como inchaço e dor) ○ i.i.iii) Mastite Clínica Grave (5 a 10% dos casos) → Alterações no leite, no quarto mamário afetado e presença de sinais sistêmicos (febre, desidratação, fraqueza, prostração e inapetência). ● i.ii) Mastite Subclínica ■ Quanto ao Microrganismo causador: ● ii.i) Mastite Contagiosa X Mastite Ambiental ○ Mastite contagiosa: “Os micro-organismos causadores de mastite são divididos em duas categorias: espécies contagiosas ou ambientais, variando de acordo com a fonte de infecção e a forma de transmissão. A principal fonte de agentes contagiosos é a glândula mamária das vacas infectadas, sendo transmitida geralmente de um animal para o outro, através do equipamento de ordenha ou das mãos dos ordenadores (SANTOS, 2004). De forma geral os micro-organismos contagiosos são tipicamente mais adaptados à vaca e causam infecções persistentes sem sintomas clínicos graves (Fonseca e Santos, 2007). Os agentes contagiosos da mastite mais comumente isolados são os Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, que são principalmente disseminados entre os animais ou entre os quartos mamários durante a ordenha. Essa transmissão ocorre através do próprio equipamento de ordenha ou decorrente da falta de higiene dos ordenhadores. As infecções por agentes contagiosos tendem a persistir na glândula mamária apresentando-se na forma subclínica com episódios clínicos intermitentes”. ○ Mastite Ambiental: “Já em relação a mastite ambiental os micro-organismos advém do ambiente, ocorrendo em sua maioria nos intervalos entre ordenhas ou no período de secagem (SANTOS, 2004). Estes causam mastites transitórias com maior gravidade. Os principais agentes ambientais são os coliformes e algumas espécies de estreptococos (Streptococcus uberis e dysgalactiae), sendo o ambiente onde a vaca vive o local onde esses agentes são encontrados. A mastite ambiental caracteriza-se por ser uma infecção curta, que resulta em queda acentuada da produção de leite e até mesmo na morte da vaca. (TOMAZI; GONÇALVES; SANTOS; 2013).” (https://www.milkpoint.com.br/empresas/novidades-parceiros/mastite-contagiosa-vs-ambiental-como-cl assificar-as-mastites-segundo-a-orige m-do-agente-etiologico-210586/) ● ii.ii) Mastite por G+ X Mastite por G- ● ii.iii) Mastite CBT X Mastite CCS○ Características gerais das mastites quanto aos microrganismos causadores: Mastite Contagiosa Ambiental Natália Barone Spachi Agentes principais ● Staphylococcus aureus ● Streptococcus agalactiae ● Coliformes G-: ○ E.coli; ○ Klebsiella; ○ Enterobacter ● Streptococcus ambientais G+: ○ S. uberis; ○ S. bovis. Outros Agentes ● Streptococcus dysgalactiae ● Mycoplasma bovis ● Corynebacterium bovis ● Enterococcus +: faecium e faecalis; ● Trueperella pyogenes ● Pseudomonas ● Leveduras, fungos e algas Reservatório ● Úberes de vacas contaminadas; ● Os microrganismos habitam a pele do úbere, dos tetos e a glândula mamária. ● Ambiente: não possuem meios de fixação à pele. Quadro Clínico ● Apresentação principalmente subclínica; ● Aumento da CCS. ● Apresentação principalmente clínica e de curta duração; ● Pode gerar toxemia, gangrena e morte do animal. Local de Contaminação ● Durante a ordenha ● Entre ordenhas Ocorrência ● Aumenta à medida que o estágio da lactação avança, devido às dificuldades em prevenir transmissão entre vacas. ● É responsável pela maioria das novas infecções no início e no final do período seco; ● Muito frequentes nos primeiros dias pós parto (queda de imunidade da glândula mamária) Ações ● Pós-dipping; ● Ordenhadeira; ● Vacina ● Pré-dipping; ● Higiene do ambiente; ● Vacinas Observações: ➔ Mastites ambientais podem se tornar mastites contagiosas: ◆ Em mastites por coliformes, geralmente a vaca reage bem à infecção e combate os microrganismos, mas alguns coliformes como a klebsiella são de difícil cura (vaca não cura espontaneamente com facilidade). ◆ Streptococcus agalactiae é facilmente combatido por medicamentos, mas o tratamento é de alto custo. ➔ O Pré dipping realizado antes da ordenha tem a função de matar bactérias que poderiam vir a causar mastite ambiental, mas quase não tem efeito sobre as bactérias já presentes na pele do teto. ○ Transmissão das mastites: Mastite Contagiosa Mastite Ambiental Via de Os microrganismos causadores Os microrganismos causadores vivem no Natália Barone Spachi contaminação estão presentes no úbere, tetos e no interior da glândula mamária de vacas contaminadas. Podem ser transmitidos por fômites (ordenhadeira mal higienizada, toalhas de limpeza ou mão do ordenhador sem a devida higiene). ambiente (fezes, cama contaminada, solo, água, etc). Podem entrar em contato com o teto e adentrar pelo esfíncter. Momento propício para contaminação Durante a ordenha Entre ordenhas. ○ Diagnóstico das mastites: Testes Nome do teste Características Mastite clínica Leve (Grau I) Teste da caneca ➢ Utilizado para verificar alterações no leite; ➢ Finalidade de detectar precocemente as mastites clínicas; ➢ Realizado em uma caneca de fundo escuro (ou telado) ou no piso da ordenha; ➢ É realizado anteriormente a cada ordenha; ➢ Presença de flocos ou grumos no leite indicam mastite clínica grau 1. ➢ Problemas do teste: 1- Subjetividade (é relacionado à experiência de observação); 2- Não detecta mastites subclínicas; 3- Estimula a liberação da ocitocina. Moderada (Grau II) Exame do quarto afetado e do úbere ➢ Utilizado para verificação de possíveis alterações na região. ➢ Mastite clínica grau II ou III: úbere ou quarto inflamado, avermelhado, assimétrico e dolorido. O animal não deixa realizar a ordenha. ○ Podem também estarem presentes, endurecimento difuso do úbere, úbere muito flácido ou muito tenso, presença de abscessos, tecido escurecido ou arroxeado. Grave (Grau III) Exame clínico da vaca ➢ Utilizado para verificar se, além de alterações em úbere, existem alterações sistêmicas (febre, desidratação, fraqueza, prostração, inapetência). Mastite Subclínica CMT - California Mastitis Test (periódico) ➢ Finalidade de detectar mastites subclínicas; ➢ É realizado em uma placa apropriada ➢ Problemas do teste: ○ Pode ter muita subjetividade; ○ Interfere na rotina da ordenha. Escore Viscosidade (CMT) CCS 0 Ausente 100.000 Natália Barone Spachi traços Leve 300.000 + Leve/Moderad a 900.000 ++ Moderada 2.700.000 +++ Intensa 8.100.000 CCS (mensal) ➢ Células somáticas são compostas pelas células de defesa (maioria são neutrófilos polimorfonucleares) e as células da descamação do epitélio. Com a invasão de agente patogênico na glândula mamária, esses dois tipos celulares aumentam em quantidade. ➢ CCS≤200.000/mL = normal CCS (x1000) Gravidade Redução da produção (%) % de animais infectados <250 Pouca ou nenhuma Irrelevante 6 250-500 Média 4 10 500 - 750 Acima da média 7 26 750 - 1000 Ruim 15 ±42 >1000 Muito ruim 18 ±54 Resistência/Condutividade elétrica (Teste de Draminski) ➢ O desenvolvimento de mastite subclínica é acompanhado por um aumento no nível de sal no leite que gera a diminuição da resistência elétrica do material ou, seja, gera aumento da condutividade elétrica do material. pH do leite ➢ O pH do leite normal apresenta pH ligeiramente ácido (entre 6,6 e 6,8). O leite com mastite fica mais alcalino, podendo chegar a valores de pH de 7,3 a 7,5. Isso ocorre por conta da liberação de bicarbonato e sais das células danificadas. Identificação do agente Cultura microbiológica em laboratório ➢ Coleta do material (leite): 1- Lavar e desinfetar as mãos e utilizar luvas para colher o leite; 2- Limpar os tetos sujos sem utilizar água (usar papel toalha); 3- Pré-dipping com solução desinfetante (deixar agir por 30 seg); 4- Secar os tetos; 5- Desinfetar a ponta dos tetos com algodão em álcool 70%; 6- Desprezar os três primeiros jatos; Natália Barone Spachi 7- Abrir o frasco de coleta de forma que a tampa fique protegida e que não haja contaminação nem no frasco e nem na tampa; 8- Colher o leite mantendo o frasco na posição horizontal; 9- Colher primeiro o leite dos tetos próximos de quem está coletando e posteriormente os tetos distantes; 10- Refrigerar as amostras antes de enviá-las. ➢ Problemas da cultura microbiológica em laboratório: ○ Resultado demorado; ○ Escassez de laboratórios apropriados; ○ Contaminação de amostras na coleta; ○ Alguns microrganismos requerem cultivos seriados; ○ A coleta de amostra após início do tratamento afeta o resultado. Cultura microbiológica na fazenda ➢ O conceito mais atual referente ao tratamento das mastites é o de NÃO USAR ATBs EM CASOS DE MASTITES QUE NÃO SE BENEFICIAM DELE (mastites grau 1 e 2 ocasionadas por E.coli ou outro microrganismo G-), ou seja, SOMENTE OS CASOS DE MASTITE POR MICRORGANISMOS G+ JUSTIFICAM O TRATAMENTO COM ATBs. Levando isso em consideração, para poder direcionar melhor a tomada de decisão quanto ao uso de antibióticos nas mastites de grau leve a moderado (maioria dos casos), devemos considerar a implantação da Cultura Microbiológica na Fazenda, possibilitando o tratamento seletivo; ➢ A cultura microbiológica na fazenda (On farm culture) é uma técnica já utilizada em outros países que, de forma geral, identifica a presença do microrganismo causador da mastite. Essa técnica tem três resultados possíveis: ○ 1) Crescimento Gram + ○ 2) Crescimento Gram - ○ 3) Sem crescimento (ausência de patógeno) ➢ A principal finalidade do On farm Culture é Natália Barone Spachi a redução do uso de antimicrobianos de maneira desnecessária nos animais da propriedade e com isso: ○ ⇩ gasto com antibióticos; ○ ⇩ descarte do leite; ○ ⇩ uso de leite com resíduos para bezerras; ○ ⇩ risco de resíduos estarem presentes no leite enviado para os laticínios; ○ Institui-se uma terapia mais adequada para cada caso a ser tratado. ○ Tratamento das mastites: ■ A mastite é a principal razão para o uso de antibióticos em vacas leiteiras. ■ A recomendação clássica para o tratamento de toda mastite clínica (leve, moderada e grave) é a administração de antibiótico combinada com outras terapias. ■ Objetivos principais do tratamento da mastite: ● Eliminar o agente e prevenir recidivas; ● Diminuir a disseminação para quartos não infectados; ● Evitar a morte do animal em casos graves. ■ Problemas do tratamento da mastite ● Taxa de cura é muito variável; ●Altos custos com medicamentos; ● Aumento da quantidade de leite de descarte; ● Aumento dos riscos de resíduos de antibióticos no leite; ● Risco para humanos (resistência antimicrobiana); ● Perdas financeiras e recusa do produto produzido pela indústria; ● Geração de resistência precoce em bezerras. ■ Variáveis que influenciam na taxa de cura das vacas com mastite: ● 1) Estado Imunológico (lembrando que no período de transição a vaca se apresenta imunossuprimida); ● 2) Tipo de patógeno; ● 3) Nº de casos anteriores; ● 4) Nº de quartos acometidos; ● 5) Histórico de infecção subclínica crônica prévia; ● 6) Idade (vacas mais novas respondem pior ao tratamento do que vacas mais velhas); ● 7) Estágio da lactação (vacas no fim da lactação respondem menos ao tratamento do que vacas no início da lactação) Natália Barone Spachi ■ Tratamento tradicional das mastites (recorre-se a uma ou mais de uma das opções da tabela): 1- Ordenha frequente e monitoramento Pode fazer o uso de ocitocina. 2- Antibiótico intramamário É a opção mais utilizada para tratamento. 3- Antibiótico parenteral (via IM) ● É a segunda opção mais utilizada no Brasil; ● Em alguns países essa forma de aplicação tem sido totalmente condenada para uso nas mastites grau 1 e 2; ● Em geral as drogas não têm boa penetração na glândula mamária, havendo dificuldade de atingir e manter a concentração mínima inibitória do crescimento bacteriano no úbere. ● Antibiótico parenteral possui ação sistÊmica e deveria ser utilizado somente em casos de mastites graves no intuito de combater a bacteremia. ● Exemplos de antibióticos utilizados por via sistêmica: ○ Tilosina ○ Ceftiofur ○ Penetamato (Bovigam injetável) → utilizado principalmente para combate de Streptococcus uberis em animais com mais de um quarto acometido. A taxa de cura é de 80 a 90%). 4- Terapias suporte ● Fluidoterapia; ● Ordenhas frequentes; ● Ocitocina ● AIEs para mastites grau II: ○ Prednisolona; ○ Flumetasona ● AINEs para mastites grau III: ○ Meloxicam; ○ Flunixin; ○ Cetoprofeno. ● Na rotina veterinária geralmente associa-se administração de ATB intramamário à administração via IM (parenteral) e a maioria dos tratamentos é realizado “as cegas”, ou seja, sem saber realmente a sensibilidade do agente causador à droga utilizada. ■ Razões para a baixa taxa de cura das mastites tratadas tradicionalmente: ● Suspensão precoce do tratamento; ● Edema interno da glândula mamária obstruindo os ductos; ● Presença de tecido cicatricial e micro abscessos; ● Inativação do ATB pelo leite: no úbere o ATB está sujeito a contato com proteínas, gordura e pH → o ATB aplicado por via IM deve possuir baixa ligação com proteínas, alta lipossolubilidade e ser uma base fraca em função do pH, além de atuar no agente em questão. ● Resistência bacteriana (ineficácia de ação do ATB). ■ Patógenos que raramente respondem aos ATBs: ● Trueperella pyogenes + ● Mycobacterium ● Mycoplasma bovis ● Nocardia + ● Pasteurella - ● Proteus - Natália Barone Spachi ● Prototheca (algae) ● Pseudomonas - ● Serratia - ● Leveduras. ■ A escolha do tipo de tratamento da mastite ocorre de acordo com a severidade dos sinais apresentados pelo animal acometido pela doença: Tratamentos Mastite Grau I - Leve Mastite Grau II - Moderada Mastite Grau III - Grave ● Antibioticoterapia intramamária por 3 a 4 dias + 1 dia após a cura clínica. ● Antibioticoterapia intramamária por 5 dias associada a Antiinflamatórios. ● Tratamento com objetivo de salvar a vaca! ● Antibioticoterapia parenteral (com objetivo de combater a bacteremia e a septicemia, já que não atinge o tecido mamário) + Antibioticoterapia intramamária por 7 dias. ● Focar na endotoxemia (diarréia, fraqueza, desidratação e choque endotoxêmico); ● Fluidoterapia de grandes volumes para remover toxinas e hidratar o animal; ● Ordenha frequente para remover toxinas (pode-se fazer uso de ocitocina); ● Anti-inflamatórios para combater a inflamação (proporcionar menor desconforto ao animal). Observação: O ideal é que se faça coleta de amostras para cultura microbiológica (identificação do agente) e antibiograma antes do início do tratamento. Apesar disso, não é o que ocorre na rotina. ■ Existem diversos fármacos de diferentes grupos farmacológicos de antimicrobianos para tratar mastite. À luz das pesquisas científicas a melhor indicação para tratamento de mastites clínicas são os antimicrobianos beta lactâmicos aplicados por via intramamária. Além disso, o penetamato e o ceftiofur também são utilizados, mas por via intramuscular, e o último é recomendado para mastites graves. ■ Drogas dos grupos dos betalactâmicos → possuem boa ação contra bactérias G+ e coliformes: ● Penicilinas semi sintéticas: ○ Amoxicilina, Cloxacilina, Ampicilina, Penetamato, etc ● Cefalosporinas (atuam contra G+ E G-) ○ 1ª geração → Cefapirina, Cefalônio, Cefalexina, Cefalotina, Cefradina; ○ 2ª geração → Cefuroxima; ○ 3ª geração → Cefoperazone, Ceftriaxona, Ceftiofur; ○ 4ª geração → Cefquinoma, Cefepima, Cefpiroma; ○ 5ª geração → Ceftarolina, Ceftobiprole, Ceftaroline. ■ Observação: ■ Protocolo tradicional “às cegas” realizado comumente: Natália Barone Spachi ○ Alguns agentes e suas respectivas sensibilidades aos antimicrobianos: Agente Tipo de mastite Sensibilidade Tratamento indicado após descoberta do agente por Cultura Microbiológica na Fazenda em Placas cromogênicas Staphylococcus aureus (G+) Contagiosa ➔ É muito resistente aos tratamentos (curam-se somente 25 a 30% dos casos). Cefalosporina IMM por 8 dias Streptococcus agalactiae (G+) Contagiosa ➔ É sensível à antibioticoterapia (taxas de cura de 80 a 100%) intramamária; ➔ É sensível à: ◆ penicilinas; ◆ cloxacilina; ◆ cefalosporinas ➔ Pouco sensível à gentamicina (atb aminoglicosídeo), neomicina (atb aminoglicosídeo) e polimixina B (atb polipeptídico) Cefalosporina ou Penicilina semi sintética IMM por 3 dias Streptococcus dysgalactiae (G+) Contagiosa e Ambiental ➔ Sensível à: ◆ Penicilinas; ◆ Cloxacilina; ◆ Cefalosporinas. ➔ Resistente à: ◆ Gentamicina; ◆ Neomicina; ◆ Estreptomicina; ◆ Nitrofurazona; Cefalosporina ou Penicilina Semi sintética IMM por 5 a 6 dias. Natália Barone Spachi ◆ Polimixina B. O tratamento é eficaz sendo realizado tanto no período seco quanto na lactação. Streptococcus uberis (G+) Ambiental ➔ Sensível à: ◆ Penicilinas; ◆ Cloxacilina; ◆ Cefalosporinas. ➔ Resistente à: ◆ Gentamicina; ◆ Neomicina; ◆ Estreptomicina; ◆ Nitrofurazona; ◆ Polimixina B. O tratamento realizado no período de lactação é mais eficiente. Cefalosporina ou Penicilina Semi sintética IMM por 5 a 6 dias. E. coli Klebsiella sp. Enterobacter sp. (G - ambientais) Ambiental ➔ Têm importância em rebanhos com baixos índices de mastites contagiosas. ➔ São sensíveis à: ◆ Cefalosporina; ◆ Florfenicol; ◆ Polimixina; ◆ Gentamicina. E.coli e outros coliformes → NÃO TRATAR. Exceção: Klebsiella → Cefalosporina IMM por 5 a 6 dias Obs.: Banamine = AINE ○ Outras alternativas de tratamento para as mastites: Natália Barone Spachi Terapia de vacas secas (TVS) ● O período seco é o melhor momento para combater mastites contagiosas, mas não em mastites por E. coli. ● A TVS consiste na aplicação de infusões intramamárias de antibióticos de longa ação após a última ordenha. ● A TVS é direcionada para agentes G+, principalmente os contagiosos. ● Em geral utiliza-se ATB com espectro G+ e G- (cloxacilina benzatina, cefalônio e penicilina); ● A TVS é a MELHOR FORMA de reduzir as mastites contagiosas: ○ com a TVS há maior taxa de cura de infecções subclínicas do que com terapia realizada na vaca em lactação; ○ previne novas infecções; ○ reduz mastite clínica após o parto; ○ há menor risco de resíduos de atb no leite. Selante interno de teto - coadjuvante à terapia de vacas secas. ● O uso do selante interno de teto é considerado parte importante no programa de TVS. Promove uma barreira física aos microrganismos durante o período seco sem fazer uso de antibióticos. ● Todos os selantes tem subnitrato de bismuto comobase componente. Tal substância é não tóxica para o bezerro e não deixa resíduos no leite. ● A aplicação do selante é realizada logo após a TVS. ○ Tratamento de mastites graves (grau 3): ■ As mastites graves frequentemente têm coliformes como E. coli e Klebsiella como agentes causadores e geralmente ocorrem nos primeiros 30 dias pós parto. Se caracterizam por alterações no leite, no quarto afetado e presença de sinais sistêmicos como febre, desidratação, fraqueza, prostração e inapetência). ■ O objetivo do tratamento em casos de mastites graves não é salvar a produção, mas sim salvar a vaca e talvez salvar sua parte reprodutiva. O foco deve ser direcionado para a endotoxemia instalada ■ Tratamento: ● 1) Fluidoterapia IV para manter o volume de plasma e corrigir a desidratação; ● 2) AINEs para combater dor, edema e choque; ● 3) Ordenha a cada 2 a 4 h para remoção de toxinas; ● 4) Solução de glicose 50%, 500ml IV para combate de hipoglicemia ● 5) 500 ml de borogluconato de Cálcio para combate à hipocalcemia; ● 6) Terapia antimicrobiana IMM por 1 semana ● 7) Terapia antimicrobiana parenteral associada à IMM ○ ceftiofur ○ penetamato ○ enrofloxacina ○ cefquinoma ○ marbofloxacina ○ Mastite Gangrenosa: ■ Definição: Quadro super agudo de mastite por S. aureus e algumas vezes por outros organismos como C. perfringens e E.coli. ■ Acomete mais vacas recém paridas (Fresh Cow); ■ Sinais clínicos em ordem cronológica: ● febre de 40 a 41ºC ● depressão ● inapetência Natália Barone Spachi ● quero firme, inchado, inflamado e dolorido ● presença de linha de demarcação entre pele saudável e pele gangrenosa ● secreção sanguinolenta (distúrbio vascular) ● úbere tem alteração de coloração em poucas horas (róseo → avermelhado → arroxeado → azulado); ● Taquicardia e diminuição gradual da febre; ● Profunda toxemia ● Necrose e perda do tecido ■ Tratamento: ● Antibióticos sistêmicos → Ceftiofur, Tetraciclina ● AINE → Flunixin ● Fluidoterapia ○ Mastite Crônica (Killed a quarter): ■ Em casos de mastites crônicas recidivantes incuráveis pode-se realizar a retirada do teto (opção cirúrgica) ou a secagem permanente do quarto através da indução de fibrose do tecido mamário. ○ Outras práticas de combate à mastite: ■ 1) Oferecer alimento fresco para a vaca após a ordenha para encorajá-las a permanecer de pé por aproximadamente 30 min até os esfíncteres dos tetos retornarem a fechar; ■ 2) Pulverização de cal virgem para prevenir o rebanho contra a mastite ● Assunto 3 P1 bovinos: Afecções relevantes na criação de bezerras: nascimento, asfixia neonatal, colostragem QQT, FTIP, onfalites, diarreias ○ A falha de transferência da imunidade passiva é a maior causa das doenças que acometem as bezerras. Portanto, para evitar o aparecimento destas afecções devemos atentar ao momento anterior ao da bezerra já doente, ou seja ao momento da aquisição da imunidade passiva pela bezerra recém nascida (prevenção das doenças típicas que acometem bezerras). ○ Fatores que determinam lucro (e são preventivos contra doenças que geram prejuízos) ou prejuízo em uma fazenda leiteira: Ações preventivas que determinam LUCRO Problemas que determinam PREJUÍZO ● Cuidados com a vaca no pré parto e ao parto; ● Cuidados com a bezerra recém nascida (assistência ao nascimento, cura do umbigo e administração de colostro de qualidade em quantidade adequada e administrado no tempo correto) = The Golden Hour ● Habitação da bezerra (bezerreiros) adequada; ● Alimentação adequada; ● Cuidados específicos no período de desmama e pós desmama. ● Falha na Transferência da Imunidade Passiva; ● Afecções umbilicais; ● Diarréias; ● Broncopneumonias; ● BLAD (Bovine Leukocyte Adhesion Deficiency ou Deficiência de Adesão de Leucócitos Bovinos =defeito genético hereditário congênito específico da raça Holandesa, e só pode ser controlado através do controle da reprodução); ● Ceratoconjuntivite infecciosa; ● Coccidiose; ● Tristeza Parasitária Bovina; ● Clostridiose; ● Verminose. ○ Cuidados no pré parto (no período close up → 3 semanas pré parto, animal em estresse pré parto) e no parto (maternidade): Natália Barone Spachi Pré Parto ● Os cuidados do pré parto se iniciam no período de close up (últimas 3 semanas de gestação) → evitar relações de concorrência e dominância entre as vacas e realizar vacinação (Rotavírus, Coronavírus e E.coli); ● Foco em reduzir o estresse da parturiente! ● Separar novilhas de vacas para não ocorrerem brigas e/ou relação de competição; ● Manter as parturientes em local confortável. Pode ser: ○ Piquetes/pastagens; ○ Se confinadas em grupo, deve haver espaço suficiente para cada animal e cama alta e seca; ○ Baias em número suficiente; ○ Espaço e cochos suficientes se confinadas em Compost. Parto ● Próximo ao parto as vacas prenhas ficam apreensivas, passam mais tempo de pé procuram um local isolado e tranquilo para realizarem a parição; ○ O ideal é conduzir as vacas com antecedência a um local adequado ao parto (maternidade) ● Local do parto: ○ deve ser: ■ Confortável; ■ Com cobertura vegetal (termorregulação do neonato); ■ Calmo; ■ Limpo/ com baixa contaminação (minimiza-se infecções uterinas, limita a exposição das bezerras à patógenos e reduz a ocorrência de onfalites e diarréias nas bezerras); ■ Livre de frio, chuva e lama; ■ Sem circulação intensa de pessoas, máquinas e/ou outros animais. ● Se necessário, deve ocorrer assistência ao parto (casos de distocias, asfixia neonatal precoce e para recém nascidos de alto risco). ○ Sinais e etapas do parto: ■ Sinais do parto: 1. Úbere pronunciado; 2. Vulva edemaciada; 3. Relaxamento dos ligamentos da pelve; 4. Base da cauda ligeiramente levantada e com aparência umedecida; 5. Muco vaginal fluido, claro e limpo. ■ Etapas do parto: FASE DURAÇÃO SINAIS Fase 1: Preparação Vacas: 3 a 6 horas Novilhas: até 10 horas ★ Ocorre relaxamento e dilatação da cérvix e do colo uterino; ★ Elevação da cauda; ★ Inquietação; ★ Arqueamento de dorso; ★ Urina e defeca; ★ Início das contrações uterinas; ★ Leve contração abdominal e pronunciamento das membranas fetais. Fase 2: Nascimento Vacas: 1 a 2 horas Novilhas: 2 a 4 horas É a fase mais crítica do parto (risco de asfixia neonatal precoce e de distocias); ★ Inicia-se com o rompimento da bolsa; ★ O bezerro se insinua no canal do parto; Natália Barone Spachi ★ Ocorre ruptura da membrana amniótica; ★ Grandes contrações; ★ Aparecimento das patas dianteiras do bezerro (apresentação anterior); ★ Aparecimento da cabeça; ★ Passagem dos ombros e em seguida nascimento completo. Intervenção (auxílio à expulsão do bezerro) se demorar mais do que o tempo máximo normal, quando há ausência de contrações ou quando não há dilatação. Fase 3: Expulsão das membranas fetais 1 a 8 horas após o nascimento do feto ★ Contrações uterinas seriadas; ★ Relaxamento da união útero/placenta; ★ Saída das membranas fetais. ○ Procedimentos após o nascimento da bezerra: ■ Cuidados com a bezerra (The Golden Hour); ■ Cuidados com a vaca (parturiente) → conferir clínica e ordenhar colostro. ■ Cuidados com a maternidade → retirar a cama, desinfetar o local, aplicar cal e colocar nova cama. ○ Cuidados com a bezerra (a serem realizados na “Hora de ouro”): Limpeza das vias aéreas 1) Limpeza das narinas e da boca para retirada de muco ou restos de membranas fetais; 2) Confirmação se o animal está respirando normalmente (estimular o começo da respiração com massagem no tórax, água fria na cabeça e palha no nariz para estimular espirro); 3) Secar o bezerro a) aguardar a vaca secar o bezerro e ele levantar (aproximadamente até 1h após parto isso ocorre); b) esfregar uma toalha no bezerro para melhorar a circulação e reduzir hipotermia. 4) Realizar o APGAR do bezerro: a) verificar a temperatura do animal ( se estiver <38,3ºC devemos aquecer o bezerro!) b) APGAR modificado para verificação da vitalidade: Parâmetro avaliado Tempo ideal para ocorrência Levantamento da cabeça 3 min pós nascimento Decúbito esternal 5 min pós nascimento Tentativa de levantar/ficarde pé 20 min pós nascimento Ficar em pé e mamando colostro 60 a 90 min pós nascimento 5) Reconhecimento de bezerros recém nascidos de alto risco: a) Gengivas e focinho cinza-azulados; b) Inchaço da cabeça ou língua; c) Olhos opacos ou com sangue; d) Cabeça tombada ou dorso arqueado para trás; e) Distensão abdominal; f) Hemorragias e aberturas naturais; g) Respiração ofegante ou costelas quebradas 6) Verificar se há presença de doenças congênitas: a) persistência do úraco, contraturas de tendão, malformações ou atresias. Natália Barone Spachi Cura do Umbigo Após a vaca lamber/secar o bezerro devemos realizar os cuidados com o umbigo, que é uma porta de entrada para bactérias. Obs.: o bezerro tem 3 portas abertas para infecções: ● 1) Umbigo ● 2) Boca ● 3) Vias respiratórias Essas 3 portas tem que ser fechadas rapidamente. O umbigo é a que se deve priorizar para tal (é um ambiente úmido pelo qual a bactéria entra e vai para o fígado, bexiga ou corrente sanguínea) 1) Cortar o cordão umbilical se o mesmo for maior do que 10-15 cm; 2) Curar o umbigo por imersão em solução de iodo 7% (limpa, desinfeta e desidrata) 3) Repetir a cura 12 horas após a primeira; 4) Repetir novamente a cura em 2 a 5 dias após a primeira repetição. A cura do umbigo promove fechamento da “porta de entrada bacteriana” proporcionada peli umbigo. A colostragem de qualidade é a responsável por fechamento das portas de entrada das vias respiratória e oral. Colostragem Preconizando evitar ao máximo a contaminação da bezerra recém nascida, a ciência determina que seja realizada a apartação imediata da bezerra da vaca após seu nascimento nos sistemas de criação intensivos. Essa prática reduz a exposição do bezerro a patógenos da vaca e do local do parto reduzindo o risco de esses patógenos adentrarem o organismo da bezerra antes do que o colostro. A colostragem é realizada iniciando-se pela ordenha do colostro (1), passando pela avaliação da qualidade do colostro (2) até ser administrada à bezerra (3) 1) Ordenha do colostro: Bezerras não recebem imunidade durante a gestação. Por isso, o colostro é vital para a sobrevivência das bezerras, sendo fonte de proteção contra doenças (imunoglobulinas), além de ser um alimento essencial (rico em gordura, proteínas, lactose e vitaminas). Não deve-se demorar para ordenhar o colostro pois há uma pequena perda a cada hora que demorar (0,5g de IgG por L) Mas após a ordenha também há perdas por crescimento bacteriano se demorar para dar à bezerra. As bactérias obstruem o local de ligação da imunoglobulina. a) Para a ordenha do colostro é fundamental que se tenha higiene: i) Preparação do úbere antes da ordenha ii) Higiene dos recipientes de coleta iii) Higiene da ordenha iv) Adequado manuseio após a coleta v) Manter colostro coletado sob refrigeração para administrações posteriores vi) Congelar o excedente de colostro → armazenamento (banco de colostro). 2) Avaliação do colostro: Um colostro de qualidade deve ter no mínimo 50mg/ml ou 50 g/L de Imunoglobulinas. A avaliação da qualidade do colostro deve ser realizada logo após a sua ordenha e pode ser feita por diferentes métodos de análise: a) Avaliação da qualidade do leite por Colostrômetro: “O colostrômetro está calibrado em intervalos de 5 mg/mL e classifica o colostro como de baixa qualidade (vermelho) quando Ig < 20 mg/mL; moderado (amarelo) para o intervalo de 20 – 50 mg/ mL; e excelente (verde) para valores de Ig maiores que 50 mg/mL”. Natália Barone Spachi https://www.milkpoint.com.br/colunas/carla-bittar/uso-do-colostrometro-e-do-refratometro-para-avaliacao-da-qualidade-do-col ostro-e-da-transferencia-de-imunidade-passiva-89692n.aspx b) Avaliação da qualidade do leite por refratômetro de Brix: “A porcentagem de brix é uma medida da concentração de sacarose em líquidos como suco de frutas, melaço e vinho. Quando utilizado em líquidos que não contém sacarose, há uma alta correlação entre a porcentagem de brix e o teor de sólidos totais do líquido. A porcentagem de brix pode ser correlacionada com a concentração de IgG do colostro” (https://www.milkpoint.com.br/colunas/carla-bittar/uso-do-colostrometro-e-do-refratometro-para-avaliacao -da-qualidade-do-colostro-e-da-transferencia-de-imunidade-passiva-89692n.aspx#) Um colostro de qualidade deve ter grau Brix≥22% 3) Administração do colostro - colostragem de qualidade: a) Um colostro de qualidade apresenta em torno de 50g de IgG por L. Esse valor se traduz em 15g de IgG na corrente sanguínea do bezerro que ingeriu o colostro. Sabendo-se que após a colostragem, o ideal é que o animal apresente 45g de IgGs na corrente sanguínea, preconiza-se a administração de 3L de colostro ao bezerro nas primeiras horas de vida (150g de IgG). b) Deve ser seguido o Princípio /QQT ou o protocolo Colostro 123 para administração do colostro ao bezerro: i) Princípio QQT: Colostro administrado em: (1) Qualidade ideal: IgG≥50 g/L ou Brix≥22 E carga microbiana < 100 UFC/ml (2) Quantidade ideal: quantidade ≥ 3 L por bezerra (3) Tempo correto: Colostragem logo após parto (1 a 2 horas após o parto) e readministração até a 6ª - 8ª hora de vida da bezerra. ii) Protocolo colostro 123: (1) Administração de colostro da 1ª ordenha; (2) Nas primeiras 2 horas de vida; (3) Pelo menos na quantidade de 3 litros Natália Barone Spachi ○ Principais afecções que acometem bezerras leiteiras: Características e desdobramentos Diagnóstico/Avaliação do animal Tratamento FTIP A ”cara” da FTIP em uma propriedade é a presença de um um bezerreiro onde existe alta incidência de casos de artrite, diarréia e inflamação umbilical. Fatores de risco para desenvolvimento da FTIP: ● Colostragem mal feita; ● Bezerros de alto risco; ● Distocias; ● Cesariana; ● Má conformação de úbere e tetas da vaca; ● Chegada de bactérias no intestino do bezerro antes do colostro (bloqueiam a absorção de IgGs) Avaliação da proteína sérica com uso do refratômetro de Brix ou do Refratômetro de proteína. Esse teste avalia a proteína sérica e deve ser feito em 24 a 48h de vida para garantir que as proteínas dosadas são de origem do colostro e não de leite normal. Brix < 8,4% Proteína sérica < 5,5 g/dL INDICAM QUE HOUVE FTIP Transfusão de sangue Onfalites Inflamação que pode acometer uma ou mais estruturas umbilicais (veia umbilical, artéria umbilical, úraco). Sinais: ● Aumento de volume; ● Umidade; ● Dor; ● Aumento de temperatura local. ● Espessamento das estruturas umbilicais ou abscesso como ponto flutuante ou secreção purulenta; ● Miíases. ● Depressão; ● Redução na mamada; ● Febre Diferencial: hérnia umbilical., FTIP Consequências das onfalites ● Septicemias; ● Artrites; ● Pneumonia; Antimicrobianos de amplo espectro por 10 a 14 dias E drenagem dos abscessos (para permitir a atuação do antibiótico no local) Natália Barone Spachi ● Meningites; ● Endocardite; ● Uveíte ● Formação de abscessos locais e hepáticos; ● Cistite; ● Nefrite. Persistência do Úraco Cistites e peritonite Hérnia umbilical Conservador (silver tape) ou cirúrgico (correção da hérnia) Diarréia → A diarréia é um sinal clínico das infecções intestinais ocasionadas por diversos agentes (E.coli, Rotavírus, Coronavírus, Eimeria, Cryptosporidium, etc) → É uma afecção de alta frequência nos rebanhos; → Provoca grande gasto com tratamento; → Reduz a taxa de ganho de peso dos animais e o desenvolvimento ponderal; → Prejudica a produção futura do animal acometido (isso ocorre pois a diarréia provoca depressão do sistema imune, disbiose e agressão da parede da mucosa intestinal, deixando-a vulnerável à infecções. A mucosa intestinal se recupera mas com presença de cicatrizes, que não têm função absortiva. Com isso o animal tem sua capacidade de absorção de nutrientes reduzida); → A diarréia é responsável por boa parte de mortes ou descartes na proipriedade. → A principal consequência da diarréia é a desidratação. O diagnóstico pode ser feito observando sinais e através de exame clínico e laboratorial. Sinais: ● Região posterior, causa e períneo sujos defezes; ● Fezes anormais, amolecidas, profusas, amarelas, brancas, brilhantes, cinzentas, com ou sem sangue; ● Bezerro não mama ● Depressão. Aspectos técnicos: ● desidratação ● acidose ● hiponatremia ● hipocalemia ● hipocloremia ● perda de 5 a 10% de peso corporal diariamente por fluidos. Um parâmetro que pode ser utilizada para identificar diarréia no rebanho é o Escore de fezes. Recomenda-se hidratar o animal a partir do escore 2. Avaliar: Avaliar escore de fezes, o grau de desidratação e se consegue mamar (via de hidratação). Avaliar febre e cólica (para AINE) e presença de sangue nas fezes e depressão (para ATB) Avaliar hematócrito e FTIP (para transfusão) Independente da causa: 1) Sempre combater: hipotermia, hipoglicemia e desidratação (pode usar iglus) 2) Reidratação, correção da acidose e reposição de eletrólitos. 3) Isolamento em local limpo, seco, ventilado e boa cama. 4) Continuar com o aleitamento normal (Evitar aleitar por sonda). ○ Drogas utilizadas para tratamento de diarréias em bezerros: Droga/Tratamento Como Usar Quando Usar Antimicrobiano Amoxicilina ou Ampicilina 10 mg/kg IM - de 12 em 12h ● Hematoquesia; ● Cólica e febre; Natália Barone Spachi ● Apatia, depressão e fraqueza intensa; ● Suspeitas de causas bacterianas, infecção secundária por bactérias ou bacteremia Sulfas + trimetopim Sulfadiazina → 30 mg/kg IM, 24/24h Sulfadoxina → 15 mg/kg IM ou IV, 24/24h Amoxicilina trihidratada 10 mg/kg SC ou IM, 12/12h Antiparasitários Diclazuril, Toltrazuril (Baycox ou Isocox a 5%), Amprólio ou Decoquinato Toltrazuril → 3 ml/ 10kg VO suspeita de diarréia por protozoários ● Diarréias enegrecidas (indicando causa por protozoário como a Eimeria ou por Criptosporídio) Halofuginona 70ml por bezerra suspeita de diarréia por criptosporídio Analgésicos Meloxicam 0,5 mg/kg SC máximo de 3 aplicações ● Bezerros com manifestações de dor abdominal (cólicas) e com diarréia sanguinolenta. Flunixin Meglumine 2,2 mg/kg SC máximo de 3 aplicações Transfusão sanguínea Sangue preferencialmente coletado da mãe 20 a 40ml/kg ● FTIP ○ Prevenção das diarréias: ■ 1- Combater fatores de risco: ● Evitar a presença de outros animais no bezerreiro (galinhas, gatos e cachorros); ● Higienizar adequadamente todos os utensílios (mamadeiras, baldes, sondas esofágicas etc); ● Limpeza de uniformes, botas, macacões; ● Higiene das mãos dos cuidadores das bezerras; ● Uso de leite de descarte, de soro de leite ou de sucedâneos antes de 3 semanas de vida ● Preferencialmente as instalações para bezerros deveriam situar distante das demais ■ 2- Focar na colostragem: Colostragem em protocolo QQT ou 123 ■ 3- Usar vacinas em vacas e novilhas em gestação(Ex: RotaVec, Scour Guard, Rotatec J5): ● Visa aumentar a quantidade de anticorpos no colostro para diarreia neonatal; ● Geralmente para Rota, Corona e Escherichia coli.; ● Não há vacinas para Criptosporidiose e Eimeriose; ● Em alguns países há vacina para salmonella (Endovac dairy).
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