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RODRIGO L . H. SILVA 1 DIREITOS AUTORAIS: É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer forma ou meio, sem prévia autorização expressa do autor. A punição para violação dos Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Para informações, consulte rodrigo.lhs@hotmail.com RODRIGO L . H. SILVA 2 Sobre mim Para aqueles que estão conhecendo meu trabalho pela primeira vez, é um prazer tê-los aqui! Meu nome é Rodrigo Luiz Huy da Silva, tenho 28 anos e sou nascido e criado em Curitiba. Desde pequeno sempre me vi envolvido nas práticas esportivas, sendo aquela criança viciada na aula de educação física, sabe? Ao longo da vida me envolvi em diversas modalidades esportivas na infância, adolescência e vida adulta, passando pelas lutas, como judô, capoeira e muay thai e pelo futebol. Já no fim da adolescência conheci a musculação aos 16 anos. De lá para cá, praticamente nunca parei, exceto por um mês no início porque fiquei sem dinheiro para pagar a mensalidade da academia ( de expressivos 50 reais), e que me obrigou a ficar um mês fora, mas desde então foram praticamente 12 anos ininterruptos de ferro. Logo que comecei a treinar já comecei meus estudos através de fóruns no Orkut e descobrindo a minha paixão, tornando assim fácil a escolha pela faculdade. Educação física e Nutrição foram os cursos que escolhi como primeira e segunda opção respectivamente. Passei em educação física na PUCPR com uma bolsa de 100% pelo Prouni e iniciei meus estudos no ano de 2012. Ao longo do curso comecei também minhas aventuras nos palcos do fisiculturismo e de lá para cá nunca mais parei. Alguns anos depois, antes de terminar a faculdade e querendo me dedicar mais ao fisiculturismo e ao trabalho, mudei para o Centro Claretiano que estava sendo uma das pioneiras com a modalidade EAD, terminando assim minha formação nela. RODRIGO L . H. SILVA 3 Anos depois comecei minha formação em nutrição pela Universidade Positivo e que está atualmente em vigor. Se tratando de trabalho, comecei assim como todos, estagiando na musculação em academias de 2012 até 2016 e dando algumas consultorias já. No fim de 2016 eu pedi meu desligamento e prometi a mim mesmo que nunca mais seria professor de sala, decidindo pular do abismo e aprender a voar enquanto caía. Consegui focar na consultoria e formado em 2017 comecei a trabalhar com alguns alunos de treino presencial. De lá para cá, muito estudo, inclusive passando pelo BOPE do professor Eder Lima, e muito trabalho, mas nada que me alavancasse ao nível que desejava, muito por culpa minha por ser inconsistente no trabalho das redes sociais, mas conseguindo viver relativamente bem. Competindo e trabalhando, consegui diversos títulos no fisiculturismo, inclusive a nível nacional conseguindo 4 troféus em 2019, desde vice campeão no estadual, no sul brasileiro, até um top 3 no brasileiro. Em 2020, a pandemia chegou para abalar a nossa sociedade e foi o que considero o ponto de virada, pois me vi sem poder atender meus alunos de personal que me traziam uma boa renda e com o menor número de alunos que já tive na consultoria online por estar me dedicando mais aos personais. Nesse momento a chave virou, e ali caí de cabeça como nunca nos estudos e me dediquei de coração ao trabalho no mundo digital com uma consistência que nunca antes tive. Estava cansado de saber que era um profissional acima da média, reconhecido por aqueles próximos a mim, mas que era um anônimo ainda no mundo. Com muito trabalho consegui mudar isso. RODRIGO L . H. SILVA 4 Prefácio Com o destaque que comecei a ter, as pessoas começaram a me pedir cursos e material de estudo. Então com isso tive a ideia de desenvolver esse ebook que vai ser um dos melhores guias para você na hora da estruturação e prescrição do treino. A promessa é trazer um material que mude completamente a forma como você lida com o treinamento e que assim possa te elevar a outro patamar dentro da academia. RODRIGO L . H. SILVA 5 Capítulos 1) Adaptações ao treinamento.......................7 - Aspectos anatômicos e funcionais - A fundo na hipertrofia - Mecanismos da hipertrofia - Relação força velocidade - As microlesões. 2) As variáveis do treinamento.....................47 - Frequência - Volume - Intensidade - Cadencia - Descanso - Ordem dos exercícios - Intensidade de esforço 3) Técnicas avançadas de treinamento........88 - Origem das técnicas. - O Drop set e o Back off set - O Rest pause - O cluster set - A supersérie e a Pré exaustão 4) Periodização de treinamento...................97 - Por que periodizar? Qual o seu conceito? - A periodização crescente de volume - A periodização linear clássica - A periodização linear reversa. -A periodização ondulatória. RODRIGO L . H. SILVA 6 5) Seleção de exercícios................................109 - Aspectos a considerar na seleção de exercícios. - Aspectos musculo a musculo. 6) Prescrição de treinamento na prática......121 - Prescrição de treino indivíduo homem. - Prescrição de treino indivíduo mulher. 7) Referencias...............................................143 RODRIGO L . H. SILVA 7 CAPÍTULO 1 - ADAPTAÇÕES AO TREINAMENTO E MECANISMOS DA HIPERTROFIA RODRIGO L . H. SILVA 8 1.1 ANATOMIA FUNCIONAL BÁSICA Começando do começo, para entendermos melhor a hipertrofia, precisamos antes conhecer melhor o que compõe anatomicamente a grande estrutura funcional que são os músculos. Estrutura Muscular A estrutura muscular é inicialmente composta por camadas de tecido conjuntivo que a revestem, sendo a primeira delas, aquela que envolve todo o músculo, o epimísio. Dentro desse epimísio existem diversos feixes de fibras musculares conhecidos como fascículo revestidos por outra camada de tecido conjuntivo conhecido como perimísio, e dentro desse fascículo ficam as fibras individuais que são cobertas pelo endomísio. As fibras musculares são compostas de centenas a milhares de miofibrilas e cada miofibrila é composta por sarcômeros e dentro desses sarcômeros ficam os componentes responsáveis pela contração muscular, a actina e a miosina que compõem 50% de toda proteína dentro da célula muscular e que interagem para gerar o movimento de contração, além de alguns outros componentes como a titina, a nebulina, a troponina e a tropomiosina. O número de fibras musculares varia que compõem um musculo varia de centenas até milhões, dependendo do tamanho do mesmo. Pelo fato do musculo esquelético ser composto de diversos núcleos, ele consegue realizar síntese proteicas e com isso crescer de tamanho. RODRIGO L . H. SILVA 9 Unidades motoras As unidades motoras são compostas pelos moto neurônios e são as continuações do sistema nervoso central responsáveis por conduzir o estímulo contrátil até a musculatura. As unidades motoras variam em número de fibras e em tamanho de fibras ao qual cada uma enerva. As unidades motoras de baixo limiar enervam menos e menores fibras musculares, comumente enervando mais fibras do tipo I, enquanto as unidades motoras de alto limiar enervam mais e maiores fibras musculares, predominantemente as fibras do tipo II. Ainda há diversostipos de unidades motoras intermediárias como as de médio limiar que ficariam no meio termo entre as de baixo e de alto limiar. RODRIGO L . H. SILVA 10 O recrutamento das unidades motoras segue o conhecido princípio de tamanho de Henneman, aonde quanto maior for o grau de esforço e necessidade de produzir força, maior será a quantidade e o limiar de unidades motoras sendo acionadas. Com isso, não se consegue acionar as unidades motoras de alto limiar sem acionar as de baixo, enquanto o oposto é possível. Assim sendo, unidades motoras de alto limiar não serão acionadas para tarefas do dia a dia, ficando essa função a cargo das unidades motoras de baixo limiar. Modalidades esportivas de baixa intensidade também não são capazes de trazer o acionamento das unidades motoras de alto limiar. Apenas duas situações são capazes de acionar as unidades motoras de alto limiar: A primeira é a fadiga das unidades motoras menores, construída ao longo de uma atividade, obrigando assim as unidades motoras de alto limiar a reduzirem seu limiar de ativação para poderem cooperar na produção de força, como por exemplo em uma série com carga moderada ou leve levada até a falha, já a segunda maneira é então com estímulos próximos da máxima produção de força, como por exemplo no trabalho com altas cargas, aonde RODRIGO L . H. SILVA 11 as unidades motoras de alto limiar serão acionadas desde o começo da série. RODRIGO L . H. SILVA 12 Fibras musculares e seus tipos Os músculos não são compostos de fibras musculares apenas de um tipo, mas sim de vários, e ainda dentro disso cada indivíduo irá ter uma predominância maior de fibras musculares em cada musculo, podendo ter uma composição bem diferente em músculos diferentes. As fibras musculares são categorizadas principalmente de duas formas: Fibras musculares do tipo I e Fibras musculares do tipo II, ou fibras musculares de contração lenta e fibras musculares de contração rápida, ou ainda fibras musculares vermelhas e fibras musculares brancas. As fibras musculares do tipo I são conhecidas por serem mais resistentes a fadiga e mais adaptadas a atividades com característica aeróbia ou de longa duração, porém a sua capacidade de gerar força é mais limitada. Ainda por cima, um estudo feito por van Wessel em 2010, encontrou que em mulheres as fibras do tipo I são maiores do que as do tipo II, algo que contraria o que se especulava antes de que as fibras do tipo II são sempre maiores do que as do tipo I. O estudo de van Wessel especula que a capacidade oxidativa de uma fibra influencia mais o seu tamanho do que o seu tipo, sendo que uma fibra oxidativa não conseguiria aumentar muito de tamanho para que assim conseguisse manter a sua funcionalidade estrutural. As fibras musculares do tipo II são divididas em fibras musculares do tipo IIa e do tipo IIx, sendo as do tipo IIa algo mais próximo do meio termo entre as características das fibras do tipo I e das fibras do tipo IIx. No geral as fibras do tipo II RODRIGO L . H. SILVA 13 têm uma capacidade de produzir força muito maior do que as do tipo I, porém dadas suas características, elas tendem a entrar em fadiga rapidamente e assim não tem uma grande capacidade de atuar em atividades que exijam resistência, além disso elas são mais sensíveis ao dano muscular do que as fibras do tipo I. Alguns especialistas apontam para que as fibras musculares do tipo II sejam mais responsivas a hipertrofia do que as fibras do tipo I, segundo estudo de Adam de 2012, a resposta hipertrófica das fibras do tipo II é 50% maior do que as do tipo I. Porém não se assume que isso seja de todo modo verdade hoje. Segundo dois estudos de Bjornsen de 2019 e um de Jakobsgaard de 2018, encontraram que o método de restrição do fluxo sanguíneo tem uma hipertrofia maior das fibras do tipo I, e em estudos que comparou esse método com o treino tradicional (com foco nas fibras do tipo II), encontraram aumento similar do volume muscular. Características das fibras musculares. Tipo I Tipo IIa Tipo IIx Unidade motora Baixo limiar Médio limiar Alto limiar Tempo de contração Lento Moderado a rápido Rápido Produção de força Baixa Média Alta Resistencia Alta Média Baixa Densidade mitocondrial Alta Média Baixa Capacidade oxidativa Alta Alta Baixa Capacidade glicolítica Baixa Alta Alta Densidade capilares Alta Média Baixa Mioglobulina Muita Média Pouca Estoque de glicogênio Baixo Alto Alta Estoques de triglicerídeos Alto Médio Baixo Inspirado em Brad Schoenfeld 2019 RODRIGO L . H. SILVA 14 É possível saber a composição de fibras em nosso corpo? Dependendo da dominância de fibras em um músculo, é possível predizer a sua performance e ter uma previsão mais adequada do quão rápidos serão os ganhos de força. É possível saber qual a dominância de fibras em um determinado músculo através do exame de biópsia, porém esse é um método invasivo e que poucas pessoas se sujeitariam. - Procurando resolver o problema de forma mais conservadora, um estudo de Hall 2020 buscou cruzar a perfomance em uma tarefa motora, com o que se encontra em biópsia. - O teste foi o seguinte: Os indivíduos do grupo deveriam realizar o máximo de repetições possíveis no agachamento com barra usando 80%RM. O número de repetições variou de 5 a 15 e aqueles q tinham mais fibras do tipo II tiveram uma média de 5 a 8, enquanto os que menos tinham fibras do tipo II realizaram entre 11 a 15 repetições. Quem ficou no meio desse range (9 a 10), tinha uma proporção igual de fibras. Com isso vemos q esse é um teste interessante para estimar a proporção de fibras no quadríceps e assim direcionar melhor os indivíduos com mais potencial de desenvolver força em modalidades de powerlifting. Além disso, em pessoas comuns, sabemos melhor o que esperar do seu ganho de força com o treinamento. RODRIGO L . H. SILVA 15 Adaptações do corpo ao treinamento Quando se iniciam os trabalhos com o treinamento resistido, o corpo começa a passar por diversas adaptações que irão fornecer um ambiente mais adequado para a produção de força, desde aspectos musculares até aspectos neurais. Dos neurais, podemos começar citando o direcionamento neural. É bem comum ver iniciantes realizando movimentos sem nenhuma sincronia e fora de ordem. Inicialmente o estimulo motor não chega adequadamente como deveria ao musculo, tanto que inúmeros estudos apontam que a ativação muscular vai aumentando com o passar do tempo, sendo reduzida nas primeiras sessões de treinamento. Outra adaptação neural se dá pelo aumento da capacidade de ativação das unidades motoras de alto limiar, assim potencializando o aumento da força gerada pelo musculo. Dentro das adaptações neurais, também se fala a respeito da melhora da sincronização da ativação das unidades motoras, ou seja, com o passar do tempo se tornará cada vez mais fácil para que o disparo contrátil ocorra de forma sincronizada em um grande número de unidades motoras, fazendo assim com que mais fibras produzam força juntas. Por último, citaremos aqui como adaptação neural a redução da coativação dos músculos antagônicos. Se um musculo antagônico se ativa em conjunto do agonista, ele tende a agir como um freio na produção de força e velocidade de contração do agonista. Embora seja normal que essa coativação ocorra, com o tempo a ativação do musculo antagonista vai se tornando cada vez menor e assim reduzindo a interferência na produção de força do musculo agonista. RODRIGO L . H. SILVA 16 1.2 A HIPERTROFIA Talvez aqui começamos a entrar na parte mais esperada de todas. Por vezes muitas vezes você sabe o que algo é, mas que quando deve colocar em palavras, isso se torna uma tarefaextremamente árdua. Justamente é o que ocorre com a hipertrofia! Muita gente compreende o conceito e sabe o que ela significa, mas agora explicar? Aí ficou difícil. A hipertrofia é irmã do anabolismo e assim sendo oposta ao catabolismo. Diariamente vivemos um processo de perda e de ganho e no fim do dia é o saldo final que definirá se anabolizamos e tivemos hipertrofia ou se catabolizamos e perdemos massa muscular. A hipertrofia como nós a conhecemos e buscamos é o aumento do tamanho do volume muscular através do incremento de proteínas em seus componentes. Esse aumento de proteínas intracelulares faz com que a matriz extra celular também aumente para dar suporte ao aumento de proteínas contráteis, sendo sempre uma relação proporcional. Quando ocorre uma sobrecarga que gere tensão na musculatura, ocorrem perturbações na estrutura muscular que acabam por gerar uma cascata de reações que irão sinalizar para que ocorra a síntese proteica e assim aumente o conteúdo de proteínas contráteis dentro desse musculo, processo esse conhecido como mecanotransdução, que é quando estímulo mecânicos são traduzidos em reações bioquímicas. A hipertrofia ocorre por duas formas, podendo ser uma hipertrofia em série ou então uma hipertrofia em paralelo. RODRIGO L . H. SILVA 17 Quando a hipertrofia é em paralelo, significa que o musculo cresceu ao longo de sua largura, sendo essa forma de hipertrofia aquela que compõem a maior parte dos ganhos de massa muscular na musculação tradicional e esta associada a quase todos os estímulos contráteis quando ocorre um ciclo de encurtamento e alongamento que gerem tensão na musculatura. A hipertrofia em série é quando sarcômeros são adicionados no comprimento de um musculo, porém, essa forma de hipertrofia é mais limitada porque ela só terá espaço para crescer até a junção miotendínea, que é onde as células musculares começam a se mesclar com células tendinosas. Esse aumento do comprimento muscular já foi encontrado em diversas formas de trabalho diferentes. Comumente ele ocorre quando o musculo precisa se adaptar a um novo comprimento de trabalho, sendo normal vê-la acontecendo como consequência do trabalho de alongamento, da tensão em longas amplitudes de movimento, do treinamento excêntrico e da tensão com um musculo alongado. A hipertrofia em série costuma acontecer também quando um indivíduo destreinado começa a treinar de forma adequada. Também existe um estudo que encontrou ganhos de hipertrofia em série da panturrilha ao realizar a esteira com inclinação. RODRIGO L . H. SILVA 18 A hipertrofia não é um processo homogêneo Antigamente, quando comecei a treinar, muitos acreditavam que a hipertrofia das fibras de um musculo ocorria como um todo, ou seja, se eu estou ativando aquela direção de fibras, elas vão crescer de maneira igual da sua origem até a sua inserção. Porém essa teoria vai de encontro a um corpo gigantesco de estudos que mostram que a ativação muscular ocorre de forma diferente possivelmente devido a uma compartimentalização dos estímulos motores nas fibras musculares, ou seja, eu posso ter uma maior ativação em regiões diferentes da musculatura dependendo do gesto motor executado, além disso, também há um grande corpo de evidencias surgindo mostrando diferente hipertrofia ao longo do musculo dependendo do exercício e tipo de ação executada, podendo se ter mais hipertrofia proximal, medial e distal. Além disso, é possível ter hipertrofia de forma RODRIGO L . H. SILVA 19 diferenciada nas diferentes porções/cabeças de um mesmo musculo A região mais ativada pela musculatura esta diretamente ligada com a região que mais sofrerá hipertrofia, como mostrado em um estudo de Wakahara de 2012, que encontrou que a região do tríceps que mais hipertrofiou foi justamente a região que mais teve ativação muscular. Outros estudos, como o de Escamilla também apontam para essa direção, aonde se encontrou que o reto femural tem uma ativação muito maior na cadeira extensora do que no agachamento e consequentemente sua hipertrofia é maior no primeiro do que no segundo, quando analisamos os estudos de Kubo de 2019 que não encontrou hipertrofia de reto femural no agachamento, e analisamos o estudo de Maeo de 2018 que encontrou hipertrofia maior no reto femural na cadeira extensora do que dos demais músculos, conseguimos dar mais suporte a esse apontamento. No caso citado do quadríceps, o trabalho de reto femural está relacionado com sua característica bi articular, sendo um musculo que atua tanto na região do quadril fazendo a flexão do mesmo e no joelho fazendo a extensão, sendo assim em exercícios como o agachamento aonde temos extensão do quadril, alongando a porção proximal, e extensão do joelho, encurtando a distal, a capacidade desse musculo de produzir força nesses exercícios é reduzida pois o seu comprimento total mal se altera. Um caso parecido que podemos citar aqui é também do tríceps braquial, aonde sua cabeça longa é bi articular enquanto as demais são mono articulares, e em um estudo de Brandão de 2020 foi encontrado que a quando se realizava supino reto, a porção longa do tríceps não sofria hipertrofia. Ela só RODRIGO L . H. SILVA 20 demonstrou hipertrofia quando um exercício isolado (tríceps testa) foi incorporado no treino. Já em se tratando de hipertrofia proximal, medial e distal, a maioria dos estudos com o treinamento excêntrico apontam mais hipertrofia distal do que proximal como nos estudos de Valamatos de 2018, Higbie de 1996 e Franchi de 2014 , porém no treinamento tradicional ainda não se tem muito consenso científico, com alguns estudos apontando resultados diferentes como o de Ema R. 2013 que apontou maior hipertrofia distal, enquanto os de Wakahara de 2013 e Hisaeda de 1996 que apontam maior hipertrofia medial. Pela divergência de resultados nos estudos sobre o treinamento tradicional, podemos teorizar sobre diferentes aspectos que influenciam a hipertrofia regional, como a cadeia cinética na qual é executada, sobre o comprimento do musculo no pico de torque, a ação ser mais proximal ou distal a articulação envolvida. Como exemplos podemos citar a diferença entre exercícios como agachamento e elevação de quadril, aonde um tem o torque máximo como o musculo alongado e o outro com o musculo encurtado. Em outros grupamentos podemos citar o supino reto e o voador na máquina que seguem o mesmo preceito, aonde o supino terá um pico de torque em alongamento e o voador terá um torque continuo, fornecendo também bom torque com o musculo encurtado. Com isso se especula que esses exercícios com torque em alongamento trazem uma melhor hipertrofia para a porção distal enquanto o torque em encurtamento enfoca a porção médio/proximal. Quando se relaciona a articulação envolvida, vemos que em RODRIGO L . H. SILVA 21 músculos bi articulares como os isquiotibiais, temos uma ativação maior da porção proximal em exercícios como o stiff e em exercícios como a mesa flexora a ativação maior é distal, como mostrado em um estudo de Schoenfeld de 2015, e como dito anteriormente, a ativação vai se correlacionar com a hipertrofia local. Em um estudo que tive acesso e que ainda não foi publicado que mediu a hipertrofia regional do bíceps utilizando uma amplitude máxima ou uma amplitude mais curta, a hipertrofia no geral foi maior para a hipertrofia maior, porém a maior diferença foi na porção distal que teve uma hipertrofia 5x maior (13,7% x 2,7%). Fatores que podem causar a diferença na hipertrofia Dos motivos que podem ser os causadores das diferenças na hipertrofia regional, além da compartimentalização que muda a ativação muscular ao longo das fibras, temos também diferenças nas das adaptações da arquitetura das regiões dentro do musculo,por exemplo, temos variados ângulos de penações dentro da musculatura, algo que contribui com a vantagem mecânica e potencial de gerar força dessas regiões, então com isso as regiões que estiverem em menor desvantagem mecânica serão aquelas que terão que fazer mais força para sustentar ou produzir o movimento. Também podemos citar aqui que dentro do musculo mesmo podemos ter regiões que estão com seus sarcômeros mais encurtados e outras com seus sarcômeros mais alongados dentro da mesma angulação articular, algo que impacta diretamente a produção de força por mudar a posição desse sarcômero dentro da curva comprimento tensão, e assim também aumentando ou reduzindo a tensão passiva que o mesmo experiencia, algo que pode contribuir para a hipertrofia RODRIGO L . H. SILVA 22 pelo aumento da tensão mecânica total. Muitos desses fatores que permeiam a hipertrofia regional são apontado de forma brilhante em uma revisão sistemática de Zabaleta-Korta de 2020. A hipertrofia uniforme requer variedade! Em estudo de Costa de 2021, se testou a seguinte hipótese: Utilizar de exercícios variados irá induzir hipertrofia de forma diferente no musculo se comparado a não variar os exercícios? No desenho do estudo, as pessoas iriam treinar 3x na semana, 1 exercício para musculo principal (exceto deltoides), só que um grupo iria fazer sempre os mesmos exercícios para cada musculo enquanto o outro grupo iria fazer um exercício diferente em cada um desses 3 dias na semana para cada musculo, ou seja, um grupo iria fazer rosca direta segunda, quarta e sexta, enquanto o outro grupo iria fazer rosca direta segunda, rosca scott quarta e rosca inclinada sexta. Foram coletadas medidas dos flexores do cotovelo, extensores do cotovelo, coxa lateral e coxa medial. Ao fim do estudo, ambos os grupos tiveram hipertrofia significativa, porém a hipertrofia dos flexores do cotovelo e da coxa lateral do grupo que teve maior variedade de exercícios foi mais homogênea, ou seja, esse grupo atingiu um equilíbrio maior entre hipertrofia proximal, medial e distal. Diferentes angulações de trabalho impõem diferentes demandas musculares, e hoje sabemos que os músculos são divididos em porções, ou seja, a demanda não ocorre igualmente em toda fibra muscular, então por isso a hipertrofia ocorre de forma diferente ao longo do musculo. RODRIGO L . H. SILVA 23 Diferenças na hipertrofia do conteúdo muscular Dentro das fibras musculares temos uma divisão funcional do conteúdo em 2 componentes: O componente miofibrilar e o componente sarcoplasmático. Cada um deles tem seu papel específico e ambos aumentam de tamanho, ou seja, são responsáveis pela hipertrofia geral da musculatura. A área do treinamento por muito tempo especulou se era possível selecionar a hipertrofia de um deles através de diferentes técnicas de treinamento, se era possível ter uma hipertrofia predominantemente do sarcoplasma ou uma hipertrofia predominantemente das miofibrilas, porém até hoje a ciência não conseguiu comprovar que ambos ocorram de forma dissociada, mas sim que a hipertrofia sarcoplasmática ocorre em proporção com a hipertrofia miofibrilar como forma de dar sustentação a mesma. RODRIGO L . H. SILVA 24 A hipertrofia miofibrilar A hipertrofia miofibrilar é composta pelo aumento no numero e tamanho das proteínas que são responsáveis por realizar a contração muscular, a actina e a miosina, além das demais proteínas do complexo contrátil como a troponina, tropomiosina, proteínas da linha z, proteínas da linha m, titina, nebulina e outras, sendo por isso também conhecida como hipertrofia dos componentes contráteis. Essa hipertrofia é tida como funcional, porque aumenta a capacidade do musculo de gerar força. Inúmeros teóricos especulam que formas de treinamento que usam maior sobrecarga, menos repetições e maior tempo de descanso, causam um aumento predominante desse conteúdo, embora até então não se tenha uma comprovação científica desse tipo de abordagem para essa predominância hipertrófica, faltam estudos que se aprofundem muito no tema. O sarcoplasma e sua hipertrofia. A hipertrofia do sarcoplasma ocorre através do aumento do seu conteúdo que é composto por água, glicogênio, proteínas não contráteis e mitocôndrias. Segundo alguns estudos, como o de MacDougall de 1977, nos primeiros meses de treinamento, ocorre um grande aumento do conteúdo de glicogênio muscular, chegando a ser até 66% maior se comparado ao período antes de iniciar os treinamentos. Já em estudo de Abertnethy de 1944, se foi encontrado que bodybuilders tinham o dobro do glicogênio muscular quando se comparado a pessoas que não treinavam. Possivelmente esses aumentos se devam a adaptações que ocorrem para suprir a maior demanda RODRIGO L . H. SILVA 25 energética, e além disso, o próprio aumento do volume muscular possibilita um aumento da capacidade de estocar glicogênio. Se teoriza que a hipertrofia predominantemente sarcoplasmática não traz consigo aumento da capacidade de gerar força do musculo, mas sim aumento da capacidade de permanecer trabalhando por mais tempo devido ao maior estoque energético. Também se hipotetiza que o treinamento com cargas mais leves, mais repetições, menos descanso e mais estresse metabólico acaba promovendo uma hipertrofia maior desse componente, porém é apenas algo especulativo até então. Segundo Roberts e Haun 2020, de uma perspectiva molecular, 75% do conteúdo muscular é feito por água, 10 a 15% por proteínas miofibrilares e 5% proteínas sarcoplasmáticas. Porém de um ponto de vista espacial, a maior parte da fibra muscular é ocupada pelas proteínas miofibrilares, chegando a 85% do espaço intracelular, sendo o resto do espaço ocupado por mitocôndrias (entre 5 e 6%) e sarcoplasma (9%). Figura 1 Retirada de Roberts e Haun 2020 RODRIGO L . H. SILVA 26 Hiperplasia e não hipertrofia A hipertrofia não é o único processo pelo qual o musculo pode aumentar de tamanho. Existe um processo conhecido como hiperplasia e que também pode cooperar para o aumento do volume muscular. A hipertrofia é quando aumentamos o volume dentro da fibra muscular, já o processo de hiperplasia é quando aumentamos o número de fibras musculares. A base para a hipótese de hiperplasia em humanos deriva de alguns estudos em animais, mais especificamente em pássaros, como o de Alway de 1990, que testaram manter um peso de 10% do peso corporal do pássaro amarrado em uma de suas asas por 5 a 7 dias, e o que se encontrou foi um aumento de 27% no número de fibras quando comparada a asa sem peso. Já em outro estudo, agora de Antonio J. de 1993, foi testado usar uma carga de 35% do peso corporal do pássaro por um período de 28 dias, com breves períodos sem peso nesse tempo, e ao fim foi encontrado um aumento de 82% no total de fibras musculares nessa asa. Ao que parece, quando a fibra muscular atinge um tamanho muito grande, para evitar que esse crescimento se torne insustentável e crítico para sua funcionalidade, novas fibras são criadas. Porém quando testado em humanos, os resultados se tornam inconsistentes como apontado até em meta análise de Kelley de 1996. Então quando se fala em hiperplasia em humanos, não temos ainda uma certeza absoluta, pois por exemplo, em um estudo de MacDougall de 1984 que comparou a quantidade de fibras de pessoas destreinadas e bodybuilders, a quantidade de fibras entre eles era bem parecida, então possivelmente se a hiperplasia contribui para o aumento do volume muscular em humanos, essa é uma contribuição pequena. Dificilmente RODRIGO L . H. SILVA 27 humanos hipertrofiariam as fibras musculares de forma comum com o treino ao ponto do volume se tornar critico para sua funcionalidade, mas existe uma hipótese de que isso possa ser possível com o uso deesteroides. RODRIGO L . H. SILVA 28 1.3 AS VIAS HIPERTRÓFICAS Agora que já entendemos melhor sobre as adaptações ao treinamento e agora que entendemos melhor o que realmente é a hipertrofia, está na hora de entendermos o que desencadeia o processo de aumento da massa muscular. Ok, a musculação causa hipertrofia, assim como possivelmente alongamentos e outras modalidades esportivas. Mas como especificamente o processo se desenrola? Quais são as vias pelas quais se resulta o aumento do volume muscular? Quando comecei a treinar, ouvia apenas falar sobre o dano muscular, que o musculo acabava “rasgando” no treino e aí as proteínas se depositavam nesse rasgo e assim o musculo aumentava de tamanho... Mas será que é isso mesmo? A ciência vive em constante atualização e busca cada vez mais se aprofundar nas suas áreas de estudo e hoje acreditamos que a hipertrofia é ativada por 3 mecanismos principais: A tensão mecânica, o estresse metabólico e o dano muscular. Todos esses mecanismos sempre ocorrem em conjunto! É IMPOSSÍVEL dissociar totalmente um do outro e isolar os seus efeitos sobre o ganho de massa muscular, porém ao que tudo indica a tensão mecânica parece ser o principal motivador da hipertrofia, enquanto o dano muscular é tido apenas como uma possível consequência segundo algumas alas da pesquisa atual, como bem apontado em Damas 2017. RODRIGO L . H. SILVA 29 A tensão mecânica e a hipertrofia A tensão mecânica é o que temos hoje como a principal via hipertrófica, sendo descrita como a força primária da resposta hipertrófica na musculação. E o que exatamente é a tensão mecânica? Podemos defini-la como a força aplicada em uma determinada área sobre a qual age. Já sabemos que a tensão mecânica por si só é capaz de ativar a via AKT/mTor, que é a principal via pelos quais os processos hipertróficos ocorrem. Nossos músculos tem estruturas proprioceptivas denominadas de mecanoceptores, que são responsáveis por detectar a tensão mecânica, e esses mecanoceptores são sensíveis a magnitude da carga/força que está sendo aplicada no musculo e também são sensíveis ao tempo sob tensão (TUT) pelo qual essa força é aplicada, e é com base nisso que ocorrem muitas más interpretações. O tempo sob tensão necessita de uma boa magnitude de carga para gerar uma alta tensão mecânica, ou seja, o que impacta a hipertrofia é o tempo sob máxima tensão, e não só o tempo sob tensão. Se assim fosse, veríamos hipertrofia significativa nos estudos que usam baixíssimas sobrecargas, algo que não acontece. Além disso, os mecanoceptores são sensíveis ao tipo de tensão que é imposta, podendo ser ela uma tensão induzida por alongamento que leva a hipertrofia em série pela adição de sarcômeros de forma longitudinal, ou também sendo sensíveis a contrações musculares dinâmicas, que levam a um aumento da hipertrofia em paralelo pela adição de sarcômeros lado a lado. RODRIGO L . H. SILVA 30 Figura 2 O estímulo mecânico O processo pelo qual os mecanoceptores sinalizam hipertrofia é chamado de mecanotransdução. A mecanotransdução é a forma como a tensão mecânica é detectada e então traduzida em estímulos bioquímicos que levam ao ganho de massa muscular através do aumento da expressão de vias anabólicas e redução da expressão das vias catabólicas. RODRIGO L . H. SILVA 31 Figura 3 As vias da hipertrofia A tensão mecânica e a relação força x velocidade Para entender melhor a tensão mecânica, é fundamental conhecermos o conceito da “relação força x velocidade”. Projetar forças depende da velocidade com que ocorre a contração muscular, porque é necessário um tempo mínimo (TUT) para que seja possível formar o maior número de pontes cruzadas de actina e miosina, algo que não acontece quando se contrai o músculo de forma muito acelerada, pois as pontes são formadas e desfeitas rapidamente, assim poucas sendo mantidas formadas ao mesmo tempo. Então um movimento lento permite que aquela fibra muscular que foi recrutada imprima a sua máxima força, só que quando o RODRIGO L . H. SILVA 32 movimento é feito lento de maneira voluntária, isso acaba por sinalizar um baixo grau de esforço e consequente uma baixa ativação de unidades motoras, ativando apenas as de baixo limiar, com isso tenho poucas fibras musculares projetando sua máxima força. Porém quando o movimento é realizado de forma lenta aliado a um alto grau de esforço, ou seja, o movimento é lento devido a sobrecarga limitar a velocidade do movimento, aí sim temos a solicitação das unidades motoras de alto limiar em conjunto da máxima formação de pontes cruzadas, fazendo assim um cenário ideal para a máxima tensão mecânica. Esse ambiente não ocorre apenas em uma carga com sobrecarga alta, mas também nas últimas repetições de uma série com carga moderada levada até a falha ou próximo dela. Lembrando do conceito da tensão mecânica, cada uma das fibras musculares experimenta a tensão mecânica de forma individual, assim quando eu consigo ter a máxima tensão na maioria das fibras, a tensão mecânica no músculo inteiro é alta e isso resulta no máximo sinal de mecanotransdução. RODRIGO L . H. SILVA 33 O estresse metabólico e a hipertrofia Sabe aquela sensação de queimação que sentimos no treinamento e que muitos denominam erroneamente como o ácido lático? Pois é, esse é basicamente o estresse metabólico dando as caras, a nossa segunda via que desencadeia a hipertrofia através do treinamento. Temos evidencias suficientes para apontar para a contribuição do mesmo, além de diversos estudos com Blood Flow Restriction, uma forma de treino que enfoca totalmente o estresse metabólico, utilizando de uma baixa carga e gerando um dano muscular bem baixo, e mesmo assim promovendo respostas hipertróficas muito boas. O estresse metabólico se dá pelo acumulo de subprodutos do metabolismo energético da contração muscular sustentada por períodos suficientes, sendo eles o lactato, fosfato inorgânico, o hidrogênio, além de diversos outros (ao menos 4 mil). Ou seja, quando um estímulo vai além da via atp-cp e entra na via glicolítica, como por exemplo no treino com mais repetições, técnicas avançadas ou no treino com baixo intervalo que não permite a adequada ressíntese de atp, assim contribuindo diretamente para a fadiga periférica. Estudos que investigaram o aumento do lactato encontraram que temos um aumento significativo em séries de 12 repetições até a falha, que durem entre 30 e 40s, algo bem diferente do visto em séries com intensidades acima de 90%RM que duram menos do que 10s. Isso acontece justamente pelas diferenças metabólicas, aonde a série com alta carga não chega a demandar o uso do metabolismo glicolítico. Outro ponto bem interessante de comentar é que séries mais prolongadas acabam causando um ambiente de hipóxia e subsequente maior acumulo metabólico devido a vasoconstrição e isquemia que ocorre durante a contração muscular. RODRIGO L . H. SILVA 34 Segundo alguns estudos em animais, o lactato parece ter alguma ação direta na hipertrofia, porém estudos em humanos não encontraram ainda os mesmos resultados, então ainda se é inconclusivo afirmar sobre isso. O lactato demonstra inibir a ativação de um regulador negativo do crescimento muscular chamado de Histona deacetilase, sendo possivelmente esse um dos mecanismos pelos quais ele contribui diretamente para a hipertrofia. Além do acumulo de metabólitos, diversos outros mecanismos são supostos de contribuir para a hipertrofia através do estresse metabólico além, dentre eles o aumento no recrutamento das fibras muscular, o inchaço celular e a produção de miocinas. O aumento da ativação de fibras musculares se dá porque conforme a contraçãovai continuando a ocorrer, algumas fibras vão fadigando e não conseguindo sustentar mais o trabalho, RODRIGO L . H. SILVA 35 fazendo com que outras fibras sejam recrutadas para continuar a ter o movimento. Por muito tempo se observou que associado ao maior estresse metabólico, também se tem uma resposta aguda aumentada a liberação hormonal, porém esse aumento agudo não se correlaciona diretamente com a hipertrofia. Basta observamos também um pouquinho da prática... o uso isolado de GH não é suficiente para promover ganhos de massa muscular. O estresse metabólico parece promover alterações também das miocinas, aumentando a expressão daquelas que promovem hipertrofia e reduzindo daquelas que promovem o catabolismo, porém os estudos a respeito do tema são bem conflitantes ainda. Por último temos o nosso inchaço celular, o amado pump muscular. Em estudo de 2014, Schoenfeld explorou muitos dos mecanismos pelos quais o pump pode potencializar a hipertrofia. O treinamento resistido promove alterações do balanço hídrico intra e extra celular. Através das contrações intensas, as veias que levam o sangue para fora do musculo são comprimidas enquanto as artérias continuam entregando sangue para o musculo, fazendo assim com que ocorra um aumento do plasma sanguíneo intramuscular. Esse plasma intramuscular força seu espaço pelo interstício, que aumenta a pressão intra celular que faz com que flua novamente para o musculo e ali fique pela falta de drenagem das veias. O máximo pump é obtido no treinamento resistido com repetições moderadas a altas, pois também os subprodutos metabólicos lactato e fosfato inorgânico agem como moléculas osmolitas que ajudam a aumentar o fluído intracelular. O pump muscular parece contribuir para a hipertrofia por diferentes maneiras. RODRIGO L . H. SILVA 36 A primeira é que o aumento da hidratação celular modula o balanço proteico, aumentando a deposição e síntese proteica e reduzindo a degradação proteica. A segunda maneira que se hipotetiza é que o inchaço celular estimula a hipertrofia como forma de preservação da célula, pois o aumento da pressão intracelular aumenta a pressão exercida na membrana celular, algo que pode ser percebido como uma certa ameaça podendo levar ao rompimento dessa célula, que acaba por desencadear um aumento da síntese proteica local visando reforçar a ultraestrutura celular. A terceira maneira é pelo aumento da ativação das células satélite, porém essa hipótese ainda é especulativa, pois não se consegue diferenciar o aumento da ativação das células satélite provindo do pump ou do treinamento resistido por si só. Além disso, esse aumento da perfusão sanguínea acaba por aumentar o pool de aminoácidos dentro da célula, potencialmente potencializando a hipertrofia. RODRIGO L . H. SILVA 37 Dano muscular e a hipertrofia Por anos se acreditou que o modelo teórico das microlesões era o principal processo pelo qual a hipertrofia acontecia, algo que foi colocado em debate na última década conforme os estudos sobre a mecanotransdução e o estresse metabólico se aprofundavam. Porém, antes de mais nada, temos que entender o que é esse processo de dano muscular, como ele ocorre e quais são as suas consequências. O dano muscular ocorre por um processo conhecido como Exercise induced muscle damage (EIMD), ou seja, dano muscular induzido pelo exercício. Esse dano muscular é a somatória de microlesões que podem ocorrer em uma pequena ou em uma vasta área do tecido, que acometer pequenas macromoléculas do tecido ou então afetar em larga escala estruturas como o sarcolema, a lâmina basal, sarcômeros e citoesqueleto. Sendo esse dano responsável por desencadear diversos processos que levam a inflamação e com isso levando ao conhecido processo de dor pós treino (delayed onset muscle soreness ou DOMS) que tende a ser maior entre 24 e 48h após a sessão. Associado também a esse dano muscular temos uma redução na capacidade de gerar força, edema, rigidez muscular e um estresse fisiológico elevado. Diversos aspectos modulam o quão severo o dano muscular será, como o tipo de treinamento, a intensidade, o volume, o tipo de ação muscular. Em recentes estudos, se encontrou que que contrações concêntricas e isométricas causam um dano muscular bem pequeno quando comparado a contrações excêntricas, muito provavelmente porque as contrações excêntricas promovem uma tensão de alongamento muito maior, levando assim aos pequenos “rasgos” estruturais. Outro ponto interessante a se ressaltar, é que as miofibrilas dentro do RODRIGO L . H. SILVA 38 musculo tem diferentes comprimentos, fazendo assim com que algumas miofibrilas sejam excessivamente alongadas em determinadas angulações de trabalho. Além da tensão promovida pela sobrecarga, se hipotetiza que existam mais mecanismos que acabem por causar o dano muscular, pois o dano fosse apenas resultado da tensão, não encontraríamos dano muscular altíssimo em praticantes de outras modalidades esportivas que tem um trabalho em menores intensidades e que não trabalhem com sobrecarga, como por exemplo o caso de maratonistas, jogadores de futebol e outros atletas de modalidades aeróbias que exibem um dano muscular até maior do que de fisiculturistas. Com isso, se teoriza que o acumulo de cálcio intracelular e neutrófilos inflamatórios causados por uma repetida atividade contrátil acabe por ser outra forma de agressão que ocorre no interior da fibra muscular. Com isso ao que parece, o dano muscular é uma consequência da interação da tensão mecânica em conjunto de alguns metabólitos provenientes de contrações sustentadas. Já foi observado que o dano muscular é maior na primeira vez em que o musculo é o musculo é exposto a uma atividade nova, como por exemplo a primeira vez que você entrou na academia e ficou extremamente dolorido nos dias seguintes, ou então toda vez que você troca de treino e sente novamente algum grau de dor muscular, ou então mesmo sendo altamente treinado(a) e você decide fazer 30 minutos de escadaria, algo que não fazia, e fica extremamente dolorido nos próximos dias. Porém com a exposição repetida a atividade, o dano muscular reduz bastante devido a uma adaptação e fortalecimento do tecido conjuntivo e remodelação celular. Esse processo é conhecido como Repeated Bout Effect (Efeito de ataque repetido). Em um estudo de Foley de 1999, foi encontrado que já na segunda vez em que o treinamento acontece, o dano muscular é RODRIGO L . H. SILVA 39 reduzido para 1/3, enquanto em um estudo de Chen de 2019, se encontrou que mesmo com o espaço de 2 semanas entre uma sessão de treino e outra, o dano muscular na segunda sessão já seria bem reduzido. Muito da base teórica que se dá por trás da associação das microlesões com a hipertrofia, se dá pelo fato de que o dano muscular causa um aumento da síntese proteica, e ainda por cima se especulava que a inflamação e o turnover proteico que ocorrem por causa do dano muscular são processos necessários para que o musculo cresça, porém embora se tenha essa associação, a mesma não indica causalidade. Casualidade e causalidade não são a mesma coisa. A casualidade se dá quando os dois eventos ocorrem em conjunto, enquanto a causalidade se dá porque um evento é o motivador do outro, e isso até então não foi demonstrado nos trabalhos que investigam o papel do dano muscular. Um exemplo dessa associação é que os estudos com o treinamento excêntrico demonstram níveis mais altos de dano muscular e hipertrofia do que o treino tradicional, e daí veio o porquê no cenário da musculação a maioria das pessoas estabeleceu que o dano muscular era a causa da maior hipertrofia, porém é o efeito de casualidade e não causalidade. Um estudo recente e que vem ganhando os holofotes é de um brasileiro, Felipe Damas de 2016. Em seu estudo foi encontrado que nas semanasiniciais, o dano muscular é alto assim como a síntese proteica. Então ao decorrer das semanas o dano muscular e a síntese proteica reduzem. A síntese proteica aumentada no início do estudo não tem correlação com um aumento da hipertrofia, mas sim com a reparação do tecido muscular apenas, pois esses são processos distintos, sendo a hipertrofia apresentada apenas nas semanas seguintes mesmo RODRIGO L . H. SILVA 40 com a síntese proteica atenuada em comparação ao começo, e isso se deve ao fato de que a síntese proteica que estava acontecendo na Décima semana ocorria justamente para ser usada na hipertrofia e não mais tanto direcionada a reparação como na Primeira semana do estudo. Já em estudo anterior de 2015, Damas havia encontrado que a síntese proteica após a sessão era muito maior em destreinados do que em treinados, algo que embasa mais ainda o Repeated Bout Effect. Em outro estudo ainda de Damas de 2015, foi encontrado que nas primeiras 3 semanas o aumento do volume muscular está mais associado ao edema causado pelo dano muscular do que propriamente pela hipertrofia, só após esse tempo é que a hipertrofia real começa a dar as caras. Já em 2018, Damas apresentou um amarrado de todas as informações coletadas e o gráfico abaixo basicamente resume tudo que sabemos até então. Figura 4 Damas 2017, relação entre hipertrofia, dano muscular e síntese proteica. Como vocês podem ver na primeira semana, o dano muscular é altíssimo, assim como a síntese proteica, e muito dessa síntese proteica é direcionada diretamente para a reparação do dano, sobrando um pouco para fazer o processo de hipertrofia, então RODRIGO L . H. SILVA 41 com o passar das semanas a síntese proteica reduz um pouco, porém a partição dessa síntese proteica do quanto é usado para fazer a reparação muscular e o quanto é usado para a hipertrofia começa a se inverter, tendo o início real dos resultados hipertróficos a partir da terceira semana, resultado que na décima semana a hipertrofia atinge o seu mais alto nível enquanto o dano muscular atinge o seu mais baixo nível em conjunto do quanto da síntese proteica era direcionada para a reparação. Não podemos falar que o dano muscular é inútil para a hipertrofia, até porque ainda não temos todas as respostas, mas a direção que estamos tendo é de que talvez ele não tenha mesmo a importância que teve outrora. Outro ponto que vale a pena lembrar, é que estudos com o Método de Oclusão Vascular encontraram um dano muscular considerável, como apontado em um estudo de Wernbom de 2020, mas não ofereceram hipertrofia maior do que o treinamento tradicional. Quero deixar um adendo de que alguns estudos apontam que essa técnica pode ser interessante de ser usada em determinados quadros com limitações que impeçam o uso de sobrecargas mais altas, como articulares ou lesões musculo-tendinosas, e também pode ser usada de maneira inteligente dentro de uma periodização, porém o ponto a ser apontado agora é sobre o dano muscular. RODRIGO L . H. SILVA 42 CAPÍTULO 2 – AS VARIÁVEIS DO TREINAMENTO. RODRIGO L . H. SILVA 43 2.1 AS VARIÁVEIS DO TREINAMENTO. O treino é composto por inúmeras variáveis, desde as quais podemos contar a intensidade, a ordem dos exercícios, o intervalo entre as séries, a cadência, a frequência, o número de séries e o número de repetições. Todas essas variáveis podem e devem ter uma adequada manipulação com o decorrer do tempo, pois ficar engessado a uma única maneira de se treinar irá gerar resultados limitados. Nosso corpo precisa de uma progressão constante para se adaptar e se isso não ocorre, a adaptação não vem, por isso o estímulo pode e deve ser cada vez mais árduo com o passar do tempo e existem diferentes maneiras de tornar esse estímulo árduo. Se treino com muita sobrecarga e depois mudo para um treino com mais repetições, terei um árduo tempo fazendo esse treino novo até que ocorra a devida adaptação. Fora isso, por mais que o treino seja “perfeito”, os músculos têm a tendência a não se desenvolverem de forma linear, então precisamos alterar o treino com o passar do tempo para garantir um desenvolvimento mais harmonioso do físico. RODRIGO L . H. SILVA 44 2.2 FREQUÊNCIA A frequência de treino se refere a quantas vezes um determinado musculo é treinado dentro de uma certa escala temporal, podendo treinar um musculo todo dia, dia sim dia não, 3x na semana, 1x na semana, 1x a cada 2 semanas... Existem diversas formas de organizarmos o treinamento dentro de uma determinada frequência. Podemos treinar um determinado musculo também 2x em uma semana e 1x na outra e ir assim alterando com o passar do tempo. Sim, acredite no que eu falei ali no começo! É possível sim treinar um musculo todo dia desde que se respeite e equalize o volume de treino de uma forma condizente com o total semanal. Se você determinou 30 séries para costas, você pode faze-las 1x na semana, ou então dividir em 2x de 15 ou 3x10 ou ainda 6x5. Alguns estudos recentes até nos forneceram provas de que é possível dividir a sessão de treino de um determinado musculo em 2x no dia com bons resultados. Então mais uma vez reforçando, desde que se esteja utilizando um volume de treino adequado por sessão, não há um limite na frequência. Mas quanto a hipertrofia? Podemos dizer que existe uma frequência ideal para os melhores ganhos? Um estudo de Briggato 2019 analisou 2 grupos, um deles treinando 16 séries 1x na semana e o outro 8 séries 2x na semana. Os resultados mostraram hipertrofia estatisticamente igual, mas a carga interna e volume load no grupo 2x na semana foi maior. Já um estudo de Ochi 2018 analisou o uso de 6 séries 1x na semana ou 2 séries 3x na semana e novamente a hipertrofia foi RODRIGO L . H. SILVA 45 estatisticamente igual, embora o grupo com maior frequência tenha tido um maior ganho de força. Por fim, temos uma meta análise de Schoenfeld 2018 que analisou muitos estudos a respeito do tema frequência. E novamente temos algo que aponta que a hipertrofia é semelhante desde que o volume de séries esteja equalizado. Vale ressaltar que um estudo foi um ponto fora da curva, o estudo de Zaroni 2018 que encontrou resultados bem superiores na hipertrofia de braços e coxas quando se treinava 5x na semana em uma rotina total body se comparado a uma rotina dividida com braços 2x na semana e coxas 1x na semana. Como podem ver, existem evidencias de sobra apontando para o fato de que a frequência de treino, embora tenha alguma importância na estruturação geral do treino, ela não é nem de perto o fator principal. E o que irá determinar a frequência de treino que usarei em um musculo? Existem alguns pontos a serem abordados, sendo os principais o nível de treinamento e o princípio da prioridade. O nível de treinamento é um fator extremamente importante pelo fato de que indivíduos iniciantes não tem ainda uma boa resistência ao dano muscular, então qualquer estimulo forte irá trazer uma tonelada de dano muscular e subsequente dor. Então pensando de um ponto de vista recuperativo, pode ser muito mais interessante você diluir o volume ao longo da semana, exigindo assim o mínimo possível da capacidade recuperativa por estar gerando menos dano muscular a cada sessão. RODRIGO L . H. SILVA 46 Agora quanto ao princípio da prioridade, esse se dá ao fato de que devemos priorizar aqueles músculos que mais buscamos desenvolver na prescrição de treino, com isso pode ser interessante aumentar a frequência de treinamento naqueles músculos carentes, pois o principal ponto da frequência é ser um POTENCIALIZADOR DO VOLUME. Dentro da meta análise do Schoenfeld, foi encontrado que quando se utiliza de aumentos na frequência paraaumentar o volume de treinamento, os resultados hipertróficos seriam maiores. Um ponto interessante sobre diluir o volume de treino em mais sessões é que conseguimos ter um desempenho mais regular ao longo da sessão de treino. Como assim? Quando você começa a treinar, seus estoques energéticos estão altos e você a fadiga não começou a ser construída, então com o passar das séries a fadiga central vai se acumulando e consequentemente o desempenho começa a cair. O número de repetições vai reduzindo, e a intensidade também, ou seja, se você fizer um determinado exercício no início da sessão, seu desempenho nele vai ser muito melhor do que se você fizer esse mesmo exercício no fim da sessão. Já se diluirmos o treino em mais sessões, a redução de desempenho nos últimos exercícios do treino tende a ser menor. Embora os estudos não apontem para que essa redução de desempenho faça uma diferença nos resultados, ainda é algo que deve ser analisado. Mas vale lembrar do seguinte: Com o passar do tempo treinando com volumes altos em sessão única, a tendencia é que devido a capacidade adaptativa consigamos sustentar o desempenho por mais tempo na sessão. RODRIGO L . H. SILVA 47 Vamos trazer isso para a prática agora? Com meus alunos quando identifico pontos fracos, as abordagens iniciais nas minhas prescrições são aumentar volume e frequência de treinamento. Se o ponto fraco no caso forem os braços, eu posso colocar algumas séries de bíceps no treino de costas e algumas séries de tríceps no treino de peitoral, enquanto tiro um dia específico na semana para treinar os braços em um volume alto. Essa é basicamente uma estratégia que mescla um estímulo forte e um estímulo mais fraco na semana visando aumentar o volume. O mesmo pode ser feito com os deltoides, treinando anterior e lateral com peitoral, e posterior com costas, enquanto adiciono um dia exclusivo apenas para deltoides na semana. Ainda para braços podemos utilizar uma divisão parecida com a do Cbum, que os treina 3x na semana, fazendo algumas séries de bíceps com costas, algumas séries de tríceps com peitoral, algumas séries de bíceps e tríceps com deltoides e ainda mais um dia exclusivo para braços. Agora tratando de prescrições pensando nas meninas, é interessante separar 3 dias na semana para membros inferiores, aonde você vai compor os dias com os músculos que visa priorizar. Podemos fazer 1 dia só para glúteos, 1 dia para glúteos e quadríceps e 1 dia para glúteos e isquiotibiais. Também podemos fazer 2 dias de quadríceps e glúteos na semana enquanto fazemos 1 dia focado apenas em isquiotibiais ou vice- versa. Tudo vai depender da análise individual de cada caso. RODRIGO L . H. SILVA 48 Treino com foco em deltoides e braços. Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Peito Costas Quadríceps Deltoides A e L Tríceps Deltoides A e L Deltoide P Posterior Deltoide P Bíceps Tríceps Glúteos Antebraço Pantu Abs Pantu Abs Pantu Treino com foco em coxas, braços e deltoides. Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Quadríceps Costas Peito Posterior Deltoides Posterior Deltoide P Deltoides A e L Quadríceps Bíceps Glúteos Bíceps Tríceps Glúteos Tríceps Pantu Abs Pantu Abs Pantu Treino com foco em quadríceps e glúteos Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Quadríceps Costas Posterior Deltoides A e L Quadríceps Glúteos Deltoide P Glúteos Peito leve Glúteos Bíceps Tríceps Pantu Abs Pantu Abs Pantu RODRIGO L . H. SILVA 49 Treino com foco em glúteos Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Glúteos Costas Posterior Deltoides A e L Quadríceps Quadríceps leve Deltoide P Glúteos Peito leve Glúteos Posterior leve Pantu Abs Pantu Abs Pantu RODRIGO L . H. SILVA 50 2.3 O VOLUME DE TREINAMENTO Quando se fala em volume de treinamento, existem algumas correntes cientificas distintas. Alguns estudos utilizam do famoso Volume load para contabilizar o volume total do treinamento, aonde o mesmo é dado através da multiplicação dos seguintes fatores: Carga x Repetições x Séries Essa formula resulta no que podemos chamar de tonelagem, ou volume load, ou volume total. Alguns estudos utilizam dessa forma de controle de carga para medir o impacto hipertrófico em diferentes situações de frequência, carga, intervalo. Já outra maneira mais fácil de contabilizar o volume de treino se dá através do número total de séries semanais levadas até próximo da falha utilizando um limiar de 5 a 30 repetições. Inclusive esse foi o tema de uma revisão sistemática de Baz Valle 2018 que encontrou resultados consistentes no uso dessa forma de mensuração do volume como uma ferramenta adequada. Nessa revisão sistemática eles analisaram diversos estudos que comparavam diferentes intensidades de treino e seus efeitos na hipertrofia, e encontraram que desde que o número total de séries fosse o mesmo, a hipertrofia seria semelhante. RODRIGO L . H. SILVA 51 O volume de treino é um tema que já foi assunto de diversas discussões e debates científicos, e não só científicos como também no meio da musculação aplicada, aonde algumas referências da área como Arthur Jones, Mike Mentzer e Dorian Yates defendiam uma vertente de treino que se utilizava de baixos volumes e esforços sobre-humanos em um número baixo de séries como a melhor forma de se promover hipertrofia. Mas bem, sinceramente acredito que essa é uma abordagem que só será excelente para indivíduos que tem um potencial genético completamente fora da curva, como os citados anteriormente, aonde qualquer metodologia de treino iria promover resultados fora de série. Do lado contrário, temos uma escola imensa de atletas que se deram extremamente bem com altíssimos volumes de treino, como Arnold e a maioria dos atletas da Golden age, Jay Cutler, Phil Heath, Ramy, Coleman... Eu mesmo só desenvolvi meus pontos fracos a partir do momento em que usei volumes altíssimos que nunca usei antes neles. Uma máxima que posso lhes afirmar é: Se tratando de hipertrofia, VOLUME É REI! Inclusive, em estudo de Figueiredo e de Salles de 2017, é dito que o volume de treinamento é a variável mais fácil de manipular visando resultados positivos sobre a hipertrofia. Mas fora isso, algo que é tema de muito debate na ciência é: Existe um teto para o volume de treinamento? RODRIGO L . H. SILVA 52 Em que momento os ganhos de massa muscular não irão mais aumentar com o aumento no número de séries? Existe um momento aonde o volume de treinamento começará a promover um efeito deletério nos ganhos de massa muscular, podendo até causar a perda da mesma? Essa é a famosa Curva de “U” invertido. Pois bem, até o presente momento a ciência não encontrou aonde fica esse teto, mesmo tendo alguns estudos a respeito do tema que testaram volumes altíssimos e única coisa que se encontrou foi uma volume dependência para os ganhos, com mais volume trazendo mais ganhos de massa muscular. Inclusive Figueiredo e de Salles comentam em seu estudo de 2017, que embora possa existir uma curva em “U” invertido, ela provavelmente tem uma plasticidade muito maior do que antes se especulava. Claro, possivelmente existem aspectos individuais que vão limitar o volume de treino atingível de cada um, mas isso é algo que deve ser avaliado durante o acompanhamento com o passar do tempo. Em um estudo de Schoenfeld 2018, se foi testado volumes baixos, médios e altos, sendo esse último grupo de até 30 series para os músculos do braço e 45 séries para quadríceps. O resultado? Ganhos de massa muscular cada vez maior com o aumento do volume de treino. Em outro estudo, agora de Radaelli 2015, se foram testados volumes de até 30 séries para bíceps e 45 para tríceps,novamente com resultados bem superiores aos demais grupos. RODRIGO L . H. SILVA 53 Por último citarei dois estudos que trazem agora outra informação importante, um de Oliveira-Júnior de 2020 e um de Briggato de 2019, ambos testaram volumes baixos, médios e altos, chegando a 32 séries em um estudo e 36 séries no outro, encontrando novamente uma volume dependência para os ganhos de massa muscular. Mas o que esse estudo te de diferente dos demais? Eles têm a curva evolutiva individual, e se foi encontrado que conforme o volume de treino subia, o número de indivíduos non responders (aquele com péssima resposta hipertrófica) diminuía, chegando a ser extinto no grupo de alto volume. Máximo volume recuperativo. Com todas essas informações, acredito que vocês conseguiram captar a importância de um volume de treinamento adequado certo? Mas como mencionei anteriormente, existem fatores individuais a serem levados em conta. Nem todos serão capazes de suportar volumes elevadíssimos de treinamento. Alguns terão um limiar de fadiga muito mais baixo e por isso devemos nos ater a algo que chamamos de Máximo Volume Recuperativo. E o que seria esse MVR? Seria a o máximo volume que o indivíduo suporta e que mantenha a recuperação adequada entre as sessões. E como medimos essa recuperação entre sessões? Se ainda houver dor muscular e também queda de rendimento de um treino para o outro, significa que o treino foi além do volume possível de se recuperar naquele prazo, sendo assim necessário aumentar o intervalo entre sessões ou reduzir o volume de cada uma delas. A queda de desempenho que nos referimos aqui pode ser medida de duas diferentes formas, sendo o peso total erguido RODRIGO L . H. SILVA 54 para um determinado número de repetições, ou o contrário, o número de repetições realizadas para um determinado peso que está sendo movido. Por exemplo: Se em um treino você fez supino com 100kg para 10 repetições e no outro fez com 80kg para 10 repetições, ou então em um treino fez com 100kg para 10 repetições e no outro fez com 100kg para 5 repetições. Esses dois exemplos podem ser indícios de um volume excessivo. Mas temos que lembrar que oscilações de peso/reps entre 5-10% entre sessões são comuns. O problema é se houver uma queda de desempenho maior do que essa ou se essa queda de desempenho ocorrer em diversas sessões seguidas. Se algo assim estiver acontecendo, fique atento e reveja o treinamento! Volume e nível de treinamento. Um ponto muito importante que não pode passar batido é uma máxima do treinamento: Quanto menos treinado, mais treinável. Ou seja, quando falamos em iniciantes, os mesmos irão apresentar respostas excelentes mesmo com um baixo volume de treino, então conforme o nível de treinamento for subindo, podemos e deveremos utilizar de volumes mais altos de treino para mantermos resultados excelentes. Não é incomum sabermos de relatos de atletas de nível profissional treinando por 2-3 horas por dia apenas de musculação. Mas faria sentido passar um treino tão longo para o seu aluno que começou ontem? Com certeza não! Lembrem do que já falamos sobre dano muscular e adaptação muscular ao dano. RODRIGO L . H. SILVA 55 Quando falamos em volume de treinamento para iniciantes, podemos trabalhar com algo como 4 a 6 séries por musculo semanalmente, pois os mesmos terão uma sensibilidade aumentada a hipertrofia e também terão uma alta suscetibilidade ao dano muscular. Quando falamos já em uma pessoa intermediária, podemos subir esse volume de treino para 6 a 14 séries por grupo muscular, pois os mesmos precisam de um estimulo mais forte do que os iniciantes para terem uma ótima resposta ao treinamento. Já chegando na parte de indivíduos avançados, temos aqueles indivíduos que já tem uma base muito consolidada no treinamento, que conseguem realizar os exercícios com uma ótima forma e são mais resistentes ao estimulo de treino. Com isso se tratando desses indivíduos recomendamos no mínimo 14 séries por grupo muscular, enquanto o máximo acaba por não ter um teto estabelecido, pois embora a ciência nos de base para usar pelo menos 45 séries semanais, ela não encontrou o limite de volume, sendo assim até possível extrapolar esse número de séries em indivíduos que tenham uma excelente recuperação e resposta ao treinamento em altíssimo volume. Na prática, considero extremamente comum trabalhar entre 22 e 35 séries para indivíduos avançados, tendo até alunas que realizam 50 séries para glúteo máximo. Então aqui recomendo que tenha prudência e feeling na avaliação do treinamento para se manter gerando máximo resultado, sempre avaliando a performance com o passar das semanas. RODRIGO L . H. SILVA 56 Como contabilizar as séries Pois é, eu sei que pode parecer algo extremamente simples, mas que na prática não vai ser tão simples assim. Mas o que teria de difícil em contar a série de um exercício? Em um artigo de Schoenfeld de 2019, ele aponta diversos aspectos que podem influenciar no nível de tensão e hipertrofia que um determinado musculo irá experienciar em um determinado exercício, e quando se trata de exercícios multiarticulares, é preciso ter um olhar criterioso para avaliar o quanto de volume de treino deve ser prescrito para cada musculo envolvido, tanto que diversos aspectos irão influenciar nessa contagem, como os aspectos cinesiológicos e biomecânicos. Por exemplo, temos alguns estudos comparativos entre exercícios compostos e multi articulares e seu efeito na hipertrofia. Em um estudo de Ogasawra de 2012, mediram a hipertrofia de tríceps e peitoral no supino reto. A hipertrofia do peitoral foi mais do que o dobro da hipertrofia do tríceps. Já em um estudo de Mannarino de 2019 aonde se comparou a hipertrofia do bíceps no serrote x hipertrofia do bíceps na rosca direta, a hipertrofia do bíceps no exercício isolado foi o dobro daquela obtida no exercício multi articular. Os mesmos resultados foram encontrados em um estudo de Brandão 2020, que comparou a hipertrofia de tríceps usando apenas supino, supino + tríceps testa e apenas tríceps testa. O grupo que usou apenas o supino foi o único que não teve hipertrofia significativa de tríceps. RODRIGO L . H. SILVA 57 Bom, acredito que com todos esses apontamentos já podemos calar a boca daqueles críticos aos exercícios isolados né? Se tratando dos músculos do braço já temos a comprovação de que eles são imprescindíveis para aqueles que buscam desenvolver braços acima da média, e por que o mesmo não poderia se aplicar a todos os demais músculos, não é mesmo? Pois é. Como estava falando anteriormente, existem diversos aspectos cinesiológicos e biomecânicos que definem o quanto será o grau de trabalho daquele musculo em um determinado exercício. Por exemplo, em exercícios como supinos teremos o peitoral como o motor principal do movimento, sendo o tríceps apenas um trabalho como consequência do peitoral. Se arrancássemos o tríceps fora, o braço naturalmente já seguiria uma direção de extensão do cotovelo. Em costas a lógica seria a mesma nos exercícios compostos que tem como motor principal o grande dorsal e demais músculos das costas, tendo o bíceps como apenas um trabalho de consequência para a flexão do cotovelo. Por esses motivos é bom termos uma analisa mais criteriosa em cima dos estudos que utilizam exercícios de costas na contagem de séries para bíceps e nos de peito para tríceps. Já em outros exercícios a contagem pode ser um pouco mais complicada para alguns músculos. Por exemplo nos membros inferiores, temos trabalho de quadríceps no levantamento terra, mas muito reduzido em comparação a um agachamento. Já em se tratando de glúteos, por aspectos biomecânicos temos os adutores dividindo forças com o glúteo máximoem exercícios como agachamento e Leg press, enquanto temos adutores, glúteo máximo e isquiotibiais dividindo o trabalho de extensão RODRIGO L . H. SILVA 58 de quadril em exercícios como stiff, extensão no banco, levantamento terra. Em contrapartida em exercícios unilaterais como agachamento búlgaro e agachamento unilateral, temos um grande aumento da ativação glútea devido ao componente de estabilização de quadril ser mais necessário, enquanto os únicos exercícios que quase isolam o trabalho glúteo são aqueles como elevação de quadril, Frog e ademais. Com isso tudo de informação que foi apresentada sobre trabalho muscular em exercícios específicos, você ainda consideraria simples contar séries com maestria? Pois é... Aqui deve entrar a expertise pessoal e análise exercício por exercício para mensurar o volume de treino na sessão para um musculo. Eu particularmente adoto um sistema próximo disso: 2:1 para braços em exercícios compostos em intermediários. Não contabilizo o volume de compostos para braços em avançados. 2:1 para glúteos em exercícios com dominância de quadríceps como agachamento e Leg press. 1:1 para glúteos em exercícios unilaterais ou isolados. 2:1 ou 3:2 para glúteos em exercícios como stiff, extensão 45º. Esse é o meu sistema atual de contagem de volume para diferentes músculos. Em se tratando de deltoides, contabilizo apenas o trabalho isolado e em desenvolvimentos conto trabalho de anterior e lateral de deltoide. RODRIGO L . H. SILVA 59 Exemplo de contagem do volume de treino 1 Exercício Séries Agachamento 4 Agachamento búlgaro 4 Elevação de quadril 4 Cadeira extensora 4 Cadeira abdutora 4 No exemplo podemos contabilizar assim: Quadríceps 12 séries Glúteo máximo 10 séries Glúteo médio 4 séries Exemplo de contagem do volume de treino 2 Exercício Séries Puxada supinada 4 Remada curvada 4 Serrote 4 Voador inverso 4 Rosca direta 4 No exemplo podemos contabilizar assim: Costas 12 séries Deltoide posterior 4 séries Bíceps 10 séries Também poderia contar as séries de puxada no trabalho de peitoral. Mas essa contagem, assim como a do bíceps nos exercícios multiarticulares só faço em intermediários/iniciantes. RODRIGO L . H. SILVA 60 Exemplo de volume de um atleta focando costas. (40 séries totais para esse grupamento) Sets Sets 5 5 5 5 5 5 5 5 4 4 4 4 4 4 4 4 4 7 Sets Sets 5 5 5 5 5 5 5 5 3 4 3 4 4 4 4 4 7 4 Sets Sets 5 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4 4 7Panturrilha maq/leg Treino D Treino B Treino E Treino C Treino F Flexora em pé unilateral Abdutora sentado Abdominal supra + Infra Elevação de quadril Lev terra sumo Stiff Mesa flexora Elevação lateral maq Triceps corda Triceps testa cross Triceps testa w Panturrilha maq/leg Desenv smith Desenv c/halteres Elevação lateral Remada sentado triangulo Pulldown c/corda Facepull Voador inverso Rosca alternada Rosca scott ez Abdominal supra + Infra Puxada pronada Puxada c/triangulo Leg press 45º Agachamento hack Agachamento Agachamento bulgaro Cadeira flexora Abdutora sentado Elevação lateral Triceps corda Triceps testa c/halt Panturrilha maq/leg Cadeira extensora Supino inclinado smith Supino inclinado c/halt Supino reto c/halteres Supino reto maq Cross polia alta Desenv smith Voador inverso Rosca direta Rosca scott ez Abdominal supra + Infra Treino A Remada curvada pronada Remada apoiado neutra halt Serrote Remada sentado pronada Facepull RODRIGO L . H. SILVA 61 Treino de uma atleta focado em Glúteos chegando a 47 séries para o Gmáx. Esse é um musculo que facilmente pode ficar com volumes altíssimos na contagem. Sets Sets 6 4 5 4 3 4 3 5 3 6 3 3 Sets Sets 5 5 3 4 3 5 4 4 4 3 4 3 3 Treino B Treino D Triceps testa c/halteres Treino C Supra solo + Prancha Desenv barra em pé Elevação lateral Desenv c/halteres Supino reto c/halt Elevação frontal neutra Leg press 45º Agachamento Agachamento bulgaro Abdutora 45º Abdutora levant incl Supra solo + Prancha Remada curv pronada Serrote Puxada pronada Puxada triangulo Voador inverso Mesa flexora Side band walk Bracing tsd Treino A Abdutora 45º Elevação de quadril Lev terra sumo Extensão banco 45º Agachamento bulgaro RODRIGO L . H. SILVA 62 2.4 INTENSIDADE Se você adquiriu esse ebook e me segue algum tempo, talvez já deva saber, mas é sempre bom reforçar para que não entremos em erros conceituais aqui! O que é treinar em alta intensidade? Treinar em alta intensidade em nada tem a ver com usar descansos curtos, usar diversas técnicas avançadas, treinar para sentir queimar e romper as barreiras da dor, em nada tem a ver com ficar suado e se sentir cansado pelo treino não deixar seus BPM abaixarem. Isso tudo na verdade é o OPOSTO de treinar em alta intensidade. Intensidade é CARGA, PESO, CHUMBO, FERRO! Ok?! Intensidade não é se sentir cansado. Se sentir cansado tem a ver com sua PSE, sua percepção subjetiva de esforço, ou então com o que alguns chamam de intensidade RELATIVA. Quando você descansa pouco, e usa mil técnicas, automaticamente a carga que você utiliza naquele determinado exercício será muito menor do que se você descansasse mais e realizasse o exercício de forma mais simples. Vale lembrar que intensidade também pode ser confundida com DENSIDADE. A densidade se refere a concentração do volume load em uma escala temporal. Quanto mais denso o treino, maior o volume load será em um menor tempo, mas novamente repetindo, isso não é intensidade! RODRIGO L . H. SILVA 63 A intensidade referida no treinamento pode ser feita de duas formas: Podemos delimitar %1RM ou então utilizarmos faixas fixas de Repetições Máximas. E o que é o %1RM? 1RM é o peso máximo que você utiliza para fazer apenas uma repetição, podendo ser tido como 100%RM. Com isso, vários estudos se baseiam em faixas percentuais para a prescrição do treino e mensuração da intensidade. Por exemplo, fazendo o teste para aferir QUAL é o 100%RM e então prescrever o treino em faixas como 40, 60, 80% do peso utilizado nesse teste e realizar o máximo número de repetições para essa faixa de peso. Em teoria existe uma faixa média de repetições para cada % escolhido. Por exemplo, a faixa de 80%RM equivale a uma média de 8 repetições enquanto 60%RM equivale a 15 repetições. O problema maior da prescrição através de %RM é que existem inúmeros fatores individuais que podem mudar muito o número de repetições executadas em uma faixa % de indivíduo para indivíduo. Além disso, essa faixa também varia muito de exercício para exercício como mostrado no estudo de Hoege de 1987. Embora nos básicos como agachamento e supino, ela fique sempre em um limiar próximo de repetições, quando o mesmo é testado em exercícios como leg press, a diferença acaba sendo muito grande. Por exemplo, 80%RM no supino reto gera em média 10 repetições, enquanto no leg press pode chegar a 15 repetições. Em um estudo de Schoenfeld de 2014, ao se utilizar de 75%RM no leg press e realizar repetições até a falha, teve indivíduos realizando 7 repetições enquanto outros conseguiram realizar 24 repetições. RODRIGO L . H. SILVA 64 Por esse problema e também pela baixa aplicabilidade de ficar repetindo testes de 1RM, eu prefiro a segunda opção de mensurar intensidade que é medir através de faixas de Repetições Máximas (RM). Quando utilizamos apenas as RM, usaremos sempre o maior peso possível para um determinado número estabelecido de repetições, como por exemplo, se optarmos por trabalhar numa faixa de 6 a 8RM, vou usar um peso que não me permita realizar mais do que 8 repetições e não me permita realizar menos do que 6 repetições. Por ser uma forma mais simples e aplicável de estabelecer a intensidade
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