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Diarreia Aguda Pediatria - Resumo Definitivo

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1º SIMPÓSIO DE PEDIATRIA
SÍNTESE DAS PALESTRAS
Diarreia Aguda
INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO 
A doença diarreica aguda (DDA) é um problema de saúde pública em diversas regiões do mundo, especialmente naquelas onde a pobreza predomina. Um modelo que busque explicar a incidência ou a letalidade associada à DDA envolve um grande número de variáveis (biológicas, ambientais, socioculturais) e é de grande complexidade. Por outro lado, uma visão reducionista pouco contribui para o entendimento e a solução do problema.
Episódio Diarreico: Caracteriza-se por ser de início súbito, etiologia presumivelmente infecciosa, potencialmente auto-limitado, com duração menor que 14 dias, volume e/ou frequência das fezes e perda de nutrientes fecais (principalmente água e eletrólitos) aumentados.
CLASSIFICAÇÃO
Do ponto de vista clínico a diarreia aguda pode ser classifificada como: 
· Síndrome da diarreia aquosa (que representa a grande maioria dos quadros diarreicos infecciosos)
· Síndrome da diarreia com sangue
· Diarreia persistente (quando o episódio se estende por mais de 14 dias). 
Independentemente do agente causal, na maioria dos episódios diarreicos de etiologia infecciosa o manejo terapêutico se alicerça na manutencão do estado de hidratac¸ão e nutrição
FISIOPATOLOGIA
O mecanismo osmótico se observa quando há aumento da osmolaridade luminal, como acontece na diarreia associada ao rotavírus, em que ocorre dano na mucosa do intestino delgado proximal e redução na concentração da lactase no bordo em escova, consequentemente aumento da lactose não digerida na luz intestinal.
O mecanismo secretório ocorre quando há um estímulo dos mediadores da secrec¸ão por meio de exotoxinas produzidas por patógenos bacterianos (Vibrio cholerae, Escherichia coli enterotoxigênica) ou de mediadores da inflamação como na diarreia associada a cepas de shigella.
EPIDEMIOLOGIA
Segundo a OMS, ocorreu globalmente expressiva redução na mortalidade por diarreias infecciosas principalmente em crianças com idade inferior a cinco anos. No Brasil, observou-se redução importante na mortalidade infantil que passou de 70 óbitos por mil nascidos vivos na década de 1970 para cerca de 15 óbitos por mil nascidos vivos na década atual. Parcela considerável desta redução foi decorrente da diminuição do número de óbitos por diarreia e desidratação. A diarreia ocupava a segunda maior causa de mortalidade infantil, com 24,3% dos óbitos, mas passou para quarta, com 4,1% . Isso se deve à melhoras da condição de vida e capacitação de profissionais e população de modo geral acerca da terapia da diarreia e da reidratação. Além disso, a incidência de diarreia baixou muito, fato atribuído a inclusão, em 2006, da vacina de Rotavírus no calendário do PNI).
ETIOLOGIA
 
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da diarreia aguda é eminentemente clínico, com história detalhada. O exame físico deverá ser completo, incluindo avaliação nutricional, já que a desnutrição é fator de risco para quadros mais graves e evolução para diarreia persistente. Deve-se lembrar também que a diarreia, principalmente no lactente, pode acompanhar quadros de pneumonia, otite média, infecção do trato urinário, meningite e septicemia bacteriana.
História e Exame Físico detalhados:
· Duração da diarreia;
· Características das fezes;
· Número de evacuações diarreicas/dia;
· Sintomas associados: vômitos (número de episódios/dia), febre, diurese;
· Uso de medicamentos - Uso prévio recente de antibióticos;
· Sede, apetite, tipo e quantidade de líquidos;
· Alimentos oferecidos após o início.
· Doenças prévias; 
· Estado geral; 
· Acometimento de outros sistemas; 
· Viagem recente - Viajou? (diarreia do viajante, hepatite A); 
· Contato com pessoas com sintomas semelhantes;
· Ingestão de alimentos suspeitos.
Caso a mãe saiba o peso antes do início da diarreia, podemos definir a gravidade da desidratação. 
A solicitação de exames laboratoriais não é necessária como rotina para o tratamento da diarreia aguda, habitualmente autolimitada, ficando reservada para os casos de evolução atípica, grave ou arrastada, presença de sangue nas fezes, lactentes menores de 4 meses e os pacientes imunodeprimidos.
DESIDRATAÇÃO
Podemos classificar o estado de desidratação do paciente em A, B ou C, e para isso vamos observar o esquema conforme tabela abaixo:
TRATAMENTO
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
· Zinco: no plano A. Considerando a elevada prevalência da deficiência de zinco nos países em desenvolvimento e seu importante papel no sistema imunológico, a OMS preconiza o uso oral do zinco em menores de 5 anos com diarreia aguda durante um período de 10 a 14 dias, na dose de 20 mg/dia (10 mg até 6 meses de idade, pelo mesmo período).
· Vitamina A: para pacientes que moram na zona endêmica para hipovitaminose A 
· Antieméticos: Não tem indicação de uso, o que vai corrigir é a hidratação, exceto em pacientes do plano C, ondansetrona a gente reduz perda e tem uma melhora mais rápida) - Plasil não se usa em crianças, tem risco de reações extrapiramidal grave (surtos psicológicos) 
· Probióticos: é usado para reestabelecer as bactérias comensais. Não reduz quantidade de diarreia, reduz no máximo 1 dia no tempo de doença. 
· Antiperistálticos: imosec. Não tem recomendação. O peristaltismo é um mecanismo de defesa. 
· Racecadotrila: Promove a reabsorção de água do lúmen intestinal à diminui o volume da diarreia à reduz o número de dejeções. É caro. 
· Uso racional de antibióticos: Quando houver suspeita de ser bacteria (usar juntamente o probiótico). Os quadros de diarreia aguda, em geral, são autolimitados e, portanto, o uso racional de antibióticos evita o aparecimento de complicações como resistência bacteriana, aumento do risco de SHU, no caso de E. coli produtora de toxina shiga, e prolongamento da duração da diarreia por Salmonella. Segundo o Ministério da Saúde, os antimicrobianos de escolha, quando indicados, são: Ciprofloxacino: 15 mg/kg a cada 12 horas, via oral, por 3 dias. Ceftriaxona: 50 a 100 mg/kg, via intramuscular, uma vez ao dia, por 2 a 5 dias, como alternativa.
PREVENÇÃO
· Aleitamento materno exclusivo durante os 6 primeiros meses e complementar pelo menos até os 2 anos de vida 
· Água tratada, alimentos adequadamente preparados e acondicionados.
· Saneamento básico
· Hábito de lavar as mãos 
· Vacinação para rotavírus = tetravalente. A imunização contra o sarampo pode reduzir a incidência e a gravidade das doenças diarreicas e, por isso, deve ser feita para todos os lactentes na
idade recomendada
	REFERÊNCIAS
1- Ministério da Saúde do Brasil. Manejo do paciente com diarreia. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/cartazes/manejo_paciente_diarreia_cartaz.pdf
2- Brandt KG, Castro Antunes MM, Silva GA. Acute diarrhea: evidence-based management. J Pediatr (Rio J).2015;91:S36-43.
3- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8a ed.rev. Brasília: Ministério da Saúde; 2010. 444p. Série B.Textos Básicos de Saúde.
4- Tratado de Pediatria da SBP
LIGANTES: Fernanda Rodrigues Porcino e Murilo Coutinho.
TEMA: Diarreia Aguda na pediatria. 
DATA: