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2- Baseado na legislação nacional e nas normas internacionais de proteção da criança e do adolescente no que se refere ao trabalho o aluno deverá formular proposta fundamentada que vise a erradicação do trabalho infantil.
É inadmissível que em pleno século XXI, ainda exista tal pratica abusiva contra nossas crianças e adolescentes. Tem um ditado conhecido que diz que o lugar de criança é na escola. Mas por que será que essa prática nociva ainda insiste em ocorrer? Fiscalização mais assídua por parte dos governos? Políticas de conscientização voltadas à educação da sociedade? Questões como essas felizmente já vem sido abordadas com uma certa frequência, mas mesmo assim ainda não é o suficiente para erradicarmos este mal tão covarde. Não é só um problema existente em nosso país, como também afeta todo o território mundial, normalmente em países, estados, cidades, com índices altíssimos de pobreza.
Este ato de covardia tem como conceito de ser um trabalho que é realizado por crianças e adolescentes que ainda não atingiram a idade mínima permitida por lei para tal prática. No Brasil, segundo o STF, essa idade seria de 16 anos e na condição de aprendiz seria de 14 anos (Acórdão da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2096 de 09/10/2020). Como dito anteriormente, cada vez mais se tem um posicionamento favorável a erradicação de tal abuso, com a elaboração de leis que coíbem tal ação. Entre elas podemos destacar:
“Art. 4º, ECA- É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.”
“Art. 53, ECA. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho …”
“Art. 60, ECA. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade.” 
“Art. 7º, XXXIII, CF. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.”
“Art. 403, CLT. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)
Parágrafo único. O trabalho do menor não poderá ser realizado em locais prejudiciais à sua formação, ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social e em horários e locais que não permitam a frequência à escola. (Redação dada pela Lei nº 10.097, de 2000)”
No âmbito internacional temos a Convenção nº182, OIT, é a Convenção Sobre Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e Ação Imediata para sua Eliminação. Já a Convecção nº 138, OIT, trata sobre a Idade Mínima de Admissão ao Emprego.
Estas listadas acima foram apenas algumas das inúmeras normas jurídicas, tanto nacionais como internacionais, que temos a favor da garantia da saúde, lazer e educação de nossos jovens. Então volto a questionar: Por que ainda temos tanto trabalho infantil em nosso país? As causas geradoras desse crime perverso são diversas: entre as principais podemos destacar a pobreza, sendo o carro chefe, seguido de questões sociais e a má qualidade educacional.
Eu particularmente tive uma experiência dessa, quando com 13 anos trabalhava com meu tio em sua distribuidora de material de limpeza. Convém ressaltar, que era no intuito de ajuda-lo, já que não me faltava alimento, um lar seguro e estudava em escola particular. No entanto essa não é a realidade da maioria dos jovens que praticam o trabalho infantil. A maioria mora em casas em situação de risco, casas situadas em terrenos ocupados irregularmente, e precisam desse emprego para complementar a renda familiar. E ao fazerem isso, a maioria acaba por fim tendo seus momentos de lazer e o direito à educação privados. Esse padrão se repete, pois dificilmente uma pessoa que não teve acesso aos estudos terá um futuro no mínimo digno e passará, portanto, esse conceito covarde adiante para com seus filhos e netos sendo como certo, pois a sua realidade na época era essa. Outra experiencia que eu vivi, foi como militar do exército, onde cheguei a ouvir de um jovem recruta, que trabalhava desde os seus sete anos de idade e que queria servir porquê teria no mínimo as três refeições diária básicas (café da manhã, almoço e janta), além de deixar de ser um sobrepeso para a família. Isso infelizmente ouvi inúmeras vezes e realmente foi um choque de realidade, pois eu tive oportunidade de estudar e passar em um concurso federal e de ter uma estabilidade financeira enquanto que outros, um pouco mais jovens do que eu, sequer tinham o primário e vinham com um histórico de trabalho infantil, que sempre foi conjugado com o não acesso à educação. A criança/adolescente tem que trabalhar para comer ou então vai passar fome, essa é a realidade de inúmeras famílias.
Acredito que tem de haver uma maior fiscalização no intuito de punir severamente empresas, comércios e pessoas que contratam esse tipo de serviço infantil além do principal, que seria a criação de programas sociais e de uma política de conscientização educacional, orientando, acompanhando e dando suporte (financeiro, estrutural, psicológico, educacional) para as famílias necessitadas que vivem isso em seu cotidiano. O governo não só deve, como tem a obrigação de amparar essas famílias, somente com a implementação de uma educação séria e paritária é que essas diferenças gritantes serão reduzidas. É preciso quebrar esse ciclo vicioso, e o conhecimento, a educação, são as melhores armas para combater a ignorância que circundam essas famílias carentes e que tem a necessidade de sobrevivência através do trabalho infantil. O esforço no presente no sentido educacional garantirá um futuro sadio para as gerações que estão por vir. Dessa forma garantiremos que os cidadãos futuros tenham uma maior conscientização sobre tal prática abusiva e que por fim não repitam e desaprovem veementemente essa covardia cotidiana.
É indiscutível que a realização do trabalho infantil gere prejuízos sociais inimagináveis, pois a criança/adolescente ao sofrer tal abuso deixa de certa forma de viver, de aprender e de entender da forma certa que teria que ser. Ele passa a sofrer danos físicos e psicológicos em nome de sua sobrevivência. Todos nós temos um papel importante a ser cumprido visando exterminar o trabalho infantil, seja através de denúncias, eleger nossos representantes mais aptos e que realmente façam alguma coisa pelo povo, na caridade para com o próximo, o que não podemos é ficar de braços cruzados e permitir que isso continue a acontecer, pois protegendo no presente nossas crianças e adolescentes, o futuro que virá se isso acontecer irá ser bom para todos.
A partir dos fatos mencionados somos levados a acreditar que existem leis em diversas esferas que combatem a propagação de tal pratica abusiva. No entanto tais medidas ainda não são tão eficazes quanto deveriam ser. Somente através de políticas e medidas socioeducativas voltadas a informação da sociedade, um maior investimento na educação escolar e uma fiscalização mais presente por parte dos órgãos públicos é que poderemos começar a nos afastar cada vez mais dessa covardia praticada às nossas crianças e jovens cotidianamente.

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